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Capítulo 1 Ver capítulo

1 Havia na terra de Hus um homem, chamado Job. Este homem era sincero, recto, temia a Deus e fugia do mal. [Ler]

2 Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. [Ler]

3 Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas e um grande número de servos. Este homem era o maior entre todos os Orientais. [Ler]

4 Seus filhos iam e banqueteavam-se em suas casas, cada um em seu dia, e mandavam convidar suas três irmãs para irem comer e beber com eles. [Ler]

5 Tendo decorrido o turno dos dias de banquete, Job mandava chamar seus filhos, purificava-os e, levantando-se de madrugada, oferecia holocausto por cada um deles, porque dizia: Talvez meus filhos tenham pecado, ofendido a Deus nos seus corações. Assim fazia Job de cada vez. [Ler]

6 Porém um certo dia, tendo-se os filhos de Deus (isto é, os anjos) apresentado diante do Senhor, encontrou-se também Satanás entre eles. [Ler]

7 O Senhor disse-lhe: Donde vens tu? Ele respondeu: Venho de dar uma volta pela terra e de passear por ela. [Ler]

8 O Senhor disse-lhe: Porventura consideraste o meu servo Job? Não há semelhante a ele na terra: homem sincero e recto, teme a Deus e foge do mal? [Ler]

9 Satanás, respondeu: Porventura Job teme (ou serve) debalde a Deus? [Ler]

10 Não o cercaste de um vaiado protetor, a ele, à sua casa e a todos os seus bens? Não abençoaste as obras de suas mãos, e os seus bens não se têm multiplicado sobre a terra? [Ler]

11 Mas estende tu um pouco a tua mão, toca em tudo o que ele possui, e verás se ele te não amaldiçoa na tua face. [Ler]

12 Disse, pois, o Senhor a Satanás: Pois bem, tudo o que ele tem está era teu poder; sòmente não estendas a tua mão contra ele. Satanás saiu da presença do Senhor. [Ler]

13 Um dia, enquanto os filhos e as filhas de Job estavam comendo e bebendo vinho em casa do seu irmão primogênito, [Ler]

14 foi ter com Job um mensageiro, que lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pastavam junto deles; [Ler]

15 de repente acometeram-nos os Sabeus, que levaram tudo e passaram à espada os criados; só eu escapei para te trazer a nova. [Ler]

16 Estando ainda este a falar, veio outro e disse: O fogo de Deus caiu do céu, e, ferindo as ovelhas e os pastores, consumiu-os; escapei eu só para te trazer a nova. [Ler]

17 Ainda este falava, quando chegou outro, que disse: Os Caldeus dividiram-se era três esquadrões, lançaram-se sobre os camelos e levaram-nos, e passaram à espada os criados; só eu escapei para te trazer a nova. [Ler]

18 Ainda este estava falando, quando entrou outro, que disse: Estando teus filhos e filhas comendo e, bebendo vinho em casa de seu irmão mais velho, [Ler]

19 de repente levantou-se um vento muito forte da banda do deserto, que abalou os quatro cantos da casa, a qual, caindo, esmagou os teus filhos, que morreram; só escapei eu para te trazer a nova. [Ler]

20 Então levantou-se Job, rasgou as suas vestes e rapou a cabeça; depois prostrou-se por terra, adorou (o Senhor) [Ler]

21 e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá (para o seio da terra); o Senhor o deu, o Senhor o tirou, como foi do agrado do Senhor, assim sucedeu; bendito seja o nome do Senhor. [Ler]

22 Em todas estas coisas Job não pecou com os seus lábios, nem disse coisa alguma insensata contra Deus. [Ler]

Capítulo 2 Ver capítulo

1 Ora sucedeu que, em certo dia, tendo comparecido os filhos de Deus diante do Senhor, foi também Satanás entre eles, e pôs-se na sua presença. [Ler]

2 O Senhor disse a Satanás: Donde vens tu? Ele respondeu: De dar uma volta pela terra e de passear por ela. [Ler]

3 O Senhor disse a Satanás: Não consideraste o meu servo Job? Não há outro semelhante a ele na terra: homem sincero e recto, teme a Deus e foge do mal. Ainda conserva a sua perfeição, apesar de me haveres incitado contra ele, para o afligir em vão. [Ler]

4 Satanás respondeu: Pele por pele! O homem dará tudo o que possui pela sua vida. [Ler]

5 Mas (experimenta), estende a tua mão, toca-lhe nos ossos e na carne, e então verás se ele te não amaldiçoa cara a cara. [Ler]

6 Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; conserva, porém, a sua vida. [Ler]

7 Satanás, tendo saído da presença do Senhor, feriu Job com uma chaga horrível, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. [Ler]

8 E Job, sentado sobre a cinza, raspava a podridão com um pedaço de telha. [Ler]

9 Sua mulher disse-lhe: Ainda perseveras na tua integridade? Maldiz a Deus e morre. [Ler]

10 Job respondeu-lhe: Falaste como uma mulher insensata; se nós recebemos os bens da mão de Deus por que não havemos de receber também os males? Em todas estas coisas Job não pecou com os seus lábios. [Ler]

11 Ora os três amigos de Job, tendo ouvido todo o mal que lhe havia sucedido, foram (ter com ele), cada um do seu lugar: Elifaz de Teman, Baldad de Suhé, e Sofar de Naama. Tinham combinado irem juntos visitá-lo e consolá-lo. [Ler]

12 Tendo, de longe, levantado os olhos, não o conheceram; então, erguendo a voz, choraram e, rasgadas as suas vestes, lançaram pó ao ar sobre as suas cabeças. [Ler]

13 Sentaram-se com ele por terra durante sete dias e sete noites, e nenhum lhe dizia palavra, porque viam quão veemente era a sua dor. [Ler]

Capítulo 3 Ver capítulo

1 Depois disto Job abriu a sua boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. [Ler]

2 Falou assim: [Ler]

3 Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem. [Ler]

4 Converta-se aquele dia em trevas. Deus não cuide dele do alto do céu, nem seja (esse dia) iluminado pela luz. [Ler]

5 Escureçam-no as trevas e a sombra da morte, cerque-o uma negra escuridão, e seja envolte em amargura. [Ler]

6 Que as trevas se apoderem daquela noite, não seja ela contada entre os dias do ano, nem seja numerada entre os meses. [Ler]

7 Seja solitária aquela noite, não se ouça nela grito algum de alegria! [Ler]

8 Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, os que sabem evocar Leviathan. [Ler]

9 Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo (matutino), espere a luz, mas não a veja, nem veja o abrir das pálpebras da aurora, [Ler]

10 porque não fechou o ventre que me trouxe, nem apartou de meus olhos os males. [Ler]

11 Por que não morri eu dentro do ventre materno? por que não pereci logo que saí dele? [Ler]

12 Por que fui recebido sobre dois joelhos? por que me amamentaram dois seios? [Ler]

13 Agora, dormindo, estaria em silêncio, e descansaria no meu sono, [Ler]

14 juntamente com os reis e com os árbitros da terra, que fabricam para si mausoléus; [Ler]

15 com os príncipes que possuem oiro, e que enchem as suas casas de prata. [Ler]

16 Ou, então, como um aborto escondido, eu não existiria, como os que, depois de concebidos, não viram a luz. [Ler]

17 Ali (no sepulcro) os impios cessam de tumultos, ali repousam os cansados de forças. [Ler]

18 Ali estão em paz todos os cativos, sem ouvir a voz do (cruel) comitre. [Ler]

19 O pequeno e o grande ali estão, e o escravo está livre do seu senhor. [Ler]

20 Por que foi concedida a luz aos infelizes, a vida aos que estão em amargura de ânimo, [Ler]

21 os quais esperam a morte que não vem, que a buscam mais ardentemente que um tesouro, [Ler]

22 e ficam transportados de alegria quando encontram o sepulcro? [Ler]

23 (Por que foi dada a vida) a um homem (conto eu) que não sabe o caminho, e a quem Deus cercou completamente? [Ler]

25 O mal que eu temo, acontece-me, o que receio, cai sobre mim. [Ler]

26 Não tenho paz nem sossego, não tenho repouso, mas apenas perturbação. [Ler]

Capítulo 4 Ver capítulo

1 Então, tomando a palavra Elifaz de Teman, disse: [Ler]

2 Se começarmos a falar-e, talvez tu o leves a mal; [Ler]

3 mas, quem poderá conter a palavra concebida? Eis que ensinaste a muitos, deste vigor a mãos cansadas. [Ler]

4 A s tuas palavras firmaram-os que vacilavam, fortaleceste os joelhos trêmulos; [Ler]

5 porém, agora que veio sobre li (a desgraça), desfaleceste; feriu-te, e tu te perturbaste. [Ler]

6 A tua piedade não é a tua esperança? A perfeição dos teus caminhos não é a lua segurança? [Ler]

7 Lembra-te: que inocente pereceu jamais? ou quando foram os justos destruídos? [Ler]

8 Quanto a mim, tenho visto que os que praticam a iniquidade, os que semeiam dores, as segam. [Ler]

9 Perecem, a um sopro de Deus, são consumidos por um sopro da sua ira. [Ler]

10 (Assim é abafado) o rugido do leão, o grito da leoa; (assim) os dentes dos cachorros dos leões são despedaçados. [Ler]

11 O leão morre por falta de presa, e os cachorros dos leões são dispersos. [Ler]

12 A mim foi dita uma palavra em segredo, os meus ouvidos, como às furtadelas, perceberam o seu débil som. [Ler]

13 No horror de uma visão noturna, quando o sono costuma apoderar-se dos homens, [Ler]

14 o medo e o tremor me assaltaram, e todos os meus ossos estremeceram. [Ler]

15 Ao passar diante de mim um espirito, os meus cabelos se arripiaram. [Ler]

16 Parou alguém diante (de mim), cujo rosto eu não conhecia, um espectro diante dos meus olhos, e ouvi uma voz como de branda viração (que dista): [Ler]

17 Porventura o homem, em confronto com Deus, será tido por justo? ou será puro diante do seu Criador? [Ler]

18 Ainda os mesmos que o servem, não são estáveis, e (até) nos seus anjos encontrou defeito. [Ler]

19 Quanto mais aqueles que habitam casas de barro, os quais têm a terra por fundamento, serão consumidos como pela traça? [Ler]

20 De manhã até à tarde são destroçados, sem que ninguém dê couta, para sempre. [Ler]

21 A corda da sua tenda (vida) é cortada, perecem, morrem, mas não em sabedoria (isto é como insensatos). [Ler]

Capítulo 5 Ver capítulo

1 Chama, pois, (algum defensor), se é que há alguém que te responda. Para qual dos santos te voltaras? [Ler]

2 Verdadeiramente a ira mata o insensato, e a inveja mata o louco. [Ler]

3 Eu vi o (pecador) insensato com profundas raízes, mas, sìbitamente, foi destruída a sua morada. [Ler]

4 Longe estão os seus filhos da salvação (ou felicidade), são pisados à porta (da cidade), e não há quem os livre. [Ler]

5 A sua messe devora-a o faminto, salta sobre os espinhos para a arrebatar, e os sequiosos bebem as suas riquezas. [Ler]

6 A desgraça não nasce do pó, e a dor não brota da terra. [Ler]

7 O homem nasceu para sofrer, como os filhos da chama (faúlhas) paravoar. [Ler]

8 Por mim, rogarei ao Senhor, dirigirei a minha oração a Deus, [Ler]

9 que faz coisas grandes e impenetráveis maravilhas incontáveis, [Ler]

10 que derrama a chuva sobre a face da terra, e tudo rega com as águas; [Ler]

11 que exalta os humildes, e aos tristes alenta com prosperidades; [Ler]

12 que dissipa os pensamentos dos malignos, para que as suas mãos não possam acabar o que tinham começado; [Ler]

13 que apanha os astutos na sua própria astúcia, e que dissipa o desígnio dos maus. [Ler]

14 De dia se encontram em trevas, e ao meio-dia andam às apalpadelas como de noite. [Ler]

15 Ele salva o desvalido da espada da sua boca, e o pobre da mão do (homem) poderoso. [Ler]

16 Volta a esperança ao indigente, e a iniquidade fecha a sua boca. [Ler]

17 Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige. Não desprezes, pois, a correção do Omnipotente, [Ler]

18 porque ele fere e sara; dá o golpe e as suas mãos curam. [Ler]

19 Seis... à sétima... Gradação usada para indicar um grande número. [Ler]

20 Seis vezes te livrará da angústia, e à sétima o mal não te tocará. [Ler]

21 No tempo da fome ele te salvará da morte, e no tempo da guerra do poder da espada. [Ler]

22 Estarás a coberto do açoute da (má) língua. e não temerás a calamidade quando chegar. [Ler]

23 Da desolação e da fome te rirás, e não temerás as feras da terra. [Ler]

24 Até farás aliança com as pedras dos campos, e as feras da terra te serão pacificas. [Ler]

25 Verás reinar a paz na tua casa, e, visitando as tuas terras, nada te verás faltar. [Ler]

26 Verás também multiplicar-se a tua descendência, crescer a tua posteridade como a erva dos campos. [Ler]

27 Entrarás, na maturidade, no sepulcro, como um feixe de trigo colhido a seu tempo. [Ler]

28 Olha que assim é isto que nós observámos; escuta-o e tira dele proveito. [Ler]

Capítulo 6 Ver capítulo

1 Job, porém, respondendo, disse: [Ler]

2 Oh! Se os meus queixumes se pudessem pesar, se a calamidade que padeço se pesasse com eles numa balança, [Ler]

3 esta apareceria mais pesada que a areia do mar: por isso as minhas palavras são desvairadas. [Ler]

4 As setas do Senhor estão cravadas em mim, e o veneno delas devora o meu espirito; os terrores do Senhor combatem contra mim. [Ler]

5 Porventura orneja o asno montez, quando tem erva? ou muge o boi, quando tem diante a manjedoura bem cheia? [Ler]

6 ou pode comer-se uma coisa insípida, não temperada de sal? ou pode alguém gostar daquilo que mata quem o come? [Ler]

7 As coisas, que antes a minha alma não queria tocar, agora pela aflição são o meu sustento. [Ler]

8 Quem dera que se cumprisse a minha petição, e que Deus me concedesse o que espero! [Ler]

9 E que o que começou (a ferir-me), esse mesmo me fizesse em pó, que estendesse a mão, e me cortasse a vida! [Ler]

10 Teria ao menos uma consolação, exultaria no meio dos tormentos: não ter transgredido os mandamentos do Santo. [Ler]

11 Pois, que fortaleza é a minha para poder sofrer? ou qual o meu fim para me portar com paciência? [Ler]

12 A minha fortaleza não é como a das pedras, nem a minha carne é de bronze. [Ler]

13 Bem vedes que eu não encontro socorro em mim, e que até os meus mais íntimos me abandonaram. [Ler]

14 Aquele que não tem compaixão do seu amigo, abandona o temor do Senhor. [Ler]

15 Meus irmãos enganaram-me como a torrente, que ràpidamente se escoa. [Ler]

16 (As águas) que antes se perturbavam com os gelos, e sobre que se acumulava a neve, [Ler]

