Capítulo 1 Ver capítulo

¹ Toda a sabedoria vem do Senhor Deus, ela sempre esteve com ele. Ela existe antes de todos os séculos. [Ler]

² Quem pode contar os grãos de areia do mar, as gotas de chuva, os dias do tempo? Quem pode medir a altura do céu, a extensão da terra, a profundidade do abismo? [Ler]

³ Quem pode penetrar a sabedoria divina, anterior a tudo? [Ler]

⁴ A sabedoria foi criada antes de todas as coisas, a inteligência prudente existe antes dos séculos! [Ler]

⁵ O Verbo de Deus nos céus é fonte de sabedoria, seus caminhos são os mandamentos eternos. [Ler]

⁶ A quem foi revelada a raiz da sabedoria? Quem pode discernir os seus artifícios? [Ler]

⁷ A quem foi mostrada e revelada a ciência da sabedoria? Quem pode compreender a multiplicidade de seus caminhos? [Ler]

⁸ Somente o Altíssimo, criador onipotente, rei poderoso e infinitamente temível, Deus dominador, sentado no seu trono; [Ler]

⁹ foi ele quem a criou no Espírito Santo, quem a viu, numerada e medida;* [Ler]

¹⁰ ele a aspergiu em todas as suas obras, sobre toda a carne, à medida que a repartiu, e deu-a àqueles que a amavam. [Ler]

¹¹ O temor do Senhor é uma glória, um motivo de glória, uma fonte de alegria, uma coroa de regozijo. [Ler]

¹² O temor do Senhor alegra o coração. Ele nos dá alegria, regozijo e longa vida. [Ler]

¹³ Quem teme o Senhor se sentirá bem no instante derradeiro, no dia da morte será abençoado. [Ler]

¹⁴ O amor de Deus é uma sabedoria digna de ser honrada. [Ler]

¹⁵ Aqueles a quem ela se mostra amam-na logo que a veem, logo que reconhecem os prodígios que realiza. [Ler]

¹⁶ O temor do Senhor é o início da sabedoria. Ela foi criada com os homens fiéis no seio de sua mãe, ela caminha com as mulheres de escol, vemo-la na companhia dos justos e dos fiéis. [Ler]

¹⁷ O temor do Senhor é a religião da ciência.* [Ler]

¹⁸ Essa religião guarda e santifica o coração; ela lhe traz satisfação e alegria. [Ler]

¹⁹ Aquele que teme ao Senhor será confortado, no dia da morte será abençoado. [Ler]

²⁰ O temor do Senhor é a plenitude da sabedoria, a plenitude de seus frutos, para aquele que a possui [Ler]

²¹ ela enche toda a sua casa com os bens que produz, e seus celeiros com seus tesouros. [Ler]

²² O temor do Senhor é a coroa da sabedoria: dá uma plenitude de paz e de frutos de salvação. [Ler]

²³ Ele a viu e numerou-a; ora, um e outra são um dom de Deus. [Ler]

²⁴ A sabedoria distribui a ciência e a prudente inteligência; eleva à glória aqueles que a possuem. [Ler]

²⁵ O temor do Senhor é a raiz da sabedoria, seus ramos são de longa duração. [Ler]

²⁶ A inteligência e a religião da ciência se acham nos tesouros da sabedoria, mas a sabedoria é abominada pelos pecadores. [Ler]

²⁷ O temor do Senhor expulsa o pecado, [Ler]

²⁸ pois aquele que não tem esse temor não poderá tornar-se justo. A violência de sua paixão causará sua ruína. [Ler]

²⁹ O homem paciente esperará até um determinado tempo, após o qual a alegria lhe será restituída. [Ler]

³⁰ O homem de bom senso guarda suas palavras; muitos falarão, em voz alta, de sua prudência. [Ler]

³¹ O sentido da instrução está encerrado nos celeiros da sabedoria. [Ler]

³² Mas o culto de Deus é abominado pelo pecador. [Ler]

³³ Meu filho, tu que desejas ardentemente a sabedoria, sê justo e Deus te concederá. [Ler]

³⁴ Pois o temor do Senhor é sabedoria e instrução, e o que lhe é agradável [Ler]

³⁵ é fidelidade e doçura; ele encherá os celeiros daqueles (que as possuem). [Ler]

³⁶ Não sejas rebelde ao temor do Senhor, não vás a ele com um coração fingido. [Ler]

³⁷ Não sejas hipócrita diante dos homens, e que teus lábios não sejam motivo de queda. [Ler]

³⁸ Vela sobre eles para que não caias, e não atraias sobre tua alma a desonra; [Ler]

³⁹ e para que Deus, revelando teus segredos, não te destrua no meio da assembleia, [Ler]

⁴⁰ por te teres aproximado do Senhor sorrateiramente, com o coração cheio de astúcia e engano. [Ler]

Capítulo 2 Ver capítulo

¹ Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; [Ler]

² humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade,* [Ler]

³ sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. [Ler]

⁴ Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. [Ler]

⁵ Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. [Ler]

⁶ Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice. [Ler]

⁷ Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; [Ler]

⁸ vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa. [Ler]

⁹ Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria. [Ler]

¹⁰ Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz. [Ler]

¹¹ Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido. [Ler]

¹² Pois quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada? [Ler]

¹³ Pois Deus é cheio de bondade e de misericórdia, ele perdoa os pecados no dia da aflição. Ele é o protetor de todos os que verdadeiramente o procuram. [Ler]

¹⁴ Ai do coração fingido, dos lábios perversos, das mãos malfazejas, do pecador que leva na terra uma vida de duplicidade;* [Ler]

¹⁵ ai dos corações tímidos que não confiam em Deus, e que Deus, por essa razão, não protege; [Ler]

¹⁶ ai daqueles que perderam a paciência, que saíram do caminho reto, e se transviaram nos maus caminhos. [Ler]

¹⁷ Que farão eles quando o Senhor começar o exame? [Ler]

¹⁸ Aqueles que temem o Senhor não são incrédulos à sua palavra, e os que o amam permanecem em sua vereda. [Ler]

¹⁹ Aqueles que temem o Senhor procuram agradar-lhe, aqueles que o amam satisfazem-se na sua Lei. [Ler]

²⁰ Aqueles que temem o Senhor preparam o coração, santificam suas almas na presença dele. [Ler]

²¹ Aqueles que temem o Senhor guardam os seus mandamentos, têm paciência até que ele lance os olhos sobre eles, [Ler]

²² dizendo: “Se não fizermos penitência, cairemos nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens”, [Ler]

²³ pois a misericórdia dele está na medida de sua grandeza. [Ler]

Capítulo 3 Ver capítulo

¹ Os filhos da sabedoria formam a assembleia dos justos, e o novo que compõem é, todo ele, obediência e amor. [Ler]

² Ouvi, meus filhos, os conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos. [Ler]

³ Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles. [Ler]

⁴ Aquele que ama a Deus o roga pelos seus pecados, acautela-se para não cometê-los no porvir. Ele é ouvido em sua prece cotidiana. [Ler]

⁵ Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro. [Ler]

⁶ Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração. [Ler]

⁷ Quem honra seu pai gozará de vida longa; quem lhe obedece dará consolo à sua mãe. [Ler]

⁸ Quem teme o Senhor honra pai e mãe. Servirá aqueles que lhe deram a vida como a seus senhores. [Ler]

⁹ Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, [Ler]

¹⁰ a fim de que ele te dê sua bênção, e que esta permaneça em ti até o teu último dia. [Ler]

¹¹ A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces.* [Ler]

¹² Não te glories do que desonra teu pai, pois a vergonha dele não poderia ser glória para ti, [Ler]

¹³ pois um homem adquire glória com a honra de seu pai, e um pai sem honra é a vergonha do filho.* [Ler]

¹⁴ Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida.* [Ler]

¹⁵ Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida,* [Ler]

¹⁶ e, por teres suportado os defeitos de tua mãe, te será dada uma recompensa;* [Ler]

¹⁷ tua casa se tornará próspera na justiça. Tu serás lembrado de ti no dia da aflição, e teus pecados se dissolverão como o gelo ao sol forte.* [Ler]

¹⁸ Como é infame aquele que abandona seu pai, como é amaldiçoado por Deus aquele que irrita sua mãe!* [Ler]

¹⁹ Meu filho, faze o que fazes com doçura, e, mais do que a estima dos homens, ganharás o afeto deles. [Ler]

²⁰ Quanto mais fores elevado, mais te humilharás em tudo, e perante Deus acharás misericórdia; [Ler]

²¹ porque só a Deus pertence a onipotência, e é pelos humildes que ele é verdadeiramente honrado. [Ler]

²² Não procures o que é elevado demais para ti; não procures penetrar o que está acima de ti. Mas pensa sempre no que Deus te ordenou. Não tenhas a curiosidade de conhecer um número elevado demais de suas obras, [Ler]

²³ pois não é preciso que vejas com teus olhos os seus segredos. [Ler]

²⁴ Acautela-te de uma busca exagerada de coisas inúteis, e de uma curiosidade excessiva nas numerosas obras de Deus, [Ler]

²⁵ pois a ti foram reveladas muitas coisas, que ultrapassam o alcance do espírito humano. [Ler]

²⁶ Muitos foram enganados pelas próprias opiniões. Seu sentido os reteve na vaidade.* [Ler]

²⁷ O coração empedernido acabará por ser infeliz. Quem ama o perigo nele perecerá. [Ler]

²⁸ O coração de caminhos tortuosos não triunfará, e a alma corrompida neles achará ocasião de queda. [Ler]

²⁹ O coração perverso ficará acabrunhado de tristeza, e o pecador ajuntará pecado sobre pecado.* [Ler]

³⁰ Não há nenhuma cura para a assembleia dos soberbos, pois, sem que o saibam, o caule do pecado se enraíza neles. [Ler]

³¹ O coração do sábio se manifesta pela sua sabedoria; o bom ouvido ouve a sabedoria com ardente avidez.* [Ler]

³² O coração sábio e inteligente abstém-se do pecado. Ele triunfará nas obras de justiça. [Ler]

³³ A água apaga o fogo ardente, a esmola enfrenta o pecado. [Ler]

³⁴ Deus olha para aquele que pratica a misericórdia; dele se lembrará no porvir, no dia de sua infelicidade este achará apoio.* [Ler]

Capítulo 4 Ver capítulo

¹ Meu filho, não negues esmola ao pobre, nem dele desvies os olhos. [Ler]

² Não desprezes o que tem fome, não irrites o pobre em sua indigência. [Ler]

³ Não aflijas o coração do infeliz, não recuses tua esmola àquele que está na miséria; [Ler]

⁴ não rejeites o pedido do aflito, não desvies o rosto do pobre. [Ler]

⁵ Não desvies os olhos do indigente, para que ele não se zangue. Aos que pedem não dês motivo de vos amaldiçoarem pelas costas, [Ler]

⁶ pois será atendida a imprecação daquele que te amaldiçoa na amargura de sua alma. Aquele que o criou o atenderá. [Ler]

⁷ Torna-te afável na assembleia dos pobres, humilha tua alma diante de um ancião; curva a cabeça diante de um poderoso. [Ler]

⁸ Dá ouvidos ao pobre de boa vontade. Paga a tua dívida, dá-lhe com doçura uma resposta apaziguadora. [Ler]

⁹ Liberta da casa do orgulhoso aquele que sofre injustiça. Quando fizeres um julgamento, não o faças com azedume.* [Ler]

¹⁰ Sê misereclodioso com os órfãos como um pai; e sê como um marido para a mãe deles. [Ler]

¹¹ E serás como um filho obediente do Altíssimo, que, mais do que uma mãe, terá compaixão de ti. [Ler]

¹² A sabedoria inspira a vida aos seus filhos, ela toma sob a sua proteção aqueles que a procuram; ela os precede no caminho da justiça.* [Ler]

¹³ Aquele que a ama, ama a vida; aqueles que velam para encontrá-la sentirão sua doçura.* [Ler]

¹⁴ Aqueles que a possuem terão a vida como herança, e Deus abençoará todo o lugar onde ele entrar. [Ler]

¹⁵ Aqueles que a servem serão obedientes ao Santo; aqueles que a amam serão amados por Deus.* [Ler]

¹⁶ Aquele que a ouve julgará as nações; aquele que é atento em contemplá-la permanecerá seguro. [Ler]

¹⁷ Quem nela põe sua confiança a terá como herança e sua posteridade a possuirá, [Ler]

¹⁸ pois na provação ela anda com ele, e escolhe-o em primeiro lugar. [Ler]

¹⁹ Ela traz-lhe o temor, o pavor e a aprovação. Ela o atormenta com sua penosa disciplina, até que, tendo-o experimentado nos seus pensamentos, ela possa confiar nele. [Ler]

²⁰ Então ela o porá firme, voltará a ele em linha reta. Ela o cumula de alegria, [Ler]

²¹ desvenda-lhe seus segredos e enriquece-o com tesouros de ciência, de inteligência e de justiça. [Ler]

²² Porém, se ele se transviar, ela o abandonará, e o entregará às mãos do seu inimigo. [Ler]

²³ Meu filho, aproveita-te do tempo, evita o mal; [Ler]

²⁴ para o bem de tua alma, não te envergonhes de dizer a verdade,* [Ler]

²⁵ pois há uma vergonha que conduz ao pecado, e uma vergonha que atrai glória e graça. [Ler]

²⁶ Em teu próprio prejuízo não te mostres parcial, não mintas em prejuízo de tua alma.* [Ler]

²⁷ Não tenhas complacência com as fragilidades do próximo,* [Ler]

²⁸ não retenhas uma palavra que pode ser salutar, não escondas tua sabedoria pela tua vaidade. [Ler]

²⁹ Pois a sabedoria faz-se distinguir pela língua; o bom senso, o saber e a doutrina, pela palavra do sábio; e a firmeza, pelos atos de justiça. [Ler]

³⁰ Não contradigas de nenhum modo a verdade, envergonha-te da mentira cometida por ignorância.* [Ler]

³¹ Não te envergonhes de confessar os teus pecados; não te tornes escravo de nenhum homem que te leve a pecar.* [Ler]

³² Não resistas face a face ao homem poderoso, não te oponhas ao curso do rio.* [Ler]

³³ Combate pela justiça, a fim de salvares tua vida; até a morte, combate pela justiça, e Deus combaterá por ti contra teus inimigos. [Ler]

³⁴ Não sejas precipitado em palavras, e (ao mesmo tempo) covarde e negligente em tuas ações. [Ler]

³⁵ Não sejas como um leão em tua casa, prejudicando os teus domésticos e tiranizando os que te são submissos. [Ler]

³⁶ Que tua mão não seja aberta para receber, e fechada para dar. [Ler]

Capítulo 5 Ver capítulo

¹ Não contes com riquezas injustas. Não digas: “Tenho o suficiente para viver”, pois no dia do castigo e da escuridão, isso de nada te servirá. [Ler]

² Quando te sentires forte, não te entregues às cobiças de teu coração. [Ler]

³ Não digas: “Como sou forte!”. ou: “Quem me obrigará a prestar contas dos meus atos?”,* [Ler]

⁴ pois Deus tomará sua vingança. Não digas: “Pequei, e o que me aconteceu de mal?”, pois o Senhor é lento para castigar os crimes. [Ler]

⁵ A propósito de um pecado perdoado, não estejas sem temor, e não acrescentes pecado sobre pecado. [Ler]

⁶ Não digas: “A misericórdia do Senhor é grande, ele terá piedade da multidão dos meus pecados”, [Ler]

⁷ pois piedade e cólera são nele igualmente rápidas, e o seu furor visa aos pecadores. [Ler]

⁸ Não demores em te converteres ao Senhor, não adies de dia em dia, [Ler]

⁹ pois sua cólera virá de repente, e ele te perderá no dia do castigo. [Ler]

¹⁰ Não te inquietes à procura de riquezas injustas, de nada te servirão no dia do castigo e da escuridão. [Ler]

¹¹ Não joeires a todos os ventos, não andes por qualquer caminho, pois é assim que se revela o pecador de linguagem dúbia. [Ler]

¹² Firma-te no caminho do Senhor, na sinceridade de teus sentimentos e teus conhecimentos, nunca te afastes de uma linguagem pacífica e equitativa.* [Ler]

¹³ Escuta com doçura o que te dizem, a fim de compreenderes, darás então uma resposta sábia e apropriada.* [Ler]

¹⁴ Se tiveres inteligência, responde a outrem, senão, põe a mão sobre a tua boca, para que não sejas surpreendido a dizer uma palavra indiscreta, e venhas a te envergonhar dela.* [Ler]

¹⁵ A honra e a consideração acompanham a linguagem do sábio, mas a língua do imprudente é a sua própria ruína. [Ler]

¹⁶ Não passes por delator, não caias com embaraço nas armadilhas de tua língua,* [Ler]

¹⁷ pois ao ladrão estão reservados a confusão e o arrependimento, à língua dúbia, uma censura severa; ao delator, ódio, inimizade e infâmia. [Ler]

¹⁸ Faze justiça tanto para o pequeno como para o grande.* [Ler]

Capítulo 6 Ver capítulo

¹ De amigo não te tornes inimigo de teu próximo, pois o malvado terá por sorte a vergonha e a ignomínia, como todo pecador invejoso e de língua fingida. [Ler]

² Não te eleves como um touro nos pensamentos de teu coração, para não suceder que a tua loucura quebre a tua força,* [Ler]

³ devore as tuas folhas, apodreça os teus frutos e te deixe como uma árvore seca no deserto. [Ler]

⁴ Pois uma alma perversa é a perda de quem a possui; ele o tornará motivo de zombaria para seus inimigos, e irá conduzi-lo à sorte dos ímpios. [Ler]

⁵ Uma boa palavra multiplica os amigos e apazigua os inimigos; a linguagem elegante do homem virtuoso é uma opulência.* [Ler]

⁶ Dá-te bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil. [Ler]

⁷ Se adquirires um amigo, adquire-o na provação, não confies nele tão depressa. [Ler]

⁸ Pois há amigos em certas horas que deixarão de o ser no dia da aflição. [Ler]

⁹ Há amigo que se torna inimigo, e há amigo que desvendará ódios, querelas e disputas; [Ler]

¹⁰ há amigo que só o é para a mesa, e que deixará de o ser no dia da desgraça. [Ler]

¹¹ Se teu amigo for constante, ele te será como um igual, e agirá livremente com os de tua casa.* [Ler]

¹² Se se rebaixa em tua presença e se retrai diante de ti, terás aí, na união dos corações, uma excelente amizade.* [Ler]

¹³ Separa-te daqueles que são teus inimigos, e fica de sobreaviso diante de teus amigos. [Ler]

¹⁴ Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. [Ler]

¹⁵ Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé.* [Ler]

¹⁶ Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor, achará esse amigo. [Ler]

¹⁷ Quem teme o Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante. [Ler]

¹⁸ Meu filho, aceita a instrução desde teus jovens anos; ganharás uma sabedoria que durará até a velhice. [Ler]

¹⁹ Vai ao encontro dela, como aquele que lavra e semeia, espera pacientemente seus excelentes frutos, [Ler]

²⁰ terás alguma pena em cultivá-la, mas, em breve, comerás os seus frutos. [Ler]

²¹ Quanto a sabedoria é amarga para os ignorantes! O insensato não permanecerá junto a ela. [Ler]

²² Ela lhes será como uma pesada pedra de provação, eles não tardarão a desfazer-se dela.* [Ler]

²³ Pois a sabedoria que instrui justifica o seu nome, não se manifesta a muitos; mas, naqueles que a conhecem, persevera, até tê-los levado à presença de Deus. [Ler]

²⁴ Escuta, meu filho, recebe um sábio conselho, não rejeites minha advertência. [Ler]

²⁵ Mete os teus pés nos seus grilhões, e teu pescoço em suas correntes. [Ler]

²⁶ Abaixa teu ombro para carregá-la, não sejas impaciente em suportar seus liames. [Ler]

²⁷ Vem a ela com todo o teu coração. Guarda seus caminhos com todas as tuas forças. [Ler]

²⁸ Segue-lhe os passos e ela se dará a conhecer; quando a tiveres abraçado, não a deixes. [Ler]

²⁹ Pois acharás finalmente nela o teu repouso. E ela se transformará para ti em um motivo de alegria. [Ler]

³⁰ Seus grilhões serão uma proteção, um firme apoio; suas correntes te serão um adorno glorioso;* [Ler]

³¹ pois nela há uma beleza que dá vida, e seus liames são ligaduras que curam. [Ler]

³² Como ele te revestirás como de uma vestimenta de glória, e a porás sobre ti como uma coroa de júbilo. [Ler]

³³ Meu filho, se me ouvires com atenção, serás instruído; se submeteres o teu espírito, tu te tornarás sábio. [Ler]

³⁴ Se me deres ouvido, receberás a doutrina. Se gostares de ouvir, adquirirás a sabedoria. [Ler]

³⁵ Permanece na companhia dos doutos anciãos, une-te de coração à sua sabedoria, a fim de que possas ouvir o que dizem de Deus, e não te escapem suas louváveis máximas. [Ler]

³⁶ Se vires um homem sensato, madruga para ir ter com ele, desgaste o teu pé o limiar de sua porta. [Ler]

³⁷ Concentra teu pensamento nos preceitos de Deus, sê assíduo à meditação de seus mandamentos. Ele próprio te dará um coração, e a sabedoria que desejas te será concedida. [Ler]

Capítulo 7 Ver capítulo

¹ Não pratiques o mal, e o mal não te iludirá. [Ler]

² Afasta-te da injustiça, e a injustiça se afastará de ti. [Ler]

³ Meu filho, não semeies o mal nos sulcos da injustiça, e dele não recolherás o sétuplo. [Ler]

⁴ Não peças ao Senhor o encargo de guiar outrem nem ao rei um lugar de destaque. [Ler]

⁵ Não te justifiques perante Deus, pois ele conhece o fundo dos corações; não pretendas parecer sábio diante do rei. [Ler]

⁶ Não procures tornar-te juiz, se não fores bastante forte para destruir a iniquidade, para que não aconteça que temas perante um homem poderoso, e te exponhas a pecar contra a equidade. [Ler]

⁷ Não ofendas a população inteira de uma cidade, não te lances em meio da multidão. [Ler]

⁸ Não acrescentes um segundo pecado ao primeiro, pois mesmo por causa de um só não ficarás impune. [Ler]

⁹ Não te deixes levar ao desânimo. [Ler]

¹⁰ Não descuides de orar nem de dar esmola.* [Ler]

¹¹ Não digas: “Deus há de considerar a quantidade de meus dons; quando os oferecer ao Deus Altíssimo, ele há de aceitá-los”. [Ler]

¹² Não zombes de um homem que está na aflição, pois há alguém que humilha e exalta: Deus que tudo vê. [Ler]

¹³ Não inventes mentira contra teu irmão, não inventes nenhuma mentira contra teu amigo. [Ler]

¹⁴ Cuida-te para não dizeres mentira alguma, pois o costume de mentir é coisa má. [Ler]

¹⁵ Na companhia dos anciãos, não sejas falador, não multipliques as palavras em tua oração. [Ler]

¹⁶ Não abomines as tarefas penosas nem o labor da terra, que foi criado pelo Altíssimo. [Ler]

¹⁷ Não te coloques no número das pessoas corrompidas, [Ler]

¹⁸ lembra-te de que a cólera não tarda. [Ler]

¹⁹ Humilha profundamente o teu espírito, pois o fogo e o verme são o castigo da carne do ímpio. [Ler]

²⁰ Não pratiques o mal contra um amigo que demora em te pagar, não desprezes por causa do ouro um irmão bem-amado. [Ler]

²¹ Não te afastes da mulher sensata e virtuosa que te foi concedida no temor do Senhor; pois a graça de sua modéstia vale mais do que o ouro. [Ler]

²² Não maltrates um escravo que trabalha pontualmente, nem o operário que te é devotado. [Ler]

