Jó - Livro Completo
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Capítulo 1 Ver capítulo

1 Havia, na terra de Hus, um homem chamado Jó. Era homem íntegro e reto, que temia a Deus e mantinha-se afastado do mal. [Ler]

2 Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. [Ler]

3 Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas e uma grande quantidade de escravos. Este homem era o mais rico dentre todos os habitantes do Oriente. [Ler]

4 Seus filhos tinham o costume de ir à casa uns dos outros, alternadamente, para se banquetearem, e convidavam suas três irmãs para comer e beber com eles. [Ler]

5 Quando acabava a série dos dias de banquetes, Jó mandava chamar seus filhos para purificá-los e, na manhã do dia seguinte, oferecia holocaustos por intenção de cada um deles: “porque – dizia ele –, talvez meus filhos tenham pecado e amaldiçoado a Deus em seu coração”. Assim fazia Jó sempre.* [Ler]

6 Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles.* [Ler]

7 O Senhor disse-lhe: “De onde vens tu?”. “Andei dando volta pelo mundo – disse Satanás – e passeando por ele”. [Ler]

8 O Senhor disse-lhe: “Notaste o meu servo Jó? Não há outro igual a ele na terra. É um homem íntegro e reto, temente a Deus e se mantém longe do mal”. [Ler]

9 Mas o Satanás respondeu ao Senhor: “É a troco de nada que Jó teme a Deus? [Ler]

10 Não cercaste, qual uma muralha, a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens? Abençoaste tudo quanto ele fez e seus rebanhos cobriram toda a região. [Ler]

11 Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui. Juro-te que te amaldiçoará na tua face”. [Ler]

12 “Pois bem!” – respondeu o Senhor. “Tudo o que ele possui está em teu poder. Mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa.” E o Satanás saiu da presença do Senhor. [Ler]

13 Ora, um dia em que os filhos e filhas de Jó estavam à mesa e bebiam vinho em casa do irmão mais velho, [Ler]

14 um mensageiro veio dizer a Jó: “Os bois lavravam e as jumentas pastavam perto deles. [Ler]

15 De repente, apareceram os sabeus e roubaram tudo, passando a fio de espada seus escravos. Só eu escapei para trazer-te a notícia”. [Ler]

16 Estando ele ainda a falar, veio outro e disse: “O fogo de Deus caiu do céu; queimou, consumiu as ovelhas e também os escravos. Só eu escapei para trazer-te a notícia”. [Ler]

17 Ainda este falava, e eis que chegou outro e disse: “Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e os levaram embora, depois de passarem a fio de espada os escravos. Só eu escapei para trazer-te a notícia!”. [Ler]

18 Ainda este estava falando, e eis que entrou outro e disse: “Teus filhos e filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, [Ler]

19 quando um furacão se levantou de repente do deserto, abalou os quatro cantos da casa e esta desabou sobre os jovens. Morreram todos. Só eu escapei para trazer-te a notícia”. [Ler]

20 Jó então se levantou. Rasgou seu manto e rapou a cabeça. Depois, caindo prostrado por terra, [Ler]

21 disse: “Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!”.* [Ler]

22 Em tudo isso, Jó não cometeu pecado algum, nem proferiu contra Deus blasfêmia alguma. [Ler]

Capítulo 2 Ver capítulo

1 Ora, um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, Satanás apareceu também no meio deles na presença do Senhor. [Ler]

2 O Senhor disse-lhe: “De onde vens tu?”. “Andei dando volta pelo mundo – respondeu Satanás – e passeando por ele”. [Ler]

3 O Senhor disse-lhe: “Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra! É um homem íntegro e reto, temente a Deus e se mantém longe do mal. Ele persevera sempre em sua integridade e foi em vão que me incitaste a perdê-lo”. [Ler]

4 “Pele por pele!” – respondeu Satanás –. “O homem dá tudo o que possui para salvar a própria vida. [Ler]

5 Mas estende a tua mão e toca-lhe nos ossos e na carne. Juro que te renegará em tua face.” [Ler]

6 O Senhor disse a Satanás: “Pois bem! Ele está em teu poder, poupa-lhe apenas a vida”. [Ler]

7 O Satanás retirou-se da presença do Senhor e feriu Jó com uma úlcera maligna, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. [Ler]

8 E Jó pegou um caco de telha para se coçar, e assentou-se sobre um monte de cinzas. [Ler]

9 Sua mulher disse-lhe: “Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!”. [Ler]

10 “Falas – respondeu-lhe ele – como uma insensata. Se aceitamos de Deus a felicidade, não deveríamos também aceitar a infelicidade?” Em tudo isso, Jó não pecou por palavras. [Ler]

11 Três amigos de Jó – Elifaz de Temã, Baldad de Suás e Sofar de Naamat – souberam de todo o mal que lhe tinha sucedido, vieram cada um de sua terra e combinaram ir juntos exprimir sua simpatia e suas consolações. [Ler]

12 Quando o avistaram de longe, não o reconheceram. Puseram-se então a chorar, rasgaram as vestes e lançaram para o céu poeira, que recaía sobre suas cabeças. [Ler]

13 Ficaram sentados no chão ao lado dele durante sete dias e sete noites, sem que nenhum lhe dirigisse uma palavra, tão grande era a dor em que o viam mergulhado. [Ler]

Capítulo 3 Ver capítulo

1 Enfim, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia de seu nascimento. [Ler]

2 Jó falou nestes termos: [Ler]

3 “Pereça o dia em que nasci e a noite em que foi dito: ‘Nasceu um menino!’. [Ler]

4 Que esse dia se torne em trevas! Que Deus, lá do alto, não se incomode com ele, que a luz não brilhe sobre ele! [Ler]

5 Que trevas e obscuridade se apoderem dele, que nuvens o envolvam, que eclipses o apavorem, [Ler]

6 que a sombra o domine. Esse dia, que não seja contado entre os dias do ano, nem seja computado entre os meses!* [Ler]

7 Que seja estéril essa noite, que nenhum grito de alegria se faça ouvir nela. [Ler]

8 Que a amaldiçoem os que amaldiçoam o dia, aqueles que são hábeis para evocar Leviatã!* [Ler]

9 Que as estrelas de sua madrugada se obscureçam, em vão espere a luz e não veja abrirem-se as pálpebras da aurora. [Ler]

10 Pois não me fechou as portas do ventre que me carregou para me poupar a vista do mal! [Ler]

11 Por que não morri ainda no seio materno, ou pereci ao sair das entranhas? [Ler]

12 Por que dois joelhos me acolheram, e dois seios me amamentaram? [Ler]

13 Estaria agora deitado e em paz, dormiria e teria o repouso [Ler]

14 com os reis, árbitros da terra, que constroem para si mausoléus; [Ler]

15 ou estaria entre os príncipes que possuíam o ouro, e enchiam de dinheiro as suas casas. [Ler]

16 Ou, então, como o aborto escondido, eu não teria existido, como as crianças que não viram a luz.* [Ler]

17 Ali, os ímpios cessam os seus furores, ali, repousam os exaustos de forças.* [Ler]

18 Ali, os prisioneiros estão tranquilos, já não mais ouvem a voz do capataz. [Ler]

19 Ali, juntos, os pequenos e os grandes se encontram, o escravo ali está livre do jugo do seu senhor. [Ler]

20 Por que concede ele a luz aos infelizes e a vida àqueles cuja alma está desconsolada, [Ler]

21 que esperam pela morte sem que ela venha, e a procuram mais ardentemente do que um tesouro, [Ler]

22 que se alegrariam intensamente diante do sepulcro? [Ler]

23 Ao homem, cujo caminho está oculto, a quem Deus cerca de todos os lados? [Ler]

24 Em lugar do pão tenho o soluço, e os meus gemidos se espalham como a água. [Ler]

25 Todos os meus temores se realizam, e aquilo que me dá medo vem atingir-me. [Ler]

26 Não tenho paz, nem descanso, nem repouso; o que vem é agitação”. [Ler]

Capítulo 4 Ver capítulo

1 Elifaz de Temã tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Se arriscarmos uma palavra, talvez ficarás aflito, mas quem poderá impedir-me de falar? [Ler]

3 A muitos ensinaste, deste força a mãos frágeis. [Ler]

4 Tuas palavras levantavam aqueles que caíam, fortificaste os joelhos vacilantes. [Ler]

5 Agora que é a tua vez, enfraqueces; quando és atingido, te perturbas. [Ler]

6 Não estava a tua confiança na tua piedade, e a tua esperança na integridade de tua conduta? [Ler]

7 Lembra-te: Qual o inocente que pereceu? Ou quando foram destruídos os justos? [Ler]

8 Tanto quanto eu saiba, os que praticam a iniquidade e os que semeiam sofrimento também os colhem. [Ler]

9 Ao sopro de Deus eles perecem e são aniquilados pelo vento de seu furor. [Ler]

10 Urra o leão e seu rugido é abafado, os dentes dos leõezinhos são quebrados.* [Ler]

11 A fera morre porque não tinha presa e os filhotes da leoa se dispersam. [Ler]

12 Uma palavra chegou a mim furtivamente, e meu ouvido percebeu o murmúrio. [Ler]

13 Na confusão das visões da noite e na hora em que o sono se apodera das pessoas. [Ler]

14 Surpreenderam-me o medo e o terror e sacudiram todos os meus ossos. [Ler]

15 Um sopro perpassou meu rosto e fez arrepiar o pêlo do meu corpo. [Ler]

16 Lá estava um ser – não lhe vi o rosto – como um espectro sob meus olhos. [Ler]

17 Ouvi uma frágil voz: ‘Pode o homem ser justo na presença de Deus, pode o mortal ser puro diante do seu Criador?* [Ler]

18 Ele não confia nem nos seus próprios servos; até mesmo nos seus anjos encontra defeito, [Ler]

19 quanto mais nos seus hóspedes em casas de barro, que têm o pó por fundamento! São esmagados como a traça.* [Ler]

20 Entre a manhã e a tarde são aniquilados; sem que neles se preste atenção, morrem para sempre. [Ler]

21 Não foi arrancada a estaca da tenda deles? Morrem sem terem conhecido a sabedoria’.” [Ler]

Capítulo 5 Ver capítulo

1 Chama para ver se te respondem! A qual dos santos te dirigirás?* [Ler]

2 O desgosto mata o insensato e a inveja leva o tolo à morte. [Ler]

3 Vi o insensato criar raízes, e de repente sua morada apodreceu. [Ler]

4 Seus filhos são privados de qualquer socorro, são pisados à porta, ninguém os defende. [Ler]

5 O faminto come sua colheita e a leva embora, por detrás da cerca de espinhos, e os sequiosos engolem seus bens. [Ler]

6 Pois o mal não sai do pó, nem o sofrimento brota da terra. [Ler]

7 É o homem que causa o sofrimento, como as faíscas voam para o alto.* [Ler]

8 Por isso, eu rogarei a Deus, apresentarei minha súplica ao Senhor. [Ler]

9 Ele faz coisas grandes e insondáveis, maravilhas incalculáveis. [Ler]

10 Espalha a chuva sobre a terra e derrama água sobre os campos; [Ler]

11 exalta os humildes e dá nova alegria aos que estão de luto; [Ler]

12 frustra os projetos dos maus, cujas mãos não podem executar os planos. [Ler]

13 Apanha os sábios em suas próprias manhas, e os projetos dos astutos se tornam prematuros.* [Ler]

14 Em pleno dia encontram as trevas, e andam às apalpadelas ao meio-dia como se fosse noite. [Ler]

15 Salva o fraco da espada da língua deles, e o pobre da mão do poderoso. [Ler]

16 Volta a esperança ao infeliz, e é fechada a boca da iniquidade. [Ler]

17 Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige! Não desprezes a lição do Todo-poderoso. [Ler]

18 Pois ele fere e cuida; se golpeia, sua mão cura. [Ler]

19 Seis vezes te salvará da angústia, e, na sétima, o mal não te atingirá. [Ler]

20 No tempo de fome, te preservará da morte, e, no combate, do poder da espada. [Ler]

21 Estarás a coberto dos açoites da língua e não terás medo quando vires a ruína.* [Ler]

22 Rirás das calamidades e da fome, não temerás as feras selvagens. [Ler]

23 Farás um pacto com as pedras do campo, e os animais selvagens viverão em paz contigo. [Ler]

24 Dentro de tua tenda conhecerás a paz; visitarás tuas terras, onde nada faltará. [Ler]

25 Verás tua posteridade multiplicar-se e teus descendentes crescerem como a erva da terra. [Ler]

26 Entrarás maduro no sepulcro, como um feixe de trigo que se recolhe a seu tempo. [Ler]

27 Eis o que observamos. Assim é! Escuta e tira proveito! [Ler]

Capítulo 6 Ver capítulo

1 Jó tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Ah! Se pudessem pesar minha aflição e pôr na balança com ela meu infortúnio! [Ler]

3 Ela seria mais pesada que a areia do mar: eis por que minhas palavras são desvairadas. [Ler]

4 As setas do Todo-poderoso estão cravadas em mim e meu espírito bebe o veneno delas. Os terrores de Deus me assediam. [Ler]

5 Porventura zurra o asno montês, quando tem erva? Muge o boi junto de sua forragem? [Ler]

6 Come-se uma coisa insípida sem pôr sal? Pode alguém saborear aquilo que não tem gosto algum? [Ler]

7 Minha alma recusa-se a tocar nisso, meu coração está desgostoso. [Ler]

8 Quem me dera que meu voto se cumpra, e que Deus realize o que eu espero! [Ler]

9 Que Deus consinta em esmagar-me, que deixe suas mãos cortarem meus dias! [Ler]

10 Teria pelo menos um consolo, e eu exultaria em seu impiedoso tormento, por não ter renegado as palavras do Santo. [Ler]