17 Começam a dissipar-se, logo que vier calor, desaparecem do seu lugar. [Ler]

18 Por diversas veredas se perdem, evaporam-se e extinguem-se. [Ler]

19 Coutavam com elas as caravanas de Tema, esperavam nelas os caminhos de Saba. [Ler]

20 Frustraram-se as suas esperanças, quando chegaram às suas margens, ficaram confundidos. [Ler]

21 (Tais sois vós que) vieste agora: à vista dos meus males, tendes medo (e fugis de mim). [Ler]

22 Porventura disse-vos eu: Socorrei-me, dai-me dos vossos bens, [Ler]

23 livrai-me da mão do inimigo e tirai-me do poder dos poderosos? [Ler]

24 Ensinai-me, e eu me calarei, fazei-me ver em que caí. [Ler]

25 Por que contradissestes vós as palavras de verdade (que eu disse)? Mas, de que me podeis censurar? [Ler]

26 Quereis censurar palavras (minhas)? Mas, as palavras desesperadas, leva-as o vento. [Ler]

27 Arremeteis contra um órfão, e esforçais-vos por fazer tropeçar o vosso amigo. [Ler]

28 Peço-vos que vos volteis de novo para mim, e vede se eu minto diante de vós. [Ler]

29 Respondei, vos peço, sem contenda, e, dizendo o que é justo, julgai. [Ler]

30 Não encontrareis iniquidade na minha língua, nem na minha boca soará estultícia alguma. [Ler]

Capítulo 7 Ver capítulo

1 A vida do homem sobre a terra é uma milícia; os seus dias são como os dias dum mercenário. [Ler]

2 Assim como um escravo (fatigado) suspira pela sombra, e o mercenário espera o seu salário, [Ler]

3 assim também eu tive meses vazios (de consolação), e contei noites trabalhosas. [Ler]

4 Se durmo, digo: Quando me levantarei eu? (Depois de levantado) espero a tarde, e sacio-me de dores até à noite. [Ler]

5 A minha carne está coberta de podridão e de imundície do pó, a minha pele está enrugada e supura. [Ler]

6 Os meus dias correm mais rápidos que o cortar da teia pelo tecelão, consomem-se sem esperança (de voltar). [Ler]

7 Lembra-te que a minha vida é um sopro e que os meus olhos não tornarão a ver a felicidade (perdida). [Ler]

8 Não me verá mais o olhar humano; os teus olhos procurar-me-ão, mas eu não subsistirei. [Ler]

9 Assim como a nuvem se dissipa e passa, assim aquele que descer ao sepulcro, não subirá, [Ler]

10 Nem voltará mais a sua casa, nem o lugar onde estava o conhecerá jamais. [Ler]

11 E por isso eu não reprimirei a minha língua, falarei na angústia do meu espírito, lamentar-me-ei na amargura da minha alma. [Ler]

12 (Direi ao Senhor): Porventura sou eu o mar ou um monstro marinho, para me teres encerrado como num cárcere? [Ler]

13 Se eu digo: "Consolar-me-á o meu leito, a minha cama (onde repousarei) aliviará o meu sofrer." [Ler]

14 tu me aterras com sonhos, e me horrorizas com horríveis visões. [Ler]

15 Por isso a minha alma prefere a estrangulação, os meus ossos preferem a morte. [Ler]

16 Perdi as esperanças, não viverei mais; tem piedade de mim, porque os meus dias são nada. [Ler]

17 Que coisa é o homem para tanto te importares com ele, para se ocupar dele o leu coração, [Ler]

18 para o visitares todas as manhãs, e o pores à prova todos os instantes? [Ler]

19 Até quando não cessarás de olhar para mim, sem permitir que eu (respire ou) engula a minha saliva? [Ler]

20 Se pequei, que te farei eu ó guarda dos homens (para te aplacar)? porque me puseste contrário a ti, e me tornei pesado a mim mesmo? [Ler]

21 Porque não me tiras o meu pecado, e porque não apagas a minha iniquidade? Eis que vou agora dormir no pó, e, se tu me buscares pela manhã, já não existirei. [Ler]

Capítulo 8 Ver capítulo

1 Mas Baldad de Suhé tomou a palavra e disse: [Ler]

2 Até quando dirás tu semelhantes coisas, e as palavras da tua boca serão um vento impetuoso? [Ler]

3 Porventura Deus perverte os seus juízos, ou o Omnipotente subverte a justiça? [Ler]

4 Se teus filhos pecaram contra ele, abandonou-os ao poder da própria iniquidade. [Ler]

5 Contudo, se tu recorreres prontamente a Deus. e, humilde, rogares ao Omnipotente. [Ler]

6 se caminhares com pureza e retidão, logo despertará para te acudir. e fará prosperar a morada da tua justiça, [Ler]

7 de tal sorte que os teus primeiros bens parecerão pequenos, de tão grandes que hão-de ser os últimos. [Ler]

8 Interroga, pois, as gerações passadas, examina com cuidado as memórias de nossos pais. [Ler]

9 - Com efeito, nós somos de ontem, e somos uns ignorantes, porquanto os nossos dias sobre a terra passam como a sombra. - [Ler]

10 Eles te instruirão, te falarão, e do seu coração tirarão as suas sentenças: [Ler]

11 Porventura um papiro pode crescer fora do paul? Pode crescer um junco sem água? [Ler]

12 Quando está ainda verde, sem que mão alguma lhe toque, seca antes que as outras ervas. [Ler]

13 Assim é a sorte de todos os que se esquecem de Deus, assim perecerá a esperança do ímpio. [Ler]

14 Será despedaçada a sua esperança, a sua confiança será como a teia de aranha. [Ler]

15 Ele se apoia sobre a sua casa, que se não segura, apega-se a ela, que não tem consistência. [Ler]

16 (O ímpio é como) uma planta que se mostra fresca antes de vir o sol; quando ele nasce, brotará o seu rebento (da terra). [Ler]

17 A s suas raízes se multiplicarão entre um montão de pedras, e ficará entre penhascos. [Ler]

18 Se alguém a arrancar do seu lugar, este a desconhecerá e dirá: Não te conheço. [Ler]

19 Eis onde termina o seu destino; outros, igualmente, brotarão da terra, em seu lugar. [Ler]

20 Deus não rejeita o homem sincero, nem dá a mão aos malvados. [Ler]

21 Um dia encherá a tua boca de riso, e os teus lábios de júbilo. [Ler]

22 Os que te aborrecem, serão cobertos de confusão; e a casa dos impios não subsistirá. [Ler]

Capítulo 9 Ver capítulo

1 Respondendo Job, disse: [Ler]

2 Eu sei verdadeiramente que é assim, que o homem comparado com Deus não é justo. [Ler]

3 quisesse disputar com Deus, não lhe poderia responder por mil coisas uma só. [Ler]

4 Deus é sábio de coração, e forte em poder; quem lhe resistiu e ficou em paz? [Ler]

5 Ele transporta os montes, sem que eles o saibam, revolve-os na sua ira. [Ler]

6 Ele sacode a terra do seu lugar, e as suas colunas são abaladas. [Ler]

7 Ele manda ao sol, e o sol não nasce; põe um selo nas estrelas. [Ler]

8 Ele formou, sozinho, a extensão dos céus, e caminha sobre as ondas do mar. [Ler]

9 Ele criou a Ursa, o Orião e as Pléiades, e os astros (que estão) no fundo do austro. [Ler]

10 Ele faz coisas grandes e incompreensíveis, prodígios que não têm número. [Ler]

11 Se ele vem a mim, eu não o verei, se se retira não o perceberei. [Ler]

12 Se levar uma presa, quem se lhe oporá? Quem lhe pode dizer: Por que fazes isto? [Ler]

13 Deus. ninguém pode resistir à sua ira, e sob ele curvam-se os auxiliares de Rabab. [Ler]

14 Quem sou eu, pois, para lhe responder, e para lhe falar com as minhas próprias palavras? [Ler]

15 Ainda que eu tivesse alguma razão, não responderia, mas imploraria a clemência do meu juiz. [Ler]

16 E ainda que tivesse ouvido ás minhas súplicas, não acreditaria que tivesse feito caso da minha voz, [Ler]

17 ele que me desfaz como num redemoinho, e multiplica as minhas feridas, mesmo sem (manifestar o) motivo; [Ler]

18 que não deixa que o meu espírito repouse, e me enche de amarguras. [Ler]

19 Se se busca fortaleza, ele é robustíssimo; se equidade de juízo, ninguém ousa dar testemunho em meu favor. [Ler]

20 Se eu pretender justificar-me, a minha boca me condenará (de presunçoso); se me mostrar inocente, ele me convencerá de culpado. [Ler]

21 Ainda que eu seja inocente, a minha alma o ignorará, e me será (sempre) fastidiosa a minha vida. [Ler]

22 Um a só coisa disse: (Deus) aflige o inocente como ímpio. [Ler]

23 Se ele fere, mate por uma vez, e não se ria das peuas dos inocentes. [Ler]

24 A terra foi entregue nas mãos do ímpio, e ele cobre com um véu os olhos dos seus juízes; se não é Deus (que o permite), quem é pois? [Ler]

25 Os dias da minha vida são mais velozes do que um correio; fogem sem terem visto a felicidade. [Ler]

26 Passam como navios que levam fruta, como a águia que voa para a presa. [Ler]

27 Se eu disser: "vou esquecer meus lamentos, mudar em alegre o meu ar triste", [Ler]

28 temo por todas as minhas obras, sabendo que não perdoas ao culpado. [Ler]

29 Sou com certeza tido como culpado; para que, pois, fatigar-me em vão? [Ler]

30 Ainda que me lavasse com água de neve, e as minhas mãos brilhassem como as mais limpas, [Ler]

31 contudo me submergirias na imundície. e os meus próprios vestidos teriam horror de mim. [Ler]

32 Porque eu não terei de responder a um homem semelhante a mim, nem contestar com ele como um meu igual. [Ler]

33 Não há quem possa ser árbitro entre ambos, nem meter a sua mão (como mediador) entre os dois. [Ler]

34 Retire ele a sua vara de mim, e não me amedronte o seu terror; [Ler]

35 (então) falarei, e não o temerei porque no temor em que estou, não posso responder. [Ler]

Capítulo 10 Ver capítulo

1 A minha alma tem tédio da vida; darei livre curso aos meus lamentos, falarei na amargura do meu coração. [Ler]

2 Direi a Deus: Não me condenes; mostra-me por que me julgas assim. [Ler]

3 Porventura parece-te bem oprimires-me rejeitares-me a mim, que sou obra das tuas mãos, e favoreceres o desígnio dos impios? [Ler]

4 Porventura tens tu olhos de carne, ou vês as coisas como as vê o homem? [Ler]

5 Porventura os teus dias são como os dias do homem, ou os teus anos são como os anos do homem, [Ler]

6 para te informares da minha iniquidade, averiguares o meu pecado, [Ler]

7 sabendo tu que eu não cometi impiedade alguma, e não havendo ninguém que possa arrancar-me da tua mão? [Ler]

8 As tuas mãos fizeram-me e modelaram-me e assim de repente me vais destruir? [Ler]

9 Lembra-te que me formaste como barro; ir-me-ás reduzir novamente ao pó? [Ler]

10 Porventura não me mugiste como leite, e coagulaste como queijo? [Ler]

11 De pele e de carne me vestiste; de ossos e de nervos me organizaste. [Ler]

12 Concede-me, com a vida, a misericórdia, a tua providência guardou o meu espírito, [Ler]

13 Porém, ainda que escoadas estas coisas em teu coração, eu sei todavia que te lembras de tudo. [Ler]

14 Se eu peco, tu me observas, e não deixarás sem castigo a minha culpa. [Ler]

15 Se for mau, desgraçado de mim? Mas, se for justo, não levantarei cabeça, farto como estou de confusão e de miséria. [Ler]

16 Se me levanto, tu me apanharás como a um leão, e me tornarás a atormentar dum modo terrível. [Ler]

17 Tu renovas contra mim os teus testemunhos, e multiplicas contra mim a tua ira, tropas frescas se levantara contra mim. [Ler]

18 Por que me tiraste tu do ventre de minha mãe? Teria perecido, sem que nenhum olho (moral) me visse. [Ler]

19 Teria sido como se não existisse, trasladado do ventre materno para a sepultura. [Ler]

20 Porventura o pequeno número dos meus dias não se acabará em breve? Deixa-me, pois, que eu chore um pouco a minha dor, [Ler]

21 antes que vá para não mais tornar (a esta vida terrena), para aquela terra tenebrosa e coberta de escuridão da morte; [Ler]

22 terra de miséria e de trevas, onde habita a sombra da morte, e onde não há nenhuma ordem, mas um sempiterno horror. [Ler]

Capítulo 11 Ver capítulo

1 Então respondendo Sofar de Naama, disse: [Ler]

2 Porventura o que fala muito, não terá também de ouvir? Ou bastará a um homem ser grande falador para se justificar? A tua tagarelice calará os homens? [Ler]

3 Depois de zombares dos outros, ninguém te há-de confundir? [Ler]

4 Tu disseste (a Deus): "O que penso é verdadeiro, e eu estou limpo na tua presença." [Ler]

5 Oxalá que Deus falasse contigo, e abrisse contigo os teus lábios, [Ler]

6 para te descobrir os segredos da sua sabedoria, e a multiplicidade da sua lei, com o que conhecerias que te castigue muito menos do que merece a tua maldade. [Ler]

7 Porventura alcançarás os caminhos de Deus, e conhecerás perfeitamente o Omnipotente? [Ler]

8 Ele é mais alto do que o céu; que farás tu? Mais profundo do que o inferno; como conhecerás ? [Ler]

9 A sua medida é mais comprida que a terra, e mais larga que o mar. [Ler]

10 Se ele acontecer, aprisionar e citar em juízo (o culpado), quem poderá impedi-lo? [Ler]

11 Porque ele conhece os perversos, vê a iniquidade, sem que ela dê conta. [Ler]

12 A' vista disto, mesmo um néscio entenderia, e um jumento andaria na razão. [Ler]

13 Se voltares o teu coração para Deus, se ergueres a ele os teus braços, [Ler]

14 Se lançares fora de ti a iniquidade, que está em tuas mãos, Se a injustiça não tiver aceitação na tua casa, [Ler]

15 então poderás levantar o teu rosto sem mácula, serás estável (na virtude) e não temerás. [Ler]