²³ Que o escravo sensato te seja tão caro quanto a tua própria vida! Não o prives da liberdade nem o abandones na indigência. [Ler]

²⁴ Tens rebanhos? Cuida deles; se te forem úteis, guarda-os em tua casa. [Ler]

²⁵ Tens filhos? Educa-os, e curva-os à obediência desde a infância. [Ler]

²⁶ Tens filhas? Vela pela integridade de seus corpos, não lhes mostres um rosto por demais jovial. [Ler]

²⁷ Casa tua filha, e terás feito um grande negócio; dá-a a um homem sensato. [Ler]

²⁸ Se tiveres mulher conforme teu coração, não a repudies, e não confies na que é odiosa. [Ler]

²⁹ Honra teu pai de todo o coração, não esqueças os gemidos de tua mãe; [Ler]

³⁰ lembra-te de que sem eles não terias nascido, e faze por eles o que fizeram por ti. [Ler]

³¹ Teme a Deus com toda a tua alma, tem um profundo respeito pelos seus sacerdotes. [Ler]

³² Ama com todas as tuas forças aquele que te criou; não abandones os seus ministros. [Ler]

³³ Honra a Deus com toda a tua alma, respeita os sacerdotes; (nos sacrifícios) oferece-lhes as espáduas. [Ler]

³⁴ Dá-lhes, como te foi prescrito, a parte das primícias e das vítimas expiatórias; purifica-te de tuas omissões com pequenas (oferendas); [Ler]

³⁵ oferece ao Senhor os dons das espáduas, os sacrifícios de santificação e as primícias das coisas santas. [Ler]

³⁶ Estende a mão para o pobre, a fim de que sejam perfeitos teu sacrifício e tua oferenda. [Ler]

³⁷ Dá de boa vontade a todos os vivos, não recuses esse benefício a um morto.* [Ler]

³⁸ Não deixes de consolar os que choram, aproxima-te dos que estão aflitos. [Ler]

³⁹ Não tenhas preguiça de visitar um doente, pois é assim que te firmarás na caridade. [Ler]

⁴⁰ Em tudo o que fizeres, lembra-te de teu fim, e jamais pecarás. [Ler]

Capítulo 8 Ver capítulo

¹ Não disputes com um homem poderoso, para que não caias em suas mãos. [Ler]

² Não tenhas desavença com um rico, para não acontecer que ele te mova um processo; [Ler]

³ pois o ouro e a prata perderam a muitos, e o poder deles chega até a transviar o coração de um rei. [Ler]

⁴ Não tenhas desavença com um grande falador, e não amontoes lenha em sua fogueira. [Ler]

⁵ Não convivas com um homem mal-educado, para não acontecer que ele fale mal de teus antepassados. [Ler]

⁶ Não desprezes um homem que renuncia ao pecado, não lhe dirijas censuras; lembra-te de que todos merecemos o castigo. [Ler]

⁷ Não desprezes um ancião, pois alguns dentre nós também envelheceremos. [Ler]

⁸ Não te alegres com a morte de teu inimigo, pois sabes que todos morreremos, e não queremos que com isso se regozijem. [Ler]

⁹ Não desprezes o que contarem os velhos sábios, mas entretém-te com suas palavras, [Ler]

¹⁰ pois é com eles que aprenderás a sabedoria, os ensinamentos da inteligência, e a arte de servir irrepreensivelmente aos poderosos. [Ler]

¹¹ Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, pois eles os aprenderam com seus pais. [Ler]

¹² Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder com oportunidade. [Ler]

¹³ Não acendas os tições dos pecadores, repreendendo-os, para não acontecer que te queimes nas chamas dos seus pecados. [Ler]

¹⁴ Não resistas perante um insolente, para que ele não arme ciladas às tuas palavras. [Ler]

¹⁵ Não emprestes dinheiro a alguém mais poderoso do que tu, pois, se lhe emprestares, considera-o perdido. [Ler]

¹⁶ Não prestes fiança a outrem além de tuas posses, pois, se o fizeres, considera-te na obrigação de pagá-la. [Ler]

¹⁷ Não julgues o procedimento de um juiz, pois ele julga conforme a equidade.* [Ler]

¹⁸ Não enveredes por um caminho com um audacioso, para não acontecer que ele faça recair sobre ti seus delitos; pois ele só age segundo o seu capricho, e por causa de sua loucura perecerás com ele. [Ler]

¹⁹ Não tenhas desavença com um homem irascível; não vás para o deserto com um audacioso, porque para ele nada vale o sangue, e ele te destruirá quando te achares sem socorro. [Ler]

²⁰ Não deliberes com loucos, pois só amam o que lhes agrada.* [Ler]

²¹ Nada resolvas perante um estranho, pois não sabes o que ele pode imaginar. [Ler]

²² Não abras teu coração a qualquer homem, para não acontecer que recebas uma falsa amizade, e, além disso, ultrajes. [Ler]

Capítulo 9 Ver capítulo

¹ Não tenhas ciúme da mulher que repousa no teu seio, para que ela não empregue contra ti a malícia que lhe houveres ensinado. [Ler]

² Não entregues tua alma ao domínio de tua mulher, para que ela não usurpe tua autoridade e fiques humilhado. [Ler]

³ Não lances os olhos para uma mulher leviana, para que não caias em suas ciladas. [Ler]

⁴ Não frequentes assiduamente uma dançarina, e não lhe dês atenção, para que não pereças por causa de seus encantos.* [Ler]

⁵ Não detenhas o olhar sobre uma jovem, para que a sua beleza não venha a causar tua ruína. [Ler]

⁶ Nunca te entregues às prostitutas, para que não te percas com os teus haveres. [Ler]

⁷ Não lances os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos caminhos. [Ler]

⁸ Desvia os olhos da mulher elegante, não fites com insistência uma beleza desconhecida. [Ler]

⁹ Muitos pereceram por causa da beleza feminina, e por causa dela inflama-se o fogo do desejo. [Ler]

¹⁰ Toda mulher que se entrega à devassidão é como o esterco que se pisa na estrada. [Ler]

¹¹ Muitos, por haver admirado uma beleza desconhecida, foram condenados, pois a conversa dela queima como fogo. [Ler]

¹² Nunca te sentes ao lado de uma estrangeira, não te ponhas à mesa com ela; [Ler]

¹³ não a provoques a beber vinho, para não acontecer que teu coração por ela se apaixone, e que pelo preço de teu sangue caias na perdição.* [Ler]

¹⁴ Não abandones um velho amigo, pois o novo não o valerá. [Ler]

¹⁵ Vinho novo, amigo novo; é quando envelhece que o beberás com gosto. [Ler]

¹⁶ Não invejes a glória nem as riquezas do pecador, pois não sabes qual será a sua ruína. [Ler]

¹⁷ Não sintas prazer com a violência dos injustos; sabe que o ímpio desagrada a Deus até na habitação dos mortos. [Ler]

¹⁸ Afasta-te do homem que tem o poder de matar, e assim não saberás o que é temer a morte. [Ler]

¹⁹ Mas, se dele se aproximares, cuida em não cometer nenhuma falta, para não acontecer que ele tire a tua vida. [Ler]

²⁰ Sabe que a morte está próxima, porque andas em meio de armadilhas, e no meio das armas de inimigos encolerizados.* [Ler]

²¹ Tanto quanto possível, desconfia de quem de ti se aproxima, e aconselha-te com os sábios e os prudentes. [Ler]

²² Que os teus convivas sejam virtuosos. Põe tua glória no temor de Deus. [Ler]

²³ Que o pensamento de Deus ocupe o teu espírito, e os preceitos do Altíssimo sejam a tua conversa.* [Ler]

²⁴ É pela obra de suas mãos que o artista conquista a estima; e um príncipe do povo, pela sabedoria de seus discursos; e os anciãos, pela prudência de suas palavras. [Ler]

²⁵ Um grande falador é coisa terrível na cidade; o homem de conversas imprudentes torna-se odioso. [Ler]

Capítulo 10 Ver capítulo

¹ Um governador sábio julga o seu povo; o governo de um homem sensato será estável. [Ler]

² Tal o juiz do povo, tais os seus ministros; tal o governador da cidade, tais os seus habitantes. [Ler]

³ Um rei privado de juízo perde o seu povo, as cidades povoam-se pelo bom senso dos que governam. [Ler]

⁴ O domínio sobre um país está na mão de Deus. Ele lhe suscitará no tempo oportuno um governador útil. [Ler]

⁵ A prosperidade do homem está na mão de Deus; é ele que põe na fronte do escriba um sinal de honra. [Ler]

⁶ Não te recordes de nenhuma injustiça causada pelo próximo, nada faças por um procedimento injusto.* [Ler]

⁷ O orgulho é abominável a Deus e aos homens; e toda a iniquidade das nações provoca horror.* [Ler]

⁸ Um reino passa de um povo a outro, por causa das injustiças, dos ultrajes e de fraudes diversas. [Ler]

⁹ Nada há mais criminoso do que a avareza; de que se orgulha o que é terra e cinza?* [Ler]

¹⁰ Nada há mais iníquo do que o amor ao dinheiro; aquele que o ama chega até a vender a sua alma. Vivo ainda, despojou-se de suas próprias entranhas.* [Ler]

¹¹ A duração de todo o poder é breve; uma doença prolongada cansa o médico. [Ler]

¹² O médico atalha um breve mal-estar; assim, um que hoje é rei amanhã morrerá.* [Ler]

¹³ Quando o homem está morto, tem por herança serpentes, bichos e vermes. [Ler]

¹⁴ O início do orgulho num homem é renegar a Deus, [Ler]

¹⁵ pois seu coração se afasta daquele que o criou, porque o princípio de todo pecado é o orgulho; aquele que nele se compraz será coberto de maldições, e acabará sendo por elas derrubado.* [Ler]

¹⁶ Eis por que o Senhor desonrou a assembleia dos maus, e os destruiu para sempre.* [Ler]

¹⁷ Deus derrubou os tronos dos chefes orgulhosos e em lugar deles fez sentar homens pacíficos. [Ler]

¹⁸ Deus fez secar as raízes das nações arrogantes, e implantou os humildes entre as mesmas nações. [Ler]

¹⁹ O Senhor destruiu as terras das nações, e as arruinou até os alicerces. [Ler]

²⁰ Destruiu muitas delas e exterminou-as, apagou a sua lembrança de sobre a terra. [Ler]

²¹ Deus apaga a memória dos orgulhosos, enquanto faz perdurar a dos humildes de coração. [Ler]

²² O orgulho não foi criado para os homens, nem a cólera para o sexo feminino.* [Ler]

²³ A raça do homem que teme a Deus será honrada; será desonrado aquele que desprezar os preceitos do Senhor.* [Ler]

²⁴ Entre os seus irmãos, a homenagem é feita para aquele que os governa; aqueles que temem a Deus serão honrados na presença do Senhor. [Ler]

²⁵ Rico, nobre ou pobre, sua glória é o temor do Senhor. [Ler]

²⁶ Não desprezes o homem justo, ainda que pobre; não enalteças um pecador, ainda que rico,* [Ler]

²⁷ O grande, o justo e o poderoso recebem homenagens, mas ninguém é maior do que aquele que teme a Deus. [Ler]

²⁸ Homens livres serão os súditos de um escravo sensato. Repreendido, o homem prudente e bem-educado não murmura, e o ignorante não será honrado. [Ler]

²⁹ Não te orgulhes do trabalho que fazes, não sejas indolente no tempo da adversidade.* [Ler]

³⁰ Mais vale o trabalho e abundância, do que o jactancioso que não tem pão. [Ler]

³¹ Meu filho, conserva tua alma na doçura, e dá-lhe a honra que merece. [Ler]

³² Aquele que peca contra si mesmo, que o justificará? Quem devolverá a honra a quem desonrou sua vida? [Ler]

³³ Um pobre é honrado pelo seu conhecimento e temor a Deus; há quem o é por causa de suas riquezas. [Ler]

³⁴ Mas quanta glória teria se fosse rico aquele que é honrado, mesmo sendo pobre! Mas o que se gloria de sua riqueza, acautele-se para não se tornar pobre.* [Ler]

Capítulo 11 Ver capítulo

¹ A sabedoria do humilde levantará a sua cabeça e o fará sentar-se no meio dos grandes. [Ler]

² Não avalies um homem pela sua aparência, não desprezes um homem pelo seu aspecto. [Ler]

³ Pequena é a abelha entre os seres alados: o que produz, entretanto, é o que há de mais doce. [Ler]

⁴ Não te glories nunca de tuas vestes, não te engrandeças no dia em que fores homenageado, pois só as obras do Altíssimo são admiráveis, dignas de glória, misteriosas e invisíveis.* [Ler]

⁵ Muitos príncipes ocuparam o trono, e alguém, em quem se não pensava, usou o diadema.* [Ler]

⁶ Muitos poderosos foram grandemente oprimidos, e homens ilustres foram entregues às mãos de outrem. [Ler]

⁷ Não censures ninguém antes de estares bem informado; e quando te tiveres informado, repreende com equidade; [Ler]

⁸ nada respondas antes de ter ouvido, não interrompas ninguém no meio do seu discurso. [Ler]

⁹ Não indagues das coisas que não te dizem respeito; não te assentes com os maus para julgar.* [Ler]

¹⁰ Meu filho, não empreendas coisas em demasia, porque, se adquirires riquezas, não ficarás isento de culpa; se empreenderes muitos negócios, não poderás abrangê-los; se te antecipares, não te sairás bem deles.* [Ler]

¹¹ Há ímpio que trabalha, se apressa e se queixa, porém só se torna menos rico. [Ler]

¹² Há homem esgotado e em grande necessidade de alívio, pobre de energia e rico em necessidades, [Ler]

¹³ que o olhar de Deus considera com benevolência, e ele o tira do desalento para lhe dar ânimo; muitos, ao verem isso, ficam surpreendidos e dão glória a Deus. [Ler]

¹⁴ Bens e males, vida e morte, pobreza e riqueza vêm de Deus. [Ler]

¹⁵ Em Deus se encontram a sabedoria, o conhecimento e a ciência da lei; nele residem a caridade e as boas obras. [Ler]

¹⁶ O erro e as trevas foram criados com os pecadores; aqueles que se comprazem no mal envelhecerão no mal. [Ler]

¹⁷ O dom de Deus permanece nos justos, e seu aproveitamento assegura um triunfo eterno. [Ler]

¹⁸ Há homem que enriquece, vivendo com economia, e a única recompensa que dela usufrui é a [Ler]

¹⁹ de poder dizer: “Achei o repouso, vou agora desfrutar meus haveres sozinho”. [Ler]

²⁰ E ele não considera que o tempo passa, que vem a morte, e que, ao morrer, tudo deixará para os outros. [Ler]

²¹ Permanece firme em tua aliança com Deus; que isto seja sempre o assunto de tuas conversas. E envelhece praticando os mandamentos. [Ler]

²² Não prestes atenção ao que fazem os pecadores; põe tua confiança em Deus, e limita-te ao que fazes. [Ler]

²³ É, com efeito, coisa fácil aos olhos de Deus enriquecer repentinamente o pobre. [Ler]

²⁴ A bênção divina não se faz esperar para recompensar o justo. Em pouco tempo ele o faz crescer e dar fruto. [Ler]

²⁵ Não digas: “De que preciso eu? Que tenho a esperar doravante?”. [Ler]

²⁶ Não digas tampouco: “Eu me basto a mim mesmo; que mal posso temer para o futuro?”. [Ler]

²⁷ No dia feliz não percas a recordação dos males, nem a recordação do bem no dia infeliz. [Ler]

²⁸ Pois no dia da morte é fácil para Deus dar a cada um conforme o seu comportamento. [Ler]

²⁹ A dor de um instante faz esquecer os maiores prazeres; com a morte do homem, todos os seus atos serão desvendados. [Ler]

³⁰ Não louves a homem algum antes de sua morte, pois é em seus filhos que se reconhece um homem.* [Ler]

³¹ Não tragas um homem qualquer à tua casa, pois numerosas são as armadilhas do que engana. [Ler]

³² Assim como sai um hálito fétido de um estômago estragado, assim como a perdiz atrai para a armadilha, e o cabrito para os laços, assim é o coração dos soberbos, e daquele que está à espreita para ver a ruína do próximo. [Ler]

³³ Transformando o bem em mal, ele arma ciladas, e põe nódoas nas coisas mais puras. [Ler]

³⁴ Uma centelha basta para acender uma grande fogueira; um só rebanho é causa de múltiplos morticínios, e o pecador procura traiçoeiramente derramar sangue. [Ler]

³⁵ Acautela-te contra o corruptor que trama a iniquidade, para não acontecer que ele faça de ti um eterno objeto de mofa. [Ler]

³⁶ Dás entrada em tua casa ao estrangeiro? Ele aí suscitará uma discórdia que te derrubará e te tornará inimigo das pessoas de tua própria casa.* [Ler]

Capítulo 12 Ver capítulo

¹ Se fizeres o bem, sabe a quem o fazes, e receberás gratidão pelos teus benefícios.* [Ler]

² Faze o bem para o justo, e disso terás grande recompensa, senão dele, pelo menos do Senhor, [Ler]

³ pois não há bem para quem persevera no mal e não dá esmolas; porque o Altíssimo tem horror dos pecadores, e usa de misericórdia com os que se arrependem. [Ler]

⁴ Dá ao homem bom, não ampares o pecador, pois Deus dará ao mau e ao pecador o que merecem; ele os guarda para o dia em que os castigará. [Ler]

⁵ Dá àquele que é bom, e não auxilies o pecador. [Ler]

⁶ Faze o bem ao homem humilde, e nada dês ao ímpio; impede que se lhe dê pão, para não suceder que ele se torne mais poderoso do que tu. [Ler]

⁷ Pois acharás um duplo mal em todo o bem que lhe fizeres, porque o próprio Altíssimo abomina os pecadores, e exerce vingança sobre os ímpios. [Ler]

⁸ O amigo não se conhece durante a prosperidade, e o inimigo não se pode esconder na adversidade. [Ler]

⁹ Quando um homem é feliz, seus inimigos estão tristes; é na desgraça que se reconhece um amigo.* [Ler]

¹⁰ Não confies nunca em teu inimigo, pois a malícia dele é como a ferrugem que sempre volta no bronze. [Ler]

¹¹ Ainda mesmo que se humilhe e ande todo submisso, sê vigilante e previne-te contra ele.* [Ler]

¹² Não o estabeleças junto de ti, nem ele se assente à tua direita, para não suceder que ele queira tomar o teu lugar e ocupar o teu assento; e que, reconhecendo enfim a veracidade das minhas palavras, te sintas ferido pelos meus avisos. [Ler]

¹³ Quem terá pena de um encantador mordido por uma cobra, e de todos os que se aproximam das feras? Assim acontece com aquele que priva com o malvado, e que se acha envolvido nos pecados dele. [Ler]

¹⁴ Ficará uma hora contigo, mas se vieres a fraquejar, não mais poderá conter-se.* [Ler]

¹⁵ O inimigo tem a doçura nos lábios, enquanto no coração arma laços para te lançar na cova. [Ler]

¹⁶ O inimigo tem lágrimas nos olhos, mas, se tiver oportunidade, será insaciável de teu sangue. [Ler]

¹⁷ Se a desgraça te ferir, hás de achá-lo em primeiro lugar; [Ler]

¹⁸ ele tem lágrimas nos olhos, mas, fingindo socorrer-te, ele te dará uma rasteira. [Ler]

¹⁹ Abanará a cabeça e baterá palmas, e, mudando de semblante, não cessará de cochichar. [Ler]

Capítulo 13 Ver capítulo

¹ Quem toca no betume ficará manchado; e quem trata com o orgulhoso, se tornará orgulhoso. [Ler]

² Quem se liga com um mais poderoso do que ele põe sob os ombros uma pesada carga. Não te tornes amigo de um mais poderoso do que tu. [Ler]

³ Que ligação pode haver entre um pote de barro e um pote de ferro? Quando houver choque, o pote de barro será quebrado. [Ler]

⁴ O rico comete uma injustiça e em seguida se põe a gritar; o pobre, ofendido, guarda silêncio.* [Ler]

⁵ Enquanto lhe servires, ele te empregará; quando nada mais tiveres, ele te abandonará. [Ler]

⁶ Se tens haveres, ele se banqueteará contigo, te esgotará e não cuidará de tua sorte. [Ler]

⁷ Se lhe fores útil, ele te dominará; com um sorriso ele te dará esperanças, com belas palavras te dirá: “De que necessitas?”. [Ler]

⁸ Ele te confundirá com seus banquetes, até que te tenha exaurido duas ou três vezes; e, por fim, zombará de ti; depois, vendo-te, te abandonará, e abanará a cabeça, escarnecendo de ti. [Ler]

⁹ Humilha-te perante Deus e espera que sua mão execute. [Ler]

¹⁰ Tem cuidado em não te deixares seduzir, para que não caias numa loucura aviltante.* [Ler]

¹¹ Não te rebaixes em tua sabedoria, para não suceder que esse rebaixamento te arraste à loucura. [Ler]

¹² Se um poderoso te chamar, retira-te, e ele será ainda mais levado a insistir. [Ler]

¹³ Não sejas importuno, para não acontecer que ele se canse de ti; não te afastes muito dele, para não suceder que ele te esqueça. [Ler]

¹⁴ Não tenhas a audácia de falar de igual para igual com ele, e não confies em suas longas conversas. Pois fazendo-te falar muito, ele te experimentará, e com um sorriso te interrogará sobre os teus segredos. [Ler]

¹⁵ Seu coração impiedoso relembrará todas as tuas palavras, e não te poupará nem aos maus-tratos nem às cadeias. [Ler]

¹⁶ Cuida de ti e presta bem atenção aos teus ouvidos, pois caminhas à beira de um abismo.* [Ler]

¹⁷ Mas, ouvido tudo isso, encara-o como um sonho, e serás vigilante; [Ler]

¹⁸ ama a Deus durante toda a tua vida, e invoca-o para tua salvação. [Ler]

¹⁹ Todo ser vivo ama o seu semelhante, assim todo homem ama o seu próximo. [Ler]

²⁰ Toda carne se une a outra carne de sua espécie, e todo homem se associa ao seu semelhante. [Ler]

²¹ O lobo jamais terá amizade com o cordeiro: assim é entre o pecador e o justo. [Ler]

²² Que relação pode haver entre um santo homem e um cão? Que ligação pode ter um rico com um pobre?* [Ler]

²³ O onagro é a presa do leão no deserto: assim os pobres servem de pasto aos ricos. [Ler]

²⁴ E, como a humanidade é abominada pelo orgulhoso, do mesmo modo o pobre causa horror ao rico. [Ler]

²⁵ Um rico abalado é apoiado pelos seus amigos. O pobre que tropeça é ainda empurrado pelos seus companheiros. [Ler]

²⁶ Quando um rico é enganado, numerosos são aqueles que o vêm ajudar; se diz tolices, o apoiam. [Ler]

²⁷ Quando um pobre é enganado, ainda merece censura, e, se falar com sabedoria, não o levam em consideração. [Ler]

²⁸ Se fala o rico, todos se calam, e glorificam suas palavras até as nuvens; [Ler]

²⁹ se fala um pobre, dizem: “Que é este homem?”. E, se ele tropeçar, fazem-no cair. [Ler]

³⁰ A riqueza é boa para quem não tem a consciência pesada, péssima é a pobreza do mau que se lastima. [Ler]

³¹ O coração do homem modifica seu rosto, seja em bem, seja em mal. [Ler]

³² O sinal de um coração feliz é um rosto alegre, tu o acharás dificilmente e com esforço.* [Ler]

Capítulo 14 Ver capítulo

¹ Feliz o homem que não pecou pelas suas palavras, e que não é atormentado pelo remorso do pecado.* [Ler]