11 Qual é a minha força para esperar? Qual é meu fim, para me portar com paciência? [Ler]

12 Será que tenho a força das pedras, ou será de bronze minha carne? [Ler]

13 Não encontro socorro algum, qualquer esperança de salvação me foi tirada. [Ler]

14 Recusar a piedade a um amigo é abandonar o temor do Todo-poderoso.* [Ler]

15 Meus irmãos são traiçoeiros como a torrente, como as águas das torrentes que somem. [Ler]

16 Rolam agitadas pelo gelo, empoçam-se com a neve derretida. [Ler]

17 No tempo da seca, elas se esgotam, ao vir o calor, seu leito seca. [Ler]

18 As caravanas se desviam de sua rota, penetram no deserto e perecem.* [Ler]

19 As caravanas de Temã espreitavam e os comboios de Sabá contavam com elas. [Ler]

20 Ficaram transtornados nas suas suposições; chegando ao lugar, ficaram confusos. [Ler]

21 É assim que falhais em cumprir o que de vós se esperava nesta hora; a vista de meu infortúnio vos aterroriza. [Ler]

22 Porventura, disse-vos eu: ‘Dai-me qualquer coisa de vossos bens, dai-me presentes, [Ler]

23 livrai-me da mão do inimigo e tirai-me do poder dos violentos?’. [Ler]

24 Ensinai-me, e me calarei, mostrai-me em que falhei! [Ler]

25 Como são eficazes os discursos sensatos! Mas em que podereis surpreender-me? [Ler]

26 Pretendeis censurar palavras? Palavras desesperadas, leva-as o vento. [Ler]

27 Seríeis capazes de leiloar até mesmo um órfão e traficar até mesmo um amigo. [Ler]

28 Vamos, peço-vos, olhai para mim face a face e não mentirei. [Ler]

29 Voltai atrás e não sejais injustos; vinde: estou inocente nessa questão. [Ler]

30 Haverá iniquidade em minha língua? Meu paladar não sabe discernir o mal? [Ler]

Capítulo 7 Ver capítulo

1 Não é, acaso, uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como os de um mercenário? [Ler]

2 Como um escravo que suspira pela sombra, e um assalariado que aguarda o pagamento, [Ler]

3 assim também tive por sorte meses de sofrimento e noites de dor me couberam por partilha. [Ler]

4 Apenas me deito, digo: ‘Quando chegará o dia?’. Logo que me levanto: ‘Quando chegará a noite?’. E até a noite me farto de angústias. [Ler]

5 Minha carne se cobre de podridão e de imundície, minha pele racha e supura. [Ler]

6 Meus dias passam mais depressa do que a lançadeira, e se desvanecem sem deixar esperança. [Ler]

7 Lembra-te de que minha vida nada mais é do que um sopro, de que meus olhos não mais verão a felicidade;* [Ler]

8 o olho que me via não mais me verá, o teu me procurará, e já não existirei. [Ler]

9 A nuvem se dissipa e passa, assim quem desce à região dos mortos não subirá de novo. [Ler]

10 Não voltará mais à sua casa, sua morada não mais o reconhecerá. [Ler]

11 E por isso não reprimirei minha língua; falarei na angústia do meu espírito, farei queixa na tristeza de minha alma. [Ler]

12 Porventura, sou eu o mar, ou algum monstro marinho, para me teres posto um guarda contra mim? [Ler]

13 Se eu disser: ‘Meu leito me consolará e minha cama me aliviará’, [Ler]

14 então me aterrarás com sonhos, e me assustarás com visões. [Ler]

15 Preferiria ser estrangulado; antes a morte do que meus tormentos! [Ler]

16 Sucumbo, deixo de viver para sempre! Deixa-me em paz, pois meus dias são apenas um sopro! [Ler]

17 O que é o homem para fazeres tanto caso dele, para te dignares ocupar-te dele,* [Ler]

18 para visitá-lo todas as manhãs e prová-lo a cada instante? [Ler]

19 Quando cessarás de olhar para mim, sem dar-me tempo de engolir minha saliva? [Ler]

20 Se pequei, que mal te fiz, ó guarda dos homens? Por que me tomaste por alvo e me tornei pesado para ti? [Ler]

21 Por que não toleras meu pecado e não apagas minha culpa? Eis que vou logo me deitar por terra; tu me procurarás, já não existirei”. [Ler]

Capítulo 8 Ver capítulo

1 Bildad de Suás tomou a palavra e disse: [Ler]

2 Até quando dirás semelhantes coisas, e tuas palavras serão como um furacão? [Ler]

3 Porventura Deus fará curvar o que é reto? E o Todo-poderoso subverterá a justiça? [Ler]

4 Se teus filhos o ofenderam, ele os entregou às consequências de suas culpas.* [Ler]

5 Se recorreres a Deus, e implorares ao Todo-poderoso, [Ler]

6 se fores puro e reto, ele atenderá a tua oração e restaurará a morada de tua justiça. [Ler]

7 Teu começo parecerá pouca coisa diante da grandeza do que se seguirá.* [Ler]

8 Interroga, pois, as gerações passadas e examina com cuidado a experiência dos antepassados. [Ler]

9 Porque somos de ontem e nada sabemos, e nossos dias sobre a terra passam como a sombra. [Ler]

10 Elas podem instruir-te, falar-te e de seu coração tirar estas palavras: [Ler]

11 “Pode o papiro crescer fora do brejo ou o junco germinar sem água? [Ler]

12 Verde ainda, e sem ser colhido, ele seca antes de todas as ervas. [Ler]

13 Assim acabam todos os que esquecem de Deus, pois a esperança do ímpio perecerá. [Ler]

14 A sua confiança será quebrada e a sua segurança é teia de aranha. [Ler]

15 Ele se apoia sobre uma casa que não se sustenta, atém-se a uma morada que não se mantém de pé. [Ler]

16 Cheio de vigor, ao sol, faz brotar seus ramos em seu jardim. [Ler]

17 Suas raízes se entrelaçam num montão de pedras e penetram entre as rochas. [Ler]

18 Mas se é arrancado de seu lugar, este o renega e diz: ‘Não te conheço!’. [Ler]

19 Eis onde termina seu destino, e outros germinarão do solo”. [Ler]

20 De fato, Deus não rejeita o homem íntegro, nem dá a mão aos malvados.* [Ler]

21 Ele porá de novo o riso em tua boca e em teus lábios, gritos de alegria. [Ler]

22 Teus inimigos serão cobertos de vergonha e a tenda dos maus desaparecerá. [Ler]

Capítulo 9 Ver capítulo

1 Jó tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Sim, bem sei que é assim. Como poderia o homem ter razão diante de Deus? [Ler]

3 Se quisesse disputar com ele, não lhe responderia uma vez entre mil. [Ler]

4 Deus é sábio de coração e poderoso em força; quem pode afrontá-lo impunemente? [Ler]

5 Ele transporta os montes, sem que o percebam; ele os desmorona em sua cólera. [Ler]

6 Sacode a terra em sua base e suas colunas são abaladas. [Ler]

7 Dá ordem ao sol que não se levante e põe um selo nas estrelas.* [Ler]

8 Ele sozinho formou a extensão do céu e caminha sobre as alturas do mar.* [Ler]

9 Ele criou a Ursa e o Órion, as Plêiades e as constelações austrais. [Ler]

10 Fez maravilhas insondáveis e prodígios incalculáveis. [Ler]

11 Ele passa despercebido perto de mim, toca levemente em mim, e não o percebo. [Ler]

12 Quem poderá impedi-lo de arrebatar uma presa? Quem lhe dirá: ‘Que é que fazes?’. [Ler]

13 Deus não retém o seu furor; diante dele jazem prosternados os auxiliares de Raab.* [Ler]

14 Quem sou eu para replicar-lhe, para escolher argumentos contra ele? [Ler]

15 Ainda que eu tivesse razão não poderia responder. Pediria clemência ao meu juiz. [Ler]

16 Se eu o chamasse e ele não me respondesse, não acreditaria que tivesse ouvido a minha voz. [Ler]

17 Ele, que me desfaz como um redemoinho, e multiplica minhas feridas sem manifestar o motivo, [Ler]

18 não me deixa tomar fôlego, de tanto me fartar de amarguras. [Ler]

19 Se se busca a fortaleza, é ele o forte! Se se busca o direito, quem o citará? [Ler]

20 Se eu pretendesse ser justo, minha boca me condenaria; se fosse inocente, ela me declararia perverso. [Ler]

21 Sou íntegro? Sim, eu o sou. Pouco me importa a vida. Aliás, desprezo a minha vida. [Ler]

22 Para mim tudo é a mesma coisa. É por isso que eu disse que ele faz perecer o íntegro como o ímpio. [Ler]

23 Se, de repente, um flagelo causa a morte, ele se ri do desespero dos inocentes. [Ler]

24 A terra está entregue nas mãos do ímpio, e ele cobre com um véu os olhos de seus juízes… Se não é ele, quem será? [Ler]

25 Os dias de minha vida são mais rápidos do que um corcel, fogem sem ter visto a felicidade. [Ler]

26 Passam como os barcos de junco, como a águia que se precipita sobre a presa. [Ler]

27 Se decido esquecer minha queixa, abandonar meu ar triste e voltar a ser alegre, [Ler]

28 temo por todos os meus tormentos, sabendo que não me absolverás! [Ler]

29 Tenho certeza de ser condenado! O que me adianta cansar-me em vão? [Ler]

30 Por mais que me lavasse com águas de neve, que limpasse minhas mãos na lixívia, [Ler]

31 tu me atirarias na imundície e as minhas próprias vestes teriam nojo de mim. [Ler]

32 Ele não é um humano como eu a quem possa responder, com quem eu possa comparecer na justiça. [Ler]

33 Pois que não há entre nós um árbitro que ponha sua mão sobre nós dois. [Ler]

34 Que Deus retire seu chicote de cima de mim, para pôr um termo a seus medonhos terrores. [Ler]

35 Então lhe falarei sem medo; pois, estou só comigo mesmo.* [Ler]

Capítulo 10 Ver capítulo

1 A minha alma está desgostosa da vida. Dou livre curso ao meu lamento; falarei na amargura de meu coração. [Ler]

2 Em lugar de me condenar, direi a Deus: ‘Mostra-me por que razão me tratas assim. [Ler]

3 Encontras prazer em me oprimir, em renegar a obra de tuas mãos, em favorecer os planos dos maus? [Ler]

4 Terás porventura olhos de carne, ou vês as coisas como as veem os seres humanos?* [Ler]

5 Serão os teus dias como os de um mortal e teus anos como os de um humano, [Ler]

6 para que procures a minha culpa e persigas o meu pecado? [Ler]

7 No entanto, sabes que não sou culpado e que ninguém me pode livrar de tuas mãos. [Ler]

8 As tuas mãos formaram-me e fizeram-me; mudando de ideia, queres me destruir! [Ler]

9 Lembra-te de que me formaste como o barro, e agora queres devolver-me ao pó? [Ler]

10 Não me derramaste como leite e me coalhaste como um queijo?* [Ler]

11 De pele e carne me vestiste, de ossos e nervos me teceste. [Ler]

12 Concedeste-me vida e misericórdia e tua providência conservou o meu espírito. [Ler]

13 Contudo, eis o que escondias em teu coração, vejo bem o que meditavas. [Ler]

14 Se peco, me observas, não perdoarás o meu pecado. [Ler]

15 Se eu for culpado, ai de mim! Se for inocente, não ousarei levantar a cabeça, farto de vergonha e consciente de minha miséria. [Ler]

16 Esgotado, me caças como um leão. Não cessas de desfraldar contra mim teu estranho poder. [Ler]

17 Renovas contra mim teus assaltos, teu furor cresce contra mim e vigorosas tropas vêm-me cercar. [Ler]

18 Por que me tiraste do ventre materno? Tivesse morrido, nenhum olho me teria visto. [Ler]

19 Teria sido como se nunca tivesse existido, do ventre me teriam levado ao túmulo’. [Ler]

20 Não são bem curtos os dias de minha vida? Que ele me deixe respirar um instante, [Ler]

21 antes que eu parta, para não mais voltar, ao tenebroso país das sombras da morte, [Ler]

22 opaca e sombria região, reino de sombra e de caos, onde a noite faz as vezes de claridade”. [Ler]

Capítulo 11 Ver capítulo

1 Então, Sofar de Naamat tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Ficará sem resposta o que fala muito? Terá razão o grande falador? [Ler]

3 Tua loquacidade fará calar os demais? Zombarás sem que ninguém te repreenda? [Ler]

4 Dizes: ‘Minha opinião é a verdadeira, sou puro aos teus olhos’. [Ler]

5 Oxalá Deus pudesse falar e abrir seus lábios para te responder. [Ler]

6 Se te revelasse os mistérios da sabedoria, que são ambíguos para o espírito, saberias então que Deus esquece uma parte de tua iniquidade.* [Ler]

7 Pretendes sondar as profundezas divinas, atingir a perfeição do Todo-poderoso? [Ler]

8 Ela é mais alta do que o céu! Que podes tu fazer? É mais profunda que os infernos! Que podes tu saber? [Ler]

9 É mais longa que a terra, mais larga que o mar. [Ler]

10 Se ele surge para aprisionar, se apela à justiça, quem o impedirá? [Ler]

11 Pois ele conhece os malfeitores, descobre a iniquidade, presta atenção. [Ler]

12 Diante disso, uma pessoa insensata pode criar juízo, e um asno tornar-se criatura humana.* [Ler]

13 Se voltares teu coração para Deus, e para ele estenderes os braços; [Ler]

14 se afastares de tuas mãos o mal e não abrigares a iniquidade debaixo de tua tenda, [Ler]

15 então poderás erguer a fronte sem mancha; serás estável, sem mais nenhum temor. [Ler]

16 Esquecerás daí por diante as tuas penas, como águas que passaram, serão apenas uma lembrança. [Ler]

17 O futuro te será mais brilhante do que o meio-dia, as trevas se transformarão em aurora. [Ler]

18 Terás confiança e ficarás cheio de esperança. Olhando em volta de ti, dormirás tranquilo. [Ler]

19 Repousarás sem que ninguém te inquiete e muitos acariciarão o teu rosto. [Ler]

20 Porém, os olhos dos maus serão consumidos, para eles, nenhum refúgio, e não terão outra esperança senão em seu último suspiro”. [Ler]