16 Então te esquecerás dos teus sofrimentos, lembrar-te-ás deles como de águas que passaram. [Ler]

17 E se levantará para ti o futuro, brilhante como o meio-dia, as trevas se mudarão em aurora. [Ler]

18 Terás confiança pela esperança (da vida eterna), que te será proposta, e, deitado, dormirás tranquilo. [Ler]

19 Repousarás, e não haverá quem te amedronte, e muitos suplicarão a tua face. [Ler]

20 Mas os olhos dos impios se consumirão; não lhes ficará refúgio (que os livre do castigo merecido), e a sua esperança será o último suspiro. [Ler]

Capítulo 12 Ver capítulo

1 Mas Job, respondendo, disse: [Ler]

2 Em verdade, só vós sois homens (sábios), e convosco morrerá a sabedoria! [Ler]

3 Eu também tenho entendimento como vós, e não vos sou inferior; pois quem ignora isso que vós sabeis? [Ler]

4 Sou objecto de riso dos meus amigos, eu que invocava Deus e a quem Deus respondia; objecto de riso o justo, o inocente!... [Ler]

5 Desprezo ao desgraçado! Assim pensa o que é ditoso. Desprezo aquele cujos pés vacilam. [Ler]

6 As casas dos ladrões estão na abundância, seguros estão os que atrevidamente provocam a Deus e que não têm outro deus senão o seu braço. [Ler]

7 Pergunta, porém, aos animais, e eles te ensinarão, às aves do céu, e elas te indicarão. [Ler]

8 Fala com a terra, e ela te responderá, e os peixes do mar te instruirão. [Ler]

9 Quem ignora que a mão de Deus fez todas as coisas, [Ler]

10 que ele tem na sua mão a alma de todo o vivente, e o sopro da vida de toda a carne humana. [Ler]

11 Porventura o ouvido não distingue as palavras, como o paladar distingue o sabor dos alimentos ? [Ler]

12 A sabedoria acha-se nos velhos, e a prudência na vida dilatada. [Ler]

13 A sabedoria e a fortaleza estão em Deus; ele possui o conselho e a inteligência. [Ler]

14 Se ele destruir, ninguém há que edifique, se aprisionar um homem, ninguém há que o solte. [Ler]

15 Se retiver as águas, tudo secará, e, se as soltar, submergirão a terra. [Ler]

16 Nele residem a fortaleza e a sabedoria; ele conhece o enganador e o que é enganado. [Ler]

17 Ele conduz os conselheiros a um fim insensato, e conduz os juízes à estupidez. [Ler]

18 Ele desata o cinturão dos reis, e cinge os seus rins com uma corda. [Ler]

19 Deixa ir os sacerdotes sem glória, e abate os poderosos. [Ler]

20 Troca as palavras dos homens mais hábeis, e tira o conselho aos velhos. [Ler]

21 Faz cair o desprezo sobre os príncipes, e afrouxa a cintura dos fortes. [Ler]

22 Tira das trevas as coisas mais ocultas, e traz à luz a (própria) sombra da morte. [Ler]

23 Multiplica as nações e as destrói, e, depois de destruídas, as restitui ao seu primeiro estado. [Ler]

24 Ele muda o coração dos príncipes do povo da terra, transvia-os em desertos sem caminhos; [Ler]

25 Job faz uma longa enumeração dos males que, por permissão de Deus, sobrevêm a toda a classe de pessoas e de povos, para mostrar não tanto o seu poder como a independência em que está a sua ação dos méritos dessas pessoas e povos. [Ler]

26 andam às apalpadelas nas trevas, longe da luz; fá-los andar errantes como ébrios. [Ler]

Capítulo 13 Ver capítulo

1 Eis que os meus olhos viram todas estas coisas, e o meu ouvido as ouviu, e as compreendi todas. [Ler]

2 Aquilo que vós sabeis também eu o sei, não vos sou inferior. [Ler]

3 Contudo, falarei ao Omnipotente, e com Deus desejo conversar, [Ler]

4 pois vós sois forjadores de mentiras, sois médicos que nada curais. [Ler]

5 E oxalá que vós vos calásseis, para poderdes passar por sábios. [Ler]

6 Ouvi, pois, a minha refutação, e atendei ao juízo dos meus lábios. [Ler]

7 Porventura necessita Deus dás vossas mentiras, para que em sua defesa faleis com fraude? [Ler]

8 Porventura quereis fazer, em favor de Deus, acepção de pessoas, quereis ser advogados da sua causa? [Ler]

9 Seria do vosso agrado que ele vos examinasse ? Enganá-lo-eis como se engana um homem? [Ler]

10 Ele mesmo vos condenará, se secretamente fazeis acepção de pessoas. [Ler]

11 Sim, a sua majestade vos perturbará, e o seu terror cairá sobre vós. [Ler]

12 Os vossos argumentos são razões de pó, as vossas defesas são de barro. [Ler]

13 Calai-vos por um pouco, deixai-me falar, e venha sobre mim o que vier. [Ler]

14 Por que lacero eu as minhas carnes com os meus dentes, e por que trago eu a minha vida nas minhas mãos? [Ler]

15 A inda que ele me mate, nele esperarei; mas defenderei na sua presença o meu proceder. [Ler]

16 E ele será o meu Salvador, porque nenhum ímpio ousará aparecer diante dos seus olhos. [Ler]

17 Ouvi as minhas palavras, dai ouvidos ao meu discorrer. [Ler]

18 Se eu for julgado, sei que ei-de ser encontrado justo. [Ler]

19 Quem há que queira entrar comigo em juízo? Venha : por que me consumo eu em silêncio? [Ler]

20 Duas coisas sòmente te peço (ó Senhor) que me faças, e então não me esconderei da tua face: [Ler]

21 Afasta de mim a tua mão, e não me consterne o teu terror. [Ler]

22 Chama por mim, e eu te responderei; ou então falarei eu, e tu responde-me. [Ler]

23 Quantas iniquidades e pecados tenho eu? Mostra-me as minhas maldades e delitos. [Ler]

24 Por que escondes tu de mim o teu rosto, e por que me consideras teu inimigo? [Ler]

25 Contra uma folha que é arrebatada ao vento, queres mostrar o teu poder, perseguir uma palha seca? [Ler]

26 Com efeito, escreves contra mim amarguras, e queres-me consumir pelos pecados de minha mocidade. [Ler]

27 Tu puseste os meus pés no cepo, observaste todas as minhas veredas (ou ações), consideraste os vestígios de meus pés, [Ler]

28 sendo certo que eu sou consumido como podridão, como um vestido que é comido pela traça. [Ler]

Capítulo 14 Ver capítulo

1 O homem, nascido da mulher, vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias. [Ler]

2 Como uma flor nasce e (logo) é cortada, e foge como a sombra, e jamais permanece num mesmo estado. [Ler]

3 E tu dignas-te abrir os teus olhos sobre tal ser, e chamá-lo a juízo contigo? [Ler]

4 Quem pode fazer sair o puro do impuro? Ninguém. [Ler]

5 Os dias do homem são breves, em teu poder está o número dos seus meses; tu lhe fixaste os limites, que não podem ser ultrapassados. [Ler]

6 Retira-te um pouco dele (deixa de o afligir) para que descanse, até que chegue o seu dia desejado como o dum jornaleiro. [Ler]

7 Um a árvore tem esperança (de reviver); se for cortada, torna a reverdecer, e brotam os seus ramos. [Ler]

8 Se a sua raiz envelhecer na terra, e morrer o seu tronco no pó, [Ler]

9 sentindo água reverdecerá, e fará copa, como no princípio quando foi plantada. [Ler]

10 Porém o homem, quando morrer fica prostrado; quando expirar, dize-me, que é dele? [Ler]

11 Esgotam-se as águas dum lago, escoa-se e extingue-se: [Ler]

12 assim o homem, quando dormir, não mais se levantará; até que o céu seja consumido, não despertará, nem se levantará do seu sono. [Ler]

13 Quem me dera que tu me encobrisses no sepulcro, e me escondesses nele até ter passado o teu furor, e me assinalasses o tempo em que te houvesses de lembrar de mim, [Ler]

14 Pensas porventura que um homem já morto tornará a viver? Todos os dias da minha milicia esperaria, até que chegasse a hora do levantamento (ou renovação, gloriosa). [Ler]

15 Então me chamarias e eu te responderia, e estenderias u tua dextra para a obra das tuas mãos. [Ler]

16 Em verdade tu contaste todos os meus passos, mas perdoa os meus pecados. [Ler]

17 Tu selaste como num saco os meus delitos, mas curaste a minha iniquidade. [Ler]

18 Um monte desmorona-se e desfaz-se, e um rochedo é trasladado do seu lugar. [Ler]

19 As águas escavam as pedras, e a terra pouco a pouco se consome com as inundações: assim mesmo, pois, acabarás com o homem. [Ler]

20 Tu o abates, e ele se vai, tu o desfiguras e afastas para longe. [Ler]

21 Estejam os seus filhos exaltados, ou estejam abatidos, ele não o saberá. [Ler]

22 A sua carne, apenas padecerá as suas dores, e ã sua alma apenas chorará sobre si mesma. [Ler]

Capítulo 15 Ver capítulo

1 Então, respondendo Elifaz de Teman, disse: [Ler]

2 Porventura o sábio responderá com palavras no ar, e encherá de vento o seu peito (como tu acarbas de fazer)? [Ler]

3 Porventura defende-se com palavras inúteis e com razões inconsistentes? [Ler]

4 Quanto é em ti, desterras o temor (de Deus), destróis a piedade de Deus devida. [Ler]

5 A tua iniquidade ensinou a tua língua, e tu imitas a linguagem dos blasfemadores. [Ler]

6 Não eu, mas a tua própria boca te condena, os teus lábios depõem contra ti. [Ler]

7 Porventura és tu o primeiro homem que nasceu, e foste tu formado antes dos outeiros? [Ler]

8 Porventura entraste tu no conselho de Deus, e tomaste posse de toda a sabedoria? [Ler]

9 Que sabes tu do que nós ignoramos? Que entendes tu que nós não saibamos? [Ler]

10 Também há entre nós velhos e anciãos, muito mais avançados em idade que teu pai. [Ler]

11 Tens em pouca conta as consolações divinas e as doces palavras que te dirigimos? [Ler]

12 Por que te ensoberbece o teu coração, que significara estes olhares violentos? [Ler]

13 Por que se incha o teu espírito contra Deus, para proferires com a tua boca tão estranhas palavras ? [Ler]

14 Que é o homem, para ser imaculado (aos olhos de Deus), e para parecer justo, tendo nascido duma mulher? [Ler]

15 Se nem os seus mesmos santos gozam da sua confiança, se nem os céus são puros na sua presença, [Ler]

16 quanto mais o homem, ser abominável e corrompido, que bebe a iniquidade como a água? [Ler]

17 Eu to mostrarei, ouve-me; eu te contarei o que tenho visto, [Ler]

18 o que os sábios dizem, eles que não ocultam (os ensinamentos) de seus pais, [Ler]

19 - aos quais sòmente foi dada esta terra, sem que passasse nenhum estranho por meio deles. - [Ler]

20 Em todos os seus dias o ímpio é atormentado, e o número dos anos do opressor é reduzido. [Ler]

21 Um estrondo de terror está sempre em seus ouvidos, e, mesmo quando há paz, receia o assalto do devastador [Ler]

22 Não crê que se possa voltar das trevas à luz, vendo a espada de todos os lados, [Ler]

23 Anda errante à busca de pão; julga que o dia das trevas está preparado, a seu lado. [Ler]

24 tribulação o aterra, e a angústia o cerca, como a um rei que se prepara para a batalha, [Ler]

25 porque estendeu a sua mão contra Deus, e se fez forte contra o Omnipotente. [Ler]

26 Correu contra ele, de cabeça altiva, e armou-se duma soberba inflexível. [Ler]

27 A gordura cobriu o seu rosto, e a enxúndia pende-lhe das ilhargas. [Ler]

28 Habitará em cidades assoladas, e em casas desertas, que estão reduzidas a moutões de ruínas. [Ler]

29 Não se enriquecerá, nem os seus bens persistirão, nem lançarão as suas raízes por terra. [Ler]

30 Não sairá das trevas; uma chama secará os seus ramos, e ele será arrebatado pelo sopro da boca (de Deus). [Ler]

31 Não se fie na mentira, pois será enlaçado nela; a mentira será a sua recompensa. [Ler]

32 Antes dos seus dias se completarem, perecerá, e as suas mãos se secarão. [Ler]

33 O seu cacho será cortado, como o da vinha, ao nascer, e, como a oliveira, deixará cair a sua flor. [Ler]

34 Porque a família do ímpio será estéril, e o fogo devorará as casas dos que se deixam subornar. [Ler]

35 Ele concebeu o mal e deu à luz a desventura, e o seu coração prepara enganos. [Ler]

Capítulo 16 Ver capítulo

1 Job, respondendo, disse: [Ler]

2 Tenho ouvido muitas vezes esses discursos; todos vós sois uns consoladores aflitivos. [Ler]

3 Quando terão fim esses discursos de vento? Que coisa te constrange a falar assim? [Ler]

4 Eli também podia falar como vós, se vós estivésseis no meu lugar. [Ler]

5 Eu também vos consolaria com lindas frases e (compassivo) moveria a minha cabeça sobre vós; [Ler]

6 eu vos fortaleceria com as minhas palavras, e moveria os meus lábios, como compadecendo-me de vós. [Ler]

7 Mas que farei? Se eu falar, nem por isso se aplacará a minha dor; se me calar, nem por isso ela se afastará de mim. [Ler]

8 Mas agora a minha dor me oprime, e todos os meus membros estão reduzidos a nada. [Ler]

9 As minhas rugas dão testemunho contra mim, um falso raciocinador levanta-se diante da minha face para me contradizer. [Ler]

10 Juntou o seu furor contra mim, com olhos terríveis me olhou o meu inimigo, e, ameaçando-me, rangeu os seus dentes contra mim. [Ler]

11 (Os meus amigos) abrem as suas bocas contra mim, e, ultrajando-me, ferem a minha face, todos se lançam, juntamente, contra mim. [Ler]

12 Deus encerrou-me debaixo do poder do injusto, entregou-me nas mãos dos ímpios. [Ler]

13 Eu estava em paz, ele arruinou-me, pegou-me pela nuca e despedaçou-me, pôs-me como alvo (dos seus tiros). [Ler]

14 Cercou-me com suas lanças, atravessou-me os rins, não me perdoou, e espalhou pela terra as minhas entranhas. [Ler]

15 Despedaçou-me com feridas sobre feridas, lançou-se a mim como um gigante. [Ler]

16 Levo um cilício cosido sobre a minha pele, e cobri de cinza a minha carne. [Ler]

17 O meu rosto inchou à força de chorar, e as minhas pálpebras escureceram-se. [Ler]

18 Sofri isto sem que houvesse maldade nas minhas mãos. quando eu oferecia a Deus orações puras. [Ler]

19 Ó terra, não cubras o meu sangue, nem o meu clamor ache em li lugar no qual seja sufocado. [Ler]