² Feliz aquele cuja alma não está triste e que não está privado de esperança! [Ler]

³ Para o homem avarento e cúpido a riqueza é inútil; para que serve o ouro ao homem invejoso? [Ler]

⁴ Quem acumula injustamente, com prejuízo da vida, acumula para outros, e outro há de vir que esbanjará esses bens na devassidão. [Ler]

⁵ Para quem será bom aquele que é mau para si mesmo? Não terá nenhuma satisfação em seus bens. [Ler]

⁶ Nada é pior do que aquele que é avaro consigo mesmo: eis aí o verdadeiro salário de sua maldade. [Ler]

⁷ Se ele fizer algum bem, é inconscientemente, a seu pesar, e acaba desvendando a sua maldade. [Ler]

⁸ O olhar do invejoso é mau; ele desvia o rosto e despreza sua alma. [Ler]

⁹ O olhar do avarento é insaciável a respeito da iniquidade, só ficará satisfeito quando tiver ressecado e consumido a sua alma.* [Ler]

¹⁰ O olhar maldoso só leva ao mal; não será saciado com pão, mas será pobre e triste em sua própria mesa.* [Ler]

¹¹ Meu filho, se algo tiveres, faze com isso algum bem a ti mesmo, e apresenta a Deus oferendas dignas.* [Ler]

¹² Lembra-te de que a morte não tarda, e de que o pacto da moradia dos mortos te foi revelado, pois é lei deste mundo que é preciso morrer.* [Ler]

¹³ Antes de morrer, faze bem ao teu amigo, e dá esmola ao pobre conforme tuas posses. [Ler]

¹⁴ Não te prives de um dia feliz, e não deixes escapar nenhuma parcela do precioso dom. [Ler]

¹⁵ Não será a outrem que deixarás o fruto de teus esforços e de teus trabalhos, para ser repartido por sorte? [Ler]

¹⁶ Dá e recebe, e justifica a tua alma. [Ler]

¹⁷ Pratica a justiça, antes de tua morte, pois na moradia dos mortos não há de se achar alimento.* [Ler]

¹⁸ Toda carne fenece como a erva, e como a folha que cresce numa árvore vigorosa:* [Ler]

¹⁹ umas nascem, outras caem. Assim, nesta raça de carne e sangue, uma geração morre, outra nasce. [Ler]

²⁰ Tudo o que é corruptível acabará por ser destruído, e o artesão morrerá com o seu trabalho. [Ler]

²¹ Toda obra excelente será aprovada e o seu autor nela achará orgulho. [Ler]

²² Feliz o homem que persevera na sabedoria, que se exercita na prática da justiça, e que, em seu coração, pensa no olhar de Deus que tudo vê;* [Ler]

²³ que repassa no seu coração os seus caminhos, que penetra no conhecimento de seus segredos, que caminha atrás dela seguindo-lhe as pegadas, e que permanece em suas vias; [Ler]

²⁴ que olha pelas suas janelas, que escuta à sua porta, [Ler]

²⁵ que se detém junto a sua casa e que, enterrando uma estaca dentro de suas muralhas, edifica sua cabana junto a ela. Nessa cabana, seus haveres repousam tranquilamente para sempre;* [Ler]

²⁶ sob esse abrigo ele estabelece os seus filhos, e ele mesmo residirá debaixo dos seus ramos.* [Ler]

²⁷ Em sua sombra ele encontra abrigo contra o calor, e repousará na sua glória. [Ler]

Capítulo 15 Ver capítulo

¹ Aquele que teme a Deus praticará o bem. Aquele que exerce a justiça possuirá a sabedoria. [Ler]

² Ela virá ao seu encontro como mãe cumulada de honrarias, e ela o receberá como uma esposa virgem; [Ler]

³ irá alimentá-lo com o pão da vida e da inteligência, e ela o saciará com a água salutar da sabedoria. Ela se fortalecerá nele e o tornará inabalável,* [Ler]

⁴ ela o sustentará para que não seja confundido, e o exaltará entre os seus próximos. [Ler]

⁵ Ela lhe abrirá a boca no meio da assembleia, o encherá do espírito de sabedoria e de inteligência, e o revestirá com um manto glorioso. [Ler]

⁶ Acumulará sobre ele um tesouro de alegria e de júbilo, e lhe dará por herança um nome eterno. [Ler]

⁷ Os homens insensatos não a alcançarão, mas os homens de bom senso irão ao encontro dela; os insensatos não a verão, porque ela está longe do orgulho e da fraude. [Ler]

⁸ Os mentirosos dela não se recordarão, mas os homens sinceros se acharão com ela, e prosperarão até a visita de Deus. [Ler]

⁹ O louvor não é belo na boca do pecador, [Ler]

¹⁰ porque a sabedoria vem de Deus; o louvor a Deus acompanha a sabedoria, enche a boca fiel, e lhe é inspirada pelo Dominador.* [Ler]

¹¹ Não digas: “É por causa de Deus que ela me falta”. Pois cabe a ti não fazer o que ele abomina.* [Ler]

¹² Não digas: “Foi ele que me transviou”, pois que Deus não necessita dos pecadores. [Ler]

¹³ O Senhor detesta todo o erro e toda a abominação; aqueles que o temem não amam essas coisas. [Ler]

¹⁴ No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo;* [Ler]

¹⁵ deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. [Ler]

¹⁶ Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável a Deus, eles te guardarão.* [Ler]

¹⁷ Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. [Ler]

¹⁸ A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado, [Ler]

¹⁹ porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens. [Ler]

²⁰ Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens. [Ler]

²¹ Ele não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar; [Ler]

²² pois não deseja uma multidão de filhos infiéis e inúteis. [Ler]

Capítulo 16 Ver capítulo

¹ Não te regozijes de ter muitos filhos se são maus, nem ponhas neles a tua alegria, se não tiverem o temor de Deus. [Ler]

² Não confies na sua vida, nem voltes os teus olhares para os seus trabalhos; [Ler]

³ pois um único filho temente a Deus vale mais do que mil filhos ímpios. [Ler]

⁴ Há mais vantagens em morrer sem filhos, que em deixar após si filhos ímpios. [Ler]

⁵ Um único homem sensato fará povoar a pátria, enquanto que um país de maus se tornará deserto. [Ler]

⁶ Vi com meus olhos inúmeros exemplos, e meus ouvidos ouviram alguns ainda mais graves. [Ler]

⁷ O fogo se acenderá na assembleia dos maus, e a cólera se inflamará sobre um povo incrédulo. [Ler]

⁸ Os gigantes não imploraram o perdão de seus pecados, e foram destruídos, apesar de terem confiado na própria força.* [Ler]

⁹ Deus não poupou a terra onde residia Ló, mas abominou os seus habitantes por causa de sua insolência. [Ler]

¹⁰ Não teve pena deles, exterminou a nação inteira, que se engrandecia com o orgulho, apesar de seus pecados.* [Ler]

¹¹ Assim aconteceu com os seiscentos mil homens vivos que se haviam reunido na dureza de coração; ainda que um único se tivesse mostrado obstinado, seria para admirar que não tivesse sido castigado, [Ler]

¹² pois misericórdia e ira estão sempre em Deus, grandemente misereclodioso, porém capaz de cólera. [Ler]

¹³ Os seus castigos igualam sua misericórdia; ele julga o homem conforme as suas obras. [Ler]

¹⁴ O pecador não escapará em suas rapinas, e não será postergada a espera daquele que exerce a misericórdia; [Ler]

¹⁵ toda a misericórdia colocará cada um em seu lugar, conforme o mérito de suas obras e a sabedoria de seu comportamento.* [Ler]

¹⁶ Não digas: “Eu me furtarei aos olhos de Deus; quem se lembrará de mim no alto do céu?* [Ler]

¹⁷ Não serei reconhecido no meio da multidão; quem sou eu no meio de uma tal multidão de criaturas?”. [Ler]

¹⁸ Eis que o céu e o céu dos céus, o abismo, a terra inteira e tudo o que encerram se abalarão quando ele aparecer. [Ler]

¹⁹ As montanhas, as colinas e os alicerces da terra tremerão de pavor quando Deus os olhar. [Ler]

²⁰ No meio de tudo isso, o coração do homem é insensato; Deus, porém, conhece todos os corações. [Ler]

²¹ Quem é aquele que compreende os caminhos de Deus, e a tempestade que escapa aos olhos do homem? [Ler]

²² Com efeito, a maior parte de suas obras está oculta; quem anunciará, quem poderá suportar os efeitos de sua justiça? Pois as sentenças divinas estão longe do pensamento de muitos, e o exame geral só se realizará no último dia.* [Ler]

²³ O homem de coração mesquinho só pensa em vaidades; o imprudente e extraviado só se ocupa de loucuras. [Ler]

²⁴ Meu filho, ouve-me, adquire uma instrução sadia, torna o teu coração atento às minhas palavras. [Ler]

²⁵ Eu te darei um ensino muito exato, vou tentar explicar-te o que é a sabedoria; torna o teu coração atento às minhas palavras, pois vou descrever-te com exatidão as maravilhas que Deus, desde o início, fez brilhar nas suas obras, e vou expor, com toda a veracidade, o conhecimento de Deus. [Ler]

²⁶ Por decreto de Deus suas obras existem desde o começo; desde a criação distinguiu-as em partes. Colocou as principais em suas épocas,* [Ler]

²⁷ adornou-as para sempre; elas não sentiram necessidade nem fadiga, e nunca interromperam o seu trabalho. [Ler]

²⁸ Nunca nenhuma delas embaraçou a vizinha. [Ler]

²⁹ Não sejas incrédulo à palavra do Senhor.* [Ler]

³⁰ Depois disso, olhou Deus para a terra, e encheu-a de benefícios. [Ler]

³¹ É o que revela sobre a terra a alma de todo ser vivo, e é ao seu seio que todos eles voltam. [Ler]

Capítulo 17 Ver capítulo

¹ Deus criou o homem da terra, formou-o segundo a sua própria imagem; [Ler]

² e o fez de novo voltar à terra. Revestiu-o de força segundo a sua natureza; [Ler]

³ determinou-lhe uma época e um número de dias. Deu-lhe domínio sobre tudo o que está na terra. [Ler]

⁴ Fê-lo temido por todos os seres vivos, fê-lo senhor dos animais e dos pássaros. [Ler]

⁵ De sua própria substância, deu-lhe uma companheira semelhante a ele, com inteligência, língua, olhos, ouvidos e juízo para pensar; cumulou-os de saber e inteligência. [Ler]

⁶ Criou neles a ciência do espírito, encheu-lhes o coração de sabedoria, e mostrou-lhes o bem e o mal. [Ler]

⁷ Pôs o seu olhar nos seus corações para mostrar-lhes a majestade de suas obras, [Ler]

⁸ a fim de que celebrassem a santidade do seu nome, e o glorificassem por suas maravilhas, apregoando a magnificência de suas obras. [Ler]

⁹ Deu-lhes, além disso, a instrução, deu-lhes a posse da lei da vida; [Ler]

¹⁰ concluiu com eles um pacto eterno, e revelou-lhes a justiça de seus preceitos. [Ler]

¹¹ Viram com os próprios olhos as maravilhas da sua glória, seus ouvidos ouviram a majestade de sua voz: “Guardai-vos – disse-lhes ele – de toda a iniquidade”. [Ler]

¹² Impôs a cada um deveres para com o próximo. [Ler]

¹³ O proceder deles lhe está sempre diante dos olhos, nada lhe escapa. [Ler]

¹⁴ Pôs um príncipe à testa de cada povo; [Ler]

¹⁵ Israel, porém, foi visivelmente o quinhão do próprio Deus. [Ler]

¹⁶ Todas as suas obras lhe são claras como o sol, e seus olhos observam sem cessar o seu proceder. [Ler]

¹⁷ As leis de Deus não são eclipsadas pela iniquidade deles, e todos os pecados que cometem estão diante do Senhor. [Ler]

¹⁸ A esmola do homem é para ele como um selo, e ele conserva a beneficência do homem como a pupila dos olhos. [Ler]

¹⁹ Depois se levantará para dar a cada um o que lhe é devido, e ele os fará voltar às profundezas da terra.* [Ler]

²⁰ Aos penitentes, porém, abre o caminho da justiça: conforta os desfalecidos, e conserva-lhes a verdade como destino. [Ler]

²¹ Converte-te ao Senhor, abandona os teus pecados. [Ler]

²² Ora diante dele e diminui as ocasiões de pecado. [Ler]

²³ Volta para o Senhor, afasta-te de tua injustiça, e detesta o que causa horror a Deus. [Ler]

²⁴ Conhece a justiça e os juízos de Deus; permanece firme no estado em que ele te colocou, e na oração constante ao Altíssimo. [Ler]

²⁵ Anda na companhia do povo santo, com os que vivem e proclamam a glória de Deus.* [Ler]

²⁶ Não te detenhas no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; [Ler]

²⁷ após a morte nada mais há, o louvor terminou. Glorifica a Deus enquanto viveres; glorifica-o enquanto tiveres vida e saúde; louva a Deus e glorifica-o em suas misericórdias.* [Ler]

²⁸ Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o perdão que concede àqueles que para ele se voltam! [Ler]

²⁹ Pois não se pode encontrar tudo nos homens, porque os homens não são imortais, e se comprazem na vaidade e na malícia. [Ler]

³⁰ O que há de mais luminoso do que o sol? E, entretanto, ele tem eclipses. O que há de mais criminoso do que os pensamentos da carne e do sangue? Ora, isso será castigado.* [Ler]

³¹ O sol contempla a multidão dos astros do céu, enquanto que todos os homens são apenas terra e cinza. [Ler]

Capítulo 18 Ver capítulo

¹ O eterno tudo criou sem exceção, só o Senhor será considerado justo. Ele é o rei invencível que permanece para sempre. [Ler]

² Quem será capaz de relatar as suas obras? [Ler]

³ Quem poderá compreender as suas maravilhas? [Ler]

⁴ Quem poderá descrever todo o poder de sua grandeza? Quem empreenderá a explicação de sua misericórdia? [Ler]

⁵ Nada há a subtrair, nada a acrescentar às maravilhas de Deus; elas são incompreensíveis. [Ler]

⁶ Quando o homem tiver acabado, então estará no começo; e quando cessar a pesquisa, ficará perplexo. [Ler]

⁷ Que é o homem, e para que serve? Que mal ou que bem pode ele fazer? [Ler]

⁸ A duração da vida humana é quanto muito cem anos. No dia da eternidade esses breves anos serão contados como uma gota de água do mar, como um grão de areia. [Ler]

⁹ É por isso que o Senhor é paciente com os homens, e espalha sobre eles a sua misericórdia. [Ler]

¹⁰ Ele vê quanto é má a presunção do seu coração, e reconhece que o fim deles é lamentável; [Ler]

¹¹ é por isso que ele os trata com toda a doçura, e mostra-lhes o caminho da justiça. [Ler]

¹² A compaixão de um homem concerne ao seu próximo, mas a misericórdia divina estende-se sobre todo ser vivo. [Ler]

¹³ Cheio de compaixão, Deus ensina os homens, e os repreende como um pastor o faz com o seu rebanho.* [Ler]

¹⁴ Compadece-se daquele que recebe os ensinamentos de sua misericórdia, e do que se apressa a cumprir os seus preceitos. [Ler]

¹⁵ Meu filho, não mistures a repreensão com o benefício, não acrescentes nunca palavras duras e más às tuas dádivas. [Ler]

¹⁶ Porventura o orvalho não refresca o calor ardente? Assim, uma palavra doce vale mais do que um presente. [Ler]

¹⁷ A doçura das palavras não prevalece sobre a própria dádiva? Mas uma e outra coisa se encontram no homem justo. [Ler]

¹⁸ O insensato censura com aspereza; a dádiva de um indiscreto resseca os olhos. [Ler]

¹⁹ Antes de julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. [Ler]

²⁰ Usa o remédio antes de ficares doente. Interroga-te a ti mesmo antes do juízo, e acharás misericórdia diante de Deus. [Ler]

²¹ Antes da doença, humilha-te, e no tempo da enfermidade mostra o teu proceder.* [Ler]

²² Nada te impeça de orar sempre, e não te envergonhes de progredir na justiça até a morte; pois a recompensa de Deus é eterna.* [Ler]

²³ Antes da oração, prepara a tua alma, e não sejas como um homem que tenta a Deus.* [Ler]

²⁴ Lembra-te da ira do último dia, e do tempo em que Deus castigará, desviando o rosto. [Ler]

²⁵ Lembra-te da pobreza quando estiveres na abundância e das necessidades da indigência no dia da riqueza. [Ler]

²⁶ Entre a manhã e a tarde muda o tempo, e tudo isto acontece num instante aos olhos de Deus. [Ler]

²⁷ Um homem sábio está sempre alerta; nos dias de tentação, se resguarda do pecado. [Ler]

²⁸ Todo homem sagaz reconhece a sabedoria, e presta homenagem àquele que a encontrou. [Ler]

²⁹ Os homens de linguagem sensata procedem também com sabedoria, compreendem a verdade e a justiça, e espalham uma multidão de sentenças e máximas. [Ler]

³⁰ Não te deixes levar por tuas más inclinações, e refreia os teus apetites. [Ler]

³¹ Se satisfizeres a cobiça de tua alma, ela fará de ti a alegria dos teus inimigos. [Ler]

³² Não te comprazas no meio das multidões, mesmo das menores, porque nelas somos constantemente comprometidos.* [Ler]

³³ Não te empobreças, pedindo empréstimos para aparentar, quando nada tens na algibeira; isso equivaleria a atentar contra a tua própria vida. [Ler]

Capítulo 19 Ver capítulo

¹ O operário dado ao vinho não se enriquecerá, e aquele que se descuida das pequenas coisas cairá pouco a pouco. [Ler]

² O vinho e as mulheres fazem sucumbir até mesmos os sábios, e tornam culpados os homens sensatos. [Ler]

³ Aquele que se une às prostitutas é um homem de nenhuma valia; ele se tornará pasto da podridão e dos vermes; ficará sendo um grande exemplo, e sua alma será suprimida do número dos vivos. [Ler]

⁴ Aquele que é crédulo demais tem um coração leviano; sofrerá prejuízo e será tido como pecador contra si mesmo. [Ler]

⁵ Quem se regozija com a iniquidade será desonrado; quem detesta a correção abreviará a sua vida; quem odeia a tagarelice destrói sua malícia. [Ler]

⁶ Quem peca contra si próprio, se arrependerá de tê-lo feito; quem põe sua alegria na malícia será apontado como infame. [Ler]

⁷ Não repitas uma palavra dura e maldosa, e não serás prejudicado. [Ler]

⁸ Não confies teu pensamento nem ao amigo nem ao inimigo. Se tiveres cometido uma falta, não a reveles,* [Ler]

⁹ pois ele te ouvirá, e observará, e, fingindo desculpar o teu pecado, te odiará. E estará sempre presente para te prejudicar.* [Ler]

¹⁰ Ouviste uma palavra contra o teu próximo? Abafa-a dentro de ti; fica seguro de que ela não te fará morrer. [Ler]

¹¹ Por causa de uma palavra irrefletida o tolo estorce-se de dores, como uma mulher que geme para dar à luz. [Ler]

¹² Como uma flecha cravada na gordura da coxa, assim é uma palavra no coração do insensato. [Ler]

¹³ Repreende o teu amigo, porque talvez não tenha compreendido, e diga: “Nada fiz”. Ou se o fez, para que não torne a fazê-lo.* [Ler]

¹⁴ Repreende o teu próximo, porque talvez não tenha dito aquilo de que é acusado. Ou, se o disse, para que não o torne a dizer. [Ler]

¹⁵ Repreende o teu próximo, porque muitas vezes se diz o que não é verdade, [Ler]

¹⁶ e não acredites em tudo o que dizem. Homem há que peca pela língua, mas sem fazer com intenção. [Ler]

¹⁷ Pois quem não peca pela língua? Repreende o teu próximo antes de ameaçá-lo e dá ensejo ao temor do Altíssimo; [Ler]

¹⁸ pois toda a sabedoria consiste no temor a Deus; nela está o temor a Deus. E em toda a sabedoria reside o cumprimento da Lei. [Ler]

¹⁹ O hábito de praticar o mal não é sabedoria; o modo de agir dos pecadores não é prudência. [Ler]

²⁰ Há uma malícia hábil que é execrável, e há uma estupidez que é apenas falta de sabedoria. [Ler]

²¹ Mais vale o homem que tem pouca sabedoria, e a quem falta o senso, mas que tem o temor (a Deus), do que o homem que possui uma grande inteligência, e que transgride a Lei do Altíssimo. [Ler]

²² Há uma habilidade que não falha o alvo, mas que é iníqua. [Ler]

²³ Há quem fale com segurança e só diz a verdade, e há quem se humilhe maliciosamente, cujo coração está cheio de embuste.* [Ler]

²⁴ Há quem se rebaixe com excesso em profunda humilhação, e quem abaixe a cabeça, fingindo não ver o que está oculto.* [Ler]

²⁵ Se a fraqueza o impede de cometer o mal, não deixará de pecar, logo que houver ocasião. [Ler]

²⁶ Pelo semblante se reconhece um homem; pelo seu aspecto se reconhece um sábio. [Ler]

²⁷ As vestes do corpo, o riso dos dentes, e o modo de andar de um homem fazem-no revelar-se. [Ler]

²⁸ Há uma falsa correção na cólera de um insolente; há um modo de julgar que muitas vezes não é justo; e aquele que se cala dá prova de prudência. [Ler]

Capítulo 20 Ver capítulo

¹ Oh! Quanto melhor é admoestar que irritar-se, não impedir de falar aquele que quer confessar a sua falta!* [Ler]

² Como o eunuco que anseia por violentar uma donzela, [Ler]

³ assim é o que, por violência, faz um julgamento iníquo. [Ler]

⁴ Como é bom que o corrigido manifeste o seu arrependimento! Pois assim se evita um pecado voluntário. [Ler]

⁵ Há quem se cale e é considerado sábio, e quem se torne odioso pela intemperança no falar. [Ler]

⁶ Há quem se cale por não saber falar, e há quem se cale porque reconhece quando é tempo (de falar). [Ler]

⁷ O sábio permanece calado até o momento (oportuno), mas o leviano e imprudente não espera a ocasião. [Ler]

⁸ Aquele que se expande em palavras, prejudica-se a si mesmo; quem se permite todo o desregramento torna-se odioso. [Ler]

⁹ Para o homem desprovido de instrução há proveito na infelicidade, mas há certas descobertas que lhe acarretam a ruína. [Ler]

¹⁰ Há dom que não é útil e há dom que é duplamente recompensado. [Ler]

¹¹ Há quem ache a sua perda na própria glória, e há quem levantará a cabeça após uma humilhação. [Ler]

¹² Há quem compre muito por um preço módico, mas que (de fato) o paga pelo sétuplo do seu valor. [Ler]

¹³ O sábio torna-se amável por suas palavras, enquanto que os encantos do insensato desaparecem. [Ler]

¹⁴ O donativo do insensato não te trará proveito, pois ele te fixa com sete olhos. [Ler]

¹⁵ Ele dá pouco e censura muitas vezes; quando abre a sua boca é como uma fogueira. [Ler]

¹⁶ Há quem empresta hoje e amanhã o reclama: tal homem é odioso. [Ler]

¹⁷ O insensato não tem amigos, e pelo bem que faz não será bem acatado,* [Ler]

¹⁸ porque os que comem o seu pão têm línguas falsas; quantas e quantas vezes não zombarão dele? [Ler]

¹⁹ Pois não agiu com bom senso, distribuindo o que devia guardar e o que não devia guardar. [Ler]

²⁰ A queda de uma língua mentirosa é como uma queda na laje; assim a ruína dos maus virá de repente. [Ler]