Capítulo 12 Ver capítulo

1 Jó tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Sois mesmo gente muito hábil, e convosco morrerá a sabedoria! [Ler]

3 Tenho também o espírito como o vosso, e não vos sou inferior! Quem, pois, ignoraria o que sabeis? [Ler]

4 Os amigos escarnecem daquele que invoca a Deus, para que ele lhe responda. Sim, zombam do justo e do inocente. [Ler]

5 ‘Vergonha para a infelicidade!’ – assim pensam os felizes. Só há desprezo para aquele cujo pé fraqueja. [Ler]

6 As tendas dos bandidos gozam de paz, e segurança para aqueles que provocam a Deus, que não têm outro Deus senão o próprio braço. [Ler]

7 Pergunta, pois, aos animais da terra, eles te ensinarão; e às aves do céu, e elas te instruirão. [Ler]

8 Fala aos répteis da terra, e eles te responderão, e aos peixes do mar, e eles te contarão. [Ler]

9 Entre todos esses seres, quem não sabe que foi a mão de Deus que fez tudo isso?’* [Ler]

10 Ele que tem em mãos a alma de tudo o que vive e o sopro de vida de todo o gênero humano. [Ler]

11 Não discerne o ouvido as palavras, como o paladar discerne o sabor da comida? [Ler]

12 A sabedoria pertence aos cabelos brancos, e à longa vida confere a inteligência. [Ler]

13 Em Deus residem a sabedoria e o poder. Ele possui o conselho e a inteligência. [Ler]

14 O que ele destrói não será reconstruído, se aprisionar um homem, ninguém há que o solte. [Ler]

15 Quando faz as águas pararem, há seca; se as soltar, submergirão a terra. [Ler]

16 Nele há força e prudência; ele conhece o que engana e o enganado. [Ler]

17 Faz os árbitros andarem descalços e torna os juízes estúpidos. [Ler]

18 Ele desata a cinta dos reis e cinge-lhes os rins com uma corda. [Ler]

19 Ele faz os sacerdotes andar descalços e abate os poderosos. [Ler]

20 Ele tira a palavra aos mais seguros de si mesmos e retira a sabedoria dos anciãos. [Ler]

21 Ele derrama desprezo sobre os nobres e afrouxa a cinta dos fortes. [Ler]

22 Ele põe a claro os segredos das trevas e traz à luz a sombra da morte. [Ler]

23 Ele torna grandes as nações e as destrói, multiplica os povos e depois os suprime. [Ler]

24 Ele tira a razão dos chefes da terra, e os deixa perdidos no deserto sem pista. [Ler]

25 Andam às apalpadelas nas trevas, privados da luz, tropeçando como um ébrio. [Ler]

Capítulo 13 Ver capítulo

1 Meus olhos viram todas essas coisas, meus ouvidos as ouviram e as guardaram. [Ler]

2 Aquilo que sabeis, eu também o sei, pois não vos sou inferior em nada. [Ler]

3 Mas é com o Todo-poderoso que eu desejaria falar, com Deus é que eu desejaria discutir. [Ler]

4 Pois vós não sois mais que impostores, não sois senão curandeiros que não prestam para nada. [Ler]

5 Se pudésseis guardar silêncio, seríeis considerados sábios. [Ler]

6 Escutai, pois, a minha defesa, atendei aos quesitos que vou anunciar. [Ler]

7 Para defender a Deus, ireis dizer mentiras. Será preciso enganardes em seu favor? [Ler]

8 Tereis, para com ele, juízos preconcebidos e vos ostenteis em ser seus advogados? [Ler]

9 Não seria bom que ele vos examinasse? Iríeis enganá-lo como se engana uma pessoa qualquer? [Ler]

10 Ele não deixará de vos castigar, se tomardes seu partido ocultamente. [Ler]

11 Sua majestade não vos atemorizará? Seus terrores não vos esmagarão? [Ler]

12 Vossos argumentos são como provérbios de cinza, vossas defesas são obras de barro. [Ler]

13 Calai-vos! Deixai-me! Quero falar: aconteça depois o que acontecer! [Ler]

14 Lacero a minha carne com os meus dentes, ponho minha vida em minha mão.* [Ler]

15 Se ele me mata, nada mais tenho a esperar; assim mesmo, defenderei minha causa diante dele. [Ler]

16 Isso já será a minha salvação, que o ímpio não seja admitido em sua presença. [Ler]

17 Escutai bem meu discurso, dai ouvido às minhas explicações! [Ler]

18 Estou pronto para defender minha causa e sei que sou eu quem tem razão. [Ler]

19 Se alguém quiser demandar contra mim, no mesmo instante desejarei calar e morrer! [Ler]

20 Poupai-me apenas duas coisas, ó Deus, e não me esconderei de tua face:* [Ler]

21 afasta de mim a tua mão, e põe um termo ao medo de teus terrores. [Ler]

22 Chama por mim e eu te responderei; ou, então, falarei eu, e tu terás a réplica. [Ler]

23 Quantas faltas e pecados cometi eu? Dá-me a conhecer minhas faltas e minhas ofensas! [Ler]

24 Por que escondes de mim a tua face e por que me consideras como um inimigo? [Ler]

25 Queres, então, assustar uma folha carregada pelo vento, ou perseguir uma palha seca? [Ler]

26 Pois queres ditar contra mim sentenças amargas, e queres que me sejam imputadas as faltas de minha mocidade. [Ler]

27 Queres prender os meus pés no cepo, espiar todos os meus passos e contar os rastos de meus pés. [Ler]

28 (E ele se gasta como um pau bichado, como um tecido devorado pela traça).* [Ler]

Capítulo 14 Ver capítulo

1 O homem nascido de mulher vive pouco tempo e é cheio de misérias. [Ler]

2 É como a flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar. [Ler]

3 E é sobre ele que abres os olhos, e o chamas a juízo contigo! [Ler]

4 Quem fará sair o puro do impuro? Ninguém! [Ler]

5 Se seus dias estão contados, se em teu poder está o número dos seus meses, e fixado um limite que ele não ultrapassará, [Ler]

6 afasta dele os teus olhos e deixa-o, até que acabe o seu dia como o operário. [Ler]

7 Para a árvore há esperança: cortada, pode reverdecer e os seus ramos brotam. [Ler]

8 Quando sua raiz tiver envelhecido na terra e seu tronco estiver morto no solo, [Ler]

9 ao contato com a água, reverdece e distenderá ramos como uma planta nova. [Ler]

10 Mas quando o homem morre, fica inerte; o mortal expira, e o que é feito dele? [Ler]

11 As águas podem faltar nos lagos, o rio pode secar e sumir, [Ler]

12 assim o homem se deita para não mais levantar. Durante toda a duração do céu, ele não despertará, jamais sairá de seu sono. [Ler]

13 Quem me dera que me escondesses na região dos mortos, ao abrigo, até que tua cólera tivesse passado, e me fixasses um limite em que te lembrasses de mim! [Ler]

14 O homem, uma vez morto, porventura tornará a viver? Todo o tempo de meu combate eu esperaria, até que me vies sem substituir. [Ler]

15 Tu me chamarias e eu te responderia; estenderias a tua destra para a obra de tuas mãos. [Ler]

16 Mas agora contas os meus passos e observas todos os meus pecados. [Ler]

17 Tu selaste como numa bolsa os meus crimes, puseste um sinal sobre minhas iniquidades.* [Ler]

18 Mas a montanha desmorona e cai, e o rochedo muda de lugar; [Ler]

19 as águas escavam as pedras, o aluvião leva a terra móvel: assim aniquilas a esperança do homem. [Ler]

20 Tu o pões por terra, e ele se vai embora para sempre; tu o desfiguras e o expulsas. [Ler]

21 Estejam os seus filhos honrados, e ele não o sabe; sejam eles humilhados, mas ele não faz caso. [Ler]

22 É somente por ele que sua carne sofre, e sua alma só se lamenta por ele”. [Ler]

Capítulo 15 Ver capítulo

1 Elifaz de Temã tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Porventura, responde um sábio como se falasse ao vento e enche de ar o seu ventre? [Ler]

3 Defende-se ele com argumentos fúteis e com palavras que não servem para nada? [Ler]

4 Acabarás destruindo a piedade, reduzes a nada o respeito devido a Deus. [Ler]

5 É a tua iniquidade que inspira teus discursos e adotas a linguagem dos impostores. [Ler]

6 É a tua boca que te condena, e não eu; são teus lábios que dão testemunho contra ti mesmo. [Ler]

7 Acaso, és o primeiro homem que nasceu, e foste tu gerado antes das colinas? [Ler]

8 Assististe, porventura, ao conselho de Deus e monopolizaste a sabedoria? [Ler]

9 Que sabes tu, que nós ignoremos? Que aprendeste, que não nos seja familiar? [Ler]

10 Há entre nós também anciãos e encanecidos, muito mais avançados em dias do que teu pai. [Ler]

11 Fazes pouco caso das consolações divinas e das doces palavras que te são dirigidas? [Ler]

12 Por que te deixas levar pelo impulso de teu coração, e o que significam esses maus-olhares? [Ler]

13 É contra Deus que ousas encolerizar-te e que tua boca profere tais discursos? [Ler]

14 Que é o homem para que seja puro? Pode ser justo o que nasce de mulher? [Ler]

15 Nem mesmo em seus santos Deus confia, nem os céus são puros a seus olhos!* [Ler]

16 Quanto menos um ser abominável e corrompido, um homem que bebe a iniquidade como água! [Ler]

17 Ouve-me! Vou instruir-te. Eu te contarei o que vi, [Ler]

18 aquilo que os sábios ensinam, aquilo que seus pais não lhes ocultaram. [Ler]

19 A eles somente foi dada terra, e no meio dos quais não tinha penetrado estrangeiro algum. [Ler]

20 Em todos os dias de sua vida o mau é atormentado, os anos do opressor são em número restrito. [Ler]

21 Ruídos terrificantes ressoam-lhe aos ouvidos, no seio da paz, lhe sobrevém o destruidor. [Ler]

22 Ele não espera escapar das trevas, está destinado à espada. [Ler]

23 Anda vagando à procura de pão, mas onde? Ele sabe que o dia das trevas está a seu lado. [Ler]

24 A tribulação e a angústia vêm sobre ele como um rei que vai para o combate. [Ler]

25 Pois estendeu a mão contra Deus e desafiou o Todo-poderoso. [Ler]

26 Investiu contra ele com a cabeça levantada, por trás da grossura de seus escudos. [Ler]

27 Cobriu de gordura o seu rosto e deixou a gordura ajuntar-se sobre seus rins. [Ler]

28 Habitou em cidades desoladas, em casas que foram abandonadas, destinadas a se tornarem em ruínas. [Ler]

29 Mas não se enriquecerá, nem os seus bens resistirão, não mais estenderá sua sombra sobre a terra. [Ler]

30 Não escapará das trevas; o fogo queimará seus ramos e sua flor será levada pelo vento. [Ler]

31 E não se fie na mentira: ficará prisioneiro dela, pois a mentira será a sua recompensa. [Ler]

32 Suas ramagens secarão antes da hora, seus ramos não tornarão a ficar verdes. [Ler]

33 Como a vinha, sacudirá seus frutos verdes, e, como a oliveira, deixará cair a flor. [Ler]

34 Pois a raça dos ímpios é estéril, e um fogo devorará as tendas dos corruptos. [Ler]

35 Quem concebe o mal gera a infelicidade: é o engano que amadurece em seu seio”. [Ler]

Capítulo 16 Ver capítulo

1 Jó respondeu então nestes termos: [Ler]

2 “Já ouvi muitas vezes discursos semelhantes, sois todos uns consoladores importunos. [Ler]

3 Quando terão fim essas palavras atiradas ao vento? O que é que te move para responder assim? [Ler]

4 Eu também poderia falar como vós, se estivésseis no meu lugar. Arranjaria discursos a vosso respeito e sacudiria a cabeça contra vós. [Ler]

5 Eu vos encorajaria verbalmente e moveria os meus lábios sem nenhuma avareza. [Ler]

6 Se falo, nem por isso se aplaca a minha dor; se calo, estará ela afastada de mim? [Ler]

7 Mas Deus me extenuou, estou aniquilado. Toda a sua tropa me pegou.* [Ler]

8 Minha magreza tornou-se testemunho contra mim, ela depõe contra mim. [Ler]

9 Sua cólera me fere e me persegue. Ele range os dentes contra mim. Meus inimigos aguçam os olhos sobre mim. [Ler]

10 Abrem a boca para me devorar. Batem-me na face para me ultrajar, rebelando-se todos contra mim. [Ler]

11 Deus me entrega aos perversos, joga-me nas mãos dos malvados. [Ler]

12 Eu estava em paz. Ele, de repente, me esmagou. Segurou-me pela nuca e me pôs em pedaços. Tomou-me como seu alvo. [Ler]

13 Suas setas voam em volta de mim. Ele rasga os meus rins sem piedade, espalhando o meu fel por terra. [Ler]

14 Abre em mim brecha sobre brecha, ataca-me como um guerreiro. [Ler]

15 Cosi um saco sobre minha pele e rolei minha fronte no pó. [Ler]

16 Meu rosto está vermelho de tanto chorar e a sombra da morte estende-se sobre minhas pálpebras. [Ler]

17 Entretanto, não há violência em minhas mãos e minha oração é pura! [Ler]

18 Ó terra, não cubras o meu sangue e que seu grito não seja sufocado pela tumba.* [Ler]

