Capítulo 1 Ver capítulo

¹ Tobit, da tribo e da cidade de Neftali (situada na Galileia superior, acima de Naasson, atrás do caminho do ocidente, tendo à esquerda a cidade de Sefet), [Ler]

² foi levado para o cativeiro no tempo de Salmanasar, rei dos assírios. Embora cativo, ele não abandonou o caminho da verdade. [Ler]

³ Tudo aquilo de que podia dispor distribuía cada dia a seus irmãos de raça, que partilhavam com ele sua sorte de cativo. [Ler]

⁴ Embora fosse ele o mais jovem da tribo de Neftali, seu proceder nada tinha de pueril. [Ler]

⁵ Por isso, enquanto todos eles iam adorar os bezerros de ouro que o rei de Israel, Je­roboão, tinha feito, só ele fugia da companhia de todos e [Ler]

⁶ dirigia-se ao Templo do Senhor em Jerusalém, onde adorava o Senhor, Deus de Israel, oferecendo fielmente as primícias e os dízimos de todos os seus bens. [Ler]

⁷ De três em três anos, dava aos prosélitos e aos estrangeiros todo o seu dízimo. [Ler]

⁸ Esta e outras práticas semelhantes da Lei de Deus, tinha observado desde a sua infância. [Ler]

⁹ Quando se tornou adulto, desposou uma mulher de sua tribo, chamada Ana, da qual teve um filho, a quem deu o nome de Tobias. [Ler]

¹⁰ Ensinou-lhe desde a sua mais tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo pecado. [Ler]

¹¹ Desse modo, quando chegou com sua mulher e seu filho, como cativo, no meio de sua tribo, à cidade de Nínive, [Ler]

¹² embora todos os outros comessem dos alimentos dos pagãos, guardou sua alma pura e jamais contraiu mancha alguma com seus alimentos. [Ler]

¹³ E porque ele conservava com todo o seu coração a lembrança de Deus, Deus tornou-o simpático ao rei Salmanasar, [Ler]

¹⁴ que o autorizou a ir aonde quisesse e a fazer o que quer que lhe agradasse. [Ler]

¹⁵ Ele ia, pois, visitar todos os deportados e dava-lhes conselhos salutares. [Ler]

¹⁶ Foi um dia a Ragés, cidade da Média, com dez talentos de prata que o rei lhe tinha dado.* [Ler]

¹⁷ Encontrando entre a multidão dos seus compatriotas um homem de sua tribo, chamado Gabael, o qual se achava em dificuldades, deu-lhe a sobredita quantia de prata, mediante um recibo. [Ler]

¹⁸ Passou o tempo. Salmanasar morreu e Senaquerib, seu filho, sucedeu-lhe no trono. Ora, Senaquerib odiava os israelitas. [Ler]

¹⁹ Tobit ia diariamente visitar toda a sua parentela, consolava-a e distribuía dos seus bens a cada um, segundo as suas posses. [Ler]

²⁰ Alimentava os famintos, vestia os nus e, com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos. [Ler]

²¹ Quando o rei Senaquerib, fugindo da Judeia ao castigo com que Deus o ferira por suas blasfêmias, mandou assassinar, na sua ira, um grande número de israelitas. Tobit sepultou os seus cadáveres.* [Ler]

²² Denunciaram-no ao rei, que o mandou matar e confiscou todos os seus bens. [Ler]

²³ Tobit, porém, despojado de tudo, fugiu com seu filho e sua mulher e, como tinha muitos amigos, conseguiu permanecer oculto. [Ler]

²⁴ Ora, quarenta e cinco dias depois, o rei foi assassinado por seus filhos, [Ler]

²⁵ e Tobit voltou para a sua casa; e foram-lhe restituídos todos os seus bens.* [Ler]

Capítulo 2 Ver capítulo

¹ Algum tempo depois, em um dia de festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit. [Ler]

² Ele disse então ao seu filho: “Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo para comerem conosco”. [Ler]

³ Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido e foi aonde estava o cadáver. [Ler]

⁴ Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto. [Ler]

⁵ Tendo escondido o cadáver, começou a comer com pranto e tremor, [Ler]

⁶ lembrando-se do oráculo que o Senhor tinha pronunciado pela boca do profeta Amós: “Converterei vossas festas em luto, e vossos cânticos em elegias fúnebres” ( [Ler]

⁷ Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. [Ler]

⁸ Seus vizinhos criticavam-no unanimemente, dizendo: “Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres!”. [Ler]

⁹ Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os inumava durante a noite. [Ler]

¹⁰ Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, foi para a sua casa e deitou-se junto à parede onde adormeceu. [Ler]

¹¹ Enquanto dormia, caiu-lhe, de um ninho de andorinhas, esterco quente nos olhos e ele tornou-se cego. [Ler]

¹² Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade. [Ler]

¹³ Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. [Ler]

¹⁴ Mas perseverou firme no temor de Deus e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida. [Ler]

¹⁵ Assim como o bem-aventurado Jó foi insultado por outros chefes, assim seus parentes e amigos escarneciam de seu comportamento: [Ler]

¹⁶ “Onde está – diziam eles – essa esperança por cujo amor deste esmolas e sepultaste os mortos?”. [Ler]