20 A minha testemunha está no céu, e está nas alturas o meu defensor. [Ler]

21 Os meus amigos escarnecem-me, mas os meus olhos recorrem a Deus, desfeitos em lágrimas. [Ler]

22 Oxalá se fizesse o juízo entre Deus e o homem, (tão publicamente) como se faz o de um filho do homem com o seu semelhante! [Ler]

23 Vê, pois, que os meus breves anos passam, e que eu caminho por uma vereda, pela qual não voltarei. [Ler]

Capítulo 17 Ver capítulo

1 O sopro da minha vida vai-se consumindo, os meus dias se extinguem e só me resta o sepulcro [Ler]

2 Cercam-me escarnecedores, os meus olhos têm de ver os seus escárnios. [Ler]

3 Livra-me, Senhor, e põe-me junto de ti, e (então) combata contra mim a mão de quem quer que for. [Ler]

4 Tu afastaste da inteligência o seu coração, por isso não serão exaltados. [Ler]

5 Há quem prometa a presa aos companheiros, quando os olhos de seus filhos desfalecem. [Ler]

6 Ele me reduziu a ser objecto de riso do povo, sou um (homem) a quem se cospe no rosto. [Ler]

7 Os meus olhos escureceram-se de amargura, todos os meus membros são como uma sombra. [Ler]

8 Os justos pasmam disto (que me acontece), e o inocente se levanta contra o ímpio. [Ler]

9 Mas o justo persistirá no seu caminho, e aquele que tem as mãos puras crescerá em fortaleza. [Ler]

10 Voltai, enfim, vós todos, vinde; não acharei entre vós nenhum sapiente? [Ler]

11 Os meus dias passaram, os meus projetos ruíram, os projetos queridos do meu coração. [Ler]

12 Tornam a noite em dia; em face das trevas (dizem que) a luz está próxima. [Ler]

13 Ainda que eu espere com paciência, o sepulcro será a minha casa, e tenho preparado o meu leito nas trevas. [Ler]

14 Eu disse à podridão: Tu és meu pai! E aos vermes: Vós sois minha mãe e minha irmã. [Ler]

15 Onde está, pois, agora a minha esperança? E a minha felicidade, quem a pode ver? [Ler]

16 Todas as minhas coisas descerão ao mais profundo do sepulcro; e julgas tu que eu, ao menos neste lugar, terei descanso? [Ler]

Capítulo 18 Ver capítulo

1 Respondendo, Baldad de Suhé disse: [Ler]

2 Até quando dirás palavras vãs? Reflete primeiro, e depois falaremos. [Ler]

3 Por que nos consideras como animais, e nos tornas por estúpidos? [Ler]

4 Ó tu, que no teu furor te despedaças, porventura, por causa de ti, será despovoada a terra, e serão transferidos os rochedos do seu lugar? [Ler]

5 Sim, é certo que a luz (ou prosperidade) do ímpio se apagará, e que não resplandecerá a chama do seu fogo. [Ler]

6 A luz se obscurecerá na sua casa, e a lâmpada (ou glória), que está sobre ele, se apagará. [Ler]

7 Os seus passos firmes serão cortados, e o seu próprio conselho o precipitará. [Ler]

8 Prendem-se os seus pés na rede, anda entre as suas malhas. [Ler]

9 O seu pé ficará preso pelo laço, ficará fortemente apertado. [Ler]

10 Está-lhe escondido debaixo da terra o laço, e ao longo da vereda a armadilha, [Ler]

11 De todas as partes o amedrontarão temores, e lhe enredarão os pés. [Ler]

13 A pele do seu corpo será devorada; o primogênito da morte devorará os seus membros. [Ler]

14 Será arrancado da sua tenda onde se julgava seguro, e a morte, como um rei, o calcará. [Ler]

15 Outros - não mais ele - habitarão na sua casa, e sobre a sua lenda se espalhará enxofre. [Ler]

16 Por baixo as suas raízes secarão, e por cima serão cortados os seus ramos. [Ler]

17 Á sua memória perecerá da terra, e não será celebrado o seu nome na região. [Ler]

18 Será arrojado da luz para as trevas, será desterrado do mundo. [Ler]

19 Não terá nem descendência nem família no seu povo, nem relíquia alguma no seu pais. [Ler]

20 Os últimos pasmarão do seu dia (de ruína), e os primeiros serão invadidos pelo horror. [Ler]

21 Tais serão as moradas do ímpio, tal é o lugar daquele que não conhece (nem teme) a Deus. [Ler]

Capítulo 19 Ver capítulo

1 Job, respondendo, disse: [Ler]

2 Até quando afligireis a minha alma, e me atormentareis com os vossos discursos? [Ler]

3 Eis que já por dez vezes me injuriais, e não vos envergonhais de me oprimir. [Ler]

4 Ainda que eu tenha errado, o meu erro ficará comigo. [Ler]

5 Porém vós levantais-vos contra mim, aduzindo como prova os meus tormentos. [Ler]

6 Entendei sequer agora que foi Deus que me oprimiu, e que me envolveu nas suas redes. [Ler]

7 Eis que eu clamo padecendo violência, e ninguém me ouve, levanto a minha voz, e não há quem me faça justiça. [Ler]

8 (O Senhor) por todas as partes fechou o meu caminho, e não posso passar; pôs trevas no meu caminho. [Ler]

9 Despojou-me da minha glória, tirou-me a coroa da cabeça. [Ler]

10 Demoliu-me por todos os lados, e pereço; desenraizou a minha esperança como (quem desenraíza) uma árvore. [Ler]

11 O seu furor acendeu-se contra mim, tratou-me como seu inimigo [Ler]

12 De tropel vieram as suas milicias, entrincheiraram-se no meu caminho, e cercaram a minha casa. [Ler]

13 Pôs longe de mim os meus irmãos, e os meus conhecidos como estranhos se apartaram de mim. [Ler]

14 Os meus vizinhos abandonaram-me, os meus íntimos esqueceram-se de mim. [Ler]

15 Os que moravam em minha casa, (mesmo) as minhas servas, olharam-me como um estranho, sou como um desconhecido, a seus olhos. [Ler]

16 Chamo o meu servo, e ele não me responde, vejo-me obrigado a suplicar-lhe com a minha boca. [Ler]

17 Minha mulher em horror do meu hálito, e peço graça aos filhos das minhas entranhas. [Ler]

18 Até os loucos me desprezam; quando me levanto, riem-se de mim. [Ler]

19 Os que, noutro tempo, eram meus confidentes, têm horror de mim e aqueles a quem eu mais amava, voltam-se contra mim. [Ler]

20 A’ minha pele, consumidas as carnes, pegaram-se os meus ossos, e só me restam os lábios ao redor dos meus dentes. [Ler]

21 Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos. porque a mão do Senhor me feriu. [Ler]

22 Por que me perseguis vós como Deus, e vos fartais das minhas carnes? [Ler]

23 Quem me dera que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera que se imprimissem num livro [Ler]

24 com um ponteiro de ferro, sobre uma lâmina de chumbo, ou que, com cinzel, se gravassem na pedra! [Ler]

25 Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que surgirá finalmente na terra. [Ler]

26 Então, revestido da minha pele, na minha própria carne verei o meu Deus. [Ler]

27 Eu mesmo o verei, os meus olhos o hão-de contemplar, e não os de outro: as minhas entranhas se consomem nesta espectativa. [Ler]

28 Por que dizeis, pois agora: Perscrutemo-lo, e acharemos nele razão de o condenar? [Ler]

29 Fugi da espada (de Deus). porque a espada é vingadora das iniquidades, e sabei que há uma justiça. [Ler]

Capítulo 20 Ver capítulo

1 Sofar de Naama, tomando a palavra, disse: [Ler]

2 Por isso os meus pensamentos me sugerem uma resposta, e estou impaciente por falar. [Ler]

3 Ouvi recriminações injuriosas, mas tenho no meu espirito com que replicar. [Ler]

4 Não sabes que, desde o principio, desde que o homem foi posto sobre a terra, [Ler]

5 é breve a glória dos ímpios, e a alegria do ímpio dura um momento? [Ler]

6 Se a sua soberba subir até ao céu, e a sua cabeça tocar nas nuvens, [Ler]

7 por fim perecerá como o esterco; aqueles que o tinham visto dirão: Onde está ele? [Ler]

8 Como um sonho, ele voa, e não será achado, desaparecerá como uma visão noturna. [Ler]

9 Os olhos, que o tinham visto, não o verão mais, nem o verá mais a sua morada. [Ler]

10 Os seus filhos indemnizarão os pobres, e as suas mãos restituirão as suas rapinas. [Ler]

11 Os seus ossos estavam cheios das suas iniquidades ocultas, as quais com ele dormirão no pó. [Ler]

12 Se o mal foi doce na sua boca, se o escondeu debaixo de sua língua, [Ler]

13 se o reteve, sem o deixar, e o gostou no seu paladar, [Ler]

14 este alimento se transformará nas suas entranhas, se converterá interiormente em fel de áspides. [Ler]

15 Vomitará as riquezas, que devorou, e Deus lhas fará sair das entranhas. [Ler]

16 Chupou veneno de áspides, a língua da víbora o matará. [Ler]

17 Jamais veja ele as correntes de um rio, as torrentes de mel e de leite. [Ler]

18 Restituirá o seu ganho sem o poder tragar, do fruto do seu comércio não gozará. [Ler]

19 Porque oprimiu e despojou os pobres, roubou casas, que não edificou. [Ler]

20 O seu apetite foi insaciável; e quando tiver o que cobiçava, não o poderá gozar. [Ler]

21 Nada escapava á sua voracidade, e por isso não durará a sua felicidade. [Ler]

22 No cúmulo da abundância, tudo lhe é pouco, e desventuras de toda a sorte desabam sobre ele. [Ler]

23 Eis com que encherá o seu ventre: (Deus) enviará contra ele a ira do seu furor, e fará chover sobre ele os seus castigos. [Ler]

24 Se escapar (por um lado) às armas de ferro, cairá (por outro) no arco de bronze. [Ler]

25 A espada é tirada e sai da bainha, rutila e trespassa-o cruelmente; irão e virão sobre ele os terrores. [Ler]

26 Todas as trevas lhe estão reservadas, devorá-lo-á um fogo, que o homem não acendeu, e consumirá o que restar da sua lenda. [Ler]

27 Os céus revelarão a sua iniquidade, e a terra se levantará contra ele. [Ler]

28 Desaparecerá de sua casa toda a sua abundância, desaparecerá no dia do furor de Deus. [Ler]

29 Esta é a sorte reservada por Deus ao homem ímpio, esta é a herança que Deus lhe destina. [Ler]

Capítulo 21 Ver capítulo

1 Job, respondendo, disse: [Ler]

2 Ouvi, vos peço, as minhas palavras, dai-me, ao menos, esta consolação. [Ler]

3 Sofrei que eu fale, e depois, se vos parecer, zombai das minhas palavras. [Ler]

4 Porventura é com algum homem a minha disputa? Como não hei-de impacientar-me? [Ler]

5 Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a vossa boca; [Ler]

6 e eu mesmo, quando me recordo, me assombro, e estremece toda a minha carne. [Ler]

7 Por que razão vivem os impios e envelhecem, aumentando á sua força? [Ler]

8 Seus filhos conservam-se diante deles, uma multidão de parentes e de netos está na sua presença. [Ler]

9 As suas casas estão seguras e em paz, a vara de Deus não os fere. [Ler]

10 Os seus louros são sempre fecundos, as suas vacas dão à luz e não se lhes malogram as suas crias. [Ler]

11 Os seus filhos saem (de casa) como manadas, os seus pequenos saltam e brincam. [Ler]

12 Cantam ao som do tímpano e da citara, e alegram-se ao som da flauta. [Ler]

13 Passam os seus dias em delicias, e num momento descem a o sepulcro. [Ler]

14 Estes são os que disseram a Deus: Retira-te de nós, pois não queremos saber nada dos teus caminhos. [Ler]

15 Quem é o Omnipotente para que o sirvamos? Que nos aproveita que lhe façamos orações? [Ler]

16 Mas, porque não estão na sua mão os seus bens, longe esteja de mim o modo de pensar dos impios. [Ler]

17 Quantas vezes se apagará a lucerna dos impios, lhes sobrevirá uma inundação (de males), e (Deus) na sua ira lhes repartirá as dores? [Ler]

18 Serão como as palhas ao soprar do vento, e como a cinza espalhada, pelo redemoinho. [Ler]

19 (Vós dizeis que) Deus reservará para os filhos a pena (merecida pelos pecados) do pai. Mas que Deus lhe dê o pago a ele, que ele próprio o tenha; [Ler]

20 que os seus olhos vejam a própria ruína, e ele beba do furor do Omnipotente. [Ler]

21 Pois, que se lhe dá a ele do que será feito da sua casa depois da sua morte, depois de serem cortados os seus dias? [Ler]

22 Porventura poderá alguém ensinar alguma coisa a Deus, que julga os seres mais elevados? [Ler]

23 Um morre em plena prosperidade, tranqüilo e feliz, [Ler]

24 com os flancos cobertos de gordura, e a medula dos ossos suculenta; [Ler]

25 outro, porém, morre na amargura da sua alma, sem nenhuns bens. [Ler]

26 E todavia ambos dormirão igualmente no pó, e os vermes cobrem os dois. [Ler]

27 Eu conheço bem os vossos pensamentos, e os vossos injustos juízos contra mim. [Ler]

28 Vós dizeis: Onde está a casa deste (Job, que era como um) príncipe? Onde estão as tendas dos ímpios? [Ler]

29 Perguntai a qualquer dos viandantes; não podeis desconhecer a resposta que darão. [Ler]

30 No dia da desgraça, o mau é poupado, no dia da cólera escapa ao castigo. [Ler]

31 Quem reprova diante dele o seu proceder? Quem lhe dará o pago do mal que fez? [Ler]

32 E’ levado (honorificamente) ao sepulcro, e no seu túmulo há paz. [Ler]

33 São-lhe leves os torrões do vale; arrasta atrás de si todos os homens, e diante de si uma inumerável multidão. [Ler]

34 Como pois me consolais em vão, tendo-se visto que as vossas respostas se opõem à verdade? [Ler]

Capítulo 22 Ver capítulo

1 Elifaz de Teman, tomando a palavra, disse: [Ler]

2 Porventura pode o homem ser útil a Deus? Só a ele aproveita a sua sensatez. [Ler]

3 De que serve a Deus que tu sejas justo? Que lhe acrescentas, se for imaculado o teu proceder? [Ler]

4 E’ porventura pela tua piedade que ele te castiga, ou que entra contigo em juízo, [Ler]

5 e não antes por causa da lua grande malícia, e das tuas inumerávis maldades? [Ler]