19 Tenho desde já uma testemunha no céu, um defensor nas alturas. [Ler]

20 Minha oração subiu até Deus e meus olhos choram diante dele.* [Ler]

21 Que ele mesmo julgue entre o homem e Deus, entre o homem e seu semelhante! [Ler]

22 Pois meus anos contados se esgotam e eu entro numa vereda por onde não passarei de novo. [Ler]

Capítulo 17 Ver capítulo

1 Meu espírito vai-se consumindo, os meus dias se apagam, só me resta o sepulcro! [Ler]

2 Estou de fato cercado de zombadores e meus olhos velam por causa de seus ultrajes.* [Ler]

3 Sê tu mesmo a minha caução, junto a ti, pois quem ousará bater em minha mão?* [Ler]

4 Pois fechaste o seu coração à inteligência; por isso, não os deixarás triunfar. [Ler]

5 Há quem convide seus amigos à partilha, enquanto desfalecem os olhos de seus filhos. [Ler]

6 Ele me reduziu a zombaria do povo, como aquele em cujo rosto se cospe. [Ler]

7 Meus olhos se escurecem de tristeza e todo o meu corpo não é mais que uma sombra. [Ler]

8 As pessoas retas estão espantadas e o inocente se irrita contra o ímpio. [Ler]

9 O justo, entretanto, persiste no seu caminho, e o homem de mãos puras redobra de coragem. [Ler]

10 Mas vós todos voltai e vinde; pois não acharei entre vós nenhum sábio. [Ler]

11 Meus dias se esgotam, meus projetos estão aniquilados, frustraram-se os projetos do meu coração. [Ler]

12 Fazem da noite, dia. A luz da manhã é para mim como trevas. [Ler]

13 Deverei esperar? A região dos mortos é a minha morada! Preparo meu leito no local tenebroso. [Ler]

14 Disse ao sepulcro: ‘Tu és meu pai’, e aos vermes: ‘Vós sois minha mãe e minha irmã!’. [Ler]

15 Onde está, pois, minha esperança? E a minha felicidade, quem a entrevê? [Ler]

16 Descerão elas comigo à região dos mortos? Afundaremos juntos no pó?”. [Ler]

Capítulo 18 Ver capítulo

1 Bildad de Suás disse então nestes termos: [Ler]

2 “Quando acabarás de falar a esmo? Terás a sabedoria de nos dizer depois! [Ler]

3 Por que nos consideras como animais, e por que passamos por estúpidos a teus olhos? [Ler]

4 Tu, que te rasgas em teu furor, por tua causa a terra ficará abandonada e o rochedo mudará de lugar? [Ler]

5 Sim, a luz do ímpio se apagará e a chama de seu fogo cessará de alumiar. [Ler]

6 A luz obscurece na sua tenda e sua lâmpada sobre ele se apagará. [Ler]

7 Seus passos, antes firmes, serão encurtados, e seus próprios desígnios os farão tropeçar. [Ler]

8 Seus pés se prendem numa rede, e ele anda sobre malhas. [Ler]

9 A armadilha agarra seu calcanhar e o alçapão o aperta. [Ler]

10 Uma corda se esconde na terra para pegá-lo, e uma armadilha, ao longo da vereda. [Ler]

11 De todas as partes temores o amedrontam e o perseguem passo a passo. [Ler]

12 A calamidade vem faminta sobre ele e a infelicidade está alerta ao seu lado. [Ler]

13 A pele de seu corpo é devorada, o filho mais velho da morte devora-lhe os membros.* [Ler]

14 É arrancado da tenda, onde se sentia seguro, levam-no ao rei dos terrores.* [Ler]

15 Podes estabelecer-te em sua tenda, que não mais existe; o enxofre é espalhado em seu domínio. [Ler]

16 Por baixo suas raízes secam, e por cima seus ramos definham. [Ler]

17 Sua memória apaga-se da terra, nada mais lembra o seu nome na região. [Ler]

18 É arrojado da luz para as trevas e é desterrado do mundo. [Ler]

19 Não tem descendente nem posteridade em sua tribo, nem sobrevivente algum em sua morada. [Ler]

20 O Ocidente está estupefato com sua sorte e o Oriente treme diante dela. [Ler]

21 Eis o que acontece com as tendas dos ímpios, os lugares habitados pelo homem que não conhece a Deus”. [Ler]

Capítulo 19 Ver capítulo

1 Jó respondeu, então, nestes termos: [Ler]

2 “Até quando afligireis a minha alma e me atormentareis com vossos discursos? [Ler]

3 Eis que já por dez vezes me ultrajastes. Não vos envergonhais de me insultar? [Ler]

4 Mesmo que eu tivesse verdadeiramente pecado, minha culpa só diria respeito a mim mesmo. [Ler]

5 Se vos quiserdes levantar contra mim, convencendo-me de ignomínia, [Ler]

6 sabei que foi Deus quem me afligiu e me cercou com sua rede. [Ler]

7 Se clamo: ‘Violência!’, ninguém me responde; levanto minha voz, e não há quem me faça justiça. [Ler]

8 Ele fechou meu caminho para que eu não possa passar. E espalhou trevas pelas minhas veredas. [Ler]

9 Despojou-me da minha glória, tirou-me a coroa da cabeça. [Ler]

10 Demoliu-me por inteiro e pereço. Ele desenraizou minha esperança como uma árvore. [Ler]

11 Acendeu a sua cólera contra mim, tratando-me como um inimigo. [Ler]

12 Suas milícias se concentraram, construíram aterros para me assaltarem e acamparam em volta de minha tenda. [Ler]

13 Meus irmãos foram para longe de mim, e meus amigos de mim se afastaram. [Ler]

14 Meus parentes e meus íntimos desapareceram, os hóspedes de minha casa esqueceram-se de mim. [Ler]

15 Minhas servas olham-me como um estranho, sou um desconhecido para elas. [Ler]

16 Chamo meu escravo e ele não responde, apesar de suplicá-lo com minha própria boca! [Ler]

17 Minha mulher tem horror de meu hálito, sou repugnante aos meus próprios filhos. [Ler]

18 Até as crianças caçoam de mim. Quando me levanto, troçam de mim. [Ler]

19 Meus íntimos me abominam e até aqueles que eu amava voltam-se contra mim. [Ler]

20 Meus ossos estão colados à minha pele e à minha carne. E fujo com a pele de meus dentes.* [Ler]

21 Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos, pois a mão de Deus me feriu. [Ler]

22 Por que me perseguis como Deus e vos mostrais insaciáveis de minha carne? [Ler]

23 Quem dera se minhas palavras pudessem ser escritas! Quem dera fossem elas consignadas num livro, [Ler]

24 gravadas por estilete de ferro em chumbo, esculpidas para sempre numa rocha! [Ler]

25 Eu sei que meu vingador está vivo e que aparecerá, finalmente, sobre a terra. [Ler]

26 Por detrás de minha pele, que envolverá isso, na minha própria carne, verei Deus.* [Ler]

27 Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verão, e não os olhos de outro. Meus rins se consomem dentro de mim. [Ler]

28 Pois, se dizes: ‘Por que o perseguimos e como encontraremos nele uma razão para condená-lo?’. [Ler]

29 Temei o gume da espada, pois a cólera de Deus persegue os maus e sabereis que há uma justiça!”. [Ler]

Capítulo 20 Ver capítulo

1 Sofar de Naamat falou nestes termos: [Ler]

2 “É por isso que meus pensamentos me sugerem uma resposta, e estou impaciente por falar. [Ler]

3 Ouvi queixas injuriosas, foram palavras vãs que responderam a meu espírito. [Ler]

4 Não sabes bem que, em todos os tempos, desde que o homem foi posto na terra, [Ler]

5 o triunfo dos ímpios é breve e a alegria do perverso só dura um instante? [Ler]

6 Ainda mesmo que sua estatura chegasse até o céu e sua cabeça tocasse as nuvens, [Ler]

7 como o seu próprio esterco, ele perecerá para sempre. Aqueles que tinham visto indagarão: ‘Onde ele está?’. [Ler]

8 Como um sonho, ele voará e ninguém mais o encontrará. Ele desaparecerá como uma visão noturna. [Ler]

9 O olho que o viu já não mais o verá e não o verá mais a sua morada. [Ler]

10 Seus filhos deverão indenizar os pobres e suas mãos restituir suas riquezas.* [Ler]

11 Seus ossos que estavam cheios de vigor juvenil deitam-se com ele no pó. [Ler]

12 Se o mal lhe foi doce na boca, ele a escondeu debaixo da língua. [Ler]

13 Se o saboreou e não o abandonou, mas o conservou na sua garganta, [Ler]

14 esse alimento se transformará em suas entranhas e se converterá interiormente em fel de áspides. [Ler]

15 Ele vomitará as riquezas que engoliu; Deus as fará sair-lhe do seu ventre. [Ler]

16 Sugava veneno de áspides e a língua da víbora o matará. [Ler]

17 Não mais verá correr os riachos de óleo, nem as torrentes de mel e de manteiga. [Ler]

18 Vomitará seu ganho sem poder engoli-lo e não gozará o lucro de seu comércio. [Ler]

19 Porque maltratou, desamparou os pobres e roubou uma casa que não tinha construído. [Ler]

20 Porque sua avidez é insaciável, não salvará o que lhe era mais caro. [Ler]

21 Nada escapava à sua voracidade, por isso que sua felicidade não há de durar. [Ler]

22 Em plena abundância sentirá escassez e todos os golpes da infelicidade caem sobre ele. [Ler]

23 Para encher-lhe o ventre Deus desencadeia o fogo de sua cólera, fazendo chover a dor sobre ele. [Ler]

24 Se escapa diante da arma de ferro, o arco de bronze o traspassa. [Ler]

25 Um dardo sai-lhe das costas, um aço fulgurante sai-lhe do fígado. O terror desaba sobre ele. [Ler]

26 Todas as trevas ocultas lhe serão reservadas. Um fogo, que o homem não acendeu, o devora* e consome o que sobra em sua tenda. [Ler]

27 Os céus revelarão sua culpa e a terra se levantará contra ele. [Ler]

28 Uma torrente arrastará sua casa, será levada no dia da cólera divina. [Ler]

29 Tal é a sorte que Deus reserva ao ímpio, tal é a herança que Deus lhe destina”. [Ler]

Capítulo 21 Ver capítulo

1 Jó tomou então a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Ouvi atentamente minhas palavras. Que eu tenha pelo menos esse consolo de vossa parte. [Ler]

3 Permiti que eu fale; quando tiver falado, zombai à vontade. [Ler]

4 É de um ser humano que me queixo? E como não hei de perder a paciência? [Ler]

5 Olhai para mim e ficareis estupefatos e poreis a mão sobre a boca. [Ler]

6 Quando penso nisso, fico estarrecido e todo o meu corpo treme. [Ler]

7 Por que os ímpios sobrevivem e, ao envelhecer, crescem em poderio? [Ler]

8 Sua posteridade prospera diante deles, e seus descendentes sob seus olhos. [Ler]

9 Suas casas estão em paz, livres de perigo, e a vara de Deus não os atinge. [Ler]

10 Seu touro é cada vez mais fecundo, sua vaca dá cria sem nunca abortar. [Ler]

11 Deixam os filhos correr como carneiros, e os seus pequenos saltam e brincam alegremente. [Ler]

12 Cantam ao som do pandeiro e da cítara, divertem-se ao som da flauta. [Ler]

13 Passam seus dias na alegria e descem tranquilamente à região dos mortos. [Ler]

14 Ora, dizem a Deus: ‘Afasta-te de nós! Não queremos conhecer os teus caminhos! [Ler]

15 Quem é o Todo-poderoso, para que o sirvamos? Que vantagem tiramos em lhe fazer orações?’. [Ler]

16 A felicidade não está em suas mãos? Contudo, longe de mim esteja o modo de pensar dos ímpios! [Ler]

17 Quantas vezes vemos apagar-se a lâmpada dos ímpios e a ruína desabar sobre eles? [Ler]

18 Serão eles como a palha ao vento, como a cinza tragada pelo turbilhão? [Ler]

19 ‘Deus reserva para os filhos o castigo do pai?’ Que ele mesmo o puna, para que o sinta! [Ler]

20 Que veja com os próprios olhos a sua ruína e ele mesmo beba da cólera do Todo-poderoso! [Ler]

21 Pois o que lhe importa a sua casa depois dele, se o número de seus meses já está contado? [Ler]

22 É a Deus que se irá ensinar a sabedoria, a ele, que julga os seres superiores? [Ler]

23 Um morre em pleno vigor, feliz e tranquilo, [Ler]

24 os flancos cobertos de gordura e a medula dos ossos cheia de seiva. [Ler]

25 Outro, porém, morre com a amargura na alma, sem ter gozado a felicidade. [Ler]

26 Juntos se deitam na terra e os vermes recobrem a ambos. [Ler]

27 Por certo conheço vossos pensamentos, os julgamentos iníquos que fazeis de mim! [Ler]

28 Dizeis: ‘Onde está a casa do tirano, onde está a tenda em que habitavam os ímpios?’. [Ler]

29 Não interrogastes os viajantes? Contestaríeis seus testemunhos? [Ler]

30 No dia da infelicidade o ímpio é poupado, no dia da cólera ele escapa. [Ler]

31 Quem reprova diante dele o seu proceder e lhe pede contas de seus atos? [Ler]

32 Levam-no ao sepulcro, ficarão de vigília em sua câmara funerária. [Ler]

33 Os torrões do vale são-lhe leves; todos os homens irão em sua companhia e foram inumeráveis seus predecessores. [Ler]

34 Que significam, pois, essas vãs consolações? Todas as vossas respostas são apenas perfídia”. [Ler]

Capítulo 22 Ver capítulo

1 Elifaz de Temã tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Pode o homem ser útil a Deus? O sábio só é útil a si mesmo. [Ler]

3 De que serve ao Todo-poderoso que sejas justo? Tem ele interesse que teu proceder seja íntegro? [Ler]

4 É por causa de tua piedade que ele te pune e entra contigo em juízo? [Ler]