¹⁷ Porém, Tobit repreendia-os, dizendo: “Não faleis assim; [Ler]

¹⁸ somos filhos dos santos (patriarcas) e esperamos aquela vida que Deus há de dar aos que não perdem jamais a sua confiança nele”.* [Ler]

¹⁹ Ora, Ana, sua mulher, ia todos os dias tecer e trazia o que ela ganhava com o trabalho de suas mãos. [Ler]

²⁰ Foi assim que, tendo trazido para casa um cabrito que recebera (como gratificação), [Ler]

²¹ seu marido ouviu-o balir e disse: “Vê que ele não tenha sido roubado; restitui-o ao seu proprietário, porque não nos é permitido comer e nem mesmo tocar, o que foi roubado”. [Ler]

²² Ao que lhe respondeu sua mulher com indignação: “Tua esperança é manifestamente vã; agora tuas esmolas mostram bem o que valem!”. Com essas e outras palavras semelhantes ela censurava-o duramente. [Ler]

Capítulo 3 Ver capítulo

¹ Tobit, então, suspirando em meio de suas lágrimas, pôs-se a orar: [Ler]

² “Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de equidade e vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça. [Ler]

³ Lembrai-vos, pois, de mim, Senhor! Não me cas­tigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados. [Ler]

⁴ Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às vossas leis. [Ler]

⁵ Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e temos sido leais para convosco. [Ler]

⁶ Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver”. [Ler]

⁷ Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana, na Média, teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. [Ler]

⁸ Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava.* [Ler]

⁹ Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe: “Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos. [Ler]

¹⁰ Queres, porventura, matar-me, como mataste todos os sete?”. Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e lá ficou três dias completos, sem comer nem beber. [Ler]

¹¹ E, orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação. [Ler]

¹² Ao terceiro dia, acabou sua oração, bendizendo o Senhor desta forma: [Ler]

¹³ “Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes, usais de misericórdia e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam. [Ler]

¹⁴ Volto-me para vós, ó Senhor, para vós levanto os meus olhos. [Ler]

¹⁵ Rogo-vos, Senhor, que me livreis dos laços deste opróbrio, ou então que me tireis de sobre a terra! [Ler]

¹⁶ Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo. [Ler]

¹⁷ Nunca frequentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas. [Ler]

¹⁸ E se consenti em casar-me, foi por vosso temor e não por paixão. [Ler]

¹⁹ Foi, sem dúvida, porque eu não era digna deles; ou, talvez, não eram eles dignos de mim; ou, então, me destinastes a outro homem. [Ler]

²⁰ Não está nas mãos do homem penetrar os vossos desígnios. [Ler]

²¹ Mas todo aquele que vos honra tem a certeza de que sua vida, se for provada, será coroada; que depois da tribulação haverá a libertação e que, se houver castigo, haverá também acesso à vossa misericórdia. [Ler]

²² Porque vós não vos comprazeis em nossa perda: após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria. [Ler]

²³ Ó Deus de Israel, que o vosso nome seja eternamente bendito!”. [Ler]

²⁴ Essas duas orações foram ouvidas ao mesmo tempo, diante da glória do Deus Altíssimo; [Ler]

²⁵ e um santo anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara, cujas preces tinham sido simultaneamente dirigidas ao Senhor.* [Ler]

Capítulo 4 Ver capítulo

¹ Tobit, julgando que sua prece tinha sido atendida e que ia morrer, chamou junto de si o seu filho [Ler]

² e disse-lhe: “Ouve, meu filho, as palavras que te vou dizer e faze que elas sejam em teu coração um sólido fundamento. [Ler]

³ Quando Deus tiver recebido a minha alma, darás sepultura ao meu corpo. Honrarás tua mãe todos os dias de tua vida, [Ler]

⁴ porque te deves lembrar de quantos perigos ela passou por tua causa (quando te trazia em seu seio). [Ler]

⁵ Quando ela morrer, tu a enterrarás junto de mim. [Ler]

⁶ Quanto a ti, conserva sempre em teu coração o pensamento de Deus; guarda-te de consentir jamais no pecado e de negligenciar os preceitos do Senhor, nosso Deus.* [Ler]

⁷ Dá esmola dos teus bens e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti. [Ler]

⁸ Sê misericordioso segundo as tuas posses. [Ler]

⁹ Se tiveres muito, dá abundantemente; se tiveres pouco, dá desse pouco de bom coração. [Ler]

¹⁰ Assim acumularás uma boa recompensa para o dia da necessidade. [Ler]

¹¹ Porque a esmola livra do pecado e da morte e preserva a alma de cair nas trevas. [Ler]

¹² A esmola será para todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante do Deus Altíssimo. [Ler]

¹³ Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação. Fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso.* [Ler]

¹⁴ Nunca permitas que o orgulho domine o teu espírito ou as tuas palavras, porque ele é a origem de todo mal. [Ler]

¹⁵ A todo o que fizer para ti um trabalho, paga o seu salário na mesma hora. Que o pagamento de teu operário não fique um instante em teu poder.* [Ler]

¹⁶ Guarda-te de jamais fazer a outrem o que não quererias que te fosse feito. [Ler]