6 Porque tu sem causa tiraste os penhores a teus irmãos, e aos nus despojaste dos seus vestidos. [Ler]

7 Negaste água ao fatigado, e negaste pão ao faminto. [Ler]

8 A terra é daquele que tem a mão forte, e quem se faz temer apossa-se dela. [Ler]

9 Despediste as viúvas _(com as mãos)- vazias, e quebraste os braços dos órfãos. [Ler]

10 Por isso estás cercado de laços, e um súbito temor te perturba, [Ler]

11 no meio das trevas, sem (nada) ver, oprimido pela impetuosa inundação das águas. [Ler]

12 Não ponderas tu que Deus é mais alto que o céu? Vê a fronte das estrelas, em que altura está! [Ler]

13 E dizes: "Que sabe Deus? Pode ele julgar por entre trevas? [Ler]

14 As nuvens o cobrem dum véu, e ele não vê; passeia pela abóbada celeste." [Ler]

15 Porventura queres tu seguir o caminho antigo, que foi seguido pelos homens iníquos? [Ler]

16 Eles foram arrebatados (pela morte) antes do seu tempo, quando um rio destruiu os seus fundamentos; [Ler]

17 eles diziam a Deus: "Retira-te de nós; que nos pode fazer o Omnipotente?" [Ler]

18 Mas era ele que havia cumulado de bens as suas casas. Esteja longe de mim o conselho dos ímpios. [Ler]

19 Os justos verão (a sua ruína) e alegrar-se-ão, e o inocente escarnecerá deles (e da sua falsa doutrina): [Ler]

20 Porventura não foi lançada por terra a sua soberba, e o fogo não devorou as suas relíquias? [Ler]

21 Submete-te, pois, a Deus, e lerás paz, e assim colherás ótimos frutos. [Ler]

22 Recebe lições da sua boca, e grava as palavras no teu coração. [Ler]

23 Se voltares para o Omnipotente, de novo serás levantado, se afastares de tua casa a iniquidade. [Ler]

24 Se lançares ao pó os lingotes de ouro, e o ouro de Ofir aos seixos da torrente, [Ler]

25 o Omnipotente será o teu ouro, será para ti prata brilhante. [Ler]

26 Então porás tuas delícias no Omnipotente, e levantarás o teu rosto para Deus. [Ler]

27 Tu lhe rogarás, e ele te ouvirá, e cumprirás os teus votos. [Ler]

28 Formarás os teus projetos, que terão feliz êxito, e a luz brilhará em teus caminhos. [Ler]

29 Porque quem se humilha, será glorificado, e quem (arrependido) tiver abaixado os olhos, será salvo. [Ler]

30 O inocente será salvo, e será salvo pela pureza das suas mãos. [Ler]

Capítulo 23 Ver capítulo

1 Respondendo Job, disse: [Ler]

2 Sim, hoje são cheias de amargura as minhas palavras, mas a violência da minha chaga é mais grave que os meus gemidos. [Ler]

3 Quem me dera saber encontrar Deus, e chegar até ao seu trono! [Ler]

4 Exporia ante ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos. [Ler]

5 Saberia o que ele me responderia, ouviria o que ele tivesse para me dizer. [Ler]

6 Não quero que com muita fortaleza contenda comigo, nem que me oprima com o peso da sua grandeza. [Ler]

7 Proponha contra mim a equidade, e a minha causa obtenha a vitória. [Ler]

8 Se eu for ao Oriente, não aparece; se ao Ocidente, não o encontrarei. [Ler]

9 Se o busco ao norte, não o acho, se, ao sul, não o descubro. [Ler]

10 Mas ele conhece o meu caminho; se me provar, sairei puro como o ouro. [Ler]

11 O meu pé seguiu as suas pisadas, eu guardei o seu caminho, e não me desviei dele. [Ler]

12 Não me apartei dos preceitos de seus lábios, escondi no meu seio as palavras da sua boca, [Ler]

13 Porém, quando decide uma coisa, ninguém pode frustrar os seus desígnios; e a sua vontade realiza o que quer. [Ler]

14 Assim cumprirá em mim a sua vontade, e ainda tem à mão outros muitos projetos semelhantes. [Ler]

15 Por isso eu estou turbado na sua presença, e, quando o considero, sou agitado de temor. [Ler]

16 Deus tirou a coragem ao meu coração, e o Omnipotente me aterrou. [Ler]

17 Realmente não são as trevas que me fazem perecer, nem a escuridão (das tribulações) de que está coberto o meu rosto. [Ler]

Capítulo 24 Ver capítulo

1 Por que não reserva o Omnipotente para si os seus tempos, e os seus fiéis não veem os dias dele? [Ler]

2 Uns invadem terrenos alheios, roubam rebanhos e os apascentam. [Ler]

3 Levam o jumento dos órfãos, e tomam em penhor o boi da viúva. [Ler]

4 Põem os pobres fora do caminho, e obrigam a esconder-se os humildes camponeses. [Ler]

5 Outros (bons, mas pobres) como asnos monteses do deserto, saem do seu trabalho, madrugando à busca do seu pão e do pão de seus filhos. [Ler]

6 Ceifando (esfomeados) o campo que não é seu, e vindimam a vasilha do ímpio. [Ler]

7 Passam a noite nus, por falta de roupa, não têm com que se cobrir durante o frio. [Ler]

8 São banhados pelas chuvas dos montes, e, não tendo com que se cobrir, rufugiam-se sob os rochedos. [Ler]

9 Fizeram violência (os ímpios) roubando os órfãos, e despojaram os pobres. [Ler]

10 Estes andam nus, por falta de roupa; levam feixes de espigas (dos senhores), e têm fome, [Ler]

11 moem as zeitonas e pisam as uvas e têm sede. [Ler]

12 Da cidade sobem os gemidos dos moribundos, a alma dos feridos clama vingança, e Deus não escuta as suas súplicas. [Ler]

13 (Os impios) foram rebeldes à luz, não conheceram os caminhos (de Deus) não andaram pelas suas veredas. [Ler]

14 O homicida levanta-se ao amanhecer, mata o mendigo e o pobre, ronda de noite como ladrão. [Ler]

15 O olho do adúltero observa o escurecer e diz: Ninguém me verá, - e oculta com um véu o seu rosto. [Ler]

16 Arrombam nas trevas as casas, de dia conservam-se escondidos, não conhecem a luz (mas odeiam-na). [Ler]

17 Se a aurora aparece de súbito, é para eles como uma sombra de morte; são-lhes familiares os terrores da noite. [Ler]

18 (O ímpio) corre veloz sobre a superfície das águas; maldita seja a sua herança sobre a terra, e não ande pelo caminho das vinhas _(nem goze os seus frutos). [Ler]

19 Passe das águas da neve para um excessivo, calor, e o seu pecado vá (com ele) até aos infernos. [Ler]

20 A misericórdia se esqueça dele; os vermes sejam a sua delicia; não haja dele memória. mas seja feito em pedaços como árvore que dão dá fruto. [Ler]

21 Com efeito devorou (ou roubou) a estéril que não dá filhos, e não fez bem à viúva. [Ler]

22 Destroçou os valentes com a sua fortaleza, mas, quando estiver em pé, não terá segura a sua vida. [Ler]

23 Deus deu-lhe tempo de penitência, e ele abusa disto para se ensoberbecer, mas os olhos de Deus estão fixos nos seus caminhos. [Ler]

24 Elevar-se-ão por um pouco de tempo, mas não subsistirão, e serão humilhados e arrebatados como todos os outros, e como cabeças de espigas serão cortados. [Ler]

25 Se isto não é assim, quem me poderá convencer de mentira, e acusar as minhas palavras diante de Deus? [Ler]

Capítulo 25 Ver capítulo

1 Então, respondendo Baldad Suita, disse: [Ler]

2 O poder e o terror estão naquele que mantém a concórdia (e a harmonia) nos seus altos (céus). [Ler]

3 Porventura têm número as suas (celestiais) milicias? E sobre quem é que não se levanta a sua luz? [Ler]

4 Porventura pode justificar-se o homem, comparado com Deus, ou aparecer puro o que nasceu da mulher? [Ler]

5 Eis que a mesma lua não tem resplendor, e as mesmas estrelas não são puras na sua presença; [Ler]

6 quanto menos o homem, que é podridão, e o filho do homem, que é um verme! [Ler]

Capítulo 26 Ver capítulo

1 Job respondeu assim: [Ler]

2 Que auxílio deste a um fraco! Como sustentaste o braço do que não tem força! [Ler]

3 Que bem aconselhaste um ignorante! Que sabedoria demonstraste! [Ler]

4 A quem quiseste tu ensinar? Que espírito falou pela tua boca? [Ler]

5 Até os mortos tremem debaixo da terra, os mares e os que neles moram. [Ler]

6 Aberto está o inferno diante dele (Deus), e o abismo da perdição não tem nenhum véu. [Ler]

7 Ele é que estende o setentrião sobre o vácuo, e o que suspende a terra sobre o nada. [Ler]

8 Ele é o que prende as águas nas suas nuvens, e as nuvens não se rasgam com o seu peso. [Ler]

9 Ele esconde a vista do seu trono, espalhando sobre ele as suas nuvens. [Ler]

10 Pôs em roda limites às águas, até aos confins entre a luz e as trevas. [Ler]

11 As colunas do céu estremecem, aterram-se às suas ameaças. [Ler]

12 Com a sua fortaleza levanta os mares, com a sua sabedoria doma o monstro. [Ler]

13 O seu espirito adornou os céus, e a sua mão produziu a cobra tortuosa. [Ler]

14 Eis que tudo isto não é senão uma (pequena) parte das suas obras, e, se apenas temos ouvido um leve sussurro da sua palavra, quem poderá compreender o trovão da sua grandeza? [Ler]

Capítulo 27 Ver capítulo

1 Em seguida Job, continuando a sua parábola, acrescentou: [Ler]

2 Por Deus (o qual parece) que abandonou a minha causa (ao juízo dos homens), pelo Omnipotente, que submergiu a minha alma na amargura, [Ler]

3 (juro que) enquanto em mim houver alento, enquanto Deus me conservar a respiração, [Ler]

4 os meus lábios não dirão uada de injusto, nem a minha língua proferirá mentira. [Ler]

5 Longe de mim o eu ter-vos por justos; enquanto eu viver, defenderei a minha inocência, [Ler]

6 não abandonarei a justificação que comecei a fazer, porque o meu coração nada me reprova em toda a minha vida. [Ler]

7 Seja tido como culpado o meu inimigo, e o meu adversário seja como o iníquo. [Ler]

8 Qual é a esperança do ímpio, quando Deus lhe arrancar a vida? [Ler]

9 Porventura ouvirá Deus o seu clamor, quando lhe sobrevier a tribulação? [Ler]

10 Poderá ele deleitar-se no Omnipotente, e invocar a Deus em todo o tempo? [Ler]

11 Eu vos ensinarei, com o auxilio de Deus, o que faz o Omnipotente, não vo-lo esconderei. [Ler]

12 Mas todos vós já o sabeis; porque proferia inútilmente palavras vãs? [Ler]

13 Esta é a sorte do homem ímpio diante de Deus, esta a herança que os violentos receberão da Omnipotente. [Ler]

14 Se os teus filhos se multiplicarem, serão para a espada, e os seus netos não serão fartos de pão. [Ler]

15 Os que ficarem da sua linhagem serão sepultados na sua ruína. e as suas viúvas não chorarão. [Ler]

16 Se ele amontoar prata como terra, e se juntar vestidos como pó, [Ler]

17 ele sim os juntará, mas o justo se vestirá com eles, [Ler]

18 Fabricou como a traça a sua casa, e como o guarda fez a sua choupana. [Ler]

19 O rico deita-se: é pela última vez; abre os olhos, e já não existe. [Ler]

20 O terror o surpreenderá como uma inundação, de noite o arrastará a tempestade. [Ler]

21 Um vento abrasador o tirará e levará, e como fim redemoinho o arrebatará do seu lugar. [Ler]

22 Deus mandará sobre ele (estas coisas), e não o poupará, e ele se esforçará por fugir da sua mão. [Ler]

23 Quem vir o seu lugar, baterá palmas (contra ele) e assobiará sobre ele _(escarnecendo)_. [Ler]

Capítulo 28 Ver capítulo

1 A prata tem um lugar donde se extrai, o ouro um lugar próprio, onde se acrisola. [Ler]

2 O ferro tira-se da terra, coisas da e a pedra, derretida no fogo, torna-se em natureza metal. [Ler]

3 (O homem) põe um fim às trevas, e ele mesmo investiga o fim de todas as coisas, (mesmo) a pedra escondida na escuridão e na sombra da morte. [Ler]

4 Longe dos povoados abre galerias, ignoradas dos pés dos que passam; suspenso, (em cordas, o mineiro) oscila, longe dos homens (no fundo da mina). [Ler]

5 Um a terra, que produz o pão, por baixo está como fogo; [Ler]

6 as suas pedras contêm safiras, e os seus torrões partículas de ouro. [Ler]

7 A águia não conhece esses caminhos, e olho do abutre não os viu; [Ler]

8 as feras não os trilharam, nem o leão passou por lá. [Ler]

9 Estende a sua mão contra os rochedos, remexe os montes desde as suas raízes. [Ler]

10 Cortando os penhascos, abre galerias, e os seus olhos vêem aí tudo o que há de precioso. [Ler]

11 Investiga também a profundidade dos rios, e põe a descoberto o que estava escondido. [Ler]

12 Mas a sabedoria, onde se encontra ela? Qual é o lugar da inteligência? [Ler]

13 O homem não conhece o seu caminho, nem ela se encontra na terra dos mortais. [Ler]

14 O abismo diz: Ela não está em mim; e o mar publica: Ela não está comigo. [Ler]

15 Não é dada pelo mais puro ouro, nem é comprada a peso de prata. [Ler]

16 Não se põe na balança com o ouro de Ofir, nem com o precioso berilo nem com a safira. [Ler]

17 Não se lhe iguala o ouro nem o vidro (fino), e não é dada em troca por vasos de ouro; [Ler]

18 O coral e o cristal não se comparam com ela; a sabedoria vale mais que as pérolas. [Ler]

19 Não se lhe iguala o topázio da Etiópia, nem é comparada com o ouro mais puro. [Ler]

20 Donde vem, pois, a sabedoria, e onde é que se encontra a inteligência? [Ler]

21 Está escondida aos olhos de todos os viventes, até às aves do céu está oculta. [Ler]

22 O inferno e a morte dizem: Aos nossos ouvidos chegou a sua fama. [Ler]

23 Deus conhece o caminho para a encontrar, ele sabe onde se encontra, [Ler]

24 porque ele vê até aos confins do mundo, e vê tudo o que há debaixo do céu. [Ler]