²¹ Um homem desagradável é como uma história ruim, que se acha continuamente na boca das pessoas mal-educadas. [Ler]

²² Será mal recebida a máxima que sair da boca do insensato, pois que ele a diz fora de tempo. [Ler]

²³ Há quem se abstenha de pecar por falta de meios, mas ressente o aguilhão do pecado até em seu repouso.* [Ler]

²⁴ Há quem perca a sua alma por causa do respeito humano; perde-a, cedendo a uma pessoa imprudente; perde-se por atender demasiadamente uma pessoa. [Ler]

²⁵ Há quem, por falsa vergonha, faça uma promessa a um amigo, e dele se faça gratuitamente um inimigo. [Ler]

²⁶ A mentira é no homem uma vergonhosa mancha: não deixa os lábios das pessoas mal-educadas. [Ler]

²⁷ Mais vale um ladrão do que um mentiroso contumaz, mas ambos terão a ruína como partilha. [Ler]

²⁸ O comportamento dos mentirosos é aviltante, sua vergonha jamais os abandonará. [Ler]

²⁹ O sábio atrai a si a estima por suas palavras; o homem prudente agradará aos poderosos. [Ler]

³⁰ Quem cultiva sua terra colherá montes de frutos; quem cultiva a justiça será ele próprio elevado; quem agrada aos poderosos fugirá da iniquidade. [Ler]

³¹ Os presentes e as dádivas cegam os olhos dos juízes. São em sua boca como um freio que os torna mudos e os impede de castigar.* [Ler]

³² Sabedoria escondida é tesouro invisível. Para que serve uma e outro? [Ler]

³³ Mais vale aquele que dissimula sua insipiência, do que aquele que esconde sua sabedoria. [Ler]

Capítulo 21 Ver capítulo

¹ Filho, pecaste? Não o faças mais. Mas ora pelas tuas faltas passadas, para que te sejam perdoadas. [Ler]

² Foge do pecado como se foge de uma serpente, porque, se dela te aproximares, ela te morderá. [Ler]

³ Os seus dentes são dentes de leão, que matam as almas dos homens. [Ler]

⁴ Todo pecado é como uma espada de dois gumes: a chaga que ele produz é incurável. [Ler]

⁵ O ultraje e a violência destroem as riquezas. A mais rica mansão se arruína pelo orgulho; assim será desenraizada a riqueza do orgulhoso. [Ler]

⁶ A oração do pobre eleva-se de sua boca até os ouvidos (de Deus), (e Deus) se apressará em lhe fazer justiça. [Ler]

⁷ Aquele que odeia a correção segue os passos do pecador, aquele que teme a Deus volta ao seu próprio coração. [Ler]

⁸ De longe é conhecido o poderoso de linguagem insolente, mas o homem sábio sabe como se descartar dele.* [Ler]

⁹ Quem constrói a sua casa à custa de outrem, é como aquele que amontoa pedras para (construir) no inverno. [Ler]

¹⁰ A reunião dos pecadores é como um amontoado de estopas: seu fim será a fogueira. [Ler]

¹¹ O caminho dos pecadores é calçado de pedras unidas, mas ele conduz à região dos mortos, às trevas e aos suplícios. [Ler]

¹² Aquele que guarda a justiça penetrará o espírito dela. [Ler]

¹³ A sabedoria e o bom senso são a consumação do temor a Deus. [Ler]

¹⁴ Jamais se tornará hábil aquele que não é sábio no bem, [Ler]

¹⁵ pois há uma sabedoria que produz muito mal. E o bom senso não está onde está a amargura. [Ler]

¹⁶ A ciência do sábio espalha-se como a água que transborda, e o conselho que ele dá permanece como fonte de vida. [Ler]

¹⁷ O coração do insensato é como um cântaro lascado, nada retém da sabedoria. [Ler]

¹⁸ Qualquer palavra sábia que ouça o homem sensato, ele a louvará e dela se aproveitará. Que a ouça um voluptuoso, e ela lhe desagradará, e ele a arremessará para trás de si. [Ler]

¹⁹ A conversa do insensato é como um fardo para carregar, mas o encanto se acha nos lábios do homem sensato. [Ler]

²⁰ A conversação do homem prudente é procurada na sociedade; todos relembrarão suas palavras em seus corações. [Ler]

²¹ A sabedoria é para o insensato como uma casa arruinada; a ciência do insensato é feita de palavras incoerentes. [Ler]

²² A instrução é para o insensato como peias nos pés e como algemas nas mãos. [Ler]

²³ O insensato eleva a voz quando ri, mas o homem sábio sorri discretamente. [Ler]

²⁴ Para o homem prudente a ciência é um ornato de ouro, uma pulseira que traz no braço direito. [Ler]

²⁵ O insensato põe facilmente os pés na casa do vizinho, mas aquele que tem educação hesita em visitar um poderoso. [Ler]

²⁶ O insensato olha dentro de uma casa pela janela; o homem bem-educado permanece fora. [Ler]

²⁷ É sinal de loucura escutar a uma porta; o homem prudente indigna-se com tal grosseria. [Ler]

²⁸ Os lábios dos imprudentes só proferem tolices, mas as palavras do sábio têm peso na balança. [Ler]

²⁹ O coração dos insensatos está na boca, a boca dos sábios está no coração. [Ler]

³⁰ Quando o ímpio amaldiçoa o adversário, amaldiçoa-se a si mesmo.* [Ler]

³¹ O delator macula-se a si próprio, e é odiado por todos; o que mora com ele será odioso, mas o homem sensato que se cala será honrado. [Ler]

Capítulo 22 Ver capítulo

¹ Ao preguiçoso é atirado esterco, só se fala dele com desprezo.* [Ler]

² O preguiçoso é apedrejado com excremento, quem o tocar sacudirá a mão. [Ler]

³ O filho mal-educado é a vergonha de seu pai, a filha semelhante não gozará de nenhuma consideração. [Ler]

⁴ Uma jovem prudente é uma herança para o marido, mas a filha desavergonhada causa mágoa ao seu pai.* [Ler]

⁵ A mulher atrevida cobre de vergonha o pai e o marido; e é igual aos celerados: ambos a desprezam. [Ler]

⁶ Uma palavra inoportuna é música em dia de luto; a sabedoria, porém, emprega com oportunidade o chicote e a instrução. [Ler]

⁷ Instruir um insensato é tornar a ajustar um vaso quebrado; [Ler]

⁸ falar a quem não ouve é como despertar alguém de um sono profundo. [Ler]

⁹ Falar da sabedoria com um insensato é conversar com alguém que está adormecendo; no fim da conversa ele dirá: “Que?”. [Ler]

¹⁰ Chora sobre um morto, porque ele perdeu a luz; chora sobre um tolo, porque é falho de juízo. [Ler]

¹¹ Chora menos sobre um morto, porque ele achou o repouso; [Ler]

¹² a vida criminosa do mau, porém, é pior do que a morte. [Ler]

¹³ O luto por um morto dura sete dias, mas por um insensato e um ímpio, dura toda a sua vida. [Ler]

¹⁴ Não fales muito com um estulto; não convivas com o insensato. [Ler]

¹⁵ Acautela-te contra ele, para não seres incomodado; e não te mancharás com o contágio de seu pecado. [Ler]

¹⁶ Afasta-te dele: encontrarás repouso, e a sua loucura não te causará mágoa. [Ler]

¹⁷ O que há de mais pesado que o chumbo? E que outro nome dar-lhe a não ser o de insensato? [Ler]

¹⁸ É mais fácil carregar areia, sal ou uma barra de ferro, do que suportar o imprudente, o tolo e o ímpio. [Ler]

¹⁹ Um encaixamento de madeira adaptado aos alicerces de um edifício não se desconjunta. Assim é o coração firmado por uma decisão bem amadurecida. [Ler]

²⁰ O desígnio de um homem sensato, em qualquer tempo que seja, não será alterado pelo temor. [Ler]

²¹ Como a estacada posta em lugar elevado e a parede sem argamassa não podem resistir à violência do vento, [Ler]

²² assim um coração tímido, de pensamentos tolos, não pode resistir ao choque do temor. [Ler]

²³ O coração medroso do insensato jamais tem temor em seus pensamentos; assim também o que não se apoia nos preceitos divinos. [Ler]

²⁴ Quem machuca um olho, dele faz sair lágrimas; quem magoa um coração, nele excita a sensibilidade. [Ler]

²⁵ Quem lança uma pedra aos pássaros os fará fugir; assim, quem insulta um amigo rompe a amizade. [Ler]

²⁶ Ainda que tenhas arrancado a espada contra o teu amigo, não desesperes; porque o regresso é possível. [Ler]

²⁷ Ainda que tenhas dito contra ele palavras desagradáveis, não temas, porque a reconciliação é possível, salvo se se tratar de injúrias, afrontas, insolências, revelação de um segredo ou golpes à traição; em todos esses casos fugirá de ti o teu amigo. [Ler]

²⁸ Permanece fiel ao teu amigo em sua pobreza, a fim de te alegrares com ele na sua prosperidade. [Ler]

²⁹ Permanece-lhe fiel no tempo da aflição, a fim de teres parte com ele em sua herança. [Ler]

³⁰ O vapor e a fumaça elevam-se na fornalha antes do fogo; assim o homicídio e o derramamento de sangue são precedidos de injúrias, ultrajes e ameaças. [Ler]

³¹ Não me envergonharei de saudar um amigo, nem me esconderei da sua presença; e, se me acontecer algum mal por isso, eu o suportarei, [Ler]

³² mas quem o souber, dele desconfiará. [Ler]

³³ Quem porá uma guarda à minha boca, e um selo inviolável nos meus lábios, para que eu não caia por sua causa, e para que minha língua não me perca? [Ler]

Capítulo 23 Ver capítulo

¹ Senhor, meu pai e soberano de minha vida, não me abandoneis ao conselho de meus lábios, e não permitais que eles me façam sucumbir. [Ler]

² Quem fará sentir o chicote em meus pensamentos, e em meu coração a doutrina da sabedoria, para eu não ser poupado nos pecados por ignorância, a fim de que esses erros não apareçam? [Ler]

³ Para que não aumentem as minhas omissões, e não se multipliquem as minhas ignorâncias, e eu não caia diante de meus adversários, e não escarneça de mim o meu inimigo? [Ler]

⁴ Senhor, meu pai e Deus de minha vida, não me abandoneis às suas sugestões; [Ler]

⁵ não me deis olhos altivos e preservai-me da cobiça! [Ler]

⁶ Afastai de mim a intemperança! Que a paixão da volúpia não se apodere de mim e não me entregueis a uma alma sem pejo e sem pudor! [Ler]

⁷ Ouvi, filhos, o conhecimento que eu vos dou: aquele que o guardar não perecerá pelos lábios, nem cairá em ações criminosas. [Ler]

⁸ O pecador é apanhado pela sua leviandade; o orgulhoso e o maledicente nela encontrarão motivos de queda. [Ler]

⁹ Que tua boca não se acostume ao juramento, porque isso leva a muitos pecados. [Ler]

¹⁰ Que o nome de Deus não esteja sempre na tua boca, e que não mistures nas tuas conversas o nome dos santos, porque nisso não estarias isento de culpa. [Ler]

¹¹ Pois, assim como um escravo submetido continuamente à tortura dela trará as cicatrizes, assim todo homem que jura pelo nome de Deus, não poderá totalmente escapar ao pecado. [Ler]

¹² O homem que jura com frequência será cheio de iniquidade, e o flagelo não deixará a sua casa; [Ler]

¹³ se não cumprir o juramento, sua culpa recairá sobre ele; e, se dissimular, pecará duplamente.* [Ler]

¹⁴ Se jurar em vão, isso não o justificará: sua casa será cheia de castigos. [Ler]

¹⁵ Há uma outra palavra que merece a morte, e não deve ser encontrada na herança de Jacó!* [Ler]

¹⁶ Tudo isto está longe dos homens piedosos, que não se comprazem em tais crimes. [Ler]

¹⁷ Não acostumes tua boca a uma linguagem grosseira, pois aí sempre haverá pecado. [Ler]

¹⁸ Lembra-te de teu pai e de tua mãe, quando te achares no meio dos poderosos, [Ler]

¹⁹ para não acontecer que Deus se esqueça de ti na presença deles, e que, tornando-te insensato pela tua excessiva familiaridade, tenhas de suportar um insulto, e desejes não ter nascido, e amaldiçoes o dia do teu nascimento.* [Ler]

²⁰ O homem acostumado a dizer palavras injuriosas jamais se corrigirá disso. [Ler]

²¹ Duas espécies de pessoas multiplicam os pecados, e a terceira atrai sobre si a cólera e a perdição. [Ler]

²² A alma que queima como um fogo ardente não se apagará antes de ter devorado alguma coisa. [Ler]

²³ O homem que abusa de seu próprio corpo, não terá sossego enquanto não acender uma fogueira. [Ler]

²⁴ Para o fornicador todo o alimento é doce; não se cansará de pecar até a morte. [Ler]

²⁵ O homem que profana seu leito prejudica-se a si mesmo, e diz: “Quem me vê? [Ler]

²⁶ As trevas me rodeiam, as paredes me escondem; ninguém me olha; a quem temerei? O Altíssimo não se recordará de meus pecados”. [Ler]

²⁷ E ele não compreende que o olhar de Deus tudo vê, que um semelhante temor humano exclui dele o temor a Deus, e que os olhos dos homens o temem. [Ler]

²⁸ Ele não sabe que os olhos do Senhor são muito mais luminosos que o sol, que examinam por todos os lados o procedimento dos homens, as profundezas do abismo, e investigam o coração humano até em seus mais íntimos esconderijos. [Ler]

²⁹ Pois o Senhor Deus conhecia todas as coisas antes de tê-las criado, e as vê todas, depois que as completou. [Ler]

³⁰ Este tal será castigado nas praças públicas da cidade; será posto em fuga como o potro da égua, e será apanhado onde menos o esperar. [Ler]

³¹ Será vexado diante de todos, porque não compreendeu o que é o temor a Deus. [Ler]

³² Assim também perecerá toda mulher que deixar seu marido, e lhe der como herdeiro um filho adulterino, [Ler]

³³ porque primeiramente ela foi desobediente à Lei do Altíssimo, em segundo lugar pecou contra o seu marido, cometendo assim um adultério, dando-se a si filhos de outro homem. [Ler]

³⁴ Essa mulher será trazida perante a assembleia, e seus filhos serão vigiados. [Ler]

³⁵ Seus filhos não pegarão raízes; seus ramos não darão frutos. [Ler]

³⁶ Ela deixará uma memória maldita, e sua desonra jamais se apagará. [Ler]

³⁷ E todos aqueles que lhe sobreviverem reconhecerão que nada é melhor do que o temor a Deus, e nada mais suave que guardar os seus preceitos. [Ler]

³⁸ É uma grande glória seguir o Senhor, pois é ele quem dá vida longa. [Ler]

Capítulo 24 Ver capítulo

¹ A sabedoria faz o seu próprio elogio, honra-se em Deus, gloria-se no meio do seu povo.* [Ler]

² Ela abre a boca na assembleia do Altíssimo, gloria-se diante dos exércitos do Senhor, [Ler]

³ é exaltada no meio do seu povo, e admirada na assembleia santa. [Ler]

⁴ Entre a multidão dos eleitos, recebe louvores, e bênçãos entre os abençoados de Deus. [Ler]

⁵ Ela diz: “Saí da boca do Altíssimo; nasci antes de toda criatura. [Ler]

⁶ Eu fiz levantar no céu uma luz indefectível, e cobri toda a terra como que de uma nuvem. [Ler]

⁷ Habitei nos lugares mais altos: meu trono está numa coluna de nuvens. [Ler]

⁸ Sozinha percorri a abóbada celeste, e penetrei nas profundezas dos abismos. Andei sobre as ondas do mar, [Ler]

⁹ e percorri toda a terra. Imperei sobre todos os povos [Ler]

¹⁰ e sobre todas as nações. [Ler]

¹¹ Tive sob os meus pés, com meu poder, os corações de todos os homens, grandes e pequenos. Entre todas as coisas procurei um lugar de repouso, e habitarei na moradia do Senhor.* [Ler]

¹² Então, a voz do Criador do universo deu-me suas ordens, e aquele que me criou repousou sob minha tenda.* [Ler]

¹³ E disse-me: “Habita em Jacó, possui tua herança em Israel, estende tuas raízes entre os eleitos”. [Ler]

¹⁴ Desde o início, antes de todos os séculos, ele me criou, e não deixarei de existir até o fim dos séculos; e exerci as minhas funções diante dele na casa santa. [Ler]

¹⁵ Assim fui firmada em Sião; repousei na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder. [Ler]

¹⁶ Lancei raízes no meio de um povo glorioso, cuja herança está na partilha de meu Deus; e fixei minha morada na assembleia dos santos.* [Ler]

¹⁷ Elevei-me como o cedro do Líbano, como o cipreste do monte Sião;* [Ler]

¹⁸ cresci como a palmeira de Cades, como as roseiras de Jericó.* [Ler]

¹⁹ Elevei-me como uma formosa oliveira nos campos, como um plátano no caminho à beira das águas. [Ler]

²⁰ Exalo um perfume de canela e de bálsamo odorífero, um perfume como de mirra escolhida; [Ler]

²¹ como o estoraque, o gálbano, o ônix e a mirra, como a gota de incenso que cai por si própria, perfumei minha morada. Meu perfume é como o de um bálsamo sem mistura.* [Ler]

²² Estendi meus galhos como um terebinto, meus ramos são de honra e de graça. [Ler]

²³ Cresci como a vinha de frutos de agradável odor, e minhas flores são frutos de glória e abundância. [Ler]

²⁴ Sou a mãe do puro amor, do temor (a Deus), da ciência e da santa esperança, [Ler]

²⁵ em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude. [Ler]

²⁶ Vinde a mim todos os que me desejais com ardor, e enchei-vos de meus frutos; [Ler]

²⁷ pois meu espírito é mais doce do que o mel, e minha posse mais suave que o favo de mel. [Ler]

²⁸ A memória de meu nome durará por toda a série dos séculos. [Ler]

²⁹ Aqueles que me comem terão ainda fome, e aqueles que me bebem terão ainda sede. [Ler]

³⁰ Aquele que me ouve não será humilhado, e os que agem por mim não pecarão. [Ler]

³¹ Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna. [Ler]

³² Tudo isso é o livro da vida, a aliança do Altíssimo, e o conhecimento da verdade.* [Ler]

³³ Moisés deu-nos a Lei com os preceitos da justiça, a herança da casa de Jacó e as promessas feitas a Israel. [Ler]

³⁴ Deus prometeu a seu servo Davi que faria sair dele um rei muito poderoso, o qual se sentaria eternamente num trono de glória. [Ler]

³⁵ A Lei faz transbordar a sabedoria como o Fison, e como o Tigre na época dos frutos novos;* [Ler]

³⁶ ela espalha a inteligência como o Eufrates, e uma inundação como a do Jordão no tempo da colheita. [Ler]

³⁷ É ela quem derrama a ciência como o Nilo, soltando as águas como o Geon no tempo da vindima. [Ler]

³⁸ Foi ele quem primeiro a conheceu perfeitamente, essa sabedoria impenetrável às almas fracas.* [Ler]

³⁹ O seu pensamento é mais vasto do que o mar, e seu conselho, mais profundo do que o grande abismo. [Ler]

⁴⁰ Eu, a sabedoria, fiz correr os rios. [Ler]

⁴¹ Sou como o curso de água imensa de um rio, como o canal de uma ribeira, e como um aqueduto saindo do paraíso. [Ler]

⁴² Eu disse: “Regarei as plantas do meu jardim, darei de beber aos frutos de meu prado”; [Ler]

⁴³ e eis que meu curso de água tornou-se abundante, e meu rio tornou-se um mar. [Ler]

⁴⁴ Pois a luz da ciência que eu derramo sobre todos é como a luz da manhã, e de longe eu a torno conhecida. [Ler]

⁴⁵ Penetrarei em todas as profundezas da terra, visitarei todos aqueles que dormem, e alumiarei todos os que confiam no Senhor. [Ler]

⁴⁶ Continuarei a espalhar a minha doutrina como uma profecia, e a deixarei aos que buscam a sabedoria, e não abandonarei seus descendentes até o século santo. [Ler]

⁴⁷ Considerai que não trabalhei só para mim, mas para todos aqueles que buscam a verdade. [Ler]

Capítulo 25 Ver capítulo

¹ Meu espírito se compraz em três coisas que têm a aprovação de Deus e dos homens: [Ler]

² a união entre os irmãos, o amor entre os parentes, e um marido que vive bem com sua mulher. [Ler]

³ Mas há três espécies de gente que minha alma detesta, e cuja vida me é insuportável: [Ler]

⁴ um pobre orgulhoso, um rico mentiroso e um ancião louco e insensato. [Ler]

⁵ Como acharás na velhice aquilo que não tiveres acumulado na juventude? [Ler]

⁶ Quão belo é para a velhice o saber julgar, e para os anciãos o saber aconselhar! [Ler]

⁷ Quão bela é a sabedoria nas pessoas de idade avançada, e a inteligência com a prudência nas pessoas honradas! [Ler]

⁸ A experiência consumada é a coroa dos anciãos; o temor a Deus é a sua glória. [Ler]

⁹ Nove coisas se apresentam ao meu espírito, as quais considero felizes, e uma décima que anunciarei aos homens: [Ler]

¹⁰ um homem que encontra a sua alegria em seus filhos; um homem que vive o bastante para ver a ruína de seus inimigos; [Ler]

¹¹ aquele – feliz dele! – que vive com uma mulher sensata, e que não pecou pela língua, nem teve de servir a pessoas indignas dele. [Ler]

¹² Feliz aquele que encontrou um amigo verdadeiro, e que fala da justiça a um ouvido atento. [Ler]

¹³ Como é grande aquele que encontrou sabedoria e ciência! Mas nada é tão grande como aquele que teme o Senhor: [Ler]

¹⁴ o temor a Deus coloca-o acima de tudo. [Ler]

¹⁵ Feliz o homem que recebeu o dom do temor a Deus. [Ler]

¹⁶ O temor a Deus é o começo de seu amor, e a ele é preciso acrescentar um princípio de fé. [Ler]

¹⁷ A tristeza do coração é uma chaga universal, e a maldade feminina é uma malícia consumada. [Ler]

¹⁸ Toda chaga, não, porém, a chaga do coração; [Ler]

¹⁹ toda malícia, não, porém, a malícia da mulher; [Ler]

²⁰ toda vingança, não, porém, a que nos causam nossos adversários; [Ler]

²¹ toda vingança, não, porém, a de nossos inimigos. [Ler]

²² Não há veneno pior que o das serpentes;* [Ler]

²³ não há cólera que vença a da mulher. É melhor viver com um leão e um dragão que morar com uma mulher maldosa. [Ler]

²⁴ A malícia de uma mulher transtorna-lhe as feições, obscurece-lhe o olhar como o de um urso, e dá-lhe uma tez com a aparência de saco. [Ler]

²⁵ Entre seus parentes, queixa-se o seu marido, e, ouvindo-os, suspira amargamente.* [Ler]

²⁶ Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher; que a sorte dos pecadores caia sobre ela! [Ler]

²⁷ Como uma ladeira arenosa aos pés de um ancião, assim é a mulher tagarela para um marido pacato. [Ler]

²⁸ Não contemples a beleza de uma mulher, não cobices uma mulher pela sua beleza. [Ler]

²⁹ Grandes são a cólera de uma mulher, sua audácia, sua desordem. [Ler]

³⁰ Se a mulher tiver o mando, ela se erguerá contra o marido.* [Ler]

³¹ Coração abatido, semblante triste e chaga de coração: eis o que faz uma mulher maldosa. [Ler]