¹⁷ Come o teu pão em companhia dos pobres e dos indigentes. Cobre com as tuas próprias vestes os que estiverem desprovidos delas. [Ler]

¹⁸ Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo, mas não o comas, nem o bebas em companhia dos pecadores.* [Ler]

¹⁹ Busca sempre conselho junto ao sábio. [Ler]

²⁰ Bendize a Deus em todo o tempo e pede-lhe que dirija os teus passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade.* [Ler]

²¹ Faço-te saber também, meu filho, que quando eras ainda pequenino, emprestei a Gabael de Ragés, cidade da Média, uma soma de dez talentos de prata, cujo recibo tenho guardado comigo. [Ler]

²² Procura, pois, um meio de ir até lá para receber o sobredito peso de prata, restituindo-lhe o recibo. [Ler]

²³ Procura viver sem cuidados, meu filho. Levamos, é certo, uma vida pobre, mas se temermos a Deus, se evitarmos todo pecado e vivermos honestamente, grande será a nossa riqueza”. [Ler]

Capítulo 5 Ver capítulo

¹ Então, Tobias respondeu a seu pai: “Tudo o que me ordenaste, meu pai, eu o farei. [Ler]

² Mas estou realmente sem saber como ir buscar esse dinheiro. Gabael não me conhece e eu tampouco o conheço. Que sinal lhe hei de dar? Não conheço nem mesmo o caminho por onde ir a essa terra”. [Ler]

³ Seu pai disse-lhe: “Tenho comigo o seu recibo. Bastará que lho mostres, para que ele te devolva imediatamente o dinheiro. [Ler]

⁴ Vai procurar um homem de confiança que te possa acompanhar, mediante uma retribuição. É preciso que recebas esse dinheiro enquanto ainda estou vivo”. [Ler]

⁵ Tendo saído, Tobias encontrou um jovem de belo aspecto, equipado como para uma viagem. [Ler]

⁶ Sem saber que se tratava de um anjo de Deus, ele o saudou e disse-lhe: “De onde és tu, ó bom jovem?”. [Ler]

⁷ Ele respondeu: “Sou israelita”. Tobias perguntou-lhe: “Conheces, porventura, o caminho para a Média?”. [Ler]

⁸ “Sem dúvida!” – respondeu ele –. “Tenho percorrido fre­quen­temente esse caminho. Hospedei-me em casa de Gabael, nosso compatriota que habita em Ragés, na Média, cidade que está situada na montanha de Ecbátana.” [Ler]

⁹ Tobias disse-lhe: “Rogo-te que esperes por mim, enquanto vou anunciar isso a meu pai”. [Ler]

¹⁰ Tendo Tobias entrado e contado o sucedido ao seu pai, este ficou muito admirado e pediu que fizesse entrar o jovem. [Ler]

¹¹ Ele entrou e saudou a Tobit: “A felicidade esteja contigo para sempre!”. [Ler]

¹² Tobit disse-lhe: “Que felicidade posso eu ter ainda? Estou nas trevas, sem poder ver a luz do céu”. [Ler]

¹³ O jovem replicou-lhe: “Tem ânimo, porque é fácil a Deus curar-te!”.* [Ler]

¹⁴ Tobit disse-lhe: “É verdade que poderás conduzir meu filho à casa de Gabael, em Ragés, na Média? Quando voltares, eu te retribuirei por isso”. [Ler]

¹⁵ Então, o anjo disse-lhe: “Eu o levarei até lá e o trarei são e salvo para junto de ti”. [Ler]

¹⁶ Tobit então perguntou-lhe: “Rogo-te que me digas de que família e de que tribo és tu?”. [Ler]

¹⁷ O anjo respondeu: “Que é que procuras: a raça do servo ou o próprio servo para acompanhar teu filho? [Ler]

¹⁸ Mas, para tranquilizar-te: eu sou Azarias, filho do grande Hananias”. [Ler]

¹⁹ “És de família distinta – respondeu Tobit –. “Rogo-te que não me queiras mal por ter querido conhecer tua origem.” [Ler]

²⁰ O anjo então disse: “Conduzirei o teu filho são e salvo e assim retornará”. [Ler]

²¹ Tobit respondeu: “Boa viagem! Que Deus esteja em vosso caminho e que o seu anjo vos acompanhe”. [Ler]

²² Prepararam o necessário para a viagem. Tobias despediu-se de seu pai e de sua mãe, e os dois viajantes partiram. [Ler]

²³ Depois que partiram, sua mãe pôs-se a chorar: “Tiraste-nos – disse ela – o bordão de nossa velhice e o apartaste de nós. [Ler]

²⁴ Prouvera a Deus que nunca tivesse havido esse dinheiro pelo qual o enviaste. [Ler]

²⁵ O pouco que temos nos bastava; a nossa riqueza era a vista de nosso filho”. [Ler]

²⁶ Tobit respondeu-lhe: “Não chores. Nosso filho chegará são e salvo e voltará também são e salvo para a nossa companhia. Tu o verás com os teus olhos. [Ler]

²⁷ Estou certo de que um bom anjo de Deus o acompanhará e disporá solicitamente tudo o que lhe diz respeito, de modo que ele tenha a alegria de voltar para nós”. [Ler]