25 Quando deu o seu peso aos ventos, e regulou as águas com medida, [Ler]

26 quando prescreveu uma lei às chuvas e traçou um caminho aos relâmpagos, [Ler]

27 então ele a viu e a mediu, e a estabeleceu e a perscrutou. [Ler]

28 E disse ao homem: O temor do Senhor é a (verdadeira) sabedoria; o apartar-se do mal é a inteligência. [Ler]

Capítulo 29 Ver capítulo

1 Job, continuando a sua parábola, acrescentou: [Ler]

2 Quem me dera ser como fui nos meses antigos, como nos dias em que Deus me guardava, [Ler]

3 quando a sua lâmpada luzia sobre a minha cabeça, e quando eu, guiado pela sua luz, caminhava (seguro) entre as trevas! [Ler]

4 Como fui nos dias do meu outono, quando Deus protegia a minha casa, [Ler]

5 quando o Omnipotente estava comigo, e meus filhos em volta de mim; [Ler]

6 quando eu (por assim dizer) lavava os meus pés em leite, e quando a pedra derramava para mim arrolos de azeite; [Ler]

7 quando eu saia até à porta da cidade, e me sentava numa cadeira na praça pública! [Ler]

8 Viam-me (nessa altura) os jovens e retiravam-se (reverentes); os velhos, levantando-se, punham-se de pé. [Ler]

9 Os príncipes cessavam de falar, e punham a mão sobre a sua boca. [Ler]

10 Os grandes continham a sua voz, e a sua língua ficava pegada ao paladar. [Ler]

11 O ouvido que me escutava, chamava-me bem-aventurado, e os olhos que me viam, davam (bom) testemunho de mim, [Ler]

12 porque eu livrava o aflito suplicante, e o órfão, que não tinha quem o socorresse, [Ler]

13 A bênção do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu consolava o coração da viúva. [Ler]

14 Revesti-me de justiça, e a equidade serviu-me como de vestido e de diadema. [Ler]

15 Fui o olho do cego, e o pé do coxo. [Ler]

16 Eu era o pai dos pobres, e as causas (dos pobres) de que eu não tinha conhecimento, informava-me delas com toda a diligência. [Ler]

17 Eu quebrava as maxilas do iníquo, e tirava-lhe a presa dentre os dentes. [Ler]

18 Eu dizia: Morrerei no meu ninho, e multiplicarei os dias como a areia. [Ler]

19 A minha raiz estende-se ao longo das águas, e o orvalho descansa sobre os meus ramos. [Ler]

20 A minha glória sempre se renovará, e o meu arco fortificar-se-á na minha mão. [Ler]

21 Os que me ouviam esperavam a minha opinião, e em silêncio estavam atentos ao meu conselho. [Ler]

22 Não ousavam juntar nada ás minhas palavras, e as minhas razões caíam sobre eles como orvalho. [Ler]

23 Esperavam-me como a chuva, e abriam a sua boca como (faz a terra seca) às águas da primavera. [Ler]

24 Se alguma vez lhes sorria, não o acreditavam, e a luz do meu rosto não caia por terra. [Ler]

25 Quando ia ter com eles, sentava-me no primeiro lugar, como um rei no meio do seu exército, como um consolador dos aflitos. [Ler]

Capítulo 30 Ver capítulo

1 Porém, agora zombam de mim os mais novos que eu, cujos pais noutro tempo não dignaria eu pôr com os cães do meu rebanho! [Ler]

2 De que me serviria a força dos seus braços? Não têm vigor algum. [Ler]

3 Mirrados pela pobreza e pela fome, roem o deserto, terra, de há muito, árida e desolada; [Ler]

4 apanham ervas e cascas de árvores, alimentam-se de raízes de giesta. [Ler]

5 Escorraçados do meio da sociedade, perseguidos com gritos como ladrões, [Ler]

6 habitam em horríveis desfiladeiros, nas cavernas da terra, ou nos penhascos, [Ler]

7 rugindo entre os silvados e reunindo-se debaixo dos espinheiros. [Ler]

8 Filhos de ignóbeis e desprezíveis, são mais pisados que a terra. [Ler]

9 Agora cheguei a ser o assunto das cantigas, o objecto dos escárnios destes tais. [Ler]

10 Eles abominam-me, fogem para longe de mim, e não receiam cuspir-me no rosto. [Ler]

11 Perdido todo o, respeito, me insultam, não se refreiam na minha presença. [Ler]

12 A meu lado se levanta a gentalha, e procura caminhos para me perder. [Ler]

13 Destroem as minhas veredas, preparam a minha ruína, e ninguém os contém. [Ler]

14 Como por uma larga brecha, irrompem sobre mim, surgem do meio das ruínas. [Ler]

15 Assaltam-me terrores, a minha prosperidade passou como vento, a minha felicidade passou como nuvem. [Ler]

16 E agora dentro de mim mesmo se murcha a minha alma, e os dias de aflição apoderam-se de mim. [Ler]

17 De noite os meus ossos são traspassados de dores, os (males) que me devoram, não dormem. [Ler]

18 Pela sua violência, a minha veste é deformada; aperta-me como a gola da minha túnica. [Ler]

19 Atirou-me ao lodo, e sou semelhante ao pó e à cinza. [Ler]

20 Clamo a ti, e não me ouves, ponho-me diante de ti, e não olhas para mim. [Ler]

21 Trocaste-te em severo para comigo, e cora a dureza da tua mão me combates. [Ler]

22 Elevas-me, e, pondo-me sobre o vento, fazes-me debater no meio da tormenta. [Ler]

23 Sei que me entregarás à morte, onde há casa estabelecida para todo o vivente. [Ler]

24 Porventura o que vai perecer não estende as mãos, e, na sua infelicidade, não lança um grito? [Ler]

25 Eu chorava outrora com aquele que estava aflito, e a minha alma compadecia-se do pobre. [Ler]

26 Esperava bens, e vieram-me males; esperava a luz, e saíram-me trevas. [Ler]

27 As minhas entranhas estão-se abrasando sem descanso algum; os dias da aflição surpreenderam-me. [Ler]

28 Caminho triste, sem conforto, ponho-me a gritar no meio da multidão. [Ler]

29 Sou _(como)_ irmão dos chacais e companheiro dos avestruzes. [Ler]

30 A minha pele está denegrida e vai caindo, e os meus ossos secaram-se pelo ardor. [Ler]

31 A minha citara trocou-se em pranto, e a minha lira em lamentos. [Ler]

Capítulo 31 Ver capítulo

1 Fiz pacto com os meus olhos de não olhar (cobiçosamente) para uma virgem. [Ler]

2 Porque (doutra sorte), que comunicação teria comigo Deus lá de cima, ou que parte me daria o Omnipotente da sua celestial herança? [Ler]

3 Porventura não está estabelecida a perdição para o malvado, e a desventura para os que praticam a injustiça? [Ler]

4 Porventura não considera ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos? [Ler]

5 Se caminhei na falsidade, se o meu pé se apressou para o engano, [Ler]

6 pese-me Deus em sua balança justa, e conhecerá a minha integridade. [Ler]

7 Se os meus pés se desviaram do (bom) caminho, se o meu coração seguiu os meus olhos, se às minhas mãos se pegou qualquer mácula, [Ler]

8 semeie eu, e outro o coma. e sejam as minhas plantações arrancadas. [Ler]

9 Se o meu coração foi seduzido por uma mulher, e se andei a vigiar (para cometer adultério) à porta do meu amigo, [Ler]

10 seja minha mulher desonrada por outro, seja entregue à paixão de outros. [Ler]

11 Porque este é um pecado vergonhoso, uma grave maldade, [Ler]

12 é um fogo que consome até ao extermínio, e que destruiria todo o bem que juntei. [Ler]

13 Se eu desprezei as razões do meu servo ou da minha serva, quando eles disputavam contra mim, [Ler]

14 que será de mim quando Deus se levantar para me julgar? Quando me interrogar, que lhe responderei? [Ler]

15 Porventura o que me formou no ventre materno não o criou também a ele, e não foi o mesmo Deus que nos formou no ventre materno? [Ler]

16 Porventura neguei aos pobres o que pediam, e deixei desfalecer os olhos da viúva, [Ler]

17 ou comi sózinho o meu bocado de pão, e o órfão não comeu dele? [Ler]

18 Com efeito, desde a minha infância cresceu comigo a comiseração, e do ventre de minha mãe saiu comigo. [Ler]

19 Se desprezei o que perecia, porque não linha de que vestir-se, e o pobre que não tinha com que cobrir-se, [Ler]

20 se os seus membros me não abençoaram, ele _(o pobre)- não se aqueceu com a lã das minhas ovelhas; [Ler]

21 se levantei a minha mão contra o órfão, ainda quando me via superior, (administrando justiça) à porta (da cidade), [Ler]

22 caia o meu ombro da sua juntura, e quebre-se o meu braço com os seus ossos. [Ler]

23 Porque eu sempre temi a mão de Deus, e nunca pude suportar o peso da sua majestade. [Ler]

24 Não julguei que o ouro era a minha força, não disse ao ouro mais puro: tu és a minha confiança; [Ler]

25 não me alegrei com as minhas grandes riquezas, com os grandes bens que juntei pela minha mão; [Ler]

26 Se via o sol quando brilhava, e a lua quando caminhava na sua claridade (considerando-os como deuses), [Ler]

27 porventura o meu coração sentiu algum oculto contentamento, e beijei a minha mão com a minha boca (em sinal de adoração)? [Ler]

28 Isso seria uma grandíssima iniquidade, seria renunciar ao Deus altíssimo. [Ler]

29 Acaso me alegrei com a ruína daquele que odiava, e exultei com o mal que lhe sobreveio? [Ler]

30 (Não, não foi assim), pois, não permiti que a minha língua pecasse, demandando com imprecações a sua morte. [Ler]

31 Acaso as pessoas da minha casa não diziam: Quem há que se não tenha saciado (com o pão) da sua mesa? [Ler]

32 O peregrino não passava a noite fora, a minha porta estava sempre aberta ao viandante. [Ler]

33 Nunca encobri, como homem, o meu pecado, ocultando no meu coração a minha iniquidade, [Ler]

34 por temor da grande assembleia, ou com receio do desprezo dos meus parentes, a ponto de me conservar em silêncio, sem sair da minha porta. [Ler]

35 Quem me dera um que (desapaixonadamente) me ouvisse! Eis a minha assinatura: que o Omnipotente me responda! Que o meu adversário escreva também o seu libelo de acusação! [Ler]

36 Levá-lo-ei sobre os meus ombros, e cingirei a minha fronte com ele, como com um diadema! [Ler]

37 Cada um dos meus passos contarei (a Deus, meu juiz), e apresentar-me-ia a ele, (sem receio) como um príncipe. [Ler]

38 (Finalmente) se a terra que eu possuo clama contra mim. e se os seus sulcos choram com ela, [Ler]

39 se comi seus frutos sem pagamento, se afligi o coração dos que a cultivaram, [Ler]

40 ela me produza abrolhos em lugar de trigo, e espinhos em lugar de cevada. (Findaram as palavras de Job). [Ler]

Capítulo 32 Ver capítulo

1 Por fim estes três homens cessaram de responder a Job, porque se tinha por justo. [Ler]

2 Então Eliú, filho de Baraquel de Buz, da família de Ram, encheu-se de indignação, e irritou-se contra Job, porque este dizia que era justo diante de Deus. [Ler]

3 Irritou-se também contra os seus amigos, por não terem achado resposta conveniente para lhe dar, e por, apesar disso, o haverem condenado. [Ler]

4 Eliú havia esperado calado, enquanto eles falavam com Job, porquanto eram mais velhos. [Ler]

5 Mas, quando viu que os três não lhe puderam responder, indignou-se fortemente. [Ler]

6 Então, tomando a palavra Eliú, filho de Baraquel de Buz, disse: Sou novo ainda, e vós já velhos; portanto, abaixando a minha cabeça, não me atrevi a expor-vos o meu parecer. [Ler]

7 Eu esperava que falasse (com argumentos sólidos) a idade mais madura, e que os muitos anos ensinassem a sabedoria, [Ler]

8 Sentido deste versículo: Deus deu aos homens uma alma racional capaz de compreender a verdade, mas a verdadeira sabedoria provém de uma inspiração particular do mesmo Deus. [Ler]

9 Mas, pelo que vejo, é o espirito de Deus nos homens, é a inspiração do Omnipotente que dá a inteligência. [Ler]

10 Não são sábios os de muita idade, nem os anciãos os que julgam o que é justo. [Ler]

11 Portanto falarei: Ouvi-me, eu vos mostrarei também o meu pensamento. [Ler]

12 Falarei, e respirarei um pouco; abrirei os meus lábios, e responderei. [Ler]

13 Não farei aceitação de pessoa, não adularei seja quem for. [Ler]

14 Não sei usar circunlóquios, e por um pouco me suportará o meu Criador. [Ler]

Capítulo 33 Ver capítulo

1 Ouve, pois, Job, as minhas palavras, escuta todos os meus discursos. [Ler]

2 Eis que abri a minha boca, fale a minha língua sob o meu palato. [Ler]

3 O meu coração dará palavras sapientes, os meus lábios proferirão palavras claras. [Ler]

4 O espirito de Deus me fez, e o sopro do Omnipotente me deu a vida. [Ler]

5 Se podes, responde-me, ergue-te e aguenta-te contra mim. [Ler]

6 Deus me fez a mim, como a ti, do mesmo barro também eu fui formado. [Ler]

7 Pelo que nada há de maravilhoso em mim que te espante, e o meu peso não te esmagará. [Ler]

8 Ora disseste aos meus ouvidos, e ouvi o som destas tuas palavras: [Ler]

9 "Eu estou limpo e sem pecado; estou sem mácula, em mim não há iniquidade. [Ler]

10 Deus achou queixas contra mim, por isso me considerou como seu inimigo. [Ler]

11 Pôs os meus pés no cepo, observou todas as minhas veredas." [Ler]

12 Nisto pois (ó Job) mostraste que não és justo, porque Deus é maior do que o homem. [Ler]

13 Por que te queixas dele, pelo facto de não dar razão de tudo o que faz? [Ler]

14 Deus fala de um modo, fala de outro, mas o homem não o entende. [Ler]

15 Em sonho, em visão noturna, quando o sono cai sobre os homens, quando estão dormindo no seu leito, [Ler]

16 então (Deus) abre os ouvidos dos homens, e, com as suas censuras os aterra, [Ler]

17 para os apartar do mal, para os livrar da soberba, [Ler]

18 para salvar a sua alma da corrupção, e a sua vida de um fim desastrado. [Ler]

19 (Deus) corrige também o homem, por meio das dores no seu leito, quando faz que todos os seus ossos se mirrem, [Ler]