³² Mãos lânguidas, joelhos que se dobram: eis o que faz uma mulher que não traz felicidade ao seu marido. [Ler]

³³ Foi pela mulher que começou o pecado, e é por causa dela que todos morremos. [Ler]

³⁴ Não dês à tua água a mais ligeira abertura, nem à mulher maldosa a liberdade de sair a público. [Ler]

³⁵ Se ela não andar sob a direção de tuas mãos, ela te cobrirá de vergonha na presença de teus inimigos. [Ler]

³⁶ Separa-te do seu corpo, a fim de que não abuse sempre de ti. [Ler]

Capítulo 26 Ver capítulo

¹ Feliz o homem que tem uma boa mulher, pois se duplicará o número de seus anos. [Ler]

² A mulher forte faz a alegria de seu marido, e derramará paz nos anos de sua vida. [Ler]

³ É um bom quinhão uma mulher bondosa; no quinhão daqueles que temem a Deus, ela será dada a um homem pelas suas boas ações. [Ler]

⁴ Rico ou pobre, o seu marido tem o coração satisfeito, e seu rosto reflete alegria em todo o tempo. [Ler]

⁵ Meu coração teme três coisas, e uma quarta faz empalidecer de pavor o meu semblante:* [Ler]

⁶ a denúncia de uma cidade, o motim de um povo, [Ler]

⁷ a calúnia, coisas estas mais temíveis que a morte; [Ler]

⁸ mas uma mulher ciumenta é uma dor de coração e um luto. [Ler]

⁹ A língua de uma mulher ciumenta é um chicote que atinge todos os homens.* [Ler]

¹⁰ Uma mulher maldosa é como jugo de bois desajustado; quem a possui é como aquele que pega um escorpião. [Ler]

¹¹ A mulher que se dá à bebida é motivo de grande cólera; sua ofensa e sua infâmia não ficarão ocultas. [Ler]

¹² O mau procedimento de uma mulher revela-se na imprudência de seu olhar e no pestanejar das pálpebras. [Ler]

¹³ Vigia cuidadosamente a jovem que não se retrai dos homens, para que não se perca, achando ocasião. [Ler]

¹⁴ Desconfia de toda ousadia de seus olhos, e não te admires se ela te desprezar. [Ler]

¹⁵ Como um viajante sedento abre a boca diante da fonte e bebe toda a água que encontra, assim senta-se ela em qualquer cama até desfalecer, e qualquer flecha abre sua aljava. [Ler]

¹⁶ A graça de uma mulher cuidadosa rejubila seu marido, [Ler]

¹⁷ e seu bom comportamento revigora os ossos. [Ler]

¹⁸ É um dom de Deus uma mulher sensata e silenciosa, e nada se compara a uma mulher bem-educada. [Ler]

¹⁹ A mulher santa e honesta é uma graça inestimável; [Ler]

²⁰ não há peso para pesar o valor de uma alma casta. [Ler]

²¹ Assim como o sol que se levanta nas alturas de Deus, assim é a beleza de uma mulher honrada, ornamento de sua casa. [Ler]

²² Como a lâmpada que brilha no candelabro sagrado, assim é a beleza do rosto na idade madura. [Ler]

²³ Como colunas de ouro sobre alicerces de prata, são as pernas formosas sobre calcanhares firmes. [Ler]

²⁴ Como fundamentos eternos sobre pedra firme, assim são os preceitos divinos no coração de uma mulher santa. [Ler]

²⁵ Duas coisas entristecem o meu coração, e uma terceira me irrita: [Ler]

²⁶ um homem de guerra que perece na indigência, um homem sábio que é desprezado, [Ler]

²⁷ e aquele que passa da justiça ao pecado; a este último, Deus reserva a espada. [Ler]

²⁸ Duas coisas me parecem difíceis e perigosas: dificilmente evitará erros o que negocia, e o taberneiro não escapará ao pecado da língua. [Ler]

Capítulo 27 Ver capítulo

¹ A pobreza fez cair vários deles no pecado. Quem procura enriquecer afasta os olhos de Deus. [Ler]

² Como se enterra um pau entre as junturas das pedras, assim penetra o pecado entre a venda e a compra. [Ler]

³ O pecado será esmagado com o pecador. [Ler]

⁴ Se não te aferrares firmemente no temor ao Senhor, tua casa em breve será destruída. [Ler]

⁵ Quando se sacode a joeira, só ficam refugos; assim a perplexidade permanece no pensamento do homem. [Ler]

⁶ A fornalha experimenta as jarras do oleiro; a prova do infortúnio, os homens justos. [Ler]

⁷ O cuidado aplicado a uma árvore mostra-se no fruto; assim a palavra manifesta o que vai no coração do homem. [Ler]

⁸ Não louves um homem antes que ele tenha falado, pois é assim que se experimentam os humanos. [Ler]

⁹ Se procurares a justiça, hás de consegui-la, e dela te revestirás como de um manto de festa. Habitarás com ela, ela te protegerá para sempre; e, no dia do juízo, nela encontrarás apoio. [Ler]

¹⁰ As aves chegam-se aos seus semelhantes; assim a verdade volta àqueles que a põem em prática. [Ler]

¹¹ O leão está sempre à espreita de uma presa; assim o pecado, para aqueles que praticam a iniquidade. [Ler]

¹² O homem santo permanece na sabedoria, estável como o sol; mas o insensato é inconstante como a lua.* [Ler]

¹³ Na companhia dos tolos, guarda tuas palavras para outra ocasião. Sê de preferência assíduo junto às pessoas ponderadas.* [Ler]

¹⁴ A conversação dos pecadores é odiosa; eles se alegram nas delícias do pecado. [Ler]

¹⁵ Uma linguagem cheia de blasfêmias é horripilante, e sua grosseria fará com que não queiramos ouvi-la. [Ler]

¹⁶ Uma disputa entre orgulhosos faz correr sangue; suas injúrias fazem sofrer os ouvidos. [Ler]

¹⁷ Quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança, e não mais achará amigos que lhe convenham. [Ler]

¹⁸ Ama o teu próximo e sê fiel na amizade com ele; [Ler]

¹⁹ se desvendares seus segredos, em vão correrás atrás dele, [Ler]

²⁰ pois, como um homem que mata seu amigo, assim é o que destrói a amizade do próximo;* [Ler]

²¹ como um homem que solta o pássaro que tem na mão, assim abandonaste o teu próximo, e não mais o encontrarás. [Ler]

²² Não o persigas, já está longe; escapou-se como uma gazela da armadilha. Porque a sua alma foi ferida, [Ler]

²³ e não mais poderás curar sua ferida. Depois de uma injúria pode haver reconciliação;* [Ler]

²⁴ desvendar, porém, os segredos de um amigo é um desespero para a alma desventurada. [Ler]

²⁵ Aquele que tem um olhar lisonjeiro trama negros propósitos, e ninguém pode afastá-lo de si. [Ler]

²⁶ Em tua presença só terá doçura nos lábios, admirará tudo o que disseres; mas em breve mudará sua linguagem e armará laços às tuas palavras. [Ler]

²⁷ Abomino muitas coisas, porém nada tanto quanto ele; o Senhor também o detesta. [Ler]

²⁸ Quem lança uma pedra no ar a vê recair sobre sua cabeça; a ofensa feita por traição atingirá também o traidor. [Ler]

²⁹ Quem cava uma fossa cairá nela; quem põe uma pedra no caminho do próximo nela tropeçará; quem arma uma cilada a outrem nela será apanhado. [Ler]

³⁰ O desígnio criminoso volta-se contra o seu autor, que não saberá de onde lhe vem o mal. [Ler]

³¹ A zombaria e a ofensa são próprias dos orgulhosos; a vingança os espreita como um leão. [Ler]

³² Aqueles que escarnecem do pecado dos justos serão apanhados no laço, e a dor os consumirá ainda vivos. [Ler]

³³ Cólera e furor são ambos execráveis; o homem pecador os alimenta em si mesmo. [Ler]

Capítulo 28 Ver capítulo

¹ Aquele que quer vingar sofrerá a vingança do Senhor, que guardará cuidadosamente os seus pecados. [Ler]

² Perdoa ao teu próximo o mal que te fez, e teus pecados serão perdoados quando o pedires. [Ler]

³ Um homem guarda rancor contra outro homem, e pede a Deus a sua cura! [Ler]

⁴ Não tem misericórdia para com o seu semelhante, e roga o perdão dos seus pecados! [Ler]

⁵ Ele, que é apenas carne, guarda rancor, e pede a Deus que lhe seja propício! Quem, então, lhe conseguirá o perdão de seus pecados? [Ler]

⁶ Lembra-te do teu fim, e põe termo às tuas inimizades, [Ler]

⁷ pois a decadência e a morte são uma ameaça para aqueles que transgridem os mandamentos.* [Ler]

⁸ Lembra-te do temor a Deus, e não fiques irado contra o próximo.* [Ler]

⁹ Lembra-te da aliança com o Altíssimo, e passa por cima do erro que o teu próximo cometeu inadvertidamente. [Ler]

¹⁰ Evita a desavença e diminuirás os pecados. [Ler]

¹¹ O homem irascível provoca as querelas; o pecador espalha a inquietação entre seus amigos, e semeia a inimizade no meio de pessoas que vivem em paz. [Ler]

¹² O fogo queima na proporção da lenha que há na floresta; a ira do homem inflama-se na medida de seu poder, e desenvolve-se em proporção de sua riqueza. [Ler]

¹³ Uma querela precipitada acende o fogo; a presteza na disputa derrama sangue; e a língua que presta falso testemunho causa a morte. [Ler]

¹⁴ Sopra sobre uma centelha e ela se abrasará; cospe sobre ela e ela se apagará: ambos saem de tua boca. [Ler]

¹⁵ Maldito o delator e o homem que diz branco e preto, pois semeiam a discórdia entre muita gente que vive em paz. [Ler]

¹⁶ A língua de um terceiro abalou muitos deles, e os afugentou de uma nação a outra.* [Ler]

¹⁷ Ela destruiu as cidades fortes dos ricos, e arrasou as casas dos poderosos. [Ler]

¹⁸ Desbaratou os exércitos dos povos, e dispersou nações valentes. [Ler]

¹⁹ A língua de um terceiro fez repudiar mulheres superiores, e privou-as do fruto de seu labor. [Ler]

²⁰ Aquele que o ouve não terá paz, não terá amigo em quem tenha confiança.* [Ler]

²¹ A chicotada produz um ferimento, porém uma língua má quebra os ossos. [Ler]

²² Muitos homens morreram a fio de espada, mas não tantos quantos os que pereceram por causa da língua. [Ler]

²³ Feliz aquele que está ao abrigo da língua perversa, que não passou pela cólera dela, que não atraiu sobre si o seu jugo, e que não foi atado pelas suas correntes, [Ler]

²⁴ pois o jugo dela é um jugo de ferro, e suas correntes, correntes de bronze. [Ler]

²⁵ A morte que ela dá é morte desastrada, e a moradia dos mortos é-lhe preferível. [Ler]

²⁶ Ela durará, mas não sempre; ela dominará o proceder dos injustos, e os justos não serão devorados pelas suas chamas.* [Ler]

²⁷ Aqueles que abandonam Deus lhe serão entregues: ela os consumirá sem se apagar; ela se lançará sobre eles como um leão; e os estraçalhará como um leopardo. [Ler]

²⁸ Protege teus ouvidos com uma sebe de espinhos; não dês ouvidos à língua maldosa, e põe em tua boca uma porta com ferrolhos. [Ler]

²⁹ Derrete teu ouro e tua prata; faze uma balança para pesar as tuas palavras, e para a tua boca, um freio bem ajustado.* [Ler]

³⁰ Tem cuidado para não pecar pela língua, para não caíres na presença dos inimigos que te espreitam, e para que não venha o teu pecado a ser incurável e mortal. [Ler]

Capítulo 29 Ver capítulo

¹ Aquele que tem compaixão empresta com juros ao seu próximo; aquele que tem a mão generosa guarda os mandamentos. [Ler]

² Empresta a teu próximo quando ele estiver necessitado, e de teu lado, paga-lhe o que lhe deves, no tempo marcado. [Ler]

³ Cumpre tua palavra e procede lealmente com ele, e acharás em toda ocasião o que te é necessário. [Ler]

⁴ Muitos consideraram como um achado o que pediam emprestado, e causaram desgosto àqueles que os ajudaram. [Ler]

⁵ Até que se tenha recebido, beija-se a mão de quem empresta; com voz humilde fazem-se promessas;* [Ler]

⁶ mas, chegando o tempo de restituir, pedem-se prazos; só se têm palavras pesarosas e queixas; e toma-se como pretexto a dificuldade da época. [Ler]

⁷ Se o que pede emprestado pode restituir, nega-se a princípio. Restitui em seguida só a metade da quantia, e a considera como um lucro. [Ler]

⁸ Se não tem meios para pagar, priva o que emprestou do seu dinheiro, e dele se faz gratuitamente um inimigo. [Ler]

⁹ Ele o paga com ofensas e maldições, e paga com o mal o bem que recebeu. [Ler]

¹⁰ Muitos não emprestam, não por maldade, mas por medo de serem injustamente iludidos.* [Ler]

¹¹ Todavia, sê indulgente para com o miserável, e não o faças esmorecer depois da esmola. [Ler]

¹² Por causa do mandamento, socorre o pobre; e não o deixes ir com as mãos vazias na sua indigência. [Ler]

¹³ Perde o teu dinheiro em favor de teu irmão e de teu amigo; não o escondas debaixo de uma pedra para ficar perdido. [Ler]

¹⁴ Gasta o teu tesouro segundo o preceito do Altíssimo, e isso te aproveitará mais do que o ouro. [Ler]

¹⁵ Encerra a esmola no coração do pobre, e ela rogará por ti, a fim de te preservar de todo o mal.* [Ler]

¹⁸ Para combater o teu inimigo, ela será uma arma mais poderosa do que o escudo e a lança de um homem valente.* [Ler]

¹⁹ O homem de bem responsabiliza-se pelo próximo; o homem sem pejo abandona-o a si próprio. [Ler]

²⁰ Não esqueças o benefício daquele que se responsabiliza por ti, pois ele arriscou a vida para te amparar. [Ler]

²¹ O pecador e o impudico fogem de seu fiador; [Ler]

²² o pecador atribui a si mesmo o benefício de quem por ele se responsabiliza, e com coração ingrato abandona o seu libertador. [Ler]

²³ Um homem se responsabiliza pelo seu próximo, e este, perdendo a vergonha, o abandonará. [Ler]

²⁴ Um mau penhor perdeu muitas pessoas que prosperavam, e as agitou como as ondas do mar; [Ler]

²⁵ por uma reviravolta das coisas, ele exilou muitos poderosos, que se tornaram peregrinos em terra estrangeira. [Ler]

²⁶ O pecador que transgride o mandamento do Senhor se comprometerá a responder inoportunamente por outro; e aquele que tentar muitos empreendimentos não escapará do processo. [Ler]

²⁷ Ajuda o próximo conforme as tuas posses, e acautela-te para que não caias tu também. [Ler]

²⁸ O principal para a vida do homem é a água, o pão, o vestuário e uma casa para ocultar a sua nudez. [Ler]

²⁹ Mais vale o que um pobre come sob um vigamento do que um magnífico banquete em casa alheia para quem não tem domicílio. [Ler]

³⁰ Contenta-te com o pouco ou muito que tiveres e evitarás a censura de seres um estranho. [Ler]

³¹ É uma vida miserável a daquele que vai de casa em casa; em toda parte onde se hospedar, não estará confiante, e não ousará abrir a boca. [Ler]

³² Recebe-se com hospitalidade, dá-se de comer e de beber a ingratos; e, depois disso, ouvem-se palavras desagradáveis:* [Ler]

³³ “Vamos, intruso, prepara a mesa, e o que tens, dá-o de comer aos outros; [Ler]

³⁴ retira-te, por causa da homenagem que devo prestar aos meus amigos. Preciso de minha casa para nela receber meu irmão”.* [Ler]

³⁵ Eis coisas penosas para um homem sensato: ouvir censuras pela hospitalidade e pelo empréstimo que se fez. [Ler]

Capítulo 30 Ver capítulo

¹ Aquele que ama seu filho, castiga-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de bater à porta dos vizinhos. [Ler]

² Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele, e nele mesmo se gloriará entre seus amigos. [Ler]

³ Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso, e entre seus amigos será honrado por causa dele. [Ler]

⁴ O pai morre, e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. [Ler]

⁵ Durante sua vida viu seu filho e nele se alegrou; quando morrer, não ficará aflito; não terá de que se envergonhar perante seus adversários, [Ler]

⁶ pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos, alguém que manifestará gratidão aos seus amigos. [Ler]

⁷ Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas; a cada palavra suas entranhas se comoverão.* [Ler]

⁸ Um cavalo indômito torna-se intratável; a criança entregue a si mesma torna-se temerária. [Ler]

⁹ Adula o teu filho e ele te causará medo; brinca com ele e ele te causará desgosto. [Ler]

¹⁰ Não te ponhas a rir com ele, para que não venhas a sofrer com isso, e não acabes rangendo os dentes. [Ler]

¹¹ Não lhe dês toda a liberdade na juventude, não feches os olhos às suas extravagâncias: [Ler]

¹² obriga-o a curvar a cabeça enquanto jovem, castiga-o com varas enquanto ainda é menino, para que não suceda endurecer-se e não queira mais acreditar em ti, e venha a ser um sofrimento para a tua alma. [Ler]

¹³ Educa o teu filho, esforça-te por instruí-lo, para que te não desonre com sua vida vergonhosa. [Ler]

¹⁴ Mais vale um pobre sadio e vigoroso que um rico enfraquecido e atacado de doenças. [Ler]

¹⁵ A saúde da alma na santidade e na justiça vale mais que o ouro e a prata. Um corpo robusto vale mais que imensas riquezas. [Ler]

¹⁶ Não há maior riqueza que a saúde do corpo; não há prazer que se iguale à alegria do coração. [Ler]

¹⁷ Mais vale a morte que uma vida na aflição; e o repouso eterno que um definhamento sem fim. [Ler]

¹⁸ Bens escondidos em uma boca fechada são como preparativos de um festim colocados sobre um túmulo. [Ler]

¹⁹ De que serve ao ídolo a oferenda que lhe fazem? Não pode nem comê-la nem lhe respirar o aroma. [Ler]

²⁰ Assim é aquele que o Senhor repele, e que carrega o castigo de seu pecado; [Ler]

²¹ seus olhos vislumbram o alimento e ele suspira, assim como suspira o eunuco ao abraçar uma virgem. [Ler]

²² Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. [Ler]

²³ A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida. [Ler]

²⁴ Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti,* [Ler]

²⁵ pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma. [Ler]

²⁶ A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo. [Ler]

²⁷ Um coração bondoso e nobre banqueteia-se continuamente, pois seus banquetes são preparados com solicitude.* [Ler]

Capítulo 31 Ver capítulo

¹ As vigílias para enriquecer ressecam a carne, as preocupações que elas trazem tiram o sono. [Ler]

² A inquietação pelo porvir perturba o sentido. Uma doença grave torna a alma moderada.* [Ler]

³ O rico trabalha para juntar riquezas; quando se entrega ao repouso, goza o fruto de seus haveres. [Ler]

⁴ O pobre trabalha por não possuir com que viver, e, ao término da vida, tudo lhe falta. [Ler]

⁵ Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. [Ler]

⁶ O ouro abateu a muitos, e seus encantos os perderam.* [Ler]

⁷ O ouro é um obstáculo para aqueles que se lhe oferecem em sacrifício; infelizes daqueles que o buscam com ardor: ele fará perecer todos os insensatos. [Ler]

⁸ Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula, que não correu atrás do ouro, que não colocou sua esperança no dinheiro e nos tesouros! [Ler]

⁹ Quem é esse homem para que o felicitemos? Ele fez prodígios durante sua vida. [Ler]

¹⁰ Áquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito, está reservada uma glória eterna: ele podia transgredir a Lei e não a violou; ele podia fazer o mal e não o fez. [Ler]

¹¹ Por isso, seus bens serão fortalecidos no Senhor, e toda a assembleia dos santos louvará suas esmolas. [Ler]

¹² Se estiveres sentado a uma mesa bem abastecida, não comeces abrindo a boca. [Ler]

¹³ Não digas: “Que abundância de iguarias há sobre ela!”. [Ler]

¹⁴ Lembra-te de que um olhar maldoso é coisa funesta. [Ler]

¹⁵ Que coisa há pior que o olho? É por isso que há de se desfazer em lágrimas. [Ler]

¹⁶ Quando ele olhar, não sejas o primeiro a estender a mão, para que não cores, envergonhado pela tua cobiça.* [Ler]

¹⁷ Não comas demasiadamente num banquete. [Ler]

¹⁸ Julga os desejos de teu próximo segundo os teus. [Ler]

¹⁹ Serve-te como um homem sóbrio do que te é apresentado, para que não te tornes odioso, comendo muito. [Ler]

²⁰ Acaba de comer em primeiro lugar, por decoro, e evita todo excesso, para que não desgostes a ninguém. [Ler]

²¹ Se tiveres tomado assento em meio de uma sociedade numerosa, não sejas o primeiro a estender a mão para o prato, nem sejas o primeiro a pedir de beber. [Ler]

²² Não é um pouco de vinho suficiente para um homem bem-educado? Assim não terás sono pesado, e não sentirás dor. [Ler]

²³ A insônia, o mal-estar e as cólicas são o tributo do intemperante. [Ler]

²⁴ Para um homem sóbrio, um sono salutar; ele dorme até de manhã e sente-se bem. [Ler]

²⁵ Se tiveres sido obrigado a comer demais, levanta-te e vomita; isso te aliviará, e não te exporás à doença. [Ler]

²⁶ Ouve-me, meu filho, não me desprezes: reconhecerás no fim a veracidade de minhas palavras. [Ler]

²⁷ Em todas as tuas ações, sê diligente, e nenhuma doença te acometerá. [Ler]

²⁸ Muitos lábios abençoarão aquele que dá refeições com liberalidade; o testemunho prestado à honestidade dele é verídico. [Ler]

²⁹ Toda a cidade resmunga contra aquele que dá de comer com mesquinhez e o testemunho prestado à avareza dele é exato. [Ler]

³⁰ Não incites a beber aquele que ama o vinho, pois o vinho perdeu a muitos.* [Ler]

³¹ O fogo põe à prova a dureza do ferro: assim o vinho, bebido em excesso, revela o coração dos orgulhosos.* [Ler]

³² O vinho bebido sobriamente é como uma vida para os homens. Se o beberes moderadamente, serás sóbrio. [Ler]

³³ Que é a vida do homem a quem falta o vinho? [Ler]

³⁴ Que coisa tira a vida? A morte. [Ler]

³⁵ No princípio, o vinho foi criado para a alegria e não para a embriaguez. [Ler]

³⁶ O vinho, bebido moderadamente, é a alegria da alma e do coração. [Ler]

³⁷ A sobriedade no beber é a saúde da alma e do corpo. [Ler]

³⁸ O excesso na bebida causa irritação, cólera e numerosas catástrofes. [Ler]

³⁹ O vinho, bebido em demasia, é a aflição da alma. [Ler]

⁴⁰ A embriaguez inspira a ousadia e faz pecar o insensato; abafa as forças e causa feridas. [Ler]

⁴¹ Não repreendas o próximo durante uma refeição regada a vinho; não o trates com desprezo enquanto ele se entrega à alegria. [Ler]

⁴² Não lhe faças censuras, não o atormentes, reclamando o que te é devido. [Ler]

Capítulo 32 Ver capítulo

¹ Fizeram-te rei (do festim)? Não te enalteças. Sê no meio dos outros como qualquer um deles. [Ler]