²⁸ Ouvindo isso, sua mãe cessou de chorar e calou-se. [Ler]

Capítulo 6 Ver capítulo

¹ Tobias partiu, pois, em companhia do anjo. Também o cão foi atrás deles.Deteve-se na primeira parada à beira do rio Tigre. [Ler]

² Descendo ao rio para lavar os pés, eis que um enorme peixe se lançou sobre ele para devorá-lo. [Ler]

³ Aterrorizado, Tobias gritou, dizendo: “Senhor, ele lança-se sobre mim”. [Ler]

⁴ O anjo disse-lhe: “Pega-o pelas guelras e puxa-o para ti”. Tobias assim o fez. Arrastou o peixe para a terra, o qual se pôs a saltar aos seus pés. [Ler]

⁵ O anjo então disse-lhe: “Abre o peixe e tira-lhe o coração, o fel e o fígado. Guarda-os contigo e joga fora as entranhas. O coração, o fel e o fígado do peixe servirão para remédios muito eficazes”. Ele assim o fez. [Ler]

⁶ A seguir, assou uma parte da carne do peixe, que levaram consigo pelo caminho. Salgaram o resto, para que lhes bastasse até chegarem a Ragés, na Média. [Ler]

⁷ Entretanto, Tobias interrogou o anjo: “Azarias, meu irmão, peço-te que me digas qual é a virtude curativa dessas partes do peixe que me mandaste guardar”. [Ler]

⁸ O anjo respondeu-lhe: “Se puseres um pedaço do coração sobre brasas, a sua fumaça expulsará toda espécie de mau espírito, tanto do homem como da mulher e impedirá que ele volte de novo a eles. [Ler]

⁹ Quanto ao fel, pode-se fazer com ele um unguento para os olhos que foram atingidos por manchas brancas, porque ele tem a propriedade de curar”. [Ler]

¹⁰ Em seguida, Tobias disse-lhe: “Onde queres que pousemos?”. [Ler]

¹¹ “Há aqui – respondeu o anjo – um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filho nem filha.* [Ler]

¹² Todos os seus bens te devem pertencer: mas é preciso que a recebas por esposa.* [Ler]

¹³ Pede-a, pois, ao seu pai e ele a dará por esposa. [Ler]

¹⁴ Tobias replicou: “Ouvi dizer que ela já teve sete maridos e que todos morreram. Diz-se mesmo que foi um demônio que os matou, [Ler]

¹⁵ por isso, eu temo que o mesmo venha a me acontecer, a mim que sou filho único e, desse modo, faça descer lamentavelmente a velhice de meus pais à habitação dos mortos”. [Ler]

¹⁶ O anjo respondeu-lhe: “Ouve-me e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder:* [Ler]

¹⁷ são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder. [Ler]

¹⁸ Tu, porém, quando te casares e entrares na câmara nupcial, viverás com ela em castidade durante três dias e não vos ocupareis de outra coisa senão de orar juntos. [Ler]

¹⁹ Na primeira noite, queimarás o fígado do peixe e será posto em fuga o demônio. [Ler]

²⁰ Na segunda noite, serás admitido na sociedade dos santos patriarcas. [Ler]

²¹ Na terceira noite, receberás a bênção que vos dará filhos cheios de saúde. [Ler]

²² Passada essa terceira noite, te aproximarás da jovem no temor ao Senhor, mais com o desejo de ter filhos que o ímpeto da paixão. Obterás assim para os teus filhos a bênção prometida à raça de Abraão”.* [Ler]

Capítulo 7 Ver capítulo

¹ Chegaram, pois, à casa de Raguel, que os recebeu cordialmente. [Ler]

² Vendo Tobias, Raguel disse a Edna, sua mulher: “Como este jovem é parecido com meu primo”. [Ler]

³ Dito isso, perguntou: “De onde viestes, ó jovens?”. Eles responderam: “Somos da tribo de Neftali, dos deportados de Nínive”. [Ler]

⁴ Raguel prosseguiu: “Co­nheceis, porventura, o meu primo Tobit?”. “Certamente” – responderam. [Ler]

⁵ E como Raguel começasse a elogiar Tobit, o anjo disse-lhe: “Esse Tobit de que falas é o pai deste jovem”. [Ler]

⁶ Raguel lançou-se então ao pescoço de Tobias, beijou-o com lágrimas e disse: [Ler]

⁷ “Abençoado sejas, meu filho, porque és filho de um homem de bem!”. [Ler]

⁸ Edna, sua mulher e Sara, sua filha, tinham também os olhos cheios de lágrimas. [Ler]

⁹ Depois que conversaram, Raguel mandou matar um carneiro para preparar um jantar. E quando lhes rogava que tomassem lugar à mesa, [Ler]

¹⁰ Tobias disse-lhe: “Não comerei nem beberei aqui hoje, antes que me tenhas prometido conceder o que te vou pedir: dá-me Sara, tua filha, por mulher”. [Ler]

¹¹ Essas palavras encheram Raguel de espanto, pensando no que tinha acontecido aos sete maridos que se tinham aproximado dela e começou a temer que tal desgraça se repetisse mais uma vez. E como ele hesitasse em dar uma resposta a Tobias, [Ler]