20 Neste estado se lhe torna aborrecido o pão, e o manjar que noutro tempo a sua alma apetecia. [Ler]

21 Vai-se consumindo a sua carne, e os ossos, que tinham estado cobertos, se descobrem. [Ler]

22 A sua alma aproximou-se do sepulcro, a sua vida dos horrores da morte. [Ler]

23 Se houver algum anjo, um entre milhares, que fale a seu favor, que instrua o homem no seu dever, [Ler]

24 Se compadeça dele e diga: "Livra-o, para que não desça à corrupção; encontrei o resgate (da sua vida)", [Ler]

25 - a sua carne reverdecerá mais que na juventude, voltará aos dias da adolescência. [Ler]

26 Ele suplicará a Deus, e Deus se aplacará, mostrar-lhe-à com júbilo a sua face, e dará ao homem o seu direito. [Ler]

27 Ele se voltará para os (outros) homens e dirá; Pequei, violei a justiça, e não fui castigado como merecia. [Ler]

28 Deus livrou a minha alma de cair na morte, e a minha vida volta a ver a luz. [Ler]

29 Ora Deus faz todas estas coisas, duas ou três vezes, em cada homem, [Ler]

30 para retirar a sua alma da corrupção, e para a esclarecer com a luz dos viventes. [Ler]

31 Atende, Job, e ouve-me; cala-te, enquanto eu falo. [Ler]

32 Se contudo tens alguma coisa a dizer, responde-me, fala, porque eu quero dar-te razão. [Ler]

33 Mas, se nada tens (que responder), ouve-me; cala-te, e eu te ensinarei a sabedoria. [Ler]

Capítulo 34 Ver capítulo

1 Continuando, pois, Eliú o seu discurso, disse: [Ler]

2 Ouvi, sábios, as minhas palavras, eruditos, prestai-me atenção, [Ler]

3 porque o ouvido julga as palavras, assim como o paladar distingue os manjares pelo gosto. [Ler]

4 Examinemos entre nós a causa, e vejamos de comum acordo o que seja melhor. [Ler]

5 Job disse: Eu sou justo, e Deus recusa-me justiço, [Ler]

6 Padeço, contra o meu direito, atroz é a minha chaga, sem eu ter pecado algum. [Ler]

7 Que homem há (pois) semelhante a Job, que bebe o escárnio como água, [Ler]

8 que anda com os que cometem a iniquidade, que caminha com os homens impios? [Ler]

9 Porque ele disse: Não aproveita ao homem estar de bem com Deus. [Ler]

10 Vós, pois, ó homens sensatos, ouvi-me: Longe de Deus a iniquidade! Longe do Omnipotente a injustiça! [Ler]

11 Em verdade ele dá ao homem segundo as suas obras, recompensa cada um segundo o seu proceder. [Ler]

12 De certo Deus não condena sem razão, nem o Omnipotente atropela a justiça. [Ler]

13 Quem lhe deu a terra para ele a governar? Quem fez o mundo inteiro? [Ler]

14 Se ele(Deus) chamasse a si_ o seu espírito, se retraísse o seu sopro e o seu alento; [Ler]

15 toda a carne perecera num instante, e o homem voltaria ao pó. [Ler]

16 Portanto, se tens entendimento, ouve isto, escuta o som das minhas palavras. [Ler]

17 Acaso poderia governar, aquele que não ama a justiça? Como condenas tu, pois, afoutamente aquele que é sumamente justo? [Ler]

19 Não faz aceitação da pessoa dos poderosos, não antepõe o rico ao pobre, porque todos são obra das suas mãos. [Ler]

20 Deus não teme os grandes. [Ler]

20 Eles morrerão de improviso, desaparecerão; no meio da noite os povos se sublevarão, e derrubarão o tirano sem esforço. [Ler]

21 Com efeito os olhos de Deus estão Sobre os caminhos dos homens, ele considera todos os seus passos. [Ler]

22 Não há trevas, e não bá sombra de morte, onde possam esconder-se os que praticam a iniquidade. [Ler]

23 (Deus) não precisa de olhar um homem duas vezes, para o citar a comparecer no seu tribunal. [Ler]

24 Abate os poderosos, sem andar em averiguações, e põe outros em seu lugar. [Ler]

25 Conhecedor das suas obras, derruba-os numa noite, e eles ficam aniquilados. [Ler]

26 Fere-os como ímpios, à vista de todos, [Ler]

27 porque se apartaram dele, não quiseram conhecer os seus caminhos, [Ler]

28 de sorte que fizeram com que chegasse até ele o clamor do oprimido, e lhe fizeram ouvir a voz dos pobres. [Ler]

29 Se ele se cala, quem há que o condene? Se esconde o seu rosto, quem o poderá contemplar, quer se trate das nações, quer de um particular? [Ler]

30 Ele não deixa que o impio reine, que o povo fique sujeito a tropeçar. [Ler]

31 E, já que falei de Deus, também te não estorvarei a ti de falar. [Ler]

32 Se eu errei, corrigi-me, se falei com iniquidade, não direi mais nada. [Ler]

33 Porventura pedir-te-á Deus conta do que eu falei, que te desagradou? mas tu foste o primeiro a falar, e não eu; e, se sabes coisa melhor, dize-a. [Ler]

34 Falem-me homens atilados, assim conto o homem sábio que me escuta. [Ler]

35 Job falou nèsciamente, as sua palavras não foram acertadas. [Ler]

36 Oxalá que seja provado Job até ao fim, pelas suas respostas de homem iníquo, [Ler]

37 porque ao seu pecado junta a revolta; bate palmas contra nós, e multiplica queixas contra Deus. [Ler]

Capítulo 35 Ver capítulo

1 Eliú, falando de novo, disse: [Ler]

2 Parece-te porventura justo o teu pensamento, quando disseste: Eu tenho razão contra Deus? [Ler]

3 Ou quando disseste: de que me serve a minha inocência, que vantagem tirei de não pecar? [Ler]

4 Eu, portanto, responderei aos teus discursos e aos teus amigos contigo. [Ler]

5 Levanta os olhos ao céu e vê, contempla como o firmamento é mais alto que tu. [Ler]

6 Se pecares, que dano farás tu a Deus? Se as tuas iniquidades se multiplicarem, que prejuízo lhe causarás? [Ler]

7 Se obrares com justiça, que proveito lhe darás ou que receberá ele da lua mão? [Ler]

8 A tua impiedade só poderá fazer mal a um homem, que é teu semelhante; a tua justiça só poderá ser útil ao afilho do homem. [Ler]

9 Eles (os oprimidos) clamam por causa da gravidade da opressão, e lamentam-se por causa da violência do braço dos tiranos. [Ler]

10 Mas nenhum disse: Onde está o Deus que me criou, que inspira cânticos de júbilo em plena noite; [Ler]

11 que nos instrui mais que aos animais da terra, e nos ilustra mais que às aves do céu? [Ler]

12 Clamam então, e Deus não os ouve por causa da soberba dos maus. [Ler]

13 Deus não ouve gritos vãos o Omnipotente não os atende. [Ler]

14 Ainda quando tenhas dito: "(Deus") não atende", - a (tua) causa está já diante dele, espera o seu julgamento. [Ler]

15 Mas, agora, porque a sua cólera ainda se não manifestou, há motivo para dizer que ele não faz caso do crime? [Ler]

16 Logo Job em vão abriu a sua boca, insensatamente multiplicou palavras. [Ler]

Capítulo 36 Ver capítulo

1 Eliú, continuando, disse: [Ler]

2 Suporta-me um pouco, e eu me explicarei contigo, porque ainda tenho que falar em defesa de Deus. [Ler]

3 Tornarei a pegar no discurso desde o principio, e provarei que o meu criador é justo. [Ler]

4 Verdadeiramente os meus discursos são sem mentira; far-te-ei ver que a (minha) doutrina é sólida. [Ler]

5 Deus é poderoso, mas não desdenhoso. é poderoso pela sua ciência, [Ler]

6 Não deixa florescer os ímpios, e faz justiça aos pobres. [Ler]

7 Não tirará (nunca) os seus olhos dos justos, e, ao fim, os colocará, com os reis, sobre o trono, numa glória eterna. [Ler]

8 E, se estiverem em cadeias, atados com os laços da pobreza, [Ler]

9 ele lhes fará ver as suas obras, as suas maldades, cometidas por orgulho. [Ler]

10 Abrir-lhes-ã os ouvidos à correção e lhes falará para que se convertam da sua iniquidade. [Ler]

11 Se ouvirem e obedecerem, acabarão os seus dias na felicidade, os seus anos em delícias. [Ler]

12 Porém, se não ouvirem, serão passados à espada, e perecerão na sua cegueira. [Ler]

13 Os corações impios entregam-se à cólera, não clamam a Deus, quando se vêem aprisionados. [Ler]

14 Morrerão em plena juventude, e a sua vida acabará como a dos dissolutos. [Ler]

15 Pelo contrário Deus livra o pobre, pela sua angústia, e abre-lhe o ouvido com a tribulação, [Ler]

16 Ele te salvará (ó Job) do abismo estreito da angústia e te porá ao largo, em plena liberdade, (se te converteres), e tu repousarás à tua mesa cheia de gordas viandas. [Ler]

17 Mas se seguires as vias do impio, suportarás a sentença e o castigo. [Ler]

18 Não te leve, pois, a ira, ao arrebatamento, nem te faça desanimar a grandeza da expiação. [Ler]

19 Poderá tirar-te da angústia o teu clamor, e todos os teus vigorosos esforços? [Ler]

20 Não suspires pela noite (da morte), na qual entram os povos, um após outro. [Ler]

21 Guarda-te de declinares para a iniquidade, ainda que a abraçasses, levado pela miséria. [Ler]

22 Olha como Deus é excelso na sua fortaleza. Quem, como ele, é terrível? [Ler]

23 Quem lhe prescreveu normas de conduta? Ou quem poderá dizer-lhe: Tu fizeste mal? [Ler]

24 Lembra-te que deves celebrar a sua obra, a qual tantos homens cantaram. [Ler]

25 Todos os homens o vêem, mas cada um o vê de longe. [Ler]

26 Com efeito. Deus é grande e ultrapassa toda a nossa ciência, o número dos seus anos é incalculável. [Ler]

27 Ele atrai as gotas de água, e derrama-as em (forma de) chuva, na cerração. [Ler]

28 Caem dás nuvens, abundantemente sobre os homens. [Ler]

29 Quem compreende a extensão das nuvens, os fragores do pavilhão (do Altíssimo)? [Ler]

30 Ele estende em volta de si a sua luz desde o alto, e cobre as extremidades do mar. [Ler]

31 Por meio destas coisas exerce os seus juízos sobre os povos, e alimenta abundantemente os mortais (fecundando a terra), [Ler]

32 Nas suas mãos esconde a luz, e manda-lhe que torne de novo. [Ler]

33 Faz conhecer a quem ama, que ele é possessão sua, e que pode subir até ela. [Ler]

Capítulo 37 Ver capítulo

1 Por isto se espantou o meu coração, e (como que) se moveu do seu lugar. [Ler]

2 Ouvi, ouvi a sua voz terrível, o som que sai da sua boca. [Ler]

3 Ele o espalha na imensidão dos céus, e a sua luz chega às extremidades da terra. [Ler]

4 Depois (do relâmpago) ruge o trovão, ribomba com a sua voz majestosa; nada pode deter os raios, quando for ouvida a sua voz. [Ler]

5 Deus troveja maravilhosamente com a sua voz, ele faz coisas grandes e impenetráveis. [Ler]

6 Ele manda à neve que caia sobre a terra, e às chuvas copiosas, que sejam fortes. [Ler]

7 Ele põe um selo sobre a mão de todos os homens, para que cada um conheça as suas obras. [Ler]

8 A fera mete-se no seu esconderijo, e fica na sua cova. [Ler]

9 Do austro sai a tempestade, e o frio do setentrião. [Ler]

10 O gelo forma-se ao sopro de Deus, e depois derramam-se as águas em abundância. [Ler]

11 Carrega de vapores as nuvens, e as nuvens (com relâmpagos) espalham a sua luz, [Ler]

12 em todas as direções, girando por onde quer que as conduz a vontade daquele que as governa, executando tudo quanto ele lhes manda sobre a face de toda a terra, [Ler]

13 quer para castigo do mundo, quer para seu beneficio. [Ler]

14 Ouve, Job, estas coisas: pára e considera as maravilhas de Deus. [Ler]

15 Sabes tu porventura como ele as opera, como faz brilhar o relâmpago nas suas nuvens? [Ler]

16 Porventura conheces como se equilibram no ar as nuvens, e os prodígios daquele que tudo sabe? [Ler]

17 Como é que as tuas vestes se aquecem, quando o vento do meio-dia sopra sobre a terra? [Ler]

18 Formaste tu porventura juntamente com ele os céus, que são tão sólidos como um espelho de bronze! [Ler]

19 (Se é assim) mostra-nos o que lhe poderemos dizer, porque nós, envolvidos em trevas, não sabemos. [Ler]

20 Quem lhe referirá o que eu digo? Se um homem se atrever a falar, ficará oprimido. [Ler]

21 Agora (os homens) não vêem a luz, (porque) o ar repentinamente se condensa em nuvens; mas (daqui a um instante, já poderão ver, porque) um vento que passa as dissipará. [Ler]

22 Do setentrião vem áureo resplendor, e Deus veste-se de terrível majestade. [Ler]

23 Não podemos alcançar o Omnipotente: ele é grande em fortaleza, em equidade, em sua justiça, não responde a ninguém. [Ler]

24 Por isso os homens o temerão! Ele não olha para os que se julgam sábios. [Ler]

Capítulo 38 Ver capítulo

1 Então o Senhor falou a Job, do meio dum redemoinho, dizendo: [Ler]

2 Quem é este que obscurece assim a Providência, com discursos insipientes? [Ler]

3 Cinge os teus rins como um homem; interrogar-te-ei, e responder-me-ás. [Ler]

4 Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Di-lo, se o sabes. [Ler]

5 Sabes quem fixou as medidas para ela? Quem estendeu sobre ela a régua? [Ler]

6 Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra angular, [Ler]

7 quando os astros da manhã, em coro, me louvavam, e quando todos os filhos de Deus (os anjos) aplaudiam jubilosos? [Ler]

8 Quem pôs diques ao mar, quando ele irrompia do seio materno, [Ler]

9 quando eu punha as nuvens por sua vestidura, e o envolvia em neblinas espessas, como em faixas, [Ler]

10 quando lhe marquei limites, pondo-lhe portas e ferrolhos, [Ler]

11 e lhe disse: Até aqui chegarás, mas daqui não passarás: aqui quebrarás a soberba das tuas ondas? [Ler]

12 Porventura tu, depois do teu nascimento, deste lei à luz da manhã? Acaso marcaste à aurora o seu lugar, [Ler]

13 para que ocupe os extremos da terra e sacuda dela os malfeitores? [Ler]