² Ocupa-te com eles e em seguida senta-te. Não tomes lugar à mesa, senão após cumpridos os teus deveres,* [Ler]

³ assim te regozijarás por causa deles. Receberás a coroa como um gracioso adorno, e ganharás a consideração dos convivas.* [Ler]

⁴ Tu, mais idoso, fala, pois convém [Ler]

⁵ que sejas o primeiro a falar, com séria competência. Mas não perturbes a música, [Ler]

⁶ nem te alongues em discursos, onde não há quem os ouça. Não te engrandeças sem propósito por causa de tua sabedoria.* [Ler]

⁷ Como uma pedra de rubi engastada no ouro, assim é a música no meio de uma refeição regada a vinho. [Ler]

⁸ Como um sinete de esmeraldas engastadas em ouro, assim é um grupo de músicos no meio de uma alegre e moderada libação. [Ler]

⁹ Ouve em silêncio, e tua modéstia provocará a benevolência. [Ler]

¹⁰ Jovem, fala muito pouco de teus assuntos privados.* [Ler]

¹¹ Se fores duas vezes interrogado, que tua resposta seja concisa. [Ler]

¹² Em muitas coisas, porta-te como se as ignorasses; ouve em silêncio e pergunta.* [Ler]

¹³ No meio dos poderosos, não tomes muitas liberdades; não fales muito onde houver anciãos: [Ler]

¹⁴ vê-se o relâmpago antes de se ouvir o estalido, a graça precede o rubor da modéstia. Pelo teu recato serás benquisto. [Ler]

¹⁵ Uma vez chegada a hora de se levantar, não te demores; sê o primeiro a correr para casa,* onde te regozijarás com os divertimentos. [Ler]

¹⁶ Faze o que te aprouver, porém sem pecado e sem orgulho. [Ler]

¹⁷ E em tudo isso glorifica o Senhor que te criou, e que te cumula de todos os seus bens. [Ler]

¹⁸ Aquele que teme o Senhor aceitará sua doutrina, aqueles que vigiam para procurá-lo serão por ele abençoados. [Ler]

¹⁹ Aquele que busca a Lei, por ela será cumulado. Aquele, porém, que procede com falsidade, nela achará ocasião de pecado. [Ler]

²⁰ Aqueles que temem o Senhor terão um juízo reto, e farão brilhar como uma tocha a sua justiça. [Ler]

²¹ O pecador foge da censura, e encontra precedentes segundo o seu desejo. [Ler]

²² O homem prudente não perde ocasião alguma para instruir-se, e o estranho ou o orgulhoso não tem nenhum temor; [Ler]

²³ mesmo quando age sozinho e sem conselheiro, ele será castigado pelos seus próprios desígnios. [Ler]

²⁴ Meu filho, nada faças sem conselho, e não te arrependerás depois de teres agido. [Ler]

²⁵ Não te embrenhes num caminho de perdição e não tropeçarás nas pedras. Não te metas num caminho escabroso, para não pores diante de ti uma pedra de tropeço. [Ler]

²⁶ Previne-te contra teus filhos, sê prudente em presença de teus familiares. [Ler]

²⁷ Em tudo o que fizeres, age com segurança, pois isso é guardar os mandamentos. [Ler]

²⁸ Aquele que crê em Deus atende ao que ele manda. Aquele que põe sua confiança nele, não será atingido. [Ler]

Capítulo 33 Ver capítulo

¹ Aquele que teme o Senhor não será surpreendido por nenhuma desgraça. Mas Deus o protegerá na provação, e o livrará de todo o mal. [Ler]

² O sábio não odeia nem os mandamentos nem os preceitos. Ele não se despedaçará como uma nave na tempestade.* [Ler]

³ O homem sensato crê na Lei de Deus, e a Lei lhe é fiel.* [Ler]

⁴ Aquele que esclarece uma pergunta, prepara a resposta; depois de assim ter orado, ele será atendido. Ele concentra as suas ideias e depois responde. [Ler]

⁵ O coração do insensato é como as rodas de um carro, e o seu pensamento é semelhante a um eixo que gira. [Ler]

⁶ O amigo zombador é como o garanhão, que relincha debaixo de qualquer um que o monta. [Ler]

⁷ Por que um dia prevalece sobre outro dia, uma luz sobre outra luz, um ano sobre outro ano, provindo todos do mesmo sol? [Ler]

⁸ Foi a ciência do Senhor que os diferenciou, quando criou o sol que atende às suas leis; [Ler]

⁹ ele distinguiu os tempos e os dias de festa, nos quais os homens celebram pontualmente as solenidades. [Ler]

¹⁰ Entre eles há alguns que Deus elevou e consagrou; a outros pôs no número dos dias comuns. Foi assim que Deus tirou todos os homens do solo e da terra de que foi formado Adão. [Ler]

¹¹ Em sua grande sabedoria, o Senhor os distinguiu, e diversificou os seus caminhos. [Ler]

¹² Entre eles, alguns foram abençoados e exaltados, outros foram santificados, e ele os tomou para si. Entre eles, alguns foram amaldiçoados e humilhados, os quais ele expulsou de seu lugar de exílio. [Ler]

¹³ Como o barro está nas mãos do oleiro, que o amolda e o dispõe, [Ler]

¹⁴ dando-lhe todas as formas que deseja, assim é o homem na mão de quem o criou, e que lhe retribuirá segundo o seu juízo. [Ler]

¹⁵ Diante do mal está o bem; diante da morte, a vida, assim também diante do justo está o pecador. Considera assim todas as obras do Altíssimo; estão sempre duas a duas, opostas uma à outra. [Ler]

¹⁶ E eu fui o último que despertei, e fiz como o que junta os grãos depois da vindima. [Ler]

¹⁷ Eu também esperei na bênção de Deus, e enchi a tina como o vindimador. [Ler]

¹⁸ Olhai que não trabalhei só para mim, mas para todos os que buscam a doutrina. [Ler]

¹⁹ Ouvi-me, ó poderosos e todos os povos! E vós, chefes da assembleia, escutai-me! [Ler]

²⁰ Ao teu filho, à tua mulher, ao teu irmão, ao teu amigo, não concedas autoridade sobre ti durante tua vida. Não dês teus bens a outrem, para não te arrependeres e teres de tornar a pedi-los. [Ler]

²¹ Enquanto viveres e respirares, que ninguém te faça mudar a esse respeito,* [Ler]

²² porque é melhor que os teus filhos te peçam do que estares tu olhando para as mãos de teus filhos.* [Ler]

²³ Em tudo o que fizeres conserva a tua autoridade; [Ler]

²⁴ não manches o teu bom nome. Somente no fim de tua vida, no momento da morte, distribuirás a tua herança. [Ler]

²⁵ Para o jumento o feno, a vara e a carga. Para o escravo o pão, o castigo e o trabalho. [Ler]

²⁶ O escravo só trabalha quando corrigido, e só aspira ao repouso; afrouxa-lhe a mão, e ele buscará a liberdade.* [Ler]

²⁷ O jugo e a correia fazem dobrar o mais rígido pescoço; o trabalho contínuo torna o escravo dócil. [Ler]

²⁸ Para o escravo malévolo a tortura e as peias; manda-o para o trabalho para que ele não fique ocioso, [Ler]

²⁹ pois a ociosidade ensina muita malícia. [Ler]

³⁰ Ocupa-o no trabalho, pois é o que lhe convém. Se ele não obedecer, submete-o com grilhões, mas não cometas excessos, seja com quem for, e não faças coisa alguma importante sem ter refletido. [Ler]

³¹ Se tiveres um escravo fiel, que ele te seja tão estimado como tu mesmo. Trata-o como irmão, porque foi pelo preço de teu sangue que o obtiveste. [Ler]

³² Se o maltratares injustamente, ele fugirá; [Ler]

³³ se ele for embora, não saberás a quem perguntar, nem onde deverás procurá-lo. [Ler]

Capítulo 34 Ver capítulo

¹ O insensato vive de esperanças quiméricas; os imprudentes edificam sobre os sonhos.* [Ler]

² Como aquele que procura agarrar uma sombra ou perseguir o vento, assim é o que se prende a visões enganadoras. [Ler]

³ Isto segundo aquilo, eis o que se vê nos sonhos: é como a imagem de um homem diante dele próprio.* [Ler]

⁴ Que coisa pura poderá vir do impuro? Que verdade pode vir da mentira? [Ler]

⁵ A adivinhação do erro, os augúrios mentirosos e os sonhos dos maus, tudo isso não passa de vaidade. [Ler]

⁶ O teu coração, como o de uma mulher que está de parto, sofrerá imaginações. A menos que o Altíssimo te envie uma visão, não detenhas nelas teu pensamento,* [Ler]

⁷ pois os sonhos fizeram errar muita gente, que pecou porque neles punham sua esperança; [Ler]

⁸ a palavra da Lei se cumpre integralmente, e a sabedoria se tornará evidente na boca do homem fiel. [Ler]

⁹ Que sabe aquele que não foi experimentado? O homem de grande experiência tem inúmeras ideias; aquele que muito aprendeu fala com sabedoria. [Ler]

¹⁰ Aquele que não tem experiência pouca coisa sabe, mas o que passou por muitas dificuldades desenvolve a prudência. [Ler]

¹¹ Que sabe aquele que não foi tentado? O que foi enganado abundará em sagacidade. [Ler]

¹² Vi muitas coisas em minhas viagens, muitos costumes diferentes.* [Ler]

¹³ Algumas vezes encontrei-me em perigo de morte, mas fui libertado pela graça de Deus. [Ler]

¹⁴ O espírito daqueles que temem a Deus será procurado, será abençoado quando Deus olhar para eles.* [Ler]

¹⁵ Com efeito, sua esperança está posta naquele que os salva, e os olhos de Deus estão voltados para aqueles que o amam. [Ler]

¹⁶ Aquele que teme o Senhor não tremerá; de nada terá medo, pois o próprio Senhor é sua esperança. [Ler]

¹⁷ Feliz a alma do que teme o Senhor. [Ler]

¹⁸ Para quem olha ela, e quem é a sua força? [Ler]

¹⁹ Os olhos do Senhor estão voltados para aqueles que o temem; ele é um poderoso protetor, um sólido apoio, um abrigo contra o calor, uma tela contra o ardor do meio-dia, [Ler]

²⁰ um sustentáculo contra os choques, um amparo contra a queda. Ele eleva a alma, ilumina os olhos; dá saúde, vida e bênção. [Ler]

²¹ A oferenda daquele que sacrifica um bem, mal adquirido, é maculada. E os insultos dos injustos não são aceitos por Deus. [Ler]

²² O Senhor (só se dá) àqueles que o aguardam no caminho da verdade e da justiça. [Ler]

²³ O Altíssimo não aprova as dádivas dos injustos, nem olha para as ofertas dos maus; a multidão dos seus sacrifícios não lhes conseguirá o perdão de seus pecados. [Ler]

²⁴ Aquele que oferece um sacrifício arrancado do dinheiro dos pobres é como o que degola o filho aos olhos do pai. [Ler]

²⁵ O pão dos indigentes é a vida dos pobres; aquele que o tira é um homicida. [Ler]

²⁶ Quem tira de um homem o pão de seu trabalho é como o assassino do seu próximo. [Ler]

²⁷ O que derrama o sangue e o que usa de fraude no pagamento de um operário são irmãos: [Ler]

²⁸ um constrói, o outro destrói. O que lhes resta senão a fadiga? [Ler]

²⁹ Um ora, o outro maldiz; de qual ouvirá Deus a voz? [Ler]

³⁰ Se aquele que se lava após ter tocado num morto torna a tocá-lo, de que lhe serve ter-se lavado? [Ler]

³¹ Assim se porta o homem que jejua por causa de seus pecados, e torna a cometê-los: de que lhe serve ter-se humilhado? Quem ouvirá a sua prece? [Ler]

Capítulo 35 Ver capítulo

¹ Aquele que observa a Lei faz numerosas oferendas. [Ler]

² É um sacrifício salutar guardar os preceitos, e apartar-se de todo pecado. [Ler]

³ Afastar-se da injustiça é oferecer um sacrifício de propiciação, que consegue o perdão dos pecados. [Ler]

⁴ Aquele que oferece a flor da farinha dá graças, e o que usa de misericórdia oferece um sacrifício. [Ler]

⁵ Abster-se do mal é coisa agradável ao Senhor; o fugir da injustiça alcança o perdão dos pecados. [Ler]

⁶ Não te apresentarás diante do Senhor com as mãos vazias, [Ler]

⁷ pois todos esses ritos se fazem para obedecer aos preceitos divinos. [Ler]

⁸ A oblação do justo enriquece o altar; é um suave odor na presença do Senhor. [Ler]

⁹ O sacrifício do justo é aceito por Deus. O Senhor não se esquecerá dele. [Ler]

¹⁰ Dá glória a Deus de bom coração e nada suprimas das primícias do produto de tuas mãos. [Ler]

¹¹ Faze todas as tuas oferendas com um rosto alegre, consagra os dízimos com alegria. [Ler]

¹² Dá ao Altíssimo conforme te foi dado por ele, dá de bom coração de acordo com o que tuas mãos ganharam, [Ler]

¹³ pois o Senhor retribui a dádiva, e te recompensará tudo sete vezes mais. [Ler]

¹⁴ Não lhe ofereças dádivas perversas, pois ele não as aceitará.* [Ler]

¹⁵ Nada esperes de um sacrifício injusto, porque o Senhor é teu juiz, e ele não faz distinção de pessoas. [Ler]

¹⁶ O Senhor não faz acepção de pessoa em detrimento do pobre, e ouve a oração do ofendido. [Ler]

¹⁷ Não despreza a oração do órfão, nem os gemidos da viúva. [Ler]

¹⁸ As lágrimas da viúva não correm pela sua face, e seu grito não atinge aquele que as faz derramar? [Ler]

¹⁹ Pois da sua face sobem até o céu; o Senhor que a ouve não se compraz em vê-la chorar. [Ler]

²⁰ Aquele que adora a Deus na alegria será bem recebido, e sua oração se elevará até as nuvens. [Ler]

²¹ A oração do humilde penetra as nuvens; ele não se consolará, enquanto ela não chegar a Deus, e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos. [Ler]

²² O Senhor não concederá prazo: ele julgará os justos e fará justiça. O fortíssimo não terá paciência com os opressores, mas ele lhes esmagará os rins. [Ler]

²³ Ele se vingará das nações, até suprimir a multidão dos soberbos, e quebrar os cetros dos iníquos; [Ler]

²⁴ até que ele dê aos homens segundo as suas obras, segundo a conduta de Adão, e segundo a sua presunção; [Ler]

²⁵ até que faça justiça ao seu povo, e dê alegria aos justos por um efeito de sua misericórdia. [Ler]

²⁶ A misericórdia divina no tempo da tribulação é bela; é como a nuvem que esparge a chuva na época da seca. [Ler]

Capítulo 36 Ver capítulo

¹ Tende piedade de nós, ó Deus de todas as coisas, olhai para nós, e fazei-nos ver a luz de vossa misericórdia!* [Ler]

² Espargi o vosso terror sobre as nações que não vos procuram, para que saibam que não há outro Deus senão vós, e publiquem as vossas maravilhas! [Ler]

³ Estendei vossa mão contra os povos estranhos, para que vejam o vosso poder. [Ler]

⁴ Como diante dos seus olhos mostrastes vossa santidade em nós, assim também, à nossa vista, sereis glorificado neles, [Ler]

⁵ para que reconheçam, como também nós reconhecemos, que não há outro Deus fora de vós, Senhor! [Ler]

⁶ Renovai vossos prodígios, fazei milagres inéditos, [Ler]

⁷ glorificai vossa mão e vosso braço direito, [Ler]

⁸ excitai vosso furor e espargi vossa cólera; [Ler]

⁹ desbaratai o inimigo e aniquilai o adversário. [Ler]

¹⁰ Apressai o tempo e lembrai-vos do fim, para que sejam apregoadas vossas maravilhas.* [Ler]

¹¹ Devore o ardor da chama aquele que escapar, e sejam arruinados aqueles que maltratam o vosso povo. [Ler]

¹² Esmagai a cabeça dos chefes dos inimigos que dizem: “Só nós existimos!”. [Ler]

¹³ Reuni todas as tribos de Jacó, para que saibam que não há outro Deus senão vós, e publiquem vossas maravilhas! Tomai-as como herança, assim como eram no começo. [Ler]

¹⁴ Tende piedade de vosso povo, que é chamado pelo vosso nome, e de Israel, que tratastes como vosso filho primogênito. [Ler]

¹⁵ Tende piedade da cidade que santificastes, de Jerusalém, cidade do vosso repouso. [Ler]

¹⁶ Enchei Sião com vossas palavras inefáveis, e o vosso povo com a vossa glória. [Ler]

¹⁷ Dai testemunho em favor daqueles que são vossas criaturas desde a origem. Tornai verdadeiros os oráculos que proferiam os antigos profetas em vosso nome. [Ler]

¹⁸ Recompensai aqueles que vos esperam pacientemente, a fim de que vossos profetas sejam achados fiéis. Ouvi as orações de vossos servos. [Ler]

¹⁹ Segundo as bênçãos dadas a vosso povo por Aarão, conduzi-nos pelo caminho da justiça, para que todos os habitantes da terra saibam que vós sois o Deus que contempla os séculos. [Ler]

²⁰ O estômago recebe toda espécie de alimentos, mas entre os alimentos um é melhor do que o outro. [Ler]

²¹ O paladar discerne o gosto da caça; o coração sensato discerne as palavras enganadoras. [Ler]

²² Um coração perverso é causa de tristeza, mas o homem experiente a resistirá. [Ler]

²³ A mulher pode esposar toda espécie de homens, mas entre as jovens uma é melhor do que a outra. [Ler]

²⁴ A beleza da mulher alegra o rosto do esposo: ela se torna mais amável que tudo o que o homem pode desejar. [Ler]

²⁵ Se a sua língua cura os males, tem também doçura e bondade; o seu esposo não é como os demais homens.* [Ler]

²⁶ Aquele que possui uma mulher virtuosa tem com que tornar-se rico; é uma ajuda que lhe é semelhante, e uma coluna de apoio. [Ler]

²⁷ Onde não há cerca, os bens estão expostos ao roubo; onde não há mulher, o homem suspira de necessidade. [Ler]

²⁸ Quem confia naquele que não tem morada e naquele que passa a noite onde quer que a noite o surpreenda? Ou que vagueia de cidade em cidade como um ladrão sempre prestes a fugir?* [Ler]

Capítulo 37 Ver capítulo

¹ Todo amigo diz: “Eu também contraí amizade”. Há porém um amigo que só o é de nome. Não é uma dor que dura até a morte [Ler]

² ver um amigo e um companheiro mudarem-se em inimigos? [Ler]

³ Ó presunção criminosa, onde tiveste origem, para cobrir a terra com tua malícia e tua perfídia? [Ler]

⁴ O amigo distrai-se com seu amigo nas suas alegrias; no dia da tribulação, ele se tornará seu adversário. [Ler]

⁵ O amigo compartilha da desventura do seu amigo no interesse de seu ventre; ao ver o inimigo, tomará do escudo. [Ler]

⁶ Não te esqueças de teu amigo nos teus pensamentos; no meio da riqueza, não percas a sua lembrança. [Ler]

⁷ Não te aconselhes com aquele que te arma um laço. Esconde tuas intenções àqueles que te têm inveja. [Ler]

⁸ Todo conselheiro dá sua opinião, mas há conselheiros que só têm em vista o próprio interesse. [Ler]

⁹ Estejas prevenido quando tratar-se de um conselheiro; informa-te primeiro quais são os seus interesses, pois ele pensa em si mesmo antes de tudo. [Ler]

¹⁰ Teme que ele plante uma estaca no solo e te diga:* [Ler]

¹¹ “Estás no bom caminho”, enquanto se põe defronte para ver o que te acontecerá. [Ler]

¹² Vai consultar um homem sem religião sobre as coisas santas; um injusto sobre a justiça; uma mulher sobre sua rival; um tímido sobre a guerra; um mercador sobre o negócio; um comprador sobre uma coisa para vender; um invejoso sobre a gratidão;* [Ler]

¹³ um ímpio sobre a piedade; um homem desonrado sobre a honestidade; um lavrador sobre o seu trabalho; [Ler]

¹⁴ um operário, contratado por um ano, sobre o término de seu contrato; um criado preguiçoso sobre uma grande tarefa! Não confies neles e em nenhum de seus conselhos. [Ler]

¹⁵ Sê, porém, assíduo junto a um santo homem, quando conheceres um que seja fiel ao temor a Deus, [Ler]

¹⁶ cuja alma se irmana à tua, e que compartilhará da tua dor quando titubeares nas trevas. [Ler]

¹⁷ Fortalece em ti um coração prudente, pois nada tem mais valor para ti. [Ler]

¹⁸ A alma de um santo homem descobre às vezes melhor a verdade que sete sentinelas postas em observação numa colina. [Ler]

¹⁹ Mas em todas as coisas ora ao Altíssimo, para que ele dirija teus passos na verdade. [Ler]

²⁰ Que uma palavra de verdade preceda todos os teus atos, e um conselho firme preceda toda a tua diligência. [Ler]

²¹ Uma palavra má transtorna o coração; dela vêm quatro coisas: o bem e o mal, a vida e a morte; sobre estas quem domina de contínuo é a língua.* [Ler]

²² Há homem hábil que ensina a muita gente, mas que é inútil para si mesmo. [Ler]

²³ Outro é esclarecido e instrui a muitos, e é agradável a si próprio. [Ler]

²⁴ Aquele que afeta sabedoria nas palavras é odioso; ficará desprovido de tudo. [Ler]

²⁵ Não recebeu o favor do Senhor, pois é desprovido de toda sabedoria. [Ler]

²⁶ Há um sábio que é sábio para si mesmo, e os frutos de sua sabedoria são verdadeiramente louváveis. [Ler]

²⁷ O sábio ensina o seu povo, e os frutos de sua sabedoria são duradouros. [Ler]

²⁸ O homem sábio será cumulado de bênçãos. Aqueles que o virem o louvarão. [Ler]

²⁹ A vida do homem conta poucos dias, mas os dias de Israel são inúmeros. [Ler]

³⁰ O sábio herdará a honra no meio do povo, e o seu nome viverá eternamente. [Ler]

³¹ Meu filho, experimenta tua alma durante tua vida; se o poder lhe for nefasto, não lho dês, [Ler]

³² pois nem tudo é vantajoso para todos, e todos não se comprazem nas mesmas coisas. [Ler]

³³ Nunca sejas guloso em banquete algum; não te lances sobre tudo o que se serve, [Ler]

³⁴ pois o excesso no alimento é causa de doença, e a intemperança leva à cólica. [Ler]

³⁵ Muitos morreram por causa de sua intemperança, o homem sóbrio, porém, prolonga sua vida. [Ler]

Capítulo 38 Ver capítulo

¹ Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo quem o criou. [Ler]

² Toda a medicina provém de Deus, e ele recebe presentes do rei: [Ler]

³ a ciência do médico o eleva em honra; ele é admirado na presença dos grandes. [Ler]

⁴ O Senhor fez a terra produzir os medicamentos: o homem sensato não os despreza. [Ler]

⁵ Uma espécie de madeira não adoçou o amargor da água? Essa virtude chegou ao conhecimento dos homens.* [Ler]

⁶ O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas; [Ler]

⁷ e dela se serve para acalmar as dores e curá-las; o farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe unguentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará, [Ler]

⁸ até que a paz divina se estenda sobre a face da terra. [Ler]

⁹ Meu filho, se estiveres doente não te descuides de ti, mas ora ao Senhor, que te curará. [Ler]

¹⁰ Afasta-te do pecado, reergue as mãos e purifica teu coração de todo o pecado. [Ler]

¹¹ Oferece um incenso suave e uma lembrança de flor de farinha; faze a oblação de uma vítima gorda.* [Ler]