¹² o anjo disse-lhe: “Não temas dar-lhe tua filha, porque é deste piedoso servo de Deus que ela deve ser mulher. Por isso, nenhum outro pôde tê-la”. [Ler]

¹³ Então, Raguel disse: “Não tenho mais dúvidas de que Deus admitiu em sua presença minhas lágrimas. [Ler]

¹⁴ Estou persuadido de que ele vos fez vir à minha casa unicamente para que minha filha desposasse um seu parente, segundo a Lei de Moisés. Não temas, eu hei de te dar Sara por esposa”.* [Ler]

¹⁵ E, tomando a mão direita de sua filha, a pôs na de Tobias, dizendo: “Que o Deus de Abraão, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó esteja convosco; que ele vos una e derrame sobre vós a sua bênção”. [Ler]

¹⁶ Tomou em seguida o papel e redigiram o ato do matrimônio. [Ler]

¹⁷ E celebraram alegremente uma festa, agradecendo a Deus. [Ler]

¹⁸ Raguel chamou Então, sua mulher e mandou-lhe que preparasse outro aposento. [Ler]

¹⁹ Ela introduziu ali Sara, sua filha, e esta se pôs a chorar. [Ler]

²⁰ Mas ela disse-lhe: “O Senhor do céu te encha de alegria pelos males que tens sofrido”. [Ler]

Capítulo 8 Ver capítulo

¹ Depois do jantar, introduziram o jovem no aposento de Sara. [Ler]

² E Tobias, fiel às indicações do anjo, tirou do seu alforje uma parte do fígado e o pôs sobre brasas acesas. [Ler]

³ Nesse momento, o anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do Alto Egito. [Ler]

⁴ Então, Tobias encorajou a jovem com estas palavras: “Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite, consumaremos nossa união; [Ler]

⁵ porque somos filhos dos santos patriarcas e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus”. [Ler]

⁶ Levantaram-se, pois, ambos e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida. [Ler]

⁷ Tobias disse: “Senhor, Deus de nossos pais, bendigam-vos o céu, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem. [Ler]

⁸ Vós fizestes Adão do limo da terra e destes-lhe Eva por companheira. [Ler]

⁹ Ora, vós sa­beis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito”. [Ler]

¹⁰ E Sara acrescentou: “Tende piedade de nós, Senhor; tende piedade de nós e fazei que cheguemos juntos a uma ditosa velhice!”. [Ler]

¹¹ Ora, ao cantar do galo, Raguel chamou os seus criados e foram juntos cavar uma sepultura. [Ler]

¹² “Quem sabe – dizia ele – se não aconteceu a esse o mesmo que aos outros sete homens que se aproximaram dela?” [Ler]

¹³ Cavada a fossa, voltou para junto de sua mulher e disse: [Ler]

¹⁴ “Manda uma de tuas escravas ver se ele morreu, a fim de que eu possa enterrá-lo antes de clarear o dia”. [Ler]

¹⁵ Ela o fez. E a serva, tendo entrado no aposento, encontrou-os bem vivos, dormindo juntos. [Ler]

¹⁶ Ela voltou e deu essa boa notícia; e Raguel com sua mulher louvaram o Senhor, dizendo: [Ler]

¹⁷ “Nós vos bendizemos, Senhor, Deus de Israel, porque não se realizou o que temíamos. [Ler]

¹⁸ Usastes conosco de vossa misericórdia, expulsando para longe de nós o inimigo que nos perseguia, [Ler]

¹⁹ e tivestes piedade de dois filhos únicos. Fazei, ó Senhor, que eles vos bendigam sempre mais e vos ofereçam um sacrifício de louvor pela sua conservação, a fim de que todas as nações pagãs conheçam que vós sois o único Deus de toda a terra”. [Ler]

²⁰ Raguel ordenou imediatamente aos seus criados que fechassem a cova, antes do amanhecer. [Ler]

²¹ Disse à sua mulher que aprontasse um banquete e preparasse todos os víveres necessários aos viajantes. [Ler]

²² Mandou também matar duas vacas gordas e quatro carneiros, destinados a um festim para todos os seus vizinhos e amigos. [Ler]

²³ E instou com Tobias que ficasse com ele durante duas semanas. [Ler]

²⁴ Presenteou Tobias com a metade de seus bens e redigiu um documento estipulando que a outra metade se tornaria também, depois de sua morte, propriedade de Tobias. [Ler]

Capítulo 9 Ver capítulo

¹ Tobias chamou então a si o anjo, que ele julgava ser um homem e disse-lhe: “Azarias, meu irmão, peço-te que me ouças. [Ler]

² Ainda que eu me fizesse teu escravo, não seria isso uma retribuição digna por teus cuidados. [Ler]

³ Não obstante, vou pedir-te ainda que tomes contigo cavalos e servos e vás à casa de Gabael, em Ragés, na Média. Devolve-lhe o seu recibo e recebe o dinheiro. Convida-o também para o meu casamento. [Ler]

⁴ Bem sabes que meu pai conta os dias. Se eu tardar um dia mais, ele sofrerá com isso. [Ler]

⁵ Vês, por outro lado, como Raguel insistiu em que eu me demorasse aqui e não lho posso recusar”. [Ler]