5 Não é enorme a tua malícia e não são inumeráveis as tuas iniquidades? [Ler]

6 Sem razão penhoraste os teus irmãos e despojaste de suas vestes os miseráveis.* [Ler]

7 Não davas água ao sedento, recusavas pão ao esfomeado. [Ler]

8 A terra era do mais forte, e o protegido é que nela se estabelecia. [Ler]

9 Despedias as viúvas de mãos vazias e quebravas os braços dos órfãos. [Ler]

10 Eis por que estás cercado de laços e os terrores súbitos te amedrontam. [Ler]

11 Tua luz tornou-se trevas, já não vês nada e o dilúvio das águas te engole. [Ler]

12 Não está Deus nas alturas do céu? Vê a abóbada estrelada, como está alta! [Ler]

13 E dizes: ‘Que sabe Deus? Pode ele julgar através de nuvens escuras? [Ler]

14 As nuvens formam um véu que o impede de ver ele passeia apenas pela abóbada do céu’. [Ler]

15 Queres seguir, pois, rotas antigas por onde andaram os homens iníquos? [Ler]

16 Que foram arrebatados antes do tempo e cujos fundamentos foram arrastados com as águas!* [Ler]

17 Exclamam a Deus: ‘Retira-te de nós! Que poderia fazer-nos o Todo-poderoso?’. [Ler]

18 Foi ele, entretanto, que lhes cumulou de bens as casas. Contudo, longe de mim os conselhos dos ímpios! [Ler]

19 Vendo-os, os justos se alegram e o inocente zomba deles: [Ler]

20 ‘Nossos inimigos estão aniquilados e o fogo devorou-lhes as riquezas!’. [Ler]

21 Reconcilia-te, pois, com Deus e faze as pazes com ele: é assim que te será de novo dada a felicidade. [Ler]

22 Aceita a instrução de sua boca e põe suas palavras em teu coração. [Ler]

23 Se te voltares humildemente para o Todo-poderoso, se afastares a iniquidade de tua tenda, [Ler]

24 se atirares as barras de ouro ao pó e o ouro de Ofir aos pedregulhos da torrente,* [Ler]

25 o Todo-poderoso será teu ouro e um monte de prata para ti. [Ler]

26 Então farás do Todo-poderoso as tuas delícias e levantarás teu rosto a Deus. [Ler]

27 Tu lhe suplicarás, ele te ouvirá e cumprirás os teus votos. [Ler]

28 Formarás os teus projetos, que terão feliz êxito e a luz brilhará em tuas veredas. [Ler]

29 Pois Deus abaixa o altivo e o orgulhoso, mas socorre aquele que abaixa os olhos. [Ler]

30 Ele salva o inocente, o qual é libertado pela pureza de suas mãos”. [Ler]

Capítulo 23 Ver capítulo

1 Então, Jó tomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Sim, hoje minha queixa é uma revolta, ainda que sua mão reprima meus suspiros.* [Ler]

3 Oxalá pudesse eu encontrá-lo e chegar até seu trono! [Ler]

4 xporia diante de Deus a minha causa, encheria minha boca de argumentos. [Ler]

5 Saberia o que ele iria responder-me e veria o que ele teria para me dizer. [Ler]

6 Oporia ele contra mim com prepotência? Não! Bastaria que lançasse os olhos em mim. [Ler]

7 Seria então um justo a discutir com ele, e eu iria embora definitivamente absolvido pelo meu juiz. [Ler]

8 Mas se eu for ao Oriente, lá ele não está; ao Ocidente, não o encontrarei; [Ler]

9 se o procuro ao Norte, não o vejo; se me volto para o Sul, não o descubro. [Ler]

10 Contudo, ele conhece o meu caminho; se me põe à prova, dela sairei puro como o ouro. [Ler]

11 Meus pés seguiram os seus traços, guardei o seu caminho sem me desviar. [Ler]

12 Não me afastei dos preceitos de seus lábios, guardei no meu íntimo as palavras de sua boca. [Ler]

13 Ele decidiu alguma coisa, quem o fará voltar atrás? Ele faz o que bem lhe agrada. [Ler]

14 Realizará seu desígnio a meu respeito e tem muitos projetos iguais a este. [Ler]

15 Eis por que sua presença me atemoriza. Basta o seu pensamento para me fazer tremer. [Ler]

16 Foi Deus que me fundiu o coração, o Todo-poderoso me enche de terror. [Ler]

17 Sucumbo diante das trevas. Elas cobriram-me o rosto. [Ler]

Capítulo 24 Ver capítulo

1 Por que não reserva tempos para si o Todo-poderoso? E por que ignoram seus dias os que lhe são fiéis? [Ler]

2 Os maus mudam as divisas das terras e fazem pastar o rebanho que roubaram. [Ler]

3 Empurram diante de si o jumento dos órfãos, e tomam em penhor o boi da viúva. [Ler]

4 Enxotam os pobres do caminho, todos os miseráveis da região precisam esconder-se. [Ler]

5 Como asnos selvagens no deserto, saem para o trabalho, à procura do que comer, à procura do pão para seus filhos. [Ler]

6 Ceifam a forragem num campo, vindimam a vinha do ímpio. [Ler]

7 Passam a noite nus, sem roupa e sem cobertor contra o frio. [Ler]

8 São banhados pelas chuvas das montanhas e, sem abrigo, achegam-se às rochas. [Ler]

9 Arrancam o órfão do seio materno e tomam em penhor as crianças do pobre.* [Ler]

10 Andam nus, por falta de roupa e esfomeados carregam feixes. [Ler]

11 Espremem óleo nos celeiros, e sedentos pisam os lagares. [Ler]

12 Sobe da cidade os gemidos dos moribundos. A alma dos feridos grita, mas Deus não ouve suas súplicas. [Ler]

13 Outros são rebeldes à luz, não conhecem seus caminhos nem habitam em suas veredas. [Ler]

14 O homicida levanta-se antes do alvorecer para matar o pobre e o indigente. O ladrão vagueia durante a noite. [Ler]

15 O adúltero espreita o crepúsculo: ‘Ninguém me verá’, diz ele, e põe um véu no rosto. [Ler]

16 Nas trevas, arrombam as casas. Escondem-se durante o dia, sem conhecer a luz. [Ler]

17 Para eles, com efeito, a manhã é uma sombra espessa, pois estão acostumados aos terrores da noite. [Ler]

18 Correm rapidamente na superfície da água, sua herança é maldita sobre a terra; já não tomarão o caminho das vinhas.* [Ler]

19 Como a seca e o calor absorvem as águas da neve, assim a região dos mortos engole os pecadores. [Ler]

20 O ventre que o gerou esquece-o, os vermes fazem dele as suas delícias; ninguém mais se lembrará dele. [Ler]

21 A iniquidade é quebrada como uma árvore. Maltratava a mulher estéril, sem filhos e não fazia o bem à viúva. [Ler]

22 Punha sua força a serviço dos poderosos. Levanta-se e já não pode mais contar com a vida. [Ler]

23 Ele lhes dá segurança e apoio, mas seus olhos vigiam seus caminhos. [Ler]

24 Levantam-se, subitamente já não existem; caem; como os outros, são arrebatados, são ceifados como cabeças de espigas. [Ler]

25 Se assim não é, quem me desmentirá, quem reduzirá a nada as minhas palavras?”. [Ler]

Capítulo 25 Ver capítulo

1 Bildad de Suás tomou então a palavra nestes termos: [Ler]

2 “A ele, o poder e a majestade. Em sua alta morada faz reinar a paz. [Ler]

3 Pode ser contado o número de suas legiões? Sobre quem não se levanta a sua luz? [Ler]

4 Seria justo o homem diante de Deus? Seria puro aquele que nasce da mulher? [Ler]

5 Se até mesmo a lua não brilha e as estrelas não são puras a seus olhos [Ler]

6 quanto menos o homem, esse verme, e o filho do homem, esse vermezinho!”.* [Ler]

Capítulo 26 Ver capítulo

1 Jó tomou então a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Como tens ajudado bem o fraco e socorrido o braço sem vigor! [Ler]

3 Como sabes aconselhar o ignorante e dar mostras de abundante sabedoria! [Ler]

4 A quem diriges este discurso? Sob a inspiração de quem falas tu? [Ler]

5 As sombras agitam-se sob a terra, as águas e seus habitantes estão temerosos. [Ler]

6 A região dos mortos está descoberta diante dele, os infernos estão sem véu. [Ler]

7 Ele estende o firmamento sobre o vácuo e suspende a terra sobre o nada. [Ler]

8 Armazena as águas em suas nuvens e as nuvens não se rasgam sob seu peso. [Ler]

9 Vela a face da lua, estendendo sobre ela a sua nuvem. [Ler]

10 Traçou um círculo sobre a superfície das águas, até onde a luz confina com as trevas. [Ler]

11 As colunas do céu estremecem e se assustam com a sua ameaça. [Ler]

12 Com sua força fendeu o mar e com sua sabedoria destruiu Raab.* [Ler]

13 Seu sopro varreu os céus e sua mão feriu a serpente fugitiva.* [Ler]

14 Eis que tudo isso não é mais que o contorno de suas obras e se apenas percebemos um fraco eco dessas obras, quem compreenderá o trovão de seu poder?”. [Ler]

Capítulo 27 Ver capítulo

1 Jó continuou seu discurso nestes termos: [Ler]

2 “Pelo Deus vivo que me recusa justiça, pelo Todo-poderoso, que enche minha alma de amargura. [Ler]

3 Enquanto em mim restar alento e o sopro de Deus passar por minhas narinas, [Ler]

4 meus lábios não falarão maldades e minha língua não proferirá mentiras. [Ler]

5 Longe de mim dar-vos razão! Até meu último suspiro defenderei minha inocência, [Ler]

6 mantenho firme minha justiça, não a abandonarei; minha consciência não acusa nenhum de meus dias. [Ler]

7 Que meu inimigo seja tratado como ímpio e meu adversário, como perverso! [Ler]

8 Que pode esperar o ímpio de sua oração, quando eleva para Deus a sua alma? [Ler]

9 Deus escutará seu clamor, quando a angústia cair sobre ele? [Ler]

10 Encontrará ele seu conforto no Todo-poderoso e invocará ele Deus em todo o tempo? [Ler]

11 Eu vos ensinarei o poder de Deus, não vos ocultarei os desígnios do Todo-poderoso. [Ler]

12 Mas todos vós já o sabeis; por que proferis palavras vãs? [Ler]

13 Esta é a sorte que Deus reserva ao ímpio e a parte reservada ao violento pelo Todo-poderoso.* [Ler]

14 Se seus filhos se multiplicam, é para a espada e seus descendentes não terão o que comer. [Ler]

15 Seus sobreviventes serão sepultados na ruína e suas viúvas não os chorarão. [Ler]

16 Se amontoa prata como pó e se ajunta vestimentas como barro, [Ler]

17 que amontoe, mas é o justo quem as vestirá e o inocente herdará a prata. [Ler]

18 Constrói sua casa como a casa da aranha, como a choupana que o vigia constrói.* [Ler]

19 Deita-se rico, mas é pela última vez. Quando abre os olhos, já deixou de sê-lo. [Ler]

20 O terror o invade como um dilúvio e um redemoinho o arrebata durante a noite. [Ler]

21 O vento do leste o leva e o faz desaparecer, varrendo-o violentamente de seu lugar. [Ler]

22 Precipitam-se sobre ele sem compaixão e é arrastado numa fuga desvairada. [Ler]

23 Sua ruína é aplaudida. De sua própria casa assobiarão sobre ele. [Ler]

Capítulo 28 Ver capítulo

1 Há lugares de onde se tira a prata e lugares onde o ouro é apurado. [Ler]

2 O ferro é extraído do solo e o cobre é extraído de uma pedra fundida. [Ler]

3 O homem pôs fim às trevas e escavou as últimas profundidades da rocha obscura e sombria. [Ler]

4 Longe dos lugares habitados, um povo estrangeiro abre galerias, que são ignoradas pelos pés dos transeuntes. Suspensos, vacilam longe dos humanos. [Ler]

5 A terra, que produz o pão, é sacudida em suas entranhas como se fosse pelo fogo. [Ler]

6 Suas rochas encerram jazidas de safiras que contêm pepitas de ouro. [Ler]

7 A águia não conhece a vereda, nem o olho do abutre a enxergou. [Ler]

8 Os animais ferozes não a pisaram, nem o leão passou por ela. [Ler]

9 O homem põe a mão no sílex, derruba as montanhas pela base. [Ler]

10 Abre galerias nos rochedos, o olhar atento pode ver nelas todos os tesouros. [Ler]

11 Explora as nascentes dos rios e põe a descoberto o que estava escondido. [Ler]

12 Mas a sabedoria onde se encontra? Onde está o lugar da inteligência? [Ler]

13 O homem ignora o caminho dela, ninguém a encontra na terra dos vivos. [Ler]

14 O abismo diz: ‘Ela não está em mim’. ‘Não está comigo’, diz o mar. [Ler]

15 Não pode ser adquirida com ouro maciço, nem pode ser comprada a peso de prata. [Ler]

16 Não pode ser posta em balança com o ouro de Ofir, nem com o ônix precioso ou a safira. [Ler]

17 Não pode ser comparada nem ao ouro nem ao vidro, ninguém a troca por vaso de ouro fino. [Ler]

18 Quanto ao coral e ao cristal, nem se fala. A sabedoria vale mais do que as pérolas. [Ler]

19 Não pode ser igualada ao topázio da Etiópia, nem pode ser equiparada ao mais puro ouro. [Ler]

20 De onde vem, pois, a sabedoria? Qual é o lugar da inteligência? [Ler]

21 Um véu a oculta de todos os viventes e até das aves do céu ela se esconde. [Ler]

22 Declaram o inferno e a morte: ‘Apenas ouvimos falar dela’. [Ler]

23 Deus conhece o caminho para encontrá-la e é ele quem sabe o seu lugar, [Ler]

24 porque ele vê até os confins da terra e vê tudo o que há debaixo do céu. [Ler]

25 Quando ele fixou um peso ao vento e regulou a medida das águas, [Ler]

26 quando decretou as leis para a chuva, e traçou uma rota aos relâmpagos, [Ler]

27 então a viu e a descreveu, penetrou-a e escrutou-a. [Ler]

28 Depois disse ao homem: ‘O temor do Senhor, eis a sabedoria! Fugir do mal, eis a inteligência’.” [Ler]

Capítulo 29 Ver capítulo

1 Jó continuou seu discurso nestes termos: [Ler]

2 “Quem me dera tornar-me tal como antes, como nos dias em que Deus me protegia, [Ler]

3 quando a sua lâmpada luzia sobre a minha cabeça e à sua luz me guiava nas trevas! [Ler]