¹² Em seguida dá lugar ao médico, pois ele foi criado por Deus; que ele não te deixe, pois sua arte te é necessária. [Ler]

¹³ Virá um tempo em que cairás nas mãos deles.* [Ler]

¹⁴ E eles mesmos rogarão ao Senhor que mande por meio deles o alívio e a saúde (ao doente) segundo a finalidade de sua vida. [Ler]

¹⁵ Aquele que peca na presença daquele que o fez cairá nas mãos do médico. [Ler]

¹⁶ Meu filho, derrama lágrimas sobre um morto, e chora como um homem que sofreu cruelmente. Sepulta o seu corpo segundo o costume, e não descuides de sua sepultura. [Ler]

¹⁷ Chora-o amargamente durante um dia, por causa da opinião pública, e depois consola-te de tua tristeza;* [Ler]

¹⁸ toma luto segundo o merecimento da pessoa, um dia ou dois, para evitar as más palavras. [Ler]

¹⁹ Pois a tristeza apressa a morte, tira o vigor, e o desgosto do coração faz inclinar a cabeça. [Ler]

²⁰ A tristeza permanece quando o corpo é levado; e a vida do pobre é o espelho de seu coração.* [Ler]

²¹ Não entregues teu coração à tristeza, mas afasta-a e lembra-te do teu fim. [Ler]

²² Não te esqueças dele, porque não há retorno; de nada lhe servirás e só causarás dano a ti mesmo. [Ler]

²³ Lembra-te da sentença que me foi dada: a tua será igual; ontem para mim, hoje para ti. [Ler]

²⁴ Na paz em que o morto entrou, deixa repousar a sua memória, e conforta-o no momento em que exalar o último suspiro. [Ler]

²⁵ A sabedoria do escriba lhe vem no tempo do lazer. Aquele que pouco se agita adquirirá sabedoria. [Ler]

²⁶ Que sabedoria poderia ter o homem que conduz a charrua, que faz ponto de honra aguilhoar os bois, que participa de seu labor, e só sabe falar das crias dos touros? [Ler]

²⁷ Ele põe todo o seu coração em traçar sulcos, e o seu cuidado é engordar novilhas. [Ler]

²⁸ Igualmente acontece com todo carpinteiro, todo arquiteto, que passa no trabalho os dias e as noites. Assim sucede àquele que grava as marcas dos sinetes, variando as figuras por um trabalho assíduo; que aplica todo o seu coração na imitação da pintura, e põe todo o cuidado no acabamento de seu trabalho. [Ler]

²⁹ Assim acontece com o ferreiro sentado perto da bigorna, examinando o ferro que vai amoldar; o vapor do fogo queima as suas carnes, e ele resiste ao ardor da fornalha. [Ler]

³⁰ O barulho do martelo lhe fere o ouvido de golpes repetidos; seus olhos estão fixos no modelo do objeto. [Ler]

³¹ Ele aplica o seu coração em aperfeiçoar a sua obra, e põe um cuidado vigilante em torná-la bela e perfeita. [Ler]

³² O mesmo sucede com o oleiro que, entregue à sua tarefa, gira a roda com os pés, sempre cuidadoso pela sua obra; e todo o seu trabalho visa a produzir uma quantidade determinada. [Ler]

³³ Com o seu braço dá forma ao barro, torna-o maleável com os pés, [Ler]

³⁴ aplica o seu coração em aperfeiçoar o verniz, e limpa o forno com muita diligência. [Ler]

³⁵ Todos esses artistas esperam tudo de suas mãos; cada um deles é sábio em sua profissão. [Ler]

³⁶ Sem eles nenhuma cidade seria construída, [Ler]

³⁷ nem habitada, nem frequentada; mas eles mesmos não terão parte na assembleia,* [Ler]

³⁸ não se sentarão nas cadeiras dos juízes, não entenderão as disposições judiciárias, não apregoarão nem a instrução nem o direito, nem serão encontrados a estudar as máximas. [Ler]

³⁹ Entretanto, sustentam as coisas deste mundo. Sua oração se refere aos trabalhos de sua arte; a eles aplicam sua alma, e estudam juntos a Lei do Altíssimo.* [Ler]

Capítulo 39 Ver capítulo

¹ O sábio procura cuidadosamente a sabedoria de todos os antigos, e aplica-se ao estudo dos profetas. [Ler]

² Guarda no coração as narrativas dos homens célebres, e penetra ao mesmo tempo nos mistérios das máximas. [Ler]

³ Penetra nos segredos dos provérbios, e vive com o sentido oculto das parábolas. [Ler]

⁴ Exerce o seu cargo no meio dos poderosos, e comparece perante aqueles que governam. [Ler]

⁵ Viaja pela terra de povos estrangeiros, para reconhecer o que há do bem e do mal entre os homens. [Ler]

⁶ Desde o alvorecer aplica o coração à vigília para se unir ao Senhor que o criou, e ora na presença do Altíssimo. [Ler]

⁷ Abre sua boca para orar, e pede perdão de seus pecados, [Ler]

⁸ pois se for da vontade do Senhor que é grande, ele o cumulará do espírito de inteligência. [Ler]

⁹ Então, ele espargirá como uma chuva palavras de sabedoria, e louvará o Senhor em sua oração. [Ler]

¹⁰ O Senhor orientará seus conselhos e seus ensinamentos, e ele meditará nos mistérios divinos. [Ler]

¹¹ Ensinará ele próprio o conhecimento de sua doutrina. Porá sua glória na Lei da aliança do Senhor. [Ler]

¹² Muitos homens louvarão sua sabedoria: jamais cairá ela no esquecimento. [Ler]

¹³ A sua memória não desaparecerá; seu nome será repetido de geração em geração. [Ler]

¹⁴ As nações proclamarão sua sabedoria, a assembleia apregoará seu louvor. [Ler]

¹⁵ Enquanto viver, terá maior nome que mil outros, e, quando repousar, será feliz. [Ler]

¹⁶ Refletirei ainda para contá-lo, pois estou cheio de um entusiasmo* [Ler]

¹⁷ que diz: Ouvi-me, rebentos divinos, desabrochai como uma roseira plantada à beira das águas; [Ler]

¹⁸ como o Líbano, espargi suave aroma, [Ler]

¹⁹ dai flores como o lírio, exalai perfume e estendei graciosa folhagem. Cantai cânticos e bendizei o Senhor nas suas obras. [Ler]

²⁰ Dai ao seu nome magníficos elogios, glorificai-o com a voz de vossos lábios, com os cânticos de vossos lábios e a música das harpas. Direis assim à guisa de louvor: [Ler]

²¹ Todas as obras do Senhor são excelentes;* [Ler]

²² à sua voz conteve-se a água amontoada, a uma palavra de sua boca as águas ajuntaram-se como em reservatórios. [Ler]

²³ À sua ordem, fez-se calmaria, e a salvação que ele dá não será mesquinha. [Ler]

²⁴ São-lhe apresentadas as ações de todos os viventes, nada é oculto aos seus olhos. [Ler]

²⁵ Seu olhar abrange de um século a outro: nada é maravilhoso para ele. [Ler]

²⁶ Não se deve dizer: “O que é isso, o que é aquilo?”. Pois todas as coisas serão examinadas a seu tempo. [Ler]

²⁷ A bênção dele é como um rio que transborda; [Ler]

²⁸ como o dilúvio inundou a terra inteira, assim a sua cólera será a sorte dos povos que não o procuram. [Ler]

²⁹ Assim como ele transformou as águas em aridez e ressecou a terra, e o seu comportamento é determinado pelo deles, assim, em sua ira, seu comportamento é motivo de queda para os pecadores. [Ler]

³⁰ Assim como os bens, desde o princípio, foram criados para os bons, assim os bens e os males o foram para os maus. [Ler]

³¹ As coisas mais necessárias à vida do homem são: a água, o fogo, o ferro, o sal, o leite, o pão da flor de farinha, o mel, a uva, o azeite e o vestuário: [Ler]

³² todas essas coisas são bens para os fiéis, mas tornam-se males para os ímpios e os pecadores. [Ler]

³³ Há espíritos que foram criados para a vingança: aumentaram seus tormentos pelo seu furor. [Ler]

³⁴ No tempo do extermínio manifestarão sua força, e apaziguarão a fúria daquele que os criou. [Ler]

³⁵ Fogo, granizo, fome e morte, tudo isso foi criado para a vingança, [Ler]

³⁶ como também os dentes dos animais, os escorpiões, as serpentes, e a espada vingadora destinada ao extermínio dos ímpios. [Ler]

³⁷ Todas essas coisas se regozijam com as ordens do Senhor, e mantêm-se prontas sobre a terra para servir oportunamente, e, chegando o tempo, não omitirão uma só de suas palavras. [Ler]

³⁸ Por isso, desde o princípio estou firme em minhas ideias; refleti e as escrevi. [Ler]

³⁹ Todas as obras do Senhor são boas; ele põe cada coisa em prática quando chega o tempo. [Ler]

⁴⁰ Não há razão para dizer: “Isto é pior do que aquilo”, porque todas as coisas serão achadas boas a seu tempo. [Ler]

⁴¹ E agora, de todo o coração e com a boca, cantai e bendizei o nome do Senhor! [Ler]

Capítulo 40 Ver capítulo

¹ Uma grande inquietação foi imposta a todos os homens, e um pesado jugo acabrunha os filhos de Adão, desde o dia em que saem do seio materno, até o dia em que são sepultados no seio da mãe comum: [Ler]

² seus pensamentos, os temores de seu coração, a apreensão do que esperam, e o dia em que tudo acaba,* [Ler]

³ desde o que se senta num trono magnífico, até o que se deita sobre a terra e a cinza; [Ler]

⁴ desde o que veste púrpura e ostenta coroa, até aquele que só se cobre de pano. Furor, ciúme, inquietação, agitação, temor da morte, cólera persistente e querelas. [Ler]

⁵ E na hora de repousar no leito, o sono da noite perturba-lhe as ideias. [Ler]

⁶ Ele repousa um pouco, tão pouco que é como se não repousasse; e no mesmo sono, como uma sentinela durante o dia, [Ler]

⁷ é perturbado pelas visões de seu espírito, como um homem que foge do combate. No momento em que se julga em lugar seguro, ele se levanta e admira-se do seu vão temor.* [Ler]

⁸ Assim acontece a toda criatura, desde os homens até os animais. Mas para os pecadores é sete vezes mais. [Ler]

⁹ Além do mais, a morte, o sangue, as querelas, a espada, as opressões, a fome, a ruína e os flagelos [Ler]

¹⁰ foram todos criados para os maus, e foi por causa deles que veio o dilúvio. [Ler]

¹¹ Tudo o que vem da terra voltará à terra, como todas as águas regressam ao mar. [Ler]

¹² Todo presente e todo bem mal adquiridos perecerão; a boa-fé, porém, subsistirá eternamente. [Ler]

¹³ As riquezas dos injustos secarão como uma torrente; elas assemelham-se a uma trovoada que estala na chuva. [Ler]

¹⁴ O homem se regozija quando abre a mão, mas no fim os prevaricadores serão aniquilados. [Ler]

¹⁵ A posteridade dos ímpios não multiplicará os ramos; as raízes impuras agitam-se no alto de um rochedo.* [Ler]

¹⁶ A vegetação que cresce à beira das águas, ao longo de um rio, será arrancada antes de todas as ervas dos campos. [Ler]

¹⁷ A beneficência é como um paraíso abençoado, e a misericórdia permanecerá eternamente. [Ler]

¹⁸ Doce é a vida do operário que se basta a si próprio; vivendo assim, encontrará um tesouro. [Ler]

¹⁹ Os filhos e a fundação de uma cidade dão firmeza a um nome, mas é mais estimada que um e outro uma mulher sem mácula. [Ler]

²⁰ O vinho e a música alegram o coração: sobre um e outro, porém, prevalece o amor da sabedoria. [Ler]

²¹ A flauta e a harpa emitem um som harmonioso; a língua suave, porém, supera uma e outra. [Ler]

²² A graça e a beleza são atraentes para o olhar; mais do que uma e outra é a vegetação dos campos. [Ler]

²³ Um amigo ajuda a seu amigo no momento oportuno. Mais do que um e outro, uma mulher ajuda seu marido. [Ler]

²⁴ Os irmãos são um socorro no tempo da tribulação. Mais do que eles, porém, a misericórdia liberta. [Ler]

²⁵ O ouro e a prata são bases sólidas. Um bom conselho, porém, supera um e outra. [Ler]

²⁶ As riquezas e as energias elevam o coração; o temor do Senhor, porém, sobrepuja umas e outras. [Ler]

²⁷ Nada falta àquele que tem o temor do Senhor; e com ele não há necessidade de outro auxílio. [Ler]

²⁸ O temor do Senhor é-lhe como um paraíso abençoado; ele está revestido de uma glória que supera toda glória. [Ler]

²⁹ Meu filho, não leves nunca uma vida de mendigo, pois mais vale morrer que mendigar. [Ler]

³⁰ Quando um homem olha para a mesa de outro, sua vida não é realmente vida, na obsessão do alimento, porque se nutre dos víveres de outrem; [Ler]

³¹ mas o homem moderado e educado se acautela contra isso. [Ler]

³² Na boca do insensato, a coisa mendigada é doce; mas nas suas entranhas arderá um fogo. [Ler]

Capítulo 41 Ver capítulo

¹ Ó morte, como tua lembrança é amarga para o homem que vive em paz no meio de seus bens, [Ler]

² para o homem tranquilo e afortunado em tudo, e que ainda se encontra em condição de saborear o alimento! [Ler]

³ Ó morte, tua sentença é suave para o indigente, cujas forças se esgotam, [Ler]

⁴ para quem está no declínio da idade, carregado de cuidados, para quem não tem mais confiança e perde a paciência. [Ler]

⁵ Não temas a sentença da morte; lembra-te dos que te precederam, e de todos os que virão depois de ti: é a sentença pronunciada pelo Senhor sobre todo ser vivo. [Ler]

⁶ Que te sobrevirá por vontade do Altíssimo? Dez anos, cem anos, mil anos...* [Ler]

⁷ Na habitação dos mortos não se tomam em consideração os anos de vida. [Ler]

⁸ Os filhos dos pecadores tornam-se objeto de abominação, assim como os que frequentam as casas dos ímpios. [Ler]

⁹ A herança dos filhos dos pecadores perecerá. O opróbrio prende-se à sua posteridade. [Ler]

¹⁰ Os filhos de um homem ímpio queixam-se de seu pai porque é por sua culpa que estão envergonhados. [Ler]

¹¹ Desgraçados de vós, homens ímpios, que abandonastes a Lei do Senhor, o Altíssimo! [Ler]

¹² Se nasceis, é na maldição, e quando morrerdes, tereis a maldição como herança. [Ler]

¹³ Tudo o que vem da terra voltará à terra. Assim os ímpios passam da maldição à ruína. [Ler]

¹⁴ Os homens se entristecem com a perda de seu corpo; porém, até o nome dos ímpios será aniquilado. [Ler]

¹⁵ Cuida em procurar para ti uma boa reputação, pois esse bem te será mais estável que mil tesouros grandes e preciosos. [Ler]

¹⁶ A vida honesta só tem um número de dias; a boa fama, porém, permanece para sempre. [Ler]

¹⁷ Meus filhos, guardai em paz meu ensinamento: pois uma sabedoria oculta e um tesouro invisível, para que servem essas duas coisas? [Ler]

¹⁸ Mais vale um homem que dissimula a sua ignorância que um homem que oculta a sua sabedoria. [Ler]

¹⁹ Tende, pois, vergonha do que vou dizer, [Ler]

²⁰ porque não é bom ter vergonha de tudo, e nem todas as coisas agradam, na verdade, a todos.* [Ler]

²¹ Envergonhai-vos da fornicação, diante de vosso pai e de vossa mãe; e da mentira, diante do que governa e do poderoso; [Ler]

²² de um delito, diante do príncipe e do juiz; da iniquidade, diante da assembleia e do povo; [Ler]

²³ da injustiça, diante de teu companheiro e de teu amigo; [Ler]

²⁴ de cometeres um roubo no lugar onde moras, por causa da verdade de Deus e de sua aliança. Envergonha-te de pôr os cotovelos sobre a mesa, de usar de fraude no dar e no receber, [Ler]

²⁵ de não responder àqueles que te saúdam, de lançar os olhos para uma prostituta, [Ler]

²⁶ de desviar os olhos de teu próximo, de tirar o que a ele pertence, sem devolver-lhe. [Ler]

²⁷ Não olhes para a mulher de outrem; não tenhas intimidades com tua criada, e não te ponhas junto do seu leito. [Ler]

²⁸ Envergonha-te diante de teus amigos de dizer palavras ofensivas; não censures o que deste. [Ler]

Capítulo 42 Ver capítulo

¹ Não repitas o que ouviste. Não reveles um segredo. Assim estarás verdadeiramente isento de confusão, e acharás graça diante de todos os homens. Não te envergonhes de tudo o que vou dizer, e não faças acepção de pessoas até a ponto de pecar. [Ler]

² Não te envergonhes da Lei e da aliança do Altíssimo, de uma sentença que justifique o ímpio,* [Ler]

³ de um negócio entre teus amigos e estranhos, da doação de uma herança em favor de teus amigos. [Ler]

⁴ Não te envergonhes de usar uma balança fiel e de peso certo, de adquirir pouco ou muito, [Ler]

⁵ de não fazer diferença na venda e com os mercadores, de corrigir frequentemente os teus filhos, de golpear até sangrar as costas de um escravo ruim.* [Ler]

⁶ Sobre uma mulher má, é bom pôr-se o selo. [Ler]

⁷ Onde há muitas mãos, emprega a chave. Conta e pesa tudo o que entregas; assenta o que dás e o que recebes. [Ler]

⁸ Não te envergonhes de corrigir o insensato e o tolo; não te envergonhes dos anciãos julgados pelos jovens. Assim te mostrarás verdadeiramente instruído, e serás aprovado por todos.* [Ler]

⁹ Uma filha é uma preocupação secreta para seu pai; o cuidado dela tira-lhe o sono. Ele teme que passe a flor de sua idade sem se casar, ou que, casada, torne-se odiosa para o marido; [Ler]

¹⁰ receia que seja seduzida na sua virgindade, e que se torne grávida na casa paterna. Teme que, casada, ela viole a fidelidade, ou que, em todo caso, seja estéril. [Ler]

¹¹ Exerce severa vigilância sobre uma filha libertina, para que ela te não exponha aos insultos dos teus inimigos, e te torne o assunto de troça da cidade, o objeto de mofa pública, e te desonre aos olhos de toda a população. [Ler]

¹² Não detenhas o olhar sobre a beleza de ninguém, não te demores no meio de mulheres, [Ler]

¹³ pois assim como a traça sai das roupas, assim a malícia do homem vem da mulher.* [Ler]

¹⁴ Um homem mau vale mais que uma mulher que vos faz bem, mas que se torna causa de vergonha e de confusão. [Ler]

¹⁵ Relembrarei agora as obras do Senhor, proclamarei o que vi. Pelas palavras do Senhor foram produzidas as suas obras. [Ler]

¹⁶ O sol contempla todas as coisas que ilumina; a obra do Senhor está cheia de sua glória. [Ler]

¹⁷ Porventura não fez o Senhor com que seus santos proclamassem todas as suas maravilhas, maravilhas que ele, o Senhor Todo-poderoso, consolidou, a fim de que subsistam para a sua glória?* [Ler]

¹⁸ Ele sonda o abismo e o coração humano, e penetra os seus pensamentos mais sutis, [Ler]

¹⁹ pois o Senhor conhece tudo o que se pode saber. Ele vê os sinais dos tempos futuros, anuncia o passado e o porvir, descobre os vestígios das coisas ocultas. [Ler]

²⁰ Nenhum pensamento lhe escapa, nenhum fato se esconde a seus olhos. [Ler]

²¹ Ele enalteceu as maravilhas de sua sabedoria, ele é antes de todos os séculos e será eternamente. [Ler]

²² Nada se pode acrescentar ao que ele é, nem nada lhe tirar; não necessita do conselho de ninguém. [Ler]

²³ Como são agradáveis as suas obras! E todavia delas não podemos ver mais que uma centelha. [Ler]

²⁴ Essas obras vivem e subsistem para sempre, e em tudo o que é preciso, todas lhe obedecem. [Ler]

²⁵ Todas as coisas existem duas a duas, uma oposta à outra; ele nada fez que seja defeituoso. [Ler]

²⁶ Ele fortaleceu o que cada um tem de bom. Quem se saciará de ver a glória do Senhor? [Ler]

Capítulo 43 Ver capítulo

¹ O firmamento nas alturas é a sua beleza, o aspecto do céu é uma visão de glória. [Ler]

² O sol, aparecendo na aurora, anuncia o dia. A obra do Altíssimo é um instrumento admirável. [Ler]

³ Ao meio-dia queima a terra: quem resiste ao seu ardor? Ele conserva uma fornalha de fogo por efeito de seu calor.* [Ler]

⁴ O sol queima três vezes mais as montanhas, despedindo raios de fogo, cujo resplendor deslumbra os olhos. [Ler]

⁵ Grande é o Senhor que o criou; por sua ordem, ele apressa o seu curso. [Ler]

⁶ A lua é, em todas as suas fases regulares, a marca do tempo e o sinal do futuro. [Ler]

⁷ É a lua que determina os dias de festa; sua luz diminui a partir da lua cheia. [Ler]

⁸ É ela que dá nome ao mês; sua claridade cresce de modo admirável, até ficar cheia. [Ler]

⁹ É um sinal para os exércitos do céu que lançam no firmamento um glorioso esplendor. [Ler]

¹⁰ O brilho das estrelas faz a beleza do céu; o Senhor ilumina o mundo nas alturas. [Ler]

¹¹ À palavra do Santo estão prontas para o julgamento: são indefectivelmente vigilantes. [Ler]

¹² Observa o arco-íris e bendiz aquele que o fez: é muito belo no seu resplendor. [Ler]

¹³ Faz a volta do céu num círculo de glória: são as mãos do Altíssimo que o estendem. [Ler]

¹⁴ O Senhor com uma ordem faz cair subitamente a neve, acelera a marcha dos raios de seu juízo. [Ler]

¹⁵ Por essa causa se abrem as suas reservas, e voam as nuvens como pássaros. [Ler]

¹⁶ Por sua grandeza condensa as nuvens, e as pedras de granizo caem em estilhaços. [Ler]

¹⁷ As montanhas são abaladas quando ele aparece; por sua vontade sopra o vento do sul. [Ler]

¹⁸ O estrondo do trovão fere a terra, assim como a tempestade do aquilão e o turbilhão dos ventos. [Ler]

¹⁹ Espalha a neve como pássaros que pousam, como gafanhotos que se abatem sobre a terra; [Ler]

²⁰ o olhar encanta-se com o brilho de sua alvura, o coração fica atônito ao vê-la cair. [Ler]

²¹ Deus espalha a geada sobre a terra como sal; quando as águas se congelam tornam-se como pontas de cardo. [Ler]

²² Quando sopra o vento frio do aquilão, a água gela como cristal, que repousa sobre toda a massa líquida, e veste as águas como se fosse uma couraça. [Ler]

²³ A geada devora os montes, queima os desertos, resseca como o fogo tudo o que é verde.* [Ler]

²⁴ O remédio para isso é o rápido aparecimento de um aguaceiro. O orvalho após o frio atenua o rigor do gelo. [Ler]

²⁵ A palavra de Deus faz calar o vento; só com o seu pensar apazigua o abismo, no meio do qual o Senhor plantou as ilhas. [Ler]

²⁶ Os que navegam sobre o mar contam os seus perigos; ouvindo-os, ficaremos arrebatados de admiração. [Ler]