⁶ Rafael tomou então quatro servos de Raguel, dois camelos e partiu para Ragés, na Média. Encontrando Gabael, entregou-lhe o recibo e recebeu dele todo o dinheiro. [Ler]

⁷ Contou-lhe toda a aventura de Tobias e fê-lo vir consigo às núpcias. [Ler]

⁸ Tobias estava à mesa, quando Gabael entrou na casa de Raguel. Lançaram-se nos braços um do outro e Gabael louvava a Deus com lágrimas de alegria. [Ler]

⁹ “Que o Deus de Israel te abençoe – disse ele – porque és filho de um homem de bem, justo, piedoso e esmoler. [Ler]

¹⁰ Abençoe também a tua mulher e os vossos pais; [Ler]

¹¹ possais ver os vossos filhos e os filhos de vossos filhos, até a terceira e a quarta gerações! [Ler]

¹² Bendita seja a vossa raça pelo Deus de Israel que reina em toda a eternidade!” “Amém” – responderam eles. E todos se puseram à mesa. E foi no temor do Senhor que celebraram o festim das núpcias. [Ler]

Capítulo 10 Ver capítulo

¹ O casamento de Tobias tinha retardado a sua volta. Seu pai, muito inquieto, dizia: “Por que será que meu filho tarda tanto? Por que se demora lá? [Ler]

² Teria Gabael porventura falecido, de sorte que não haveria ninguém para restituir o dinheiro?”. [Ler]

³ Ele entristeceu-se extremamente com isso, assim como Ana, sua mulher, e ambos se puseram a chorar, porque seu filho não voltava no tempo previsto. [Ler]

⁴ Ana, principalmente, derramava lágrimas inesgotáveis e dizia: “Ai, ai, meu filho! Por que te mandamos lá? Tu que eras a luz de nossos olhos, o bordão de nossa velhice, a consolação de nossa vida e a esperança de nossa raça! [Ler]

⁵ Nós, que em ti só tínhamos tudo, não te devíamos ter deixado ir para longe de nós”. [Ler]

⁶ Tobit dizia-lhe: “Cala-te, não te aflijas! Nosso filho está passando bem. Aquele homem com quem nós o mandamos é um homem de confiança”. [Ler]

⁷ Mas ela continuava inconsolável. Todos os dias saía para fora, olhava para todos os lados e corria por todos os caminhos, por onde poderia voltar o filho, a fim de vê-lo ao longe, se fosse possível. [Ler]

⁸ Entretanto, Raguel dizia ao seu genro: “Fica aqui, mandarei notícias a Tobit, teu pai, a respeito de tua saúde”. [Ler]

⁹ Mas Tobias disse-lhe: “Sei que meu pai e minha mãe contam os dias e que se acham em grande tormento”. [Ler]

¹⁰ Raguel insistiu ainda, apresentando muitas razões, mas Tobias não quis ouvi-lo. Então, entregou-lhe Sara com a metade de seus bens: escravos e escravas, bois e ovelhas, asnos e camelos, roupas, dinheiro e utensílios. E deixou-os partir com saúde e alegria. [Ler]

¹¹ Ao despedir-se de Tobias, disse: “Que o santo anjo do Senhor vos acompanhe pelo caminho e vos conduza sãos e salvos. Faço votos de que encontreis tudo em ordem em casa de vossos pais e que eu possa ver os vossos filhos antes de morrer!”. [Ler]

¹² Os pais beijaram sua filha e deixaram-na partir, [Ler]

¹³ recomendando-lhe que honrasse seus sogros, amasse o seu marido, educasse bem a sua família e governasse a sua casa, conservando-se ela mesma irrepreensível.* [Ler]

Capítulo 11 Ver capítulo

¹ De regresso, chegaram no décimo primeiro dia de viagem a Caserin, que está a meio caminho na direção de Nínive.* [Ler]

² O anjo disse então: “Tobias, meu irmão, tu sabes em que estado deixaste o teu pai. [Ler]

³ Se for do teu agrado, poderíamos tomar a dianteira, deixando a tua mulher, os servos e os rebanhos seguirem devagar pelo caminho”. [Ler]

⁴ Tendo Tobias concordado com esse parecer, Rafael disse-lhe: “Leva contigo o fel do peixe, porque vais precisar dele”. Tomou, pois, Tobias o fel e partiram. [Ler]

⁵ Ana, por sua vez, ia todos os dias assentar-se perto do caminho, no cimo de uma colina, de onde podia ver ao longe. [Ler]

⁶ Ela espreitava ali a volta de seu filho, quando o viu de longe que voltava e o reconheceu. Correu ao seu marido e disse-lhe: “Eis que aí vem o teu filho!”. [Ler]

⁷ Ora, Rafael tinha dito a Tobias: “Logo que entrares em tua casa, adorarás o Senhor, teu Deus, e lhe darás graças. Irás em seguida beijar teu pai [Ler]

⁸ e lhe porá imediatamente nos olhos o fel do peixe que tens contigo. Sabe que seus olhos se abrirão instantaneamente e que teu pai verá a luz do céu. E, vendo-te, ficará cheio de alegria”. [Ler]