4 Tal como era nos dias de meu outono, quando Deus velava como um amigo sobre minha tenda! [Ler]

5 Quando o Todo-poderoso estava ainda comigo e os meus filhos, em volta de mim! [Ler]

6 Quando os meus pés se banhavam no creme e o rochedo em mim derramava ondas de azeite. [Ler]

7 Quando saía para ir à porta da cidade e me assentava na praça pública. [Ler]

8 Viam-me os jovens e se escondiam e os velhos levantavam-se e ficavam de pé. [Ler]

9 Os chefes interrompiam suas conversas e punham a mão sobre a boca. [Ler]

10 Calava-se a voz dos príncipes e sua língua se colava ao céu da boca. [Ler]

11 Quem me ouvia me felicitava, quem me via dava testemunho de mim.* [Ler]

12 Livrava o pobre que pedia socorro e o órfão, que não tinha apoio. [Ler]

13 A bênção do moribundo vinha sobre mim e eu alegrava o coração da viúva. [Ler]

14 Revestia-me de justiça e a equidade era para mim como uma roupa e um turbante. [Ler]

15 Era os olhos do cego e os pés daquele que manca. [Ler]

16 Era o pai dos pobres e examinava a fundo a causa dos desconhecidos. [Ler]

17 Quebrava o queixo do perverso e arrancava-lhe a presa de entre os dentes. [Ler]

18 E dizia: ‘Morrerei no meu ninho e meus dias serão tão numerosos quanto os da fênix’.* [Ler]

19 Minha raiz atinge a água e o orvalho ficará durante a noite sobre meus ramos. [Ler]

20 Minha glória sempre se renovará e meu arco se reforçará em minha mão. [Ler]

21 Escutavam-me, esperavam e recolhiam em silêncio meu conselho. [Ler]

22 Quando acabava de falar, não acrescentavam nada e minhas palavras eram recebidas como orvalho. [Ler]

23 Esperavam-me como se espera a chuva e abriam a boca, como se fosse para a chuva de primavera. [Ler]

24 Sorria para aqueles que perdiam coragem; ante o meu ar benevolente, deixavam de estar abatidos. [Ler]

25 Quando ia ter com eles, tinha o primeiro lugar, era importante como um rei no meio de suas tropas, como o consolador dos aflitos. [Ler]

Capítulo 30 Ver capítulo

1 Agora zombam de mim os mais jovens do que eu, aqueles cujos pais eu desdenharia de colocar com os cães do meu rebanho.* [Ler]

2 De que me serviria a força de seus braços, homens cujo vigor já pereceu inteiramente? [Ler]

3 Reduzidos a nada pela miséria e pela fome, roem um solo árido e desolado. [Ler]

4 Colhem ervas e cascas dos arbustos, e por pão têm somente a raiz das giestas. [Ler]

5 São expulsos do povo e gritam com eles como se fossem ladrões. [Ler]

6 Moram em barrancos medonhos, nas cavernas da terra e dos rochedos. [Ler]

7 Ouvem-se seus gritos entre os arbustos e amontoam-se debaixo das urtigas. [Ler]

8 São filhos de infames e de gente sem nome, que são expulsos da terra… [Ler]

9 Agora, porém, sou o assunto de suas canções, tema de seus escárnios. [Ler]

10 Afastam-se de mim com horror e não receiam cuspir-me no rosto. [Ler]

11 Desamarraram a corda para humilhar-me, sacudiram de si todo o freio diante de mim. [Ler]

12 À minha direita levanta-se a raça deles, tentam atrapalhar meus pés e abrem diante de mim o caminho da sua desgraça.* [Ler]

13 Embaralham minha vereda para me perder e trabalham para a minha ruína. [Ler]

14 Penetram como por uma grande brecha e irrompem entre escombros. [Ler]

15 O pavor me invade. Minha esperança é varrida como se fosse pelo vento e minha felicidade passa como uma nuvem. [Ler]

16 Agora minha alma se dissolve e os dias de aflição me dominaram. [Ler]

17 A noite traspassa meus ossos e consome-os. Os males que me roem não dormem. [Ler]

18 Com violência agarra a minha veste e aperta-me como o colarinho de minha túnica. [Ler]

19 Deus jogou-me no lodo e eu me confundo com a poeira e a cinza. [Ler]

20 Clamo por ti e não me respondes. Ponho-me diante de ti, e não olhas para mim. [Ler]

21 Tornaste-te cruel para comigo e atacas-me com toda a força de tua mão. [Ler]

22 Tu me arrebatas e me faz cavalgar o tufão, para me aniquilar na tempestade. [Ler]

23 Bem sei que me levarás à morte, ao lugar onde se encontram todos os viventes. [Ler]

24 Mas não é para aquele que cai que estendi a mão quando, na ruína, pedia socorro? [Ler]

25 Não chorei com os oprimidos? Não teve minha alma piedade dos pobres? [Ler]

26 Esperava a felicidade e veio a desgraça, esperava a luz e vieram as trevas. [Ler]

27 Minhas entranhas abrasam-se sem nenhum descanso, assaltaram-me os dias de aflição. [Ler]

28 Caminho no luto, sem sol; levanto-me numa multidão de gritos. [Ler]

29 Tornei-me irmão dos chacais e companheiro dos avestruzes. [Ler]

30 Minha pele enegrece-se e cai, e meus ossos são consumidos pela febre. [Ler]

31 Minha cítara só dá acordes lúgubres, e minha flauta sons queixosos. [Ler]

Capítulo 31 Ver capítulo

1 Eu havia feito um pacto com os meus olhos, para não desejar nunca olhar para uma virgem. [Ler]

2 Que parte me daria Deus lá do alto, que sorte o Todo-poderoso me enviaria do céu? [Ler]

3 Acaso a infelicidade não está reservada ao injusto e o infortúnio ao iníquo? [Ler]

4 Não conhece Deus os meus caminhos e não conta todos os meus passos? [Ler]

5 Se caminhei com a mentira e meu pé correu atrás da fraude, [Ler]

6 que Deus me pese na balança da justiça e reconhecerá a minha integridade. [Ler]

7 Se meus passos se desviaram do caminho e meu coração seguiu meus olhos, e se às minhas mãos se apegou qualquer mácula, [Ler]

8 que semeie eu e outro o coma, e minhas plantações sejam desenraizadas! [Ler]

9 Se meu coração foi seduzido por uma mulher, se fiquei à espreita à porta de meu vizinho, [Ler]

10 que minha mulher gire a mó para um outro e que estranhos a possuam! [Ler]

11 Pois isso seria um crime, um delito digno de julgamento, [Ler]

12 um fogo que devoraria até o abismo e que teria arruinado todos os meus bens. [Ler]

13 Nunca violei o direito de meu escravo ou de minha serva, em suas discussões comigo. [Ler]

14 Que farei eu quando Deus se levantar? Quando me interrogar, que lhe responderei? [Ler]

15 Aquele que me criou no ventre, não o criou também a ele? Um mesmo criador nos formou! [Ler]

16 Acaso recusei aos pobres aquilo que desejavam e fiz desfalecer os olhos da viúva? [Ler]

17 Ou comi sozinho meu pedaço de pão, sem que o órfão tivesse a sua parte? [Ler]

18 Antes, desde minha infância cuidei-o como um pai e desde o ventre materno fui o seu guia. [Ler]

19 Se vi perecer um homem por falta de roupa e um pobre que não tinha com que cobrir-se, [Ler]

20 sem que seus rins me tenham abençoado, aquecido como estava com a lã de minhas ovelhas; [Ler]

21 se levantei a mão contra o órfão, quando me via apoiado pelos juízes,* [Ler]

22 que meu ombro caia de minhas costas e meu braço seja arrancado de seu cotovelo! [Ler]

23 Pois o terror de Deus me invadiu e diante de sua majestade não posso subsistir. [Ler]

24 Nunca pus no ouro minha segurança e jamais disse ao ouro puro: ‘És minha esperança!’. [Ler]

25 Nunca me rejubilei por ser grande a minha riqueza, nem pelo fato de minha mão ter ajuntado muito. [Ler]

26 Quando via o sol brilhar e a lua levantar-se em seu esplendor, [Ler]

27 jamais meu coração deixou-se seduzir em segredo e minha mão não foi levada à boca para um beijo.* [Ler]

28 Isso seria um crime digno de castigo, pois eu teria renegado o Deus que está no alto. [Ler]

29 Nunca me alegrei com a ruína de meu inimigo, nem exultei quando a infelicidade o feriu. [Ler]

30 Não permiti que minha boca pecasse, reclamando sua morte por uma imprecação. [Ler]

31 Jamais as pessoas de minha tenda me disseram: ‘Há alguém que não tenha ficado satisfeito da carne?’.* [Ler]

32 O estrangeiro não passava a noite fora, eu abria a minha porta ao viajante. [Ler]

33 Nunca dissimulei minha culpa aos homens, escondendo em meu peito minha iniquidade, [Ler]

34 como se temesse a multidão e receasse o desprezo das famílias, a ponto de me manter quieto sem pôr o pé fora da porta. [Ler]

35 Oh! Se eu tivesse alguém para me ouvir! Eis a minha assinatura: que o Todo-poderoso me responda! Que o meu adversário escreva também um memorial. [Ler]

36 Por certo eu o carregaria sobre meus ombros e cingiria minha fronte com ele como de uma coroa! [Ler]

37 Eu lhe prestaria contas de todos os meus passos e me apresentaria diante dele altivo como um príncipe. [Ler]

38 Se minha terra clamou contra mim e seus sulcos derramaram lágrimas,* [Ler]

39 se comi seus frutos sem pagar, se afligi os seus donos, [Ler]

40 que em vez de trigo nasçam espinhos e joio em vez de cevada!”. Aqui terminam os discursos de Jó.* [Ler]

Capítulo 32 Ver capítulo

1 Como Jó persistisse em conside-rar-se como um justo, estes três homens desistiram de lhe responder. [Ler]

2 Então, se inflamou a cólera de Eliú, filho de Baraquel, de Buz, da família de Ram. Sua cólera inflamou-se contra Jó, por este pretender justificar-se perante Deus. [Ler]

3 Inflamou-se também contra seus três amigos, por não terem achado resposta conveniente, dando assim culpa a Deus.* [Ler]

4 Como fossem mais velhos do que ele, Eliú esperou enquanto falavam com Jó. [Ler]

5 Mas, quando viu que não tinham mais nada para responder, encolerizou-se. [Ler]

6 Então Eliú, filho de Baraquel, de Buz, tomou a palavra nestes termos: “Sou jovem em anos, e vós sois anciãos, por isso minha timidez me impediu de manifestar-vos o meu saber. [Ler]

7 Dizia comigo: ‘A idade vai falar, os muitos anos farão conhecer a sabedoria’. [Ler]

8 Mas é o espírito de Deus no homem, e um sopro do Todo-poderoso que dá a inteligência. [Ler]

9 Não são os mais velhos que são sábios, nem os anciãos que discernem o que é justo. [Ler]

10 Por isso, é que digo: ‘Escutai-me, vou mostrar-vos o que sei’. [Ler]

11 Esperei enquanto faláveis, prestei atenção em vossos raciocínios. Enquanto discutíeis, [Ler]

12 segui-vos atentamente. Mas ninguém refutou a Jó, nem respondeu aos seus argumentos. [Ler]

13 E não digais: ‘Encontramos a sabedoria; foi Deus e não um homem quem nos instrui’. [Ler]

14 Não foi a mim que dirigiu seus discursos, mas encontrarei outras respostas diferentes das vossas. [Ler]

15 Ei-los calados, já não dizem mais nada; faltam-lhes as palavras. [Ler]

16 Esperei que se calassem e cessassem de responder. [Ler]

17 É a minha vez de responder e vou também mostrar o que sei. [Ler]

18 Pois estou cheio de palavras, o espírito que está em meu peito me oprime. [Ler]

19 Meu peito é como vinho arrolhado, como um barril pronto para estourar. [Ler]

20 Tenho de falar, isso me aliviará. Abrirei meus lábios para responder. [Ler]

21 Não farei acepção de ninguém, nem adularei este ou aquele. [Ler]

22 Pois não sei bajular, do contrário, meu Criador logo me levaria. [Ler]

Capítulo 33 Ver capítulo

1 E agora, Jó, ouve as minhas palavras e atende a todos os meus discursos. [Ler]

2 Eis que abro a minha boca. Minha língua, sob o céu da boca, vai falar. [Ler]

3 Minhas palavras brotam de um coração reto e meus lábios falarão francamente. [Ler]

4 O espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-poderoso me deu a vida. [Ler]

5 Se puderes, responde-me. Toma posição e fica firme diante de mim. [Ler]

6 Em face de Deus somos iguais. Como tu, eu também fui formado do barro! [Ler]

7 Assim, meu temor não te assustará e o peso de minhas palavras não te acabrunhará. [Ler]

8 Pois, disseste aos meus ouvidos, e ouvi estas palavras: [Ler]

9 ‘Sou puro, sem pecado; sou limpo, não há culpa em mim. [Ler]

10 É ele que inventa pretextos contra mim e considera-me seu inimigo. [Ler]

11 Prendeu meus pés no cepo e vigiou todos os meus passos’. [Ler]

12 Responderei que nisto foste injusto, pois Deus é maior do que o ser humano. [Ler]

13 Por que o acusas de não dar nenhuma resposta a teus discursos? [Ler]

14 Ora, Deus fala de uma maneira e de outra e não prestas atenção.* [Ler]

15 Por meio dos sonhos, das visões noturnas, quando o sono profundo cai sobre os homens, enquanto dormem nos seus leitos, [Ler]

16 então abre os ouvidos dos mortais e os assusta com suas aparições. [Ler]

17 Isso para desviá-lo do pecado e livrá-lo do orgulho, [Ler]

18 para salvar-lhe a alma da cova e sua vida, da seta mortífera. [Ler]

19 Pela dor também é corrigido o homem em seu leito, quando todos os seus membros são agitados, [Ler]

20 quando recebe o alimento com desgosto e já não pode suportar as iguarias mais deliciosas. [Ler]