14 Ela (a terra) se transforma como a argila sob o selo, e se mostra como coberta com um vestido. [Ler]

15 E’ tirada aos impios a sua luz (que é a noite) e quebra-se o seu braço altivo (erguido para o crime). [Ler]

16 Porventura entraste tu até ao fundo do mar, e andaste passeando no mais profundo do abismo? [Ler]

17 Porventura foram-te abertas as portas da morte, viste essas portas tenebrosas? [Ler]

18 Consideraste toda a extensão da terra? Declara-me, se sabes, todas estas coisas. [Ler]

19 Qual o caminho para as moradas da luz, e qual é o lugar das trevas? [Ler]

20 Saberás levá-las aos seus lugares, reconhecer as veredas da sua casa? [Ler]

21 Deves saber, com certeza, porque então já eras nascido, tão grande é o número dos teus dias... [Ler]

22 Eu traste porventura nos depósitos da neve, ou viste os depósitos da saraiva, [Ler]

23 que eu preparei para o tempo da angústia, para o dia da guerra e da batalha? [Ler]

24 Por que caminho se difunde a luz, e se espalha o vento (quente) do oriente sobro a terra? [Ler]

25 Quem abriu caminho á inundação, e rasgou estradas aos fogos tonitruantes, [Ler]

26 para fazer chover sobre uma terra sem habitantes, sobre um deserto, onde nenhum homem mora, [Ler]

27 para alagar uma terra árida e desolada, e fazer germinar a erva verde? [Ler]

28 A chuva tem pai? Quem produziu as gotas do orvalho? [Ler]

29 De que seio saiu a geada, e quem gerou o gelo do céu? [Ler]

30 As águas endurecem-se como pedra, e a superfície do abismo (do mar) torna-se sólida. [Ler]

31 E’s tu porventura que fazes aparecer as constelações, a seu tempo, e girar a Ursa com os seus filhos? [Ler]

32 Conheces, acaso, as leis do céu, regulas a sua influência sobre a terra? [Ler]

33 Podes levantar a tua voz até às nuvens, e fazer vir sobre ti um dilúvio de água? [Ler]

34 Porventura mandarás os relâmpagos, e eles irão, dizendo-te: Aqui estamos? [Ler]

35 Porventura mandarás os relâmpagos, e eles irão, dizendo-te: Aqui estamos? [Ler]

36 Quem pus sabedoria nas nuvens, e inteligência nos meteoros? [Ler]

37 Quem pode contar exatamente as nuvens e inclinar as urnas do céu, [Ler]

38 para o pó se tornar em massa, e os torrões (com a água) aderirem uns aos outros? [Ler]

39 Porventura caçarás tu presa para a leoa, e saciarás a fome dos seus cachorros, [Ler]

40 quando estes estão deitados nos seus covis, ou à espreita nas suas brenhas? [Ler]

41 Quem prepara ao corvo o seu sustento, quando os seus filhinhos gritam para Deus, indo dum lado para o outro (do ninho) por não terem que comer? [Ler]

Capítulo 39 Ver capítulo

1 Porventura conheces o tempo em que as cabras montesas dão à luz nos rechedos, ou observaste o parto das corsas? [Ler]

2 Contaste os meses da sua gravidez, e sabes o tempo do seu parto? [Ler]

3 Encurvam-se para darem à luz a sua cria, e (assim) se livram das suas dores. [Ler]

4 Tornam-se vigorosos os seus filhos, crescem nos campos, saem, e não voltam para junto delas. [Ler]

5 Quem pôs o asno montês em liberdade, e quem soltou as suas prisões? [Ler]

6 Dei-lhe uma casa no deserto, lugar onde albergar-se em terra estéril. [Ler]

7 Ele despreza o tumulto da cidade, e dão ouve os gritos de um patrão duro. [Ler]

8 Vagueia pelos montes onde pasta, anda buscando tudo o que está verde. [Ler]

9 Porventura quererá o búfalo servir-te, ou ficará ele no teu estábulo? [Ler]

10 Acaso prendê-lo-ás ao teu arado para lavrar, ou será ele que atrás de ti quebra os torrões dos teus vales? [Ler]

11 Porventura terás confiança na sua grande força, e lhe deixarás o cuidado da tua lavoura ? [Ler]

12 Porventura fiarás dele que te torne o que semeaste, e que te encha a tua eira? [Ler]

13 A pena da avestruz é semelhante às penas da cegonha e do falcão. [Ler]

14 Ele abandona por terra os seus ovos, deixa-os aquecer sobre a areia, [Ler]

15 não pensando que algum pé lhos pisará, ou que algum animal do campo lhos quebrará. [Ler]

16 E’ cruel com seus filhos, como se não foram seus, e não se inquieta com que seja (possa ser) vã a sua fadiga. [Ler]

17 Deus negou-lhe a sabedoria, não lhe deu inteligência. [Ler]

18 Mas, quando chega a ocasião, levanta ao alto o voo, e faz zombaria do cavalo e do cavaleiro. [Ler]

19 E’s tu que dás fortaleza ao cavalo, que circundas o seu pescoço de crina flutuante? [Ler]

20 E’s tu que o ensinas a saltar como o gafanhoto? o fogoso respirar das suas ventas faz terror, [Ler]

21 Escava a terra com o seu casco, salta com brio, corre ao encontro dos (inimigos) armados. [Ler]

22 Ri-se do medo, nada o aterra, não retrocede diante da espada. [Ler]

23 Sobre ele fará ruido á aljava, cintilará a lança e o escudo; [Ler]

24 espumando e relinchando (como que) devora a terra, e não faz caso do som da trombeta. [Ler]

25 Ouvindo o clarim, (como que) diz: Avancemos! Fareja de longe a batalha, a exortação dos capitães e o alarido do exército. [Ler]

26 Acaso o açor levanta o voo pela tua sabedoria, estendendo as suas asas para o meio-dia? [Ler]

27 Porventura ao teu mandado se remontará a águia, e porá o seu ninho em Lugares altos? [Ler]

28 Mora nos rochedos, aí passa a noite, nos penhasco escarpados, no alto das rochas inacessíveis. [Ler]

29 Dali espreita a sua presa; os seus olhos descobrem muito ao longe. [Ler]

30 Os seus filhinhos chupam o sangue, e ela, onde houver carne morta, logo se encontra. [Ler]

31 O Senhor, dirigindo-se a Job, acrescentou: [Ler]

32 Porventura o censor do Omnipotente quer disputar com ele? Que aquele, que censura a Deus, responda. [Ler]

33 Job, porém, respondendo ao Senhor, disse: [Ler]

34 Eu, desprezível como sou, que coisa posso responder? Ponho a minha mão sobre a minha boca. [Ler]

35 Uma coisa disse - oxalá não tivesse dito! - e uma outra também, às quais nada mais acrescentarei. [Ler]

Capítulo 40 Ver capítulo

1 Respondendo o Senhor a Job, do meio do remoinho, disse: [Ler]

2 Cinge os teus rins como homem; eu te interrogarei, e me responderás. [Ler]

3 Porventura queres reduzir a nada a minha justiça, e condenar-me a mim, para te justificares a ti? [Ler]

4 Se tu tens um braço (forte) como Deus, e trovejas com voz semelhante, [Ler]

5 reveste-te de grandeza e majestade, cobre-te de esplendor e de glória. [Ler]

6 Lança, em torrentes, a lua ira, e humilha os arrogantes com um. só olhar. [Ler]

7 Com um só olhar humilha os soberbos, aniquila os ímpios no seu lugar. [Ler]

8 Sepulta-os todos juntos no pó, mergulha em trevas a sua face. [Ler]

9 Então eu próprio confessarei que a tua dextra poderá salvar-te. [Ler]

10 Considera o Beemot, criado por mim, como tu, ele come feno como o boi. [Ler]

11 A sua fortaleza está nos seus lombos, e o seu vigor nos músculos dos seus flancos. [Ler]

12 Levanta a sua cauda como cedro, os nervos dos seus músculos estão entrelaçados uns nos outros. [Ler]

13 Os seus ossos são como canas de bronze, a sua estrutura é de barras de ferro. [Ler]

14 É obra-prima de Deus; aquele que o fez, dotou-o de uma espada. [Ler]

15 Os montes produzem-lhe ervas; e todos os animais do campo vêm retouçar ali (junto dele). [Ler]

16 Dorme à sombra dos lotos, no retiro dos canaviais dos pântanos. [Ler]

17 Os lotos o cobrem com a sua sombra, os salgueiros da torrente o circundam, [Ler]

18 Se o rio crescer, ele não se espanta; ainda que um Jordão lhe chegue à garganta, fica tranquilo. [Ler]

19 Quem poderá apanhá-lo de frente, e atravessar-lhe as narinas com laços? [Ler]

20 Porventura poderás tirar com anzol o Leviatan, e ligar a sua língua com uma corda? [Ler]

21 Porventura porás uma argola nos teus narizes, ou furarás a sua queixada com um anel? [Ler]

22 Porventura multiplicará os rogos diante de ti, ou te dirá palavras ternas? [Ler]

23 Porventura fará ele concerto contigo, e recebê-lo-ás tu por escravo para sempre? [Ler]

24 Porventura brincarás com ele como com um pássaro ou o atarás para divertir teus filhos? [Ler]

25 Colhê-lo-ão os pescadores em suas redes, dividi-lo-ão os negociantes? [Ler]

26 Crivarás de dardos a sua pele, espetarás o arpão na sua cabeça? [Ler]

27 Põe a tua mão sobre ele: ficarás escarmentado, não tornarás a fazê-lo. [Ler]

28 Eis que (quem quiser capturar tal monstro) se enganará nas suas esperanças; a vista (do monstro) bastará para o aterrar. [Ler]

Capítulo 41 Ver capítulo

1 Ninguém se atreve a provocá-lo, nem sequer pode estar firme, diante dele. [Ler]

2 Quem me deu a mim alguma coisa antes, para que eu lenha de retribuir-lhe? Tudo o que hã debaixo do céu, é meu. [Ler]

3 Não calarei (a glória de) seus membros, direi o seu vigor incomparável. [Ler]

4 Quem, jamais, ergueu os bordos de sua couraça, ou explorou a dupla fila doe seus dentes? [Ler]

5 Quem abriu as portas da sua boca? Em volta dos seus dentes está o terror. [Ler]

6 O seu dorso é uma armação de escudos, apinhoado de escamas que se apertam. [Ler]

7 Uma está unida à outra, de sorte que nem o vento passa por entre elas: [Ler]

8 uma adere à outra, tão perfeitamente, que, de maneira nenhuma, se separarão. [Ler]

9 O seu espirrar é flamejante os seus olhos como pálpebras da aurora. [Ler]

10 Da sua boca saem chamas, saltam centelhas de fogo. [Ler]

11 Das suas narinas sai fumo, como duma panela que ferve entre chamas. [Ler]

12 O seu hálito faz incendiar os carvões, da sua boca sai uma chama. [Ler]

13 No seu pescoço está a força, e diante dele salta o terror. [Ler]

14 Os membros do seu corpo estão bem unidos entre si; cairão raios sobre ele, e não o farão mover para outro lugar. [Ler]

15 O seu coração é duro como pedra, sólido como a mó inferior dum moinho. [Ler]

16 Quando se levanta (sobre as águas) temem os mais fortes, o terror os faz desfalecer. [Ler]

17 Se alguém o assalta, a espada (que o toca) não resiste, nem a lança, nem o dardo, nem a flecha, [Ler]

18 pois o ferro é para ele como palha, e o bronze como um pau podre. [Ler]

19 Não o fará fugir o frecheiro, as pedras da funda se tornarão para ele em palhas. [Ler]

20 Reputará o martelo como palheira, e rir-se-á do brandir da lança, [Ler]

21 O seu ventre é guarnecido como que de bocados ponteagudos de telha, é como uma grade que passa sobre o lodo. [Ler]

22 Fará ferver o abismo como uma panela, e o torna como um vaso de perfumes em ebulição. [Ler]

23 Deixa atrás de si uma esteira branca, faz parecer que o abismo (das águas que ele atravessa) tem cabelos brancos. [Ler]

24 Não há poder sobre a terra que se compare, pois foi feito para não ler medo de nada. [Ler]

25 Olha sobranceiramente tudo o que é elevado, ele é o rei dos mais altivos animais. [Ler]

Capítulo 42 Ver capítulo

1 Respondendo Job ao Senhor, disse: [Ler]

2 Sei que podes tudo, e que nenhum projeto é, para ti, demasiado difícil. [Ler]

3 Quem é este que, falto de ciência, encobre o conselho (de Deus)? (Confesso que) falei nèsciamente, sobre coisas que me ultrapassam e que eu ignoro. [Ler]

4 "Ouve, e eu falarei, interrogar-te-ei, e responder-me-às." [Ler]

5 Os meus ouvidos haviam escutado falar de ti, mas agora os meus próprios olhos te vêem. [Ler]

6 Por isso acuso-me a mim mesmo, e faço penitência no pó e na cinza. [Ler]

7 O Senhor, depois que falou naquela sorte de Job, disse a Elifaz de Teman: O meu furor se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos, porque vós não falastes de mim, retamente, como falou o meu servo Job. [Ler]

8 Tomai, pois, sete touros e sete carneiros, e ide ao meu servo Job. Oferecei um holocausto por vós; o meu servo Job orará por vós. Admitirei propicio a sua intercessão para que se vos não impute esta estulticia, porque vós não falastes de mim o que era recto, como o meu servo Job. [Ler]

9 Foram pois, Elifaz de Teman, Baldad de Subé, e Sofar de Naama, e fizeram como o Senhor lhes tinha dito, e o Senhor atendeu a Job. [Ler]

10 O Senhor também se deixou mover à vista da penitência de Job, quando orava pelos seus amigos, e deu-lhe o duplo de tudo o que ele antes possuía, [Ler]

11 Foram ter com ele todos os seus irmãos, todas as suas irmãs e todos os que antes o tinham conhecido, comeram com ele em sua casa. Moveram sobre ele a cabeça (em sinal de terna compaixão) e consolaram-no de todas as tribulações que o Senhor lhe tinha enviado. Cada um deles deu-lhe uma peça de prata e um anel de ouro. [Ler]

12 E o Senhor abençoou Job no seu último estado muito mais do que no primeiro. Job chegou a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. [Ler]

13 Teve também sete filhos e três filhas. [Ler]

14 A ’ primeira pôs o nome de Jemima, à segunda o de Ketsia, e à terceira Kereu-Happouk. [Ler]

15 Não houve em toda a terra mulheres tão formosas como as filhas de Job, e seu pai deu-lhes herança entre seus irmãos. [Ler]

16 Depois disto viveu Job cento e quarenta anos, e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até à quarta geração. Depois morreu, velho e saciado de dias. [Ler]

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