⁹ O cão, que os tinha acompanhado durante a viagem, correu então adiante como um mensageiro e mostrava o seu contentamento fazendo festas e abanando a cauda. [Ler]

¹⁰ O pai cego levantou-se e pôs-se a correr, tropeçando. Dando então a mão a um criado, foi ao encontro de seu filho. [Ler]

¹¹ Abraçou-o e beijou-o, fazendo o mesmo sua mulher e ambos começaram a chorar de alegria. [Ler]

¹² Só se assentaram depois de terem adorado e agradecido a Deus. [Ler]

¹³ Tobias tomou então o fel do peixe e o pôs nos olhos de seu pai. [Ler]

¹⁴ Depois de ter esperado cerca de meia hora, começou a sair-lhe dos olhos uma belida branca como a membrana de um ovo. [Ler]

¹⁵ Tobias tomou-a e a arrancou dos olhos de seu pai, o qual recobrou instantaneamente a vista. [Ler]

¹⁶ E louvaram a Deus, ele, sua mulher e todos os que o conheciam. [Ler]

¹⁷ “Bendigo-vos, Senhor, Deus de Israel” –, dizia ele – porque depois de me terdes provado, me salvastes: eis que vejo o meu filho Tobias!” [Ler]

¹⁸ Sete dias depois, chegou também Sara, mulher de seu filho, com todos os seus servos, em boa saúde, com os rebanhos, os camelos, o grande dote da esposa e mais o dinheiro recebido de Gabael. [Ler]

¹⁹ Tobias contou a seus pais todos os benefícios que Deus lhe tinha feito por intermédio de seu guia. [Ler]

²⁰ Chegaram também Aicar e Nadab, primos de Tobit, felizes de poderem congratular-se com ele pelos benefícios que Deus lhe tinha prodigalizado.* [Ler]

²¹ Durante sete dias houve festa e grande regozijo. [Ler]

Capítulo 12 Ver capítulo

¹ Então, Tobit chamou seu filho e disse-lhe: “Que havemos nós de dar a esse santo homem que te acompanhou?”. [Ler]

² “Meu pai –, respondeu ele – que gratificação lhe havemos de dar? Que presente pode­rá igualar os seus benefícios? [Ler]

³ Ele levou-me e trouxe-me em boa saúde; foi receber o dinheiro de Gabael; fez-me ter uma mulher e afugentou dela o demônio; encheu de alegria os seus pais; livrou-me de ser devorado pelo peixe e fez-te rever a luz do céu; enfim, ele cumulou-nos de toda a sorte de benefícios. Que presente poderia igualar a tudo isso? [Ler]

⁴ Rogo-te, meu pai, que lhe peças se digne aceitar a metade de tudo o que trouxemos.” [Ler]

⁵ Chamaram-no, pois, o pai e o filho e, tomando-o à parte, rogaram-lhe que aceitasse a metade de tudo o que tinham trazido. [Ler]

⁶ Então, ele falou-lhes discretamente: “Bendizei o Deus do céu e dai-lhe glória diante de todo o ser vivente, porque ele usou de misericórdia para convosco. [Ler]

⁷ Se é bom conservar escondido o segredo do rei, é coisa louvável revelar e publicar as obras de Deus. [Ler]

⁸ Boa coisa é a oração acompanhada de jejum e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos, [Ler]

⁹ porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna; [Ler]

¹⁰ aqueles, porém, que praticam a injustiça e o pecado são os seus próprios inimigos. [Ler]

¹¹ Vou descobrir-vos a verdade, sem nada vos ocultar. [Ler]

¹² Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor. [Ler]

¹³ Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse. [Ler]

¹⁴ Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho. [Ler]

¹⁵ Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor”. [Ler]

¹⁶ Ao ouvir essas palavras, eles ficaram fora de si e, tremendo, prostraram-se com o rosto por terra. [Ler]

¹⁷ Mas o anjo dis­se-lhes: “A paz seja convosco: não temais. [Ler]

¹⁸ Quando eu estava convosco, eu o estava por vontade de Deus: rendei-lhe graças, pois, com cânticos de louvor. [Ler]

¹⁹ Parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento é um manjar invisível e minha bebida não pode ser vista pelos homens. [Ler]

²⁰ É chegado o tempo de voltar para aquele que me enviou: vós, porém, bendizei a Deus e publicai todas as suas maravilhas”. [Ler]

²¹ Acabando de dizer essas palavras, desapareceu diante deles e eles não viram mais nada. [Ler]

²² Durante três horas permaneceram prostrados por terra, bendizendo a Deus. Depois levantaram-se e publicaram todas essas maravilhas. [Ler]

Capítulo 13 Ver capítulo

¹ Tobit tomou, então, a palavra e, em um transporte de alegria, escreveu esta prece: “Sois grande, Senhor, na eternidade, vosso reino estende-se a todos os séculos. [Ler]

² Porque vós provais e, em seguida, salvais. Conduzis a profundos abismos e deles tirais; e não há quem possa escapar à vossa mão. [Ler]

³ Celebrai o Senhor, filhos de Israel. Louvai-o em presença das nações. [Ler]

⁴ Porque, se ele vos dispersou entre povos que o não conhecem, foi para que publiqueis as suas maravilhas e lhes façais reconhecer que não há outro Deus onipotente senão ele. [Ler]