21 Sua carne se consome aos olhares e seus membros emagrecidos se desvanecem. [Ler]

22 Sua alma aproxima-se da sepultura e sua vida, daqueles que estão mortos. [Ler]

23 Se perto dele se encontrar um anjo, um intercessor entre mil, para ensinar-lhe o que deve fazer, [Ler]

24 ter piedade dele e dizer: ‘Poupai-o de descer à cova, pois recebi o resgate de sua vida’.* [Ler]

25 Sua carne retomará o vigor da mocidade e ele retornará aos dias de sua adolescência. [Ler]

26 Ele rezará a Deus, que lhe será propício, contemplará com alegria sua face e restituirá ao homem sua justiça. [Ler]

27 Cantará diante dos homens, dizendo: ‘Pequei, violei o direito, mas Deus não me tratou conforme meus erros. [Ler]

28 Poupou minha alma de descer à cova e minha alma bem viva goza a luz!’. [Ler]

29 Eis o que Deus faz duas e três vezes com o ser humano, [Ler]

30 a fim de tirar-lhe a alma da cova e iluminá-la com a luz da vida. [Ler]

31 Presta atenção, Jó, escuta-me, cala a boca para que eu fale! [Ler]

32 Se tens alguma coisa para dizer, responde-me; fala, eu gostaria de te dar razão. [Ler]

33 Se não, escuta-me, cala-te, e eu te ensinarei a sabedoria”. [Ler]

Capítulo 34 Ver capítulo

1 Eliú retomou a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Sábios, ouvi meu discurso; eruditos, prestai atenção. [Ler]

3 Pois o ouvido discerne o valor das palavras como o paladar saboreia as iguarias. [Ler]

4 Procuremos escolher o que é justo e conhecer entre nós o que é bom. [Ler]

5 Jó disse: ‘Eu sou inocente, mas Deus recusa fazer-me justiça. [Ler]

6 A despeito de meu direito, passo por mentiroso; minha ferida é incurável, sem que eu tenha pecado’. [Ler]

7 Existe um homem como Jó, que bebe a blasfêmia como quem bebe água, [Ler]

8 que anda de par com os ímpios e caminha com os perversos? [Ler]

9 Pois ele disse: ‘O homem não ganha nada em ser agradável a Deus’. [Ler]

10 Ouvi-me, pois, homens sensatos: longe de Deus a injustiça, longe do Todo-poderoso a iniquidade! [Ler]

11 Ele trata o homem conforme seus atos e dá a cada um o que merece. [Ler]

12 Pois, Deus não é injusto e o Todo-poderoso não falseia o direito. [Ler]

13 Quem lhe confiou a administração da terra? Quem lhe entregou o universo? [Ler]

14 Se lhe retomasse o sopro, se lhe retirasse o alento, [Ler]

15 toda a carne expiraria no mesmo instante, e o homem voltaria ao pó. [Ler]

16 Se tens inteligência, escuta isto, e dá ouvidos ao som de minhas palavras! [Ler]

17 Acaso um inimigo do direito poderia governar? Pode o Justo, o Poderoso cometer a iniquidade? [Ler]

18 Ele que disse a um rei: ‘Malvado!’. Ou aos príncipes: ‘Celerados!’. [Ler]

19 Ele não tem preferência pelos grandes, nem tem mais consideração pelos ricos do que pelos pobres, pois são todos obras de suas mãos. [Ler]

20 Subitamente, perecem no meio da noite; os povos vacilam e passam, o poderoso desaparece, sem o socorro de mão alguma.* [Ler]

21 Pois Deus olha para a conduta de cada um e observa todos os seus passos. [Ler]

22 Não há obscuridade, nem trevas onde o iníquo possa esconder-se. [Ler]

23 Pois não precisa olhar duas vezes para um homem para citá-lo em justiça consigo. [Ler]

24 Abate os poderosos sem inquérito e põe outros em lugar deles. [Ler]

25 Pois conhece as suas obras, derruba-os à noite e são esmagados. [Ler]

26 Fere-os como ímpios no lugar onde são vistos, [Ler]

27 porque se afastaram dele e não quiseram conhecer nenhum de seus caminhos. [Ler]

28 Fizeram chegar até Deus o clamor do pobre e tornando-o atento ao grito do infeliz. [Ler]

29 Se ele dá a paz, quem poderá censurá-lo? Se oculta sua face, quem poderá contemplá-lo? [Ler]

30 Assim trata ele o povo e o indivíduo de maneira que o ímpio não venha a reinar, e já não seja uma armadilha para o povo. [Ler]

31 Se alguém diz a Deus: ‘Fui seduzido, não mais pecarei, [Ler]

32 ensina-me o que ignoro; se cometi o mal, não mais o farei!’. [Ler]

33 Julgas, então, que ele deve punir, já que rejeitaste suas ordens? És tu quem deves escolher, não eu; dize, pois, o que sabes.* [Ler]

34 As pessoas sensatas me dirão, como qualquer homem sábio que me ouve: [Ler]

35 ‘Jó não falou conforme a razão, falta-lhe bom senso às palavras!’. [Ler]

36 Pois bem, que Jó seja provado até o fim, já que suas respostas são próprias de um ímpio. [Ler]

37 Porque a seus pecados acrescenta a revolta. Entre nós, com zombaria, bate as mãos e multiplica as palavras contra Deus”.* [Ler]

Capítulo 35 Ver capítulo

1 Eliú retomou ainda a palavra nestes termos: [Ler]

2 “Imaginas ter razão em pretender justificar-te contra Deus? [Ler]

3 Quando dizes: ‘Para que me serve isto, qual é minha vantagem em não pecar?’. [Ler]

4 Pois vou responder-te, a ti e a teus amigos. [Ler]

5 Contempla os céus e observa as nuvens: vê como são mais altas do que tu. [Ler]

6 Se pecas, que danos lhe causas? Se multiplicas tuas faltas, que mal lhe fazes? [Ler]

7 Se és justo, que vantagem lhe dás? Ou que recebe ele de tua mão? [Ler]

8 Tua maldade só prejudica o homem, teu semelhante; tua justiça só diz respeito a um ser humano. [Ler]

9 Sob o peso da opressão, geme-se, e clama-se sob a mão dos poderosos. [Ler]

10 Mas ninguém diz: ‘Onde está Deus, meu Criador, que inspira cantos de louvor em plena noite, [Ler]

11 que nos instrui mais do que aos animais selvagens e nos torna mais sábios do que as aves do céu?’.* [Ler]

12 Clamam, mas não são ouvidos, por causa do orgulho dos maus. [Ler]

13 Por certo, Deus não ouve palavras frívolas, e o Todo-poderoso não lhes presta atenção. [Ler]

14 Quando dizes que ele não se ocupa de ti, que tua causa está diante dele e que esperas sua decisão, [Ler]

15 que sua cólera não castiga e que ele ignora o pecado, [Ler]

16 Jó abre a boca para palavras ociosas e derrama-se em discursos impertinentes”. [Ler]

Capítulo 36 Ver capítulo

1 Depois Eliú prosseguiu nestes termos: [Ler]

2 “Espera um pouco e te instruirei. Tenho ainda palavras em defesa de Deus. [Ler]

3 Vou buscar longe a minha ciência, para justificar aquele que me criou. [Ler]

4 Pois minhas palavras não são certamente mentirosas e estás tratando com um homem de ciência sólida. [Ler]

5 Deus é poderoso, mas não é arrogante, é poderoso por sua ciência. [Ler]

6 Não deixa o ímpio viver, mas faz justiça aos oprimidos. [Ler]

7 Não tira seus olhos do justo e os faz assentar no trono com os reis, numa glória eterna. [Ler]

8 Se forem presos em grilhões e atados com os laços da pobreza, [Ler]

9 ele lhes fará conhecer as suas obras e as faltas que cometeram por orgulho. [Ler]

10 Abre-lhes os ouvidos para corrigi-los e diz-lhes que renunciem à iniquidade. [Ler]

11 Se escutarem e obedecerem, terminarão seus dias na felicidade e seus anos em delícias. [Ler]

12 Mas se não o escutarem, morrerão de um golpe e expirarão por falta de sabedoria. [Ler]

13 Os ímpios de coração são entregues à cólera e não clamam a Deus quando ele os aprisiona. [Ler]

14 Por isso morrem em plena mocidade e sua vida passa como a dos efeminados.* [Ler]

15 Mas Deus salvará o pobre pela sua miséria e o instrui pelo sofrimento. [Ler]

16 A ti também ele retirará das fauces a angústia, numa larga liberdade e no repouso de uma mesa bem guarnecida.* [Ler]

17 Mas tu te comportas como um malvado, com o risco de incorrer em sentença e penalidade. [Ler]

18 Toma cuidado para que a cólera não te inflija um castigo e que o tamanho do resgate não te perca. [Ler]

19 Acaso levará ele em conta teu grito na aflição e todos os esforços do vigor? [Ler]

20 Não suspires pela noite da morte, que arrebata os povos de seu lugar! [Ler]

21 Guarda-te de declinar para a iniquidade, e de preferir a injustiça ao sofrimento. [Ler]

22 Vê, Deus é sublime em seu poder! Que senhor lhe é comparável? [Ler]

23 Quem lhe fixou seus caminhos? Quem pode dizer-lhe: ‘Fizeste mal?’. [Ler]

24 Antes lembra-te de glorificar sua obra, que a humanidade celebra em seus cânticos. [Ler]

25 Todos os homens a contemplam, mas cada um a considera de longe. [Ler]

26 Deus é grande demais para que o possamos conhecer; o número de seus anos é incalculável. [Ler]

27 Atrai as gotinhas de água para transformá-las em chuva no nevoeiro. [Ler]

28 As nuvens espalham essas águas e as destilam sobre a multidão humana. [Ler]

29 Quem pode compreender como se expandem as nuvens e o estrépito que sai de sua tenda?* [Ler]

30 Espalha à sua volta sua luz e encobre as profundezas do mar. [Ler]

31 É por esse meio que governa os povos e fornece-lhes abundante alimento. [Ler]

32 Nas suas mãos esconde o raio e fixa-lhe o alvo a atingir. [Ler]

33 O seu estrondo o anuncia e o rebanho também pressente aquele que se aproxima. [Ler]

Capítulo 37 Ver capítulo

1 Por isso, tremeu o meu coração e saltou fora de seu lugar. [Ler]

2 Escutai, escutai o brado de sua voz e o estrondo que sai da sua boca! [Ler]

3 Enche dele toda a extensão do céu e seus relâmpagos atingem os confins da terra! [Ler]

4 Por detrás dele ruge uma voz e troveja com sua voz majestosa. Não retém mais seus raios quando se ouve sua voz. [Ler]

5 Deus troveja com sua voz maravilhosa, faz prodígios que não compreendemos. [Ler]

6 Diz à neve: ‘Cai sobre a terra!’. E às pancadas de chuva: ‘Sede fortes!’. [Ler]

7 Ele põe selos sobre as mãos dos homens, a fim de que todos os mortais reconheçam seu criador.* [Ler]

8 A fera também entra em seu covil e encolhe-se em sua toca. [Ler]

9 O furacão sai da câmara do sul e do norte chega o frio. [Ler]

10 Ao sopro de Deus forma-se o gelo e a superfície das águas se congela. [Ler]

11 Carrega as nuvens de vapor. As nuvens lançam por toda parte seus relâmpagos, [Ler]

12 que vão em todos os sentidos sob sua direção, para realizar tudo quanto ele ordena na face da terra. [Ler]

13 Ora é o castigo que eles trazem, ora seus benefícios. [Ler]

14 Escuta isto, Jó! Para e considera as maravilhas de Deus! [Ler]

15 Sabes como Deus as opera e faz brilhar o relâmpago de sua nuvem? [Ler]

16 Conheces a lei do equilíbrio das nuvens e o milagre daquele cuja ciência é infinita? [Ler]

17 Por que são quentes as tuas vestes, quando repousa a terra ao sopro do meio-dia? [Ler]

18 Saberás, como ele, estender as nuvens e torná-las sólidas como um espelho de metal fundido? [Ler]

19 Dá-me a conhecer o que lhe diremos. Mergulhados em nossas trevas, só sabemos objetar. [Ler]

20 Quem lhe repetirá o que digo? Acaso pedirá um homem a sua própria perdição? [Ler]

21 Agora já não se vê a luz, o sol brilha através das nuvens. Passa, porém, um vento e as varre. [Ler]

22 A luz vem do norte. Deus está envolto numa majestade temível.* [Ler]

23 Não podemos alcançar o Todo-poderoso. Ele é eminente em força e em equidade; grande na justiça, ele não tem a dar contas a ninguém. [Ler]

24 Que os homens, pois, o reverenciem! Ele não olha aqueles que se julgam sábios!”.* [Ler]

Capítulo 38 Ver capítulo

1 Então, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta:* [Ler]

2 “Quem é este que obscurece a Providência com discursos sem sentido? [Ler]

3 Cinge os teus rins como um valente! Vou interrogar-te e tu me responderás. [Ler]

4 Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra? Fala, se estiveres informado disso. [Ler]

5 Quem lhe deu as medidas, já que o sabes? Ou quem sobre ela estendeu o cordel?* [Ler]

6 Onde se assentam suas bases? Ou quem colocou nela a pedra angular, [Ler]

7 sob os alegres concertos dos astros da manhã e sob as aclamações de todos os filhos de Deus? [Ler]

8 Quem fechou com portas o mar, quando brotou do seio materno, [Ler]

9 quando lhe dei as nuvens por vestimenta e o enfaixava com névoas tenebrosas? [Ler]

10 Eu lhe tracei limites e lhe pus portas e ferrolhos, [Ler]

11 dizendo: ‘Chegarás até aqui e não irás mais longe; aqui se deterá o orgulho de tuas ondas?’. [Ler]

12 Algum dia na vida deste ordens à manhã, ou indicaste à aurora o seu lugar, [Ler]

13 para que ela alcançasse as extremidades da terra e dela sacudisse os ímpios?* [Ler]