²⁷ Ali se encontram grandes obras e maravilhas, animais de toda espécie e criaturas monstruosas. [Ler]

²⁸ Por ele, tudo tende regularmente para a sua finalidade, tudo foi disposto conforme a sua palavra. [Ler]

²⁹ Diremos muitas coisas, porém faltarão palavras. Mas o resumo de nosso discurso é este: ele está em tudo.* [Ler]

³⁰ Que podemos nós fazer para glorificá-lo? Pois o Todo-poderoso está acima de todas as suas obras. [Ler]

³¹ O Senhor é terrível e soberanamente grande. Seu poder é maravilhoso. [Ler]

³² Glorificai o Senhor quanto puderdes, que ele ficará sempre acima, porque é admirável a sua grandeza. [Ler]

³³ Bendizei o Senhor, exaltai-o com todas as vossas forças, pois ele está acima de todo louvor. [Ler]

³⁴ Enaltecendo-o, reuni todas as vossas forças; não desanimeis; jamais chegareis (ao fim). [Ler]

³⁵ Quem poderá contar o que dele viu? Quem é capaz de louvá-lo, como ele é, desde os primórdios? [Ler]

³⁶ Muitos segredos são maiores que tudo isso; só vemos um pequeno número de suas obras. [Ler]

³⁷ O Senhor fez todas as coisas: ele dá sabedoria àqueles que vivem com piedade. [Ler]

Capítulo 44 Ver capítulo

¹ Façamos o elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem.* [Ler]

² O Senhor deu-lhes uma glória abundante, desde o princípio do mundo, por um efeito de sua magnificência. [Ler]

³ Eles foram soberanos em seus estados, foram homens de grande virtude, dotados de prudência. As predições que anunciaram adquiriram-lhes a dignidade de profetas:* [Ler]

⁴ eles governaram os povos do seu tempo e, com a firmeza de sua sabedoria, deram instruções muito santas ao povo. [Ler]

⁵ Com sua habilidade cultivaram a arte das melodias, publicaram os cânticos das escrituras. [Ler]

⁶ Homens ricos de virtude, que tinham gosto pela beleza, e viviam em paz em suas casas. [Ler]

⁷ Todos eles adquiriram fama junto de seus contemporâneos, e foram a glória de seu tempo. [Ler]

⁸ Aqueles que deles nasceram deixaram um nome que publica seus louvores. [Ler]

⁹ Outros há, dos quais não se tem lembrança; pereceram como se nunca tivessem existido. Nasceram, eles e seus filhos, como se não tivessem nascido. [Ler]

¹⁰ Os primeiros, porém, foram homens de misericórdia; nunca foram esquecidas as obras de sua caridade. [Ler]

¹¹ Na sua posteridade permanecem os seus bens. [Ler]

¹² Os filhos de seus filhos são uma santa linhagem, e seus descendentes mantêm-se fiéis às alianças. [Ler]

¹³ Por causa deles seus filhos permanecem para sempre, e sua posteridade, assim como sua glória, não terá fim. [Ler]

¹⁴ Seus corpos foram sepultados em paz, seu nome vive de século em século. [Ler]

¹⁵ Proclamem os povos sua sabedoria, e cante a assembleia os seus louvores! [Ler]

¹⁶ Henoc agradou a Deus e foi transportado ao paraíso, para excitar as nações à penitência.* [Ler]

¹⁷ Noé foi julgado justo e perfeito, e no tempo da ira tornou-se o elo de reconciliação.* [Ler]

¹⁸ Por isso, foram deixados alguns na terra, quando veio o dilúvio. [Ler]

¹⁹ Ele foi o depositário das alianças feitas com o mundo, a fim de que ninguém doravante fosse destruído por dilúvio. [Ler]

²⁰ Abraão é o pai ilustre de uma infinidade de povos. Ninguém lhe foi igual em glória: guardou a Lei do Altíssimo, e fez aliança com ele. [Ler]

²¹ O Senhor marcou essa aliança em sua carne; na provação, mostrou-se fiel. [Ler]

²² Por isso, jurou Deus que o havia de glorificar na sua raça, e prometeu que ele cresceria como o pó da terra. [Ler]

²³ Prometeu-lhe que exaltaria sua raça como as estrelas, e que seu quinhão de herança se estenderia de um mar a outro: desde o rio até as extremidades da terra. [Ler]

²⁴ Ele fez o mesmo com Isaac, por causa de seu pai, Abraão. [Ler]

²⁵ O Senhor deu-lhe a bênção de todas as nações, e confirmou sua aliança sobre a cabeça de Jacó. [Ler]

²⁶ Distinguiu-o com suas bênçãos, deu-lhe a herança, e repartiu-a entre as doze tribos. [Ler]

²⁷ Conservou-lhe homens cheios de misericórdia, que encontraram graça aos olhos de toda carne.* [Ler]

Capítulo 45 Ver capítulo

¹ Moisés foi amado por Deus e pelos homens: sua memória é abençoada. [Ler]

² O Senhor deu-lhe uma glória semelhante à dos santos; tornou-se poderoso e temido por seus inimigos. [Ler]

³ Glorificou-o na presença dos reis, prescreveu-lhe suas ordens diante do seu povo, e mostrou-lhe a sua glória. [Ler]

⁴ Santificou-o pela sua fé e mansidão, escolheu-o entre todos os homens. [Ler]

⁵ Pois Deus atendeu-o, ouviu sua voz e o introduziu na nuvem.* [Ler]

⁶ Deu-lhe seus preceitos perante seu povo e a lei da vida e da ciência, para ensinar a Jacó sua aliança e a Israel seus decretos. [Ler]

⁷ Exaltou seu irmão Aarão, semelhante a ele, da tribo de Levi. [Ler]

⁸ Fez com ele uma aliança eterna, deu-lhe o sacerdócio do seu povo, e cumulou-o de felicidade e de glória. [Ler]

⁹ Adornou-o com um cinto de honra, revestiu-o de um manto de glória, coroou-o com todo esse aparato majestoso. [Ler]

¹⁰ Deu-lhe a longa túnica, a túnica inferior e o efod, cujas bordas eram ornadas de numerosas campainhas, [Ler]

¹¹ que deviam retinir, quando ele andasse, e se ouvisse o seu som no templo, para advertir os filhos de seu povo. [Ler]

¹² Deu-lhe uma túnica santa, tecida de ouro, de pedras preciosas e de púrpura, obra de um homem sábio, dotado de juízo e de verdade.* [Ler]

¹³ Era uma obra de artista, de fio de escarlate, com doze pedras preciosas engastadas no ouro, gravadas pelo trabalho do lapidador, em memória das doze tribos de Israel. [Ler]

¹⁴ Sobre sua tiara colocou uma coroa de ouro, onde estava gravado o cunho da santidade, da glória e da honra; era uma obra majestosa, adorno que encantava os olhos.* [Ler]

¹⁵ Nunca antes dele houve coisa tão magnífica, desde o princípio do mundo. [Ler]

¹⁶ Nenhum estranho dele se revestiu, mas somente os seus filhos, e os filhos de seus filhos no decorrer dos tempos. [Ler]

¹⁷ Os sacrifícios foram diariamente consumidos pelo fogo. [Ler]

¹⁸ Moisés o investiu e o ungiu com o óleo santo. [Ler]

¹⁹ Deus fez com ele e com sua raça uma aliança eterna, que durará tanto quanto os dias do céu, para exercer o sacerdócio, para cantar os louvores do Senhor, e abençoar solenemente o seu povo em seu nome. [Ler]

²⁰ Escolheu-o entre todos os viventes para oferecer a Deus o sacrifício, o incenso e o perfume da lembrança, e para fazer a expiação em favor do seu povo. [Ler]

²¹ Deu-lhe autoridade sobre seus preceitos, e sobre as disposições dos seus julgamentos, para ensinar a Jacó seus mandamentos, e explicar sua Lei a Israel. [Ler]

²² Estrangeiros conspiraram contra ele; por inveja, homens o cercaram no deserto, que eram do partido de Datã e Abiram, e da facção furiosa de Coré. [Ler]

²³ Viu isso o Senhor, e não lhe agradou, e foram destruídos pela impetuosidade de sua cólera. [Ler]

²⁴ Fez prodígios contra eles, e a chama de seu fogo os devorou. [Ler]

²⁵ Aumentou ainda mais a glória de Aarão: deu-lhe uma herança, destinou-lhe as primícias dos frutos da terra. [Ler]

²⁶ Antes de tudo, preparou-lhes alimento em abundância, pois devem comer os sacrifícios do Senhor, os quais deu a ele e à sua posteridade. [Ler]

²⁷ Mas ele não tem herança na terra das nações, não tem porção entre seu povo, pois o Senhor mesmo é o quinhão de sua herança. [Ler]

²⁸ Fineias, filho de Eleazar, é o terceiro em glória. Ele imitou Moisés no temor do Senhor. [Ler]

²⁹ Permaneceu firme no meio da idolatria do povo; por sua bondade e o zelo de sua alma, apaziguou a ira de Deus contra Israel. [Ler]

³⁰ É por isso que Deus fez com ele uma aliança de paz, e deu-lhe o principado das coisas santas e do seu povo, a fim de que a ele e a seus descendentes pertencesse para sempre a dignidade sacerdotal. [Ler]

³¹ Fez também Deus aliança com o rei Davi, filho de Jessé, da tribo de Judá; tornou-o herdeiro do reino, ele e sua raça, para derramar a sabedoria no nosso coração, e julgar o seu povo com justiça, a fim de que não se perdessem os seus bens: tornou eterna a sua glória no seio de sua raça.* [Ler]

Capítulo 46 Ver capítulo

¹ Josué, filho de Nun, foi um valente na guerra. Sucedeu Moisés entre os profetas; foi ilustre, tão ilustre como o nome que trazia,* [Ler]

² muito ilustre salvador dos eleitos de Deus, para derrubar os inimigos que se levantavam, e para conquistar a herança de Israel. [Ler]

³ Que glória não alcançou ele em levantar as suas mãos, e em brandir a espada contra as cidades! [Ler]

⁴ Quem pôde enfrentá-lo? Pois o Senhor mesmo lhe trazia os seus inimigos. [Ler]

⁵ Não deteve ele o sol, em sua cólera? Não se tornou um só dia tão longo como dois? [Ler]

⁶ Ele invocou o Altíssimo Todo-poderoso, atacando os inimigos de todos os lados: o Deus grande e santo o atendeu com uma chuva de pedras de grande força. [Ler]

⁷ Investiu impetuosamente contra as hostes inimigas, e despedaçou-as na descida do vale, [Ler]

⁸ para que as nações conhecessem o poder de Deus, e soubessem que não é fácil combater contra Deus, ele seguiu sempre o Todo-poderoso.* [Ler]

⁹ No tempo em que Moisés ainda vivia, praticou um ato de piedade com Caleb, filho de Jefoné, permanecendo firme contra o inimigo, impedindo o povo de pecar, e abafando a murmuração excitada pela malícia. [Ler]

¹⁰ Dentre um número de seiscentos mil homens de pé, esses dois foram escolhidos e poupados da morte, para levar o povo à sua herança, nessa terra onde mana leite e mel. [Ler]

¹¹ O Senhor deu força a Caleb; até a velhice permaneceu ele vigoroso, para subir a um lugar elevado na terra prometida, que a sua descendência recebeu como herança, [Ler]

¹² para que todos os israelitas reconhecessem que é bom obedecer ao Deus santo. [Ler]

¹³ Em seguida, vieram os juízes, cada um (designado) pelo seu nome, aqueles cujos corações não se perverteram, e que não se afastaram do Senhor. [Ler]

¹⁴ Que a sua memória seja abençoada, e seus ossos floresçam em seus sepulcros! [Ler]

¹⁵ Que seu nome permaneça eternamente, e passe aos seus filhos com a glória desses santos homens! [Ler]

¹⁶ Amado pelo Senhor, seu Deus, Samuel, o profeta do Senhor, instituiu um novo governo, e ungiu príncipes entre o seu povo. [Ler]

¹⁷ Julgou a assembleia segundo a Lei do Senhor. E o Deus de Jacó o visitou. Por sua fidelidade ele se mostrou verdadeiramente profeta, [Ler]

¹⁸ e foi fiel em suas palavras, porque viu o Deus da luz. [Ler]

¹⁹ Invocou o Deus Todo-poderoso, ofereceu-lhe um cordeiro sem mácula, quando os seus inimigos o perseguiam por todos os lados. [Ler]

²⁰ O Senhor trovejou do céu, fazendo ouvir sua voz com grande estrondo. [Ler]

²¹ Destroçou os príncipes de Tiro, e todos os chefes dos filisteus. [Ler]

²² Antes de terminar a sua vida neste mundo, tomou como testemunha o Senhor e seu ungido, de que não tinha recebido dinheiro de pessoa alguma, nem mesmo uma sandália, e não achou ninguém que o acusasse. [Ler]

²³ Depois disso, adormeceu e apareceu ao rei, e lhe mostrou seu fim (próximo); levantou a sua voz do seio da terra para profetizar a destruição da impiedade do povo.* [Ler]

Capítulo 47 Ver capítulo

¹ Depois disto levantou-se Natã, profeta no tempo de Davi. [Ler]

² Assim como a gordura da vitamina se separa da carne, assim foi Davi separado do meio dos israelitas. [Ler]

³ Ele brincou com os leões como se fossem cordeiros, e tratou os ursos como cordeirinhos. [Ler]

⁴ Não foi ele quem, em sua mocidade, matou o gigante, e tirou a vergonha do seu povo? [Ler]

⁵ Levantando a mão, com uma pedra de sua funda abateu a insolência de Golias, [Ler]

⁶ pois ele invocou o Senhor Todo-poderoso, o qual deu à sua destra força para derrubar o temível guerreiro, e para levantar o poder do seu povo. [Ler]

⁷ Assim foi ele festejado por causa (da morte) de dez mil homens. Louvaram-no nas bênçãos do Senhor, e ofereceram-lhe uma coroa de glória, [Ler]

⁸ porque ele esmagou os inimigos de todos os lados, exterminou os filisteus, seus adversários, (como se vê) ainda hoje, e abateu o seu poder para sempre. [Ler]

⁹ Fez de todas as suas obras uma homenagem ao Santo e ao Altíssimo com palavras de louvor. [Ler]

¹⁰ Louvou o Senhor com todo o coração. Amou a Deus que o criou, e lhe deu poder contra seus inimigos. [Ler]

¹¹ Estabeleceu cantores diante do altar, e compôs suaves melodias para os seus cânticos. [Ler]

¹² Deu esplendor às festividades, e brilho aos dias solenes, até o fim da vida, para que fosse louvado o santo nome do Senhor, e fosse glorificada desde o amanhecer a santidade de Deus.* [Ler]

¹³ O Senhor purificou-o de seus pecados, engrandeceu o seu poder para sempre, e firmou-lhe, por sua aliança, a realeza e um trono de glória em Israel. [Ler]

¹⁴ Depois dele, apareceu seu filho, cheio de sabedoria; por causa dele o Senhor derrubou todo o poder dos inimigos.* [Ler]

¹⁵ Salomão reinou em dias de paz. Deus submeteu a ele todos os seus inimigos, [Ler]

¹⁶ a fim de que ele construísse uma casa ao nome do Senhor, e lhe preparasse um santuário eterno. Quão bem foste instruído na tua juventude! Foste cheio de sabedoria como um rio. Tua alma cobriu toda a terra. [Ler]

¹⁷ Encerraste enigmas em sentenças, teu nome foi glorificado até nas ilhas longínquas, e foste amado na tua paz. [Ler]

¹⁸ Por teus cânticos, provérbios, parábolas e interpretações, foste admirado por toda a terra. [Ler]

¹⁹ Em nome do Senhor Deus, que é chamado o Deus de Israel, [Ler]

²⁰ ajuntaste montes de ouro como se fosse bronze, amontoaste prata como se faz com o chumbo. [Ler]

²¹ Entregaste teus flancos às mulheres, saciaste teu corpo, [Ler]

²² maculaste tua glória, profanaste tua raça, atraindo assim a cólera sobre teus filhos, e o castigo sobre tua loucura, [Ler]

²³ causando com isso um cisma no reino, e fazendo sair de Efraim uma dominação rebelde. [Ler]

²⁴ Mas Deus não esqueceu a sua misericórdia, não destruiu nem aniquilou as suas obras; não arrancou pela raiz a posteridade de seu eleito, não exterminou a raça daquele que ama o Senhor. [Ler]

²⁵ Ao contrário, deixou um resto a Jacó, e a Davi, um rebento de sua raça. [Ler]

²⁶ E Salomão teve um fim semelhante ao de seus pais. [Ler]

²⁷ Deixou depois de si um filho que foi a loucura da nação, [Ler]

²⁸ um homem desprovido de juízo, chamado Roboão, que transviou o povo por seu conselho. [Ler]

²⁹ E Jeroboão, filho de Nabat, que fez Israel pecar, e abriu para Efraim o caminho da iniquidade. Houve entre eles uma profusão de pecados, [Ler]

³⁰ que os expulsaram para longe de sua terra. [Ler]

³¹ Procuraram todos os meios de fazer o mal, até que veio a vingança, que pôs um termo às suas iniquidades. [Ler]

Capítulo 48 Ver capítulo

¹ Suas palavras queimavam como uma tocha ardente. Elias, o profeta, levantou-se em breve como um fogo. [Ler]

² Ele fez vir a fome sobre o povo de Israel: foram reduzidos a um punhado por tê-lo irritado com sua inveja, pois não podiam suportar os preceitos do Senhor. [Ler]

³ Com a palavra do Senhor ele fechou o céu, e dele fez cair fogo por três vezes. [Ler]

⁴ Quão glorioso te tornaste, Elias, por teus prodígios! Quem pode gloriar-se de ser como tu? [Ler]

⁵ Tu que fizeste sair um morto do seio da morte, e o arrancaste da região dos mortos pela palavra do Senhor; [Ler]

⁶ tu que lançaste os reis na ruína, que desfizeste sem dificuldade o seu poder, que fizeste cair de seu leito homens gloriosos. [Ler]

⁷ Tu que ouviste no Sinai o julgamento do Senhor, e no monte Horeb os decretos de sua vingança. [Ler]

⁸ Tu que sagraste reis para a penitência, e estabeleceste profetas para te sucederem. [Ler]

⁹ Tu que foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro puxado por cavalos ardentes. [Ler]

¹⁰ Tu que foste escolhido pelos decretos dos tempos para amenizar a cólera do Senhor, reconciliar os corações dos pais com os filhos, e restabelecer as tribos de Jacó. [Ler]

¹¹ Bem-aventurados os que te conheceram, e foram honrados com a tua amizade!* [Ler]

¹² Pois, quanto a nós, só vivemos durante esta vida, e depois da morte, nem mesmo nosso nome nos sobreviverá. [Ler]

¹³ Elias foi então arrebatado em um turbilhão, mas seu espírito permaneceu em Eliseu. Nunca em sua vida teve Eliseu medo de um príncipe; ninguém o dominou pelo poder. [Ler]

¹⁴ Nada houve que o pudesse vencer: seu corpo, mesmo depois da morte, fez profecias.* [Ler]

¹⁵ Durante a vida fez prodígios, depois da morte fez milagres. [Ler]

¹⁶ E, apesar de tudo isso, o povo não fez penitência, não se afastou dos seus pecados, até que foi expulso de sua terra, e espalhado por todo o mundo. [Ler]

¹⁷ Só ficou um resto do povo, um príncipe da casa de Davi. [Ler]

¹⁸ Alguns deles fizeram o que é do agrado de Deus; os outros, porém, multiplicaram os seus pecados. [Ler]

¹⁹ Ezequias fortificou a sua cidade, trazendo água até o centro; abriu com ferro um rochedo, e construiu um poço para as águas. [Ler]

²⁰ Durante o seu reinado veio Senaquerib, que enviou Rabsaces, o qual levantou a sua mão contra eles; ele estendeu a sua mão contra Sião, ensoberbecendo-se com seu poder. [Ler]

²¹ Foi então que os seus corações e as suas mãos desfaleceram: sentiram dores como a parturiente. [Ler]

²² Invocaram o Senhor misereclodioso, levantando para o céu as suas mãos estendidas. E o Santo, o Senhor Deus, ouviu logo a sua voz: [Ler]

²³ não se recordou dos seus pecados, não os entregou aos seus inimigos, mas purificou-os pela mão de Isaías, seu santo profeta. [Ler]

²⁴ Derrubou o acampamento dos assírios, e o anjo do Senhor os desbaratou. [Ler]

²⁵ Pois Ezequias fez o que era agradável a Deus: caminhou corajosamente pelas pegadas de Davi, seu pai, assim como lhe havia recomendado Isaías, o grande profeta, fiel aos olhos do Senhor. [Ler]

²⁶ Um dia o sol retrocedeu, e o profeta prolongou a vida do rei.* [Ler]

²⁷ Por uma poderosa inspiração ele viu o fim dos tempos, e consolou aqueles que choravam em Sião; [Ler]

²⁸ ele anunciou o futuro até o fim dos tempos, assim como as coisas ocultas antes que se cumprissem. [Ler]

Capítulo 49 Ver capítulo

¹ A memória de Josias é como uma composição de aromas preparada pelo perfumista. [Ler]

² Em toda boca, sua lembrança é doce como o mel, como uma melodia em um festim regado de vinho. [Ler]

³ Foi divinamente destinado a levar o povo à penitência, e robusteceu a piedade numa época de pecado. [Ler]

⁴ Voltou o coração para o Senhor e fez desaparecer as abominações da impiedade. [Ler]

⁵ Exceto Davi, Ezequias e Josias, todos pecaram: [Ler]

⁶ os reis de Judá abandonaram a Lei do Altíssimo, e desprezaram o temor de Deus; [Ler]

⁷ por isso, tiveram de entregar a outros o seu reino, e a sua glória a uma nação estrangeira. [Ler]

⁸ Os inimigos queimaram a cidade eleita, a cidade santa, transformaram suas ruas em um deserto, conforme o que predissera Jeremias, [Ler]

⁹ pois eles maltrataram aquele que havia sido consagrado profeta desde o ventre de sua mãe, para derrubar, para destruir, para arruinar, mas depois reedificar e renovar. [Ler]

¹⁰ Foi Ezequiel quem teve essa visão gloriosa, que o Senhor lhe mostrou num carro de querubins. [Ler]

¹¹ Pois ele anunciou com uma chuva a sorte dos inimigos, assim como os bens reservados àquele que seguiam o caminho reto.* [Ler]

¹² Quanto aos doze profetas, refloresçam os seus ossos em seus túmulos, pois fortaleceram Jacó, e redimiram-se da servidão por uma fé corajosa.* [Ler]

¹³ Como engrandecer a glória de Zorobabel? Foi ele como um anel na mão direita. [Ler]

¹⁴ Do mesmo modo Josué, filho de Josedec; eles que, em seus dias, reconstruíram a casa de Deus, e tornaram a levantar o Templo Santo do Senhor, destinado a uma glória eterna. [Ler]

¹⁵ Neemias viverá por longo tempo na recordação; ele reergueu nossas muralhas arruinadas, restabeleceu nossas portas e nossos trincos, e reedificou nossas casas. [Ler]

¹⁶ Ninguém nasceu no mundo comparável a Henoc, pois ele também foi arrebatado desta terra;* [Ler]

¹⁷ nem comparável a José, nascido para ser o príncipe de seus irmãos e o sustentáculo de sua raça, o governador de seus irmãos, e o esteio de seu povo. [Ler]

¹⁸ Seus ossos foram conservados com cuidado: depois de sua morte fizeram profecia. [Ler]

¹⁹ Set e Sem foram glorificados entre os homens, porém, acima de qualquer ser vivo da Criação, acha-se Adão. [Ler]