⁵ Castigou-nos por causa das nossas iniquidades, mas nos salvará por sua misericórdia. [Ler]

⁶ Considerai, agora, o que fez por nós e bendizei-o com temor e tremor; por vosso comportamento, glorificai o rei dos séculos. [Ler]

⁷ Quanto a mim, rendo-lhe graças na terra do meu cativeiro, porque manifestou sua majestade sobre um povo criminoso.* [Ler]

⁸ Convertei-vos, pecadores, e praticai a justiça diante de Deus, na confiança que vos fará misericórdia. [Ler]

⁹ Nele me alegrarei de todo o coração. [Ler]

¹⁰ Dai graças ao Senhor, vós todos, seus eleitos; celebrai dias de alegria e rendei-lhe louvores. [Ler]

¹¹ Jerusalém, cidade santa! Deus te castigou por teu mau procedimento. [Ler]

¹² Confessa a Deus como convém e louva o rei dos séculos, para que ele reedifique o teu santuário. Reúna em ti os que foram deportados e possas alegrar-te sem fim! [Ler]

¹³ Hás de refulgir qual esplêndida luz e todos os povos da terra te venerarão. [Ler]

¹⁴ Nações de longe virão a ti, com presentes, adorar o Senhor em teus muros e considerarão o teu solo como um santuário. [Ler]

¹⁵ Porque em teu recinto invocarão o grande nome. [Ler]

¹⁶ Maldito seja quem te desprezar; desonrado, quem te caluniar; bendito seja quem te reconstruir! [Ler]

¹⁷ Tu te alegrarás nos teus filhos, porque serão todos abençoados e se reunirão junto do Senhor. [Ler]

¹⁸ Ditosos todos os que te amam: na tua paz encontrarão sua alegria. [Ler]

¹⁹ Ó minha alma, bendize ao Senhor, porque o Senhor, nosso Deus, livrou Jerusalém de todas as suas tribulações. [Ler]

²⁰ Feliz serei, se ficar um homem de minha raça para ver o esplendor de Jerusalém: [Ler]

²¹ suas portas serão reconstruídas com safiras e esmeraldas, seus muros serão inteiramente de pedras preciosas,* [Ler]

²² suas praças serão pavimentadas de mosaicos e rubis, e em suas ruas cantarão: Aleluia! [Ler]

²³ Bendito seja Deus que te restituiu tal esplendor! Que ele reine sobre ti eternamente!”. [Ler]

Capítulo 14 Ver capítulo

¹ Tal foi o cântico de Tobit. [Ler]

² Tobit morreu em paz, na idade de cento e doze anos. Foi sepultado com muita honra em Nínive. [Ler]

³ Tinha sessenta e dois anos quando ficou cego. [Ler]

⁴ Todo o restante de sua vida se passou na alegria. E a paz de que gozou foi em proporção aos seus progressos no temor a Deus. [Ler]

⁵ Quando veio a hora de sua morte, chamou à sua presença o seu filho Tobias, com os sete filhos deste e disse-lhes: [Ler]

⁶ “Está próxima a ruína de Nínive, porque a palavra de Deus não falha; os nossos irmãos, que foram dispersos para longe da pátria de Israel, voltarão para ela. [Ler]

⁷ Todo o seu país deserto será repovoado e a casa de Deus, que ali foi queimada, será re­cons­truída. Todos os homens que temem a Deus voltarão para ela [Ler]

⁸ e as nações pagãs abandonarão os seus ídolos e virão habitar em Jerusalém. [Ler]

⁹ Todos os reis da terra se alegrarão de apresentar suas homenagens ao rei de Israel. [Ler]

¹⁰ Ouvi, pois, o vosso pai, meus filhos. Servi fielmente o Senhor e procurai fazer o que lhe é agradável. [Ler]

¹¹ Recomendai aos vossos filhos que pratiquem a justiça, sejam caridosos e esmoleres, que se lembrem de Deus e o bendigam em todo o tempo, fielmente e com todas as suas forças. [Ler]

¹² E agora, meus filhos, ouvi-me: não fiqueis aqui; mas, no dia em que tiverdes enterrado vossa mãe junto de mim no mesmo túmulo, ponde-vos logo a caminho para deixar estes lugares; [Ler]

¹³ porque eu vejo que a iniquidade desta cidade será a causa de sua queda.”* [Ler]

¹⁴ Depois da morte de sua mãe, Tobias partiu de Nínive com sua mulher, seus filhos e seus netos e voltou para a casa de seus sogros. [Ler]

¹⁵ Encontrou-os em perfeita saúde, numa ditosa velhice. Teve para com eles todas as atenções e fechou-lhes os olhos. Tomou posse de toda a herança da casa de Raguel e viu os filhos de seus filhos até a quinta geração. [Ler]

¹⁶ Morreu com alegria, tendo vivido noventa e nove anos no temor ao Senhor e seus filhos o sepultaram. [Ler]

¹⁷ Toda a sua parentela e toda a sua descendência perseveraram numa vida íntegra e santo procedimento, de modo que foram amados tanto por Deus como pelos homens e por todos os seus compatriotas. [Ler]