14 A terra se molda como a argila sob o sinete e toma cor como um vestido. [Ler]

15 Aos ímpios, contudo, é recusada sua luz e se rompe o braço ameaçador.* [Ler]

16 Acaso chegaste até as fontes do mar ou passaste até o fundo do abismo? [Ler]

17 Apareceram-te, porventura, as portas da morte, ou viste a entrada da morada tenebrosa? [Ler]

18 Tens ideia da extensão da terra? Fala, se sabes tudo! [Ler]

19 Onde está o caminho para a morada da luz? Quanto às trevas, onde é o seu lugar? [Ler]

20 Poderias alcançá-las em seu domínio e reconhecer as veredas de sua morada? [Ler]

21 Deverias sabê-lo, pois já tinhas nascido e são numerosos os teus dias!* [Ler]

22 Entraste nos depósitos da neve ou visitaste os armazéns dos granizos [Ler]

23 que reservo para os tempos de tormento, para os dias de luta e de batalha? [Ler]

24 Por que caminho se espalha o nevoeiro e se expande o vento do oriente sobre a terra? [Ler]

25 Quem abre um canal para o aguaceiro e uma rota para os relâmpagos dos trovões, [Ler]

26 para fazer chover sobre uma terra desabitada e sobre um deserto sem seres humanos, [Ler]

27 para regar regiões vastas e desoladas, para nelas fazer germinar a erva verdejante? [Ler]

28 Terá a chuva um pai? Quem gera as gotas do orvalho? [Ler]

29 De que seio sai o gelo e quem engendra a geada do céu? [Ler]

30 As águas se endurecem como pedra e a superfície do abismo se congela! [Ler]

31 És tu que atas os laços das Plêiades ou desatas as correntes do Órion?* [Ler]

32 És tu que fazes sair a seu tempo as constelações ou conduzes a Ursa com seus filhos? [Ler]

33 Conheces as leis do céu e regulas sua influência sobre a terra? [Ler]

34 Levantarás a tua voz até as nuvens e o dilúvio te obedecerá? [Ler]

35 Tua ordem fará os relâmpagos surgirem e te dirão: ‘Aqui estamos?’. [Ler]

36 Quem pôs sabedoria nas nuvens e inteligência no meteoro?* [Ler]

37 Quem pode enumerar com sabedoria as nuvens e inclinar as odres do céu, [Ler]

38 para que a poeira se transforme em massa compacta e os seus torrões se aglomerem? [Ler]

39 És tu que caças a presa para a leoa ou satisfazes a fome dos leõezinhos, [Ler]

40 quando estão deitados em seus covis ou quando se emboscam nas covas? [Ler]

41 Quem prepara ao corvo o seu alimento, quando seus filhotes gritam a Deus, quando andam de um lado para outro por não terem o que comer? [Ler]

Capítulo 39 Ver capítulo

1 Sabes o tempo em que as cabras monteses dão cria nos rochedos? Observaste o parto das corças? [Ler]

2 Contaste os meses de sua gravidez e sabes o tempo de seu parto? [Ler]

3 Elas se agacham, dão cria e se livram de suas dores. [Ler]

4 Seus filhotes tornam-se fortes e crescem nos campos, apartam-se delas e não voltam mais a elas. [Ler]

5 Quem pôs o jumento selvagem em liberdade e quem rompeu os laços do asno veloz? [Ler]

6 Dei-lhe o deserto por morada e a planície salgada como lugar de habitação. [Ler]

7 Ele se ri do tumulto da cidade e não escuta os gritos do tropeiro. [Ler]

8 Explora as montanhas da sua pastagem e nela anda buscando tudo o que é verde. [Ler]

9 Quererá servir-te o boi selvagem ou passará a noite em teu estábulo? [Ler]

10 Podes prendê-lo com uma corda em seu pescoço ou fenderá ele atrás de ti os teus sulcos? [Ler]

11 Fiarás nele porque sua força é grande e lhe deixarás a seu cuidado o teu trabalho? [Ler]

12 Confiarás nele para que te traga para a casa o que semeaste e que te encha a tua eira? [Ler]

13 O avestruz bate as asas alegremente, não tem asas nem penas de bondade?* [Ler]

14 Abandona os seus ovos na terra e os deixa aquecer no solo, [Ler]

15 esquecendo-se que um pé poderá esmagá-los ou que animais selvagens poderão pisá-los. [Ler]

16 É cruel com seus filhotes, como se não fossem seus e não se incomoda de ter sofrido em vão. [Ler]

17 Pois Deus lhe negou sabedoria e não lhe concedeu inteligência. [Ler]

18 Mas, quando alça voo, ri-se do cavalo e do cavaleiro. [Ler]

19 És tu que dás vigor ao cavalo e foste tu que enfeitaste seu pescoço com uma crina ondulante? [Ler]

20 Que o fazes saltar como um gafanhoto, relinchando terrivelmente? [Ler]

21 Orgulhoso de sua força, escava a terra com a pata e atira-se à frente das armas. [Ler]

22 Ri-se do medo, nada o assusta e não recua diante da espada. [Ler]

23 Sobre ele ressoam a aljava, o ferro brilhante da lança e o dardo. [Ler]

24 Tremendo de impaciência, devora o espaço e o som da trombeta não o deixa no lugar. [Ler]

25 Ao sinal do clarim, diz: ‘Vamos!’. De longe fareja a batalha, a voz troante dos chefes e o alarido dos guerreiros. [Ler]

26 É graças à tua sabedoria que o falcão alça voo e desdobra as suas asas para o sul? [Ler]

27 É por tua ordem que a águia levanta voo e faz seu ninho nas alturas? [Ler]

28 Ela habita nos rochedos e neles passa a noite, sobre a ponta rochosa e o cimo escarpado. [Ler]

29 De lá espia sua presa, pois seus olhos penetram as distâncias. [Ler]

30 Seus filhotes se alimentam de sangue e onde quer que haja cadáveres, ali está ela”. [Ler]

Capítulo 40 Ver capítulo

1 O Senhor, dirigindo-se a Jó, lhe disse:* [Ler]

2 “Aquele que disputa com o Todo-poderoso apresente suas críticas! Aquele que discute com Deus responda!”. [Ler]

3 Jó respondeu ao Senhor nestes termos: [Ler]

4 “Leviano como sou, que posso responder-te? Ponho a minha mão sobre a boca. [Ler]

5 Falei uma vez e não repetirei, duas vezes, e nada acrescentarei”. [Ler]

6 Então, do meio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta: [Ler]

7 “Cinge os teus rins como um valente; vou interrogar-te e tu me responderás.* [Ler]

8 Queres reduzir a nada a minha justiça e condenar-me antes de ter razão?* [Ler]

9 Acaso tens um braço semelhante ao de Deus e uma voz troante como a dele? [Ler]

10 Orna-te então de grandeza e majestade, reveste-te de esplendor e de glória! [Ler]

11 Espalha as ondas de tua cólera. Com um simples olhar, abate o arrogante. [Ler]

12 Com um olhar, humilha o soberbo e esmaga os ímpios no mesmo lugar em que eles estão. [Ler]

13 Enterra-os todos juntos debaixo da terra e amarra-lhes os rostos num lugar escondido. [Ler]

14 Então, eu também te louvarei por triunfares pela força de tua mão direita. [Ler]

15 Vê Beemot, que criei contigo, que nutre-se de erva como o boi.* [Ler]

16 Sua força reside nos rins e seu vigor nos músculos do ventre. [Ler]

17 Levanta sua cauda como um cedro. Os nervos de suas coxas são entrelaçados. [Ler]

18 Seus ossos são como tubos de bronze e sua carcaça como barras de ferro. [Ler]

19 É obra-prima de Deus, foi criado como o soberano de seus companheiros. [Ler]

20 As montanhas fornecem-lhe a pastagem e todos os animais dos campos divertem-se em volta dele. [Ler]

21 Deita-se sob os lótus, no esconderijo dos caniços e dos brejos. [Ler]

22 Os lótus cobrem-no com sua sombra e os salgueiros da margem o cercam. [Ler]

23 Quando o rio transborda, ele não se assusta; mesmo que o Jordão levantasse até a sua boca, ele ficaria tranquilo. [Ler]

24 Quem o seguraria pela frente e lhe furaria as ventas para nelas passar cordas? [Ler]

25 Poderás tu fisgar Leviatã com um anzol e amarrar-lhe a língua com uma corda?* [Ler]

26 Serás capaz de passar-lhe um junco em suas ventas e de furar-lhe a mandíbula com um gancho? [Ler]

27 Ele te fará muitas súplicas e te dirigirá palavras ternas? [Ler]

28 Concluirá ele uma aliança contigo, a fim de que faças dele sempre teu escravo? [Ler]

29 Brincarás com ele como se fosse um pássaro, ou o prenderás com a coleira, para divertir teus filhos? [Ler]

30 Será ele vendido por uma sociedade de pescadores e dividido entre os negociantes? [Ler]

31 Poderás crivar-lhe a pele com dardos, ou a cabeça com arpões de pesca? [Ler]

32 Tenta pôr a mão sobre ele, sempre te lembrarás disso e não recomeçarás. [Ler]

33 Tua esperança será lograda: bastaria a sua vista para te arrasar. [Ler]

Capítulo 41 Ver capítulo

1 Ninguém é bastante ousado para provocá-lo. Quem lhe resistiria face a face? [Ler]

2 Quem pôde afrontá-lo e sair com vida? Quem, debaixo de toda a extensão do céu?* [Ler]

3 Não quero calar a glória de seus membros e falarei de seu vigor incomparável. [Ler]

4 Quem levantou a dianteira de sua couraça? Quem penetrou na dupla linha de sua dentadura? [Ler]

5 Quem lhe abriu os dois batentes da goela? Em torno dos seus dentes, só terror! [Ler]

6 Sua costa é um aglomerado de escudos, cujas juntas são estreitamente ligadas: [Ler]

7 uma encaixa na outra, nem sequer o ar passa por entre elas; [Ler]

8 uma adere tão bem à outra, que são encaixadas sem se poderem desunir. [Ler]

9 Seu espirro faz jorrar a luz e seus olhos são como as pálpebras da aurora. [Ler]

10 De sua goela saem chamas e escapam centelhas ardentes. [Ler]

11 De suas ventas sai fumaça como de uma panela que ferve entre chamas. [Ler]

12 Seu hálito queima como brasa e a chama jorra de sua goela. [Ler]

13 Em seu pescoço reside sua força, diante dele salta o espanto. [Ler]

14 As dobras de seus músculos são aderentes, esticadas sobre ele, elas são inabaláveis. [Ler]

15 Firme como a pedra é seu coração, firme como a mó fixa de um moinho. [Ler]

16 Quando se levanta, estremecem as ondas e os vagalhões do mar se afastam. [Ler]

17 Se uma espada o atinge, ela não resiste, nem a lança, nem a flecha, nem o dardo. [Ler]

18 O ferro para ele é como palha e o bronze, como madeira podre. [Ler]

19 A flecha não o afugenta, as pedras de funda são palhinhas para ele. [Ler]

20 O martelo lhe parece um fiapo de palha e ri-se do assobio da espada. [Ler]

21 Sob seu ventre há cacos pontiagudos, como uma grade de ferro que se arrasta sobre o lodo. [Ler]

22 Faz ferver o abismo como uma caldeira e transforma o mar num queimador de perfumes. [Ler]

23 Deixa atrás de si um sulco luminoso, como se o abismo tivesse cabeleira branca. [Ler]

24 Não há nada igual a ele na terra, pois foi feito para não ter medo de nada. [Ler]

25 Ele afronta tudo o que é elevado. Ele é o rei dos mais orgulhosos animais”. [Ler]

Capítulo 42 Ver capítulo

1 Jó respondeu ao Senhor nestes termos: [Ler]

2 “Sei que podes tudo e que nada te é impossível. [Ler]

3 ‘Quem é esse que obscurece assim a Providência com discursos ininteligíveis?’ É por isso que falei, sem compreendê-las, maravilhas que me superam e que não conheço. [Ler]

4 ‘Escuta-me, deixa-me falar, vou interrogar-te e tu me responderás.’ [Ler]

5 Meus ouvidos ouviram falar de ti, mas agora meus próprios olhos te viram. [Ler]

6 É por isso que me retrato e me arrependo, no pó e na cinza”. [Ler]

7 Depois que o Senhor acabou de dirigir essas palavras a Jó, disse a Elifaz de Temã: “Estou irado contra ti e contra teus dois amigos, porque não falastes corretamente de mim, como Jó, meu servo. [Ler]

8 Tomai, pois, sete touros e sete carneiros e vinde ter com meu servo Jó. Oferecei-os por vós em holocausto e meu servo Jó intercederá por vós. É em consideração a ele que não vos infligirei ignomínias por não terdes falado bem de mim, como Jó, meu servo”. [Ler]

9 Elifaz de Temã, Baldad de Suás e Sofar de Naamat foram-se então para fazer como o Senhor lhes tinha ordenado, e o Senhor tomou em consideração as orações de Jó. [Ler]

10 Enquanto Jó rezava por seus amigos, o Senhor o restabeleceu de novo em seu primeiro estado e lhe tornou em dobro tudo quanto tinha possuído. [Ler]

11 Todos os seus irmãos, todas as suas irmãs, todos os seus amigos de antes vieram visitá-lo e sentaram-se com ele à mesa em sua casa. Tiveram muito dó dele e deram-lhe condolências a respeito de todas as infelicidades que o Senhor lhe enviara. E cada um deles ofereceu-lhe uma moeda de prata e um anel de ouro. [Ler]

12 O Senhor abençoou os últimos tempos de Jó mais do que os primeiros. Teve Jó catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. [Ler]

13 Teve ainda sete filhos e três filhas: [Ler]

14 chamou a primeira Pombinha, a segunda Cássia e a terceira Azeviche. [Ler]

15 Em toda aquela terra não poderiam ser encontradas mulheres mais belas do que as filhas de Jó. E seu pai lhes destinou uma parte da herança entre seus irmãos. [Ler]

16 Depois disso, Jó viveu ainda cento e quarenta anos e conheceu até a quarta geração dos filhos de seus filhos. [Ler]

17 Depois, velho e cheio de dias, morreu. [Ler